Capitulo 4



Capitulo 4

-Gostaria de saber como você conseguiu convencer Bill Anderson a não se demitir.

Hermione fixou o olhar no homem esguio e claro, que se sentou exatamente a sua frente na mesa. Hal Davidson escrevia uma coluna semanal sobre a vida política de Manhattan, para a Metropolitan. Possuía um jeito manso de falar e um sorriso simpático, que muito deveriam ajudá-lo em seu trabalho.

-Eu não fiz nada além de dizer que é preciso tempo e calma para se tomar uma decisão como essa – respondeu.

Hal balançou a cabeça.

-Bem, mas você deve ter um poder de persuasão muito forte. Antes de entrar no escritório de Potter, ele tinha convencido todo mundo a se demitir também. Ao sair de lá, seu discurso mudou completamente.

-Você parece desapontado com isso.

-Desapontado não, surpreso.

No curto espaço de tempo que se passara, Hermione pudera perceber a grande influência que o editor de esportes exercia sobre a equipe. Nem bem entrou no bar rústico e aconchegante, todo em mogno, e Bill colocara a mão em seus ombros apresentando-a a todos como a “protegida de Esme”, “aquela que escreveu aquele artigo sobre homens gostosos”.

O assunto que dominava a mesa, obviamente, dizia respeito ao novo chefe que havia assumido naquele dia. Dois pontos logo ficaram extremamente claros: todos haviam sido fiéis ao pai de Harry, mesmo quando a revista começara a decair e a perder leitores, e não confiavam nem um pouco no novo chefe.

Hermione olhou em torno, enquanto a conversa continuava animada e viu quatro homens, sentados em uma mesa próxima, tinham um sotaque do interior e pareciam estar viajando a trabalho. Os odores de uísque, cerveja e pipoca dominavam o ambiente, e podia-se ouvir o blues tocando ao fundo.

A cada vez que a porta pesada de mogno se abria, Hermione olhava esperançosa. Harry ainda não havia chegado.

E até aquele instante não tinha perdido nada, pois a saia não chamara a atenção de ninguém. Também, como poderia, escondida embaixo da mesa e rodeada por todas aquelas pessoas da revista.

-Bill disse que você confia plenamente em Potter.

Quando Hermione deu por si, toda a equipe estava em silêncio, aguardando pela resposta.

-Deve conhecê-lo há bastante tempo.

-Bem... – disse ela, passeando o olhar por todos eles. Não poderia explicar a eles que só dissera aquilo devido à urgência do momento. – Não há tanto tempo assim, mas o bastante para saber que ele sempre consegue o que quer.

-Pode ser até que consiga, mas a Metropolitan não está numa boa fase para correr riscos desnecessários – argumentou Hal.

-Se tem essa opinião, por que não diz a ele?

Hal procurou seu copo, de cabeça baixa, pela primeira vez.

-Você vai escrever mais algum artigo?

-Mais três, eu espero.

Ele a encarou, surpreso.

-Mas serão artigos diferentes dos que você escreveu até agora, aposto.

-Para dizer a verdade serão artigos sobre aventuras que terei usando esta saia – explicou, mostrando a “saia mágica”.

Hermione se inclinou na direção de Hal, e disse em tom de segredo:

-Ela tem um poder especial sobre os homens.

-Você está de brincadeira – interrompeu Carleton Bushnell, virando-se para ele. – Não pode acreditar que um pedaço de pano tenha poderes especiais.

-Quem sabe? Você nunca viu alguém usar uma gravata especial para entrevistas, acreditando que traz sorte?

Carleton franziu a testa, e ela notou que mais uma vez a atenção da mesa estava totalmente voltada para ela. Alguns estavam absolutamente céticos, outros pareciam pensar sobre o assunto.

Bill foi o primeiro a falar:

-Eu tenho um chapéu que sempre uso para ir pescar.

-Estão vendo? – ao notar que estava em vantagem, ela olhou ao redor da mesa. – Pensem em suas esposas e namoradas. Elas não têm uma peça especial de roupa que exerça algum poder sobre vocês?

Carleton Bushnell deu uma risada alta.

-Bem, a verdade é que se o jovem Potter vai publicar um artigo como esse, talvez as mudanças que esteja planejando para a revista não sejam tão drásticas quanto imaginamos.

-Bem, eu ainda vou... – Hermione começou a dizer, com a intenção de mencionar que ainda precisava convencer Harry a fazer aquilo, mas Carleton Bushnell virou-se no mesmo instante para Bill Anderson.

-Acho que você fez bem em pegar sua carta de demissão de volta. Talvez devêssemos expor nossas opiniões para ele, dar-lhe uma chance. Talvez a revista precise de uma nova direção.

-Sim, mas qual direção? Essa é a questão... – disse Bill Anderson.

-Ele não vai atrair mais leitores transformando a Metropolitan em uma revista literária – apontou Hal.

-A jovem aqui não está escrevendo artigos literários, e Potter comprou seus artigos. – Carleton piscou para Hermione.

-Quais são suas dicas para um homem da minha idade?

Bill deixou escapar uma risadinha.

-Não há fogo suficiente no mundo para acender você, Bushnell.

Como ele tinha idade para ser seu pai, Hermione piscou de volta para ele. Era sua chance de sair da mesa.

-Convide-me para dançar e poderei ajudá-lo nisso.

-Uau! – exclamou o fotógrafo. – Ele é um homem perigoso, srta. Granger. Você estaria mais segura dançando comigo.

-Segura? – a risada de Carleton invadiu a mesa. – A moça não procura segurança. Ou você é gostoso ou não é... – após devolver a brincadeira, Carleton levantou-se da mesa e levou Hermione consigo.

Ela já estava quase em seus braços na pequena pista de dança, quando ouviu o rangido da porta novamente. Soube de imediato que Harry havia entrado no bar. Sentiu a pressão do olhar dele em suas costas, o costumeiro frio no estômago e as pernas que amoleceram.

Mas, tomando fôlego, conseguiu manter-se em pé. Rodopiando com Carleton na pista, pôde ver Esme, e então Harry.

Por alguns segundos não houve mais ninguém naquele lugar. Os sentimentos confusos do momento em que sentira os lábios dele contra os seus voltaram. O prazer, o medo, o desejo de continuar...

Carleton girou-a novamente e ela quase perdeu o equilíbrio.

-Me desculpe – ela pediu, levantando o olhar.

-Alguns homens têm tudo.

-O quê?

-Não estou velho a ponto de não notar que a mulher com a qual estou dançando está olhando para outro homem.

-Se você quer dizer... Ora, Carl, não é o que você está pensando. – assim que acabou de falar, cometeu o erro de olhar para Harry novamente. Ele parecia muito aborrecido. – Não estou, nós não estamos...

Carleton pareceu apreensivo.

-Faça-me o favor de dizer isso ao chefe quando ele estiver esmurrando meu nariz.

-Talvez devesse retocar minha maquiagem.

-Obrigado, meu nariz agradece...

Infelizmente, os banheiros ficavam do outro lado do bar. Para chegar até eles teria que passar perto da entrada, onde ficava sua mesa.

Hermione fixou a tabuleta do banheiro e seguiu, sem olhar para os lados. Mesmo assim pôde sentir que o olhar fixo de Harry a acompanhou em cada passo que deu. Ele parecia percorrer cada centímetro do seu corpo enquanto se movia.

Finalmente chegou à maçaneta da porta e empurrou.

-Espere, mocinha... – grandes mãos agarraram-na pela cintura, tiraram-na do chão, e a colocaram no final do corredor. – Eu acho que você não quer entrar aí.

Hermione olhou para a figura magra de um homem que saía pela porta que ela acabara de tentar abrir. Voltou-se para seu salvador, um dos maiores homens que ela já havia visto.

-Obrigada...

-Nada de agradecimentos. – o homem não conteve um soluço. – Perdão... – disse, sorrindo desajeitadamente. – No meu Estado gostamos de resgatar belas mulheres.

Hermione o reconheceu. Era um dos homens que estavam na mesa ao lado, que ela havia classificado como “a mesa do Texas”.

-Obrigada de qualquer modo.

-Não foi nada. Mas, tem certeza de que você não está esquecendo nada?! – o texano deu um passo cambaleante para trás. Seu rosto estava rubro, e após uma rápida olhada por todo o seu corpo, ele parecia querer engoli-la.

-O quê? – Hermione perguntou, já alerta.

O homem soluçou novamente.

-No Texas, uma boa ação é seguida de outra. Aqui em Nova York é diferente?

-Às vezes. – ela tentou imaginar uma forma de passar por ele, mas com aquele tamanho todo ele realmente bloqueava o corredor.

-Que tal dançarmos?

-Eu adoraria, mas preciso ir ao banheiro. O feminino deve ser a próxima porta.

Ele sorriu enquanto dava um passo para trás, abrindo espaço para que pudesse passar.

-Vá em frente. Espero você aqui.

Ela se apressou a passar pelo grandalhão e abriu a porta do banheiro feminino.

-Tenho certeza de que você adoraria o Texas, mocinha.

Hermione fechou a porta e se apoiou na parede por um instante. O que iria fazer com o sr. Texas? E o que iria fazer com Harry Potter?

Tinha de provar a Harry que a saia funcionava. Imaginou como poderia usar o texano grandão que a esperava lá fora para atingir seu objetivo.

Sem querer, tocou os lábios que Harry beijara pouco antes.

Nunca encontrara alguém que fizesse com que ela reagisse daquela maneira.

A resposta de seu corpo fora instantânea... instintiva.

Tinha que haver alguma explicação. Lembrou-se da saia.

Não. Não poderia ser. Harry Potter não era seu verdadeiro amor. Se a saia havia causado algum efeito nele...

Ele era exatamente o tipo de homem de quem sua mãe sempre a avisara para manter distância. Rico e charmoso. Exatamente o tipo que a abandonaria, como seu pai fizera com sua mãe.

Precisava de todas as suas forças. Não acreditava na saia?

Certo, era apenas uma saia preta, totalmente comum. Mas se parasse por aí, não teria tido coragem de fazer aquela aposta com Harry. Ao passo que se pudesse fazê-lo crer, escreveria seus três artigos e poderia dar a saia a Luna ou Gina. Nunca mais a vestiria, e estaria salva.

-Desistiu de ganhar sua aposta?

Assustada, Hermione levantou os olhos para ver Esme Sinclair fechando a porta do banheiro.

-De jeito nenhum – ela afirmou, sorrindo para a mulher mais velha. Esperava que quando tivesse a idade de Esme, também tivesse pelo menos a metade do que ela conseguira: era uma mulher extremamente bem cuidada e se portava de forma admirável, tanto pessoal como profissionalmente.

-Harry me pediu para ver se você estava bem. – andando em direção ao espelho, Esme tirou um batom de sua bolsa. – Acho que não fez bem em...

Hermione pôde sentir o calor subir pelo corpo e atingir suas bochechas.

-Se você está falando do... eu não... quero dizer... o beijo... não é o que você está pensando.

O rosto perfeito da mulher se avermelhou um pouco.

-Na verdade eu estava falando sobre o modo como você o convenceu à demonstração dos feitos da saia. Teria sido mais inteligente de sua parte aceitar a oferta que ele fez. Ele teria sido bastante generoso, creio eu.

-Eu não estava pensando no dinheiro.

-Não, mas talvez devesse ter pensado. – Esme retocou o batom e o colocou de volta na bolsa.

Hermione passou as mãos pela saia.

-Talvez esteja certa. Talvez seja bobagem tentar descobrir um jeito da saia funcionar.

E, acima de tudo, um jeito de ela não funcionar com Harry.

-Se quiser posso fazer algumas ligações amanhã e verificar se há alguém interessado em seus artigos.

-Oh! Você já fez tanto por mim! Como poderei agradecer?

-Não é preciso.

-Mesmo assim, obrigada. Mas vou insistir no meu plano. – Hermione sorriu. – Você me deu a coragem de que eu precisava para fazer a saia funcionar com o texano lá fora.

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Harry pegou o copo que o barman lhe deu. Não conseguia tirar os olhos do corredor por onde Hermione havia desaparecido. Cinco minutos antes havia pedido a Esme para ver se ela estava bem. E agora perdera as duas de vista.

Deu um longo gole em sua cerveja, e olhou para o texano que estava sentado na mesa ao lado. Era o mesmo homem que havia seguido Hermione pelo corredor. Desde que voltara para a mesa não se cansava de tagarelar sobre uma “bonequinha” de olhos castanhos que havia prometido dançar com ele.

O que poderia fazer? O que ela estaria planejando? Ele não queria mais saber de apostas. Só queria tirá-la dali e levá-la para outro lugar, onde ficassem a sós...

Com a expressão zangada, Harry tomou outro gole de sua cerveja. Era óbvio que ela estava disposta a qualquer sacrifício para convencê-lo de que a saia funcionava.

Começou a imaginar com quantos homens ela já teria dançado antes que ele chegasse e a visse nos braços de Carleton Bushnell. O homem trabalhava na Metropolitan desde que Harry era criança, e ele nunca havia visto um sorriso em seu rosto. Sua tia Miranda, inclusive, o apelidara de rabugento. Decididamente, concordar com a aposta fora um erro. Sem contar que o fato de tê-la beijado foi quase um crime.

Harry tomou mais um gole de cerveja. Não conseguia esquecer o sabor daquela boca deliciosa. Na verdade, não conseguia esquecer todo o fascínio daquele beijo. Era como se tivesse passado sua vida a beijá-la... E ao mesmo tempo como se nunca houvesse sentido o que sentira naquele momento.

Queria beijá-la de novo. Não, mais do que isso, queria atravessar aquele corredor, tomá-la em seus braços e levá-la para outro lugar. Uma praia em que a luz da lua estivesse se refletindo nas águas do mar. Podia sentir o aroma do oceano, ouvir as ondas que batiam na areia, molhando e refrescando seus corpos, embalando-os.

Voltando à realidade, Harry colocou seu copo vazio sobre o balcão do bar. O que havia de errado com ele? Não conseguia se lembrar de ter tido uma fantasia como essa com nenhuma outra mulher.

-Lá está ela! – gritou o texano ao ver Hermione voltando do banheiro, erguendo a mão para chamar sua atenção. – Estou aqui, docinho.

-Deseje-me sorte – ela pediu a Esme, antes de atravessar o salão para dançar com o homem.

Já havia prometido a si mesma que não olharia para Harry. Não devia cometer um erro desses.

Mas não houve como escapar quando seu olhar se cruzou com o dele m meio à multidão. Não conseguiu mais se mover. Uma parte dela queria atravessar o salão, dançar com o homem e ganhar a aposta. Outra, queria correr para os braços de Harry e procurar novamente seus lábios.

Uma melodia velha e familiar, cuja letra falava sobre o encontro de um verdadeiro amor, começou a tocar.

A saia estaria puxando Harry em sua direção?

Não! Era apenas uma saia preta e comum.

-Ei, docinho! Aqui!

Olhando com o canto do olho, viu que o sr. Texas estava vindo em sua direção.

Era hora de tomar uma atitude. Mas seus pés pareciam estar cimentados no chão.

Uma mão enorme desceu sobre seu ombro.

-Eles estão tocando a nossa música.

O choque conseguiu desprendê-la do olhar penetrante de Harry. Colocando a mão no peito largo do texano, sorriu para ele.

-É verdade. Sempre quis aprender como dançá-la.


Obs:Oi pessoal!!!!Graças a Monalisa Mayfair eu consegui atualizar a fic hoje, por que se eu fosse esperar pela F&B eu demoraria séculos!!!!hehehe....Espero que gostem do capitulo!!!!Próxima atualização só na quarta!!!Bjux e bom fim de semana!!!!

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