Capitulo 1



Capitulo 1

-Vamos logo, Mione! Tire isso!
Inclinado sobre o balcão do bar, Daryl já estava perdendo a paciência.

Hermione encarou o amigo enquanto, num gesto instintivo, fechava o casaco com força.

-Aqui? No meio do restaurante? – ela apontou em direção às janelas que davam para a rua movimentada. – Com metade de Manhattan me observando?

-Mas foi você quem disse que não ia conseguir esperar até eu sair do trabalho.

-E não vou mesmo. Não teria vindo lhe incomodar aqui se não fosse uma emergência, Daryl. Será que você não pode escapar daí um pouquinho e ir comigo a uma daquelas salas de jantar privativas?

-Só falta uma semana para o Natal. Sei que você não gosta dessa data, mas o resto do mundo pensa de maneira diferente. Todas as salas de jantar estão reservadas. Se você quer me mostrar a saia vai ter de ser aqui, antes que o restaurante fique lotado de verdade.

Hermione ainda olhou ao redor, pouco à vontade.

-Quem vê pensa que eu estou lhe pedindo para tirar a roupa toda, Mione. É só o casaco. Vamos, já não é hora de testar a tal saia?

Era isso exatamente o que a incomodava: exibir a saia em público pela primeira vez. Desde que voltara do casamento de Laura, três semanas antes, não conseguira sequer tirar a saia de dentro do armário. Não a havia experimentado até aquela manhã, quando recebeu uma ligação da revista Metropolitan, o trabalho de seus sonhos.

A editora pedira que viesse assinar o contrato com a revista naquele mesmo dia, vestindo a “saia mágica”.

Poderia um saia “beijada pelo luar” realmente ajudar uma moça solteira a atrair seu companheiro ideal?

Com essa pergunta Hermione vendara não um, mas três artigos para a revista. E, chegado o momento de apresentar a saia, sentia um frio enorme no estômago. Não sabia o que a incomodava mais, o efeito que a saia pudesse ter, ou a enorme, e talvez única possibilidade, de que a lenda a respeito da saia não passasse de uma fraude.

-Como vai, Mione? – perguntou Ramón, secando as mãos cuidadosamente em uma toalha. – Estou fazendo uma receita de suflê delicadíssima! Só parei mesmo porque me disseram que havia uma emergência aqui. O que aconteceu?

-Problemas com a saia – explicou Daryl, temendo parecer ridículo.

-Saia?! – Ramón só não agiu de forma mal-educada porque tinha uma especial afeição pela prima. – Você me arranca da minha criação de suflê para resolver um problema desses?

-Acalme-se. Precisamos apenas de um minuto para ajudá-la com a saia.

Ramón olhou para o relógio com um jeito afetado.

-Certo, sessenta segundo no máximo. Nem um instante a mais.

Hermione teve que se controlar para não rir. Apesar de serem como água e vinho, Daryl e Ramón eram grandes amigos. Quando ela chegou a Manhattan, Ramón lhe arranjou um bico em um pequeno restaurante italiano do bairro. Foi lá que conheceu Daryl.

Trabalhavam os três por meio período e depois seguiam juntos para o instituto onde estudavam moda. Logo, começaram a passar a maioria de seu tempo livre juntos, falando sobre os planos que queriam realizar em Nova York.

Seis meses depois mudaram-se os três para um apartamento que denominaram o “Clube dos Solteiros”, como resultado das desilusões amorosas que já haviam sofrido naquela cidade estranha. Cada um deles fez um juramento solene de não se envolver com ninguém até que estivessem estabelecidos em suas carreiras.

O combinado era de que se um deles apenas saísse para jantar, ou mesmo fosse ao cinema, com alguém do sexo oposto, seria obrigado a pagar uma multa de vinte dólares.

Não deixava de ser um jeito muito divertido de lidar com um assunto tão difícil.

-Tudo bem agora? Pode tirar o casaco! – falou Daryl, estalando os dedos. – E fique perto da janela, para que eu possa ter uma visão perfeita.

Hermione lançou mais um olhar ao redor do salão. Além de um homem e uma mulher que estavam sentados perto do bar, havia um grupo de quatro mulheres que se aproximava da mesa do maître. Não demoraria muito para o bar estar lotado como dissera Daryl, então era mesmo agora ou nunca.

-Vocês têm só cinqüenta segundos – avisou Ramón.

Respirando profundamente, Hermione tirou seu casaco num impulso, atirando-o sobre um banco do bar. Quando olhou para baixo, para ver a saia, sentiu que seu estômago embrulhava. A saia que era larga na cintura e descia frouxamente pelos joelhos, não era, com toda a certeza, uma saia que atrairia os homens.

Era o fim de seu sonho, o fim dos três artigos que prometera entregar para a Metropolitan.

-Grande demais. – Ramón disse secamente – E agora só lhe restam quarenta segundos.

-Parece uma aluna de colégio interno – disse Daryl enquanto rodeava a amiga. – Se eu a estreitasse um pouco na cintura e levantasse a barra mais uns quinze centímetros...

-Não, não se lembra? Não se pode fazer alterações permanentes. A costureira que vendeu a saia a Laura, disse que isso poderia prejudicar os poderes da saia.

As sobrancelhas de Daryl se ergueram.

-Eu pensei que você não acreditasse em toda essa história de planta, lua e não sei mais o quê.

-E não acredito. Quero dizer, eu não acredito realmente, mas meus três artigos dependem dessa saia, então seria interessante que algo, pelo menos um pouco anormal, pudesse acontecer quando eu a vestisse.

-Oh! Parabéns... Você conseguiu vender a idéia para a Metropolitan ?! – Daryl exclamou entusiasmado enquanto abraçava a amiga com força.

-Bem, agora voltemos ao trabalho. Estou a caminho da Metropolitan para assinar o contrato. Só pensei que antes deveria experimentar a saia. Bem, o que mais vocês acham?

-Nada demais – disse Ramón. – Afinal, se essa saia realmente tivesse algum poder, eu e o Daryl não deveríamos estar atraídos por você também?

-Por Deus, Ramón! – aparteou Daryl, enfaticamente. – Você é primo dela e eu a conheço há anos e nunca tivemos qualquer atração. Sem dúvida isso faz diferença.

-Bem, Laura disse mesmo que o efeito seria diferente de homem para homem – Hermione comentou, examinando novamente a saia. – Na verdade eu ficaria feliz se ela pudesse causar qualquer reação em alguém, por menos que fosse. Estou me sentindo patética.

-Não se preocupe. – Daryl limpou as mãos no suéter. – Usaremos um velho truque das modelos. Passe-me o grampeador, Ramón.

Rapidamente Ramón pegou o objeto da mesa do computador, e passou às mãos de Daryl.

-Vinte segundos – avisou.

-Vamos apertar um pouco aqui... mais um pouquinho ali... um pouco atrás. O truque é que as pregas fiquem quase imperceptíveis. Pronto. – Daryl devolveu o grampeador a Ramón. – Agora a fita adesiva... Claro que essa parte seria mais fácil se você tirasse a saia.

-Você só pode estar brincando.

Encolhendo-se todo, Daryl se agachou e alcançou a parte de baixo da saia.

-Inimigo se aproximando à direita – Ramón avisou num sussurro.

Rapidamente os dois olharam, e viram o maître olhando em sua direção.

-O que está acontecendo aqui? – perguntou ele, com um sotaque francês acentuado.

-Apenas uma pequena emergência da moda, Pete. – Daryl apressou-se a arranjar uma desculpa.

-Meu nome é Pierre. Quantas vezes vou ter que repetir?

-Estarmos prontos em um segundo. – cortando um pedaço de fita, Daryl fez uma prega na saia de Hermione e segurou com os dedos.

-nem um segundo. Pare imediatamente. Não vê que está com as mãos embaixo da saia dela?! Que imagem quer passar aos nossos clientes? – Pierre perguntou, já se voltando para Hermione com olhar implicante – Senhorita, eu preciso pedir que...

Mas Hermione não mais ouvia. Sua atenção foi atraída para um casal que estava próximo à entrada do bar. A mulher sequer olhava para ela, mas o homem sim, e com olhos fixos.

Foi então que sentiu novamente as mãos de Daryl debaixo de sua saia.

-Daryl, é melhor você...

Subitamente, Pierre parou e pigarreou, ainda se dirigindo a Hermione.

-Na verdade, gostaria de me desculpar pelo comportamento do meu bartender. Se me conceder a honra de se sentar em uma de nossas mesas, poderei lhe oferecer um excelente almoço.

Hermione olhou assustada para o maître. Um segundo antes ele a expulsava do recinto, e agora lhe oferecia almoço?

-Vire-se – ordenou Daryl, enquanto preparava outro pedaço de fita.

-Daryl, os clientes estão olhando. E não quero que você seja demitido – disse Hermione, em voz baixa.

Estava surpresa com a expressão, que agora parecia ser de fúria, estampada no rosto do homem acompanhado que ainda olhava na direção deles.

-Está é a última parte. Vire-se.

Hermione obedeceu, mas ainda sentia o olhar do homem penetrando em sua nuca. Chegou mesmo a sentir um comichão na pele.

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-Você não ouviu uma palavra do que eu disse.

Harry desviou o olhar da mulher no bar e voltou-se novamente para sua tia favorita. Desde criança, Miranda Potter personificava para ele a palavra “extravagante”. Além disso era a pessoa mais generosa que conhecia.

-Não é verdade, eu a ouvi sim. Você quer me convencer a...

Por sorte, o garçom os interrompeu naquele exato momento. Harry conseguiu suprimir um sorriso quando sua tia pediu um martíni com cereja.

Assim que o garçom se retirou, ele brincou:

-Deixe-me adivinhar, a cereja é para combinar com sua roupa.

-Exatamente... E com as minhas unhas também.

Poucas mulheres teriam a personalidade, e a coragem, de sair de casa com aquela roupa vermelha e brilhante de lã e o chapéu de aba enorme, como sua tia Miranda.

-Você está tentando me distrair.

-Estou conseguindo?

Miranda suspirou.

-Você ouviu alguma coisa do que eu disse?

-Está tentando me convencer de que meu pai realmente queria que eu administrasse a revista Metropolitan. Mas não vai funcionar. A verdade é que ele a deixou para você no testamento, porque não confiava em mim o bastante.

Miranda suspirou e balançou a cabeça.

-Vocês são muito parecidos e você sabe bem disso. Teimosos... – Miranda foi obrigada a interromper seu raciocínio para verificar o que chamava a atenção do sobrinho. – Bem, bem. Não é à toa que eu não consigo prender sua atenção. Ela é muito bonita.

-O bartender deve concordar com você – disse Harry. – Ele não tirou as mãos da moça desde que ela tirou o casaco. Claro, com aquela saia que não esconde nada. É o mesmo que estar nua.

Miranda procurou forçar mais os olhos.

-Do que você está falando? Ela está totalmente vestida. Para dizer a verdade, acho a saia até comprida demais.

-Não está vendo as pernas dela? – perguntou Harry. Ele mesmo não percebera que eram tão torneadas até que ela tirasse o casaco e andasse em direção à janela. Com a luza incidindo por trás de seu corpo, podia vê-la através do tecido fino da saia.

Sem entender por quê, Harry começou a fantasiar aquelas pernas ao redor de seu corpo... E não conseguiu mais para de pensar nisso.

-Já tinha ouvido falar de homens que despem as mulheres com os olhos, mas nunca havia testemunhado uma coisa dessas – Miranda observou, quase rindo.

Ao olhar novamente para a tia, ele se sentiu corar. Aquilo também não ocorria com ele desde que era adolescente.

Miranda se inclinou em sua direção.

-Se você quiser eu posso me retirar disfarçadamente para que você se apresente à jovem dama.

Harry fingiu uma expressão zangada, mas não pôde evitar que seu olhar voltasse à moça no bar.

-Uma dama não sairia com uma saia daquelas. Nem permitiria que um homem a acariciasse daquele jeito em público.

Os olhos de Miranda se arregalaram.

-Puxa! Nunca o vi julgar alguém desse jeito antes. Está parecendo seu irmão.

Harry fingiu indignação.

-Precisa ser tão cruel?

-Preciso adotar medidas drásticas. Um sobrinho rabugento e recatado é só o que eu posso agüentar.

-Por falar em Jason, como o nosso querido deputado se sente em relação à sua decisão de me colocar à frente da Metropolitan?

-Ele não teve muita escolha a não ser respeitar e apoiar minha recomendação. Se fizesse alguma objeção poderia passar a impressão de que estava apunhalando o próprio irmão pelas costas. – os lábios de Miranda se curvaram, numa risadinha irônica. – E como sua campanha política se baseia na restauração dos valores da família...

-E os membros do Conselho concordaram em me deixar dar a notícia para o pessoal da revista?

-Sem dúvida. A revista é sua agora. Você é quem manda.

A revista é minha.

Harry repetiu mentalmente essas palavras, que ainda lhe pareciam irreais.

Dirigir a Metropolitan era seu sonho desde criança, mas James Potter queria apenas cargos públicos para seus filhos. Dizia que para dirigir seus negócios poderia treinar pessoas. Para seus filhos queria o poder.

Seu irmão atendera ao pedido do pai. Ele não.

Harry ainda se lembrava das palavras exatas que o pai usava quando se referia às suas opções de emprego: Será que você não faz nada direito?

-Vamos encarar a realidade, tia Miranda, não há porque tentar me convencer. Meu pai não queria que eu fosse para a Metropolitan.

-Está bem, está bem – concordou Miranda com um gesto teatral. – Eu desisto! Como poderia eu argumentar com um advogado formado em Harvard? Deste momento em diante prometo apenas aproveitar meu almoço ao lado do meu sobrinho favorito.

Harry segurou as mãos dela.

-Não quero que pense que eu sou mal-agradecido, tia Miranda. Imagino o quanto deve ter me defendido frente à família e aos membros da direção da revista...

-Você não precisa me agradecer. Eu tenho certeza de que durante esse tempo você ganhou experiência e fez novos contatos que vão ser de grande utilidade para a Metropolitan.

Harry fez uma expressão de dúvida e encarou a tia, desconfiado.

-O que a faz acreditar nisso?

Miranda apertou os dedos de Harry antes de soltá-los.

-Conheço você desde menino. Naquela época você já planejava muito bem as coisas. Mal posso esperar para ouvir seus planos para a revista. Receio que ela venha decaindo desde que seu pai adoeceu.

-Pois vai haver mesmo várias alterações. Quero outros temas na revista, quero ganhar outros públicos.

Miranda ergueu a cabeça, sorriu e depois falou:

-Por que será que eu não estou surpresa?

Harry se inclinou em sua direção.

-Sabe que é isso o que eu sempre quis fazer. Meu pai nunca me deu permissão, sempre achou que o poder reinava só na política. Mas o verdadeiro poder está nas idéias. Eu quero que os leitores da Metropolitan possam discutir novas idéias!

Miranda levantou seu copo para fazer um brinde.

-Então, vá a luta!

Mas antes que pudesse recolocar o copo na mesa, percebeu que Harry encarava novamente o bartender, que continuava com as mãos na saia da mulher.

-Veja só! Alguém devia dar um basta naquilo.

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-Só mais uma vez, Mione, vire-se – pediu Daryl, ajustando a última prega com a fita adesiva. – Prontinho. Isso deve resolver. – e, depois de uma pausa, brincou: - Acho que estou me apaixonando!

Hermione, que já estava nervosa com toda aquela situação, olhou para ele alterada.

-Não seja ridículo. Você está proibido.

-Não por você, querida. Por esse tecido. Eu nunca havia tocado algo assim. A primeira vista ele parece preto, mas quando você fixa o olhar, parece claramente que há um outro material entrelaçado ao negro que reflete luz – ele disse, acariciando a saia.

-Daryl! O que você está fazendo? – Hermione quase gritou quando a cabeça de Daryl sumiu por baixo de sua saia.

-Preciso descobrir que material é esse – explicou Daryl, obcecado. – Deve haver uma etiqueta em algum lugar.

-Inimigo se aproxima à esquerda – anunciou Ramón.

O homem rabugento estava cruzando o bar em direção a eles, e parecia decidido.

Rápida, Hermione pegou seu casaco no banco.

-Levante-se já, Daryl. Não quero causar problemas a você e Ramón.

Daryl tirou a cabeça da saia de Hermione e, olhando para o rapaz enfurecido que se aproximava, analisou rapidamente a situação.

-Acho que vou ficar por aqui mesmo. É mais difícil bater em um homem que já está ajoelhado.

Daryl tinha razão. O rapaz alto parecia disposto a brigar com alguém.

Rapidamente ela tentou se encolher em seu casaco.

-Você está louca? – Daryl perguntou, aflito. – Não cubra essa saia.

-O que você quer dizer? – inquiriu Hermione.

-Olhe para o Pierre. Ele está claramente abalado. Vamos esperar que esse feitiço funcione também no bravo cavalheiro que está vindo lhe resgatar.

Daryl balançou a ponta da saia na direção do estranho que continuava se aproximando.

-Pare com isso – implorou Hermione, querendo desaparecer do mapa de tanta vergonha.

Daryl não obedeceu, e o homem já a seu lado, disse num tom cortante e firme:

-A moça mandou você parar.


Obs: Aí está o capitulo 1!!!!Espero que gostem!!!!E já vou avisando que essa fic terá algumas cenas um tanto quanto "picantes"!!!hehehehe....Terça atualizo "Flertando..." e até sexta "Da magia..."'''Bjux e até!!!!

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