Capitulo 11



Capitulo 11

Além da dor que sentia, ainda tinha que suportar aquele peso em cima de suas costas!

Harry tentou virar-se e deu de cara com um rostinho redondo, sardento e emoldurado por cachinhos ruivos que se agitavam alegremente, encantado com a brincadeira.

Harry naquele momento só queria localizar Hermione. Olhou em torno e perceber que ela já se aproximava.

-Quem é você? – ele perguntou, enquanto se levantava e tirava a menina, que parecia ter seis ou sete anos, de cima de si.

-Não posso falar com estranhos – disse a pequena.

Harry sentou-se.

-Essa é minha amiga Hermione e eu sou o Harry.

-Olá então. Esses são meus amigos. Joey, Sid e Carl – disse a ruivinha. – Eu sou Marty.

-Harry – ele falou, apertando a mão de cada um deles. – E está é Hermione.

-Já a conhecemos – Marty disse. – Ela é a moça da saia que vimos na televisão. Já até pedimos o autógrafo dela.

-Sinto muito... – disse uma moça loira que se aproximava de Hermione. – Espero que não a tenham incomodado. Foi tão gentil em lhe dar seu autógrafo. Marty, deixe a moça... – sua voz tremeu quando colocou os olhos em Harry. – Oh! Minha nossa! Você é o... – ela se voltou para Hermione. – É ele, não é? O “gostoso”?

Fazendo um rápido giro no gelo, a mulher começou a bater histericamente com seus patins.

-Mary! Bethany! Venham aqui! É ele!

No instante seguinte, Hermione havia sido posta de lado pelas duas outras mulheres, que cruzaram a pista com a determinação e velocidade de corredoras olímpicas. Em um minuto já tinham advertido seus filhos para que não corressem, e no outro já estavam com Harry na barra de apoio, de onde ele podia lhes dar vários autógrafos.

Quando percebeu o olhar suplicante e desesperador com que Harry a olhava, Hermione não pôde controlar o riso.

Ele era gentil, pensou. A doçura com que tratara as crianças... E estava sendo tão paciente com aquelas mulheres...

Quando seus olhares se encontraram, Hermione sentiu um calor a percorrê-la, diferente de todos os sentimentos que ele lhe despertara até aquele momento.

Sem poder mais negar, admitiu que estava apaixonada por Harry Potter. Dirigiu-se apressadamente à barra de apoio e segurou-se firmemente a ela, antes de voltar a olhar diretamente para ele.

Harry ainda estava escrevendo nos bloquinhos, folhinhas e camisetas que todas aquelas mulheres afoitas lhe estendiam, mas seu olhar também estava fixo nela.

Será que podia ler seus pensamentos?, Hermione se perguntava, enquanto um arrepio de pânico lhe subia pela espinha.

Talvez ainda fosse tempo de cortar o mal pela raiz.

Rapidamente, ela tentou enumerar todas as razões que faziam de Harry a última pessoa do mundo pela qual deveria se apaixonar.

E no início da lista a mais forte delas: Harry não estava apaixonado por ela! Precisava se convencer disso. Só assim evitaria novas desilusões.

-Dou a mão à palmatória! Você o dobrou direitinho!

Sobressaltada pela brusca interrupção de seus pensamentos, Hermione desviou seu olhar de Harry para pousá-lo em Hal Davidson, que estava em pé ao seu lado.

-O que você está fazendo aqui?

Hal apontou para seus patins.

-O mesmo que você. As pistas de patinação são abertas ao público. A única diferença foi que eu não pensei em convidar meu chefe para vir junto.

-Eu não o convidei – Hermione explicou, sentindo-se acuada. – E não é o que você está pensando. Estou fazendo uma pesquisa para meu próximo artigo, e o sr. Potter insistiu em me acompanhar.

-O “sr. Potter”? por que não o trata pelo primeiro nome? É claro que já o chama de Harry. Justo você, tão rápida no gatilho...

A despeito do fato de estar em um lugar público e totalmente a salvo, Hermione sentiu um tremor de ansiedade subir-lhe pela espinha. E o pior é que Harry estava absolutamente rodeado pelas mamães afoitas, e ela não estava vendo sinal de Sam Romano.

-Em geral, Potter é mais cuidadoso e seletivo na escolha das mulheres com as quais se envolve.

Hermione pôde sentir o sangue lhe subir às faces, mas mesmo assim manteve total controle de sua voz.

-Já que ambos viemos aqui para patinar, acho que é isso que devíamos fazer – disse, tentando passar por ele em seguida. Mas foi segurada pelo braço.

-Escute, não quero insultá-la – Hal falou, abrindo um sorriso, sem soltá-la. – Somos pessoas educadas, eu e você. Só estou impressionado com o fato de você ter conseguido fazer com que Potter honrasse seu contrato! E a sua estratégia de aparecer no Bom Dia, Nova York foi brilhante! Bem, pelo menos eu pensei que havia sido... até a tarde de ontem. Parece que fomos atingidos pelas costas.

-Não sei do que você está falando.

Hal franziu a testa.

-Potter não lhe contou da reunião? Três de nossos patrocinadores mais antigos cancelaram seus anúncios na Metropolitan e disseram que era por causa dos seus artigos. Obviamente, não aprovam os rumos que a revista vem tomando. Temos notícias de que na terça-feira outros dois anunciantes irão encerrar suas atividades conosco. É apenas uma questão de tempo, e não muito tempo, para que seu chefe e a Metropolitan estejam totalmente fora do mercado.

Hermione ergueu o queixo, e fuzilou-o com o olhar.

-Eu não contaria com isso.

Hal apertou o braço dela com mais força.

-Oh! Mas deveria... E se for esperta, deverá incluir também esse fato em seus planos. Recebi uma oferta para trabalhar no Nova York Urgente, e eles querem você também. Eu disse a eles que poderia falar com você. E Potter também ficaria muito feliz em saber que pode romper o contrato com você sem lhe causar prejuízos, agora que sabe que seus artigos são o fim da Metropolitan. Pense nisso. Está em melhor posição para negociar nesse momento do que depois que for chutada pelo novo editor-chefe.

Antes que ela pudesse responder, Hal se virou e desapareceu entre a multidão de patinadores que circulavam pela pista.

-Você está bem?

Desta vez Hermione também se surpreendeu, mas ficou aliviada por ver Sam por trás de seus ombros.

-Estou sim. E melhor por saber que você está aqui. Pensei que seus planos fossem se manter fora do gelo.

-É, tive que fazer algumas alterações depois que você se afastou de Potter. Aquele homem que saiu, quem era?

-Hal Davidson. Ele é o editor da Área de Política da Metropolitan.

-Que coincidência ele ter vindo patinar justo hoje, não acha?

Hermione acompanhou com o olhar o caminho de Hal, que já saía da pista e se dirigia a um dos bancos.

-Coincidência nenhuma.

No mesmo instante em que contava a Sam sobre a proposta de Hal, ele já estava com o celular, dando ordens a alguém.

-Sim, quero saber para onde ele vai. E faça contato com o escritório e pergunte o que já levantaram sobre ele.

-Não pensa que Hal pode estar por trás de tudo isso, pensa? – Hermione perguntou.

-Como já lhes disse, não penso nada ainda – Sam falou, colocando o celular de volta no bolso. – Aprendi a não tirar conclusões antes que as provas estejam claras. Mas de todo modo, gostaria de tirá-la daqui.

Hermione ia retrucar quando viu Harry se afastando das mulheres, e se aproximando de onde eles estavam. No instante seguinte já começava a cambalear. Ela levantou-se e correu na direção dele, enquanto falava:

-Decididamente, você não pode patinar.

Alcançando-o, ela pegou um de seus braços e colocou em torno de seus próprios ombros.

-O que pensa que está fazendo aqui no gelo? Você não sabe patinar.

-Claro que sei. Minha mãe me ensinou aqui mesmo nessa pista. E esse é o tipo de coisa que não se esquece... É como andar de bicicleta, ou nadar.

Hermione se voltou para ele com impaciência.

-Quantos anos você tinha quando esteve aqui com ela?

-Cinco. Mas que diferença isso faz? Eu aprendi, e sei, como patinar. Só estou um pouquinho destreinado.

-Se você tinha apenas cinco anos, aposto que seus patins ainda tinham quatro rodinhas.

-O que Hal Davidson queria com você? – Harry tentou estrategicamente mudar de assunto.

-Proponho um acordo. Conto a você tudo que ele falou enquanto lhe dou uma aula de patinação.

-Não preciso de aula nenhuma e... – Harry começou, mas foi logo interrompido.

-Não vai demorar nada. Aprendi a patinar em patins de rodinhas também. É só fazer algumas pequenas adaptações aos movimentos para patinar com lâminas. – Hermione começou a guiá-lo, segurando uma de suas mãos. – Empurre com o seu pé esquerdo, deslize com o direito. E daí faça o contrário, empurre com o direito e deslize com o esquerdo. É só isso.

Enquanto eles completavam uma volta pela pista, ela lhe contou a proposta de Hal. Harry nem mesmo pensava no que estava fazendo com seus pés. Apenas fazia, para acompanhá-la.

-Pronto, você já pegou o jeito! – Hermione exclamou.

Mas mal tinha acabado de pronunciar estar palavras, quando alguém bateu fortemente por trás deles e ambos foram parar novamente no gelo. Hermione ainda esforçava-se por levantar e equilibrar-se, receosa de que outros patinadores também tropeçassem, quando foi novamente atingida por alguém.

Dessa vez, seus pés voaram para frente, e ela foi atirada longe, bem para frente, batendo primeiro as costas no chão e depois a cabeça.

Por um momento ainda permaneceu deitada no gelo, vendo estrelas e os floquinhos de neve flutuando. Mas um grito fez com que rolasse e tentasse se colocar de joelhos.

Ela viu Sam se jogando sobre um homem no gelo. Harry estava caído também. Ela podia vê-lo, um braço para cima, imóvel.

Por um momento teve a impressão de que seu coração havia parado de bater e ela não pôde se mexer.

Então ele se esticou, rolou e levantou a cabeça. Hermione começou a se dirigir até onde ele estava, e tinha quase vencido a pequena distância quando percebeu o sangue na pista.

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Harry estava colocando as pernas para fora da maca do hospital, quando por azar, a médica cruzou a porta.

Quatro longas horas já haviam se passado desde que se separara de Hermione. Eles a tinham levado primeiro, uma vez que ela batera a cabeça contra o gelo. Seu braço machucado não fora prioridade, o sangue já havia parado de correr.

Não deixava de ser consolador o fato de que o homem que o ferira já estivesse nas mãos da polícia. Sam estivera em contato com a delegacia para onde o homem havia sido levado. Harry ouviu que tinham descoberto que o homem já era fichado, mas não pôde ouvir mais, pois a enfermeira o chamara para o atendimento bem naquele momento.

Se aquela médica fosse homem teria sido mais fácil lidar com ela. Mas pequena, delicada e se sentindo uma autoridade ali, ela dificultava muito as coisas.

-Sabe como está a srta. Hermione Granger?

-Sei que é uma paciente muito mais colaboradora que você.

Harry controlou um acesso de mau humor. Mas só porque sabia que isso poderia retardar ainda mais seu momento de alta.

Abriu um sorriso sedutor enquanto lia o nome dela. Íris Tong.

-Dra. Tong, não pode negar que fui muito colaborador enquanto a senhora praticava suas habilidades com aquela agulha em meu braço. Mas agora preciso ver para onde levou a srta. Granger. – tentando passar rapidamente por ela, Harry esbarrou o cotovelo nas costas da cadeira e, a despeito de todo o anestésico que tinha tomado, gritou pela dor que sentiu no ombro.

A doutora deu um passo a frente.

-O raio X mostrou que a srta. Granger não teve nenhuma fratura e está bem. Mas o senhor não ficará bem se esse seu ombro começar a sangrar de novo.

-Quero vê-la. – Harry tentou novamente passar por ela, mas dessa vez ela lhe segurou o braço são.

-Se quer ver a srta. Granger, sente-se na cadeira de rodas.

Ele hesitou.

-Pode chegar mais rápido até ela se ficar sentado na cadeira. Eu sei onde ela está, e o senhor não.

Harry olhou-a, desanimado.

-Você tem argumentos convincentes.

-Na grande maioria das vezes – a médica sorriu, enquanto ajudava-o a acomodar-se na cadeira. – Mas meus pacientes sempre fazem o que digo porque conheço seus pontos fracos. E o seu é a srta. Granger. Está louco por ela, hein?!

Harry não disse nada enquanto era guiado pelo corredor. Nem mesmo falou com Sam quando passaram por ele no posto de enfermagem. Tudo que podia pensar era que não podia estar apaixonado por Hermione. Atração era uma coisa, mas amor! O medo o ameaçava. Não. Isso era impossível.

-Aposto que anda sentindo perfume de flores, mesmo que não haja nenhuma por perto – disse a dra. Tong.

-Como você pode...

-Sou perita em diagnósticos.

Harry examinou toda a sala de espera. Levou um segundo para localizar Hermione, porque ela estava rodeada por homens.

Pensou ter reconhecido Ramón, de pé ao lado dela, e havia mais dois rapazes de uniforme verde. Mas sua atenção foi logo capturada por um homem que estava ajoelhado no chão... com a cabeça debaixo da saia dela!

Em dois segundo Harry já estava fora da cadeira de rodas, e já havia cruzado toda a sala de espera.

-Aqui está... – disse o homem com a cabeça escondida. – Acho que deve...

Harry grudou na camisa do homem e o levantou.

-Harry! – Hermione segurou o punho fechado, no mesmo instante em que Sam o segurou por trás.

Ele estava quase se soltando deles quando pôde reconhecer Daryl e perceber que Hermione já estava na frente de seu colega de apartamento.

-Sou da paz! – Daryl brincou, tirando um lenço branco do bolso, e erguendo-o por sobre o ombro de Hermione – Só estava tentando fazer mais uma pequena manutenção na saia.

-Maldita saia... Queria nunca tê-la visto! – Harry exclamou, já gemendo enquanto tentava passar seu braço machucado em torno de Hermione. – Você está bem?

-Estou ótima! Mas seu braço não está. – ela se voltou para a médica. – Está?

-Poderá ficar se ele conseguir controlar esse impulso de esmurrar as pessoas – a dra. Tong afirmou com um sorriso. E então ela fez um sinal aos dois homens de uniforme para que a seguissem.

Colocando então seu braço saudável ao redor de Hermione, Harry dirigiu-se a Sam.

-Você descobriu mais alguma coisa a respeito do homem que me esfaqueou?

Sam olhou de Ramón para Daryl e então de volta para Harry.

-Pode falar na frente deles – Harry falou com tranqüilidade.

-Ele já tinha feito isso antes. Um dos policiais que está com o caso acha que ele pode ter sido muito bem pago.

-Isso fecha a questão. – Harry olhou significativamente para Hermione. – Voltaremos para o meu apartamento e você vai aposentar essa saia para sempre.

-Não posso! Prometi usá-la no baile de sua tia.

-Você não vai com ela!

-É claro que vou! É você quem deve ficar de repouso em casa.

Harry respirou profundamente. Não iria ganhar aquela discussão no grito.

-Não posso protegê-la. Achei que podia, mas não posso. – e, tomando fôlego, continuou: - Não permito isso. A revista não pode permitir que ponha sua vida em perigo por conta de um artigo tolo.

Hermione parou bem em frente a ele, furiosa.

-É a minha vida e o meu artigo tolo – ela disparou com o olhar fulminante. – Não fui eu quem foi esfaqueada.

Mas poderia ter sido. A imagem o aterrorizava desde que havia deixado a pista de patinação. Não conseguia evitar.

-Os artigos sobre a saia estão cancelados. A Metropolitan não publicará os dois últimos.

Hermione levantou o queixo com imponência.

-Está bem.

-Você vai ficar no meu apartamento essa noite, e Sam poderá protegê-la.

-Não – ela teimou, afastando-se mais um passo dele. – Não vou ficar em seu apartamento.

-Mione... – mas quando ele tentou tocá-la dessa vez, ela se afastou ainda mais para trás.

-A porta do meu apartamento já foi consertada e um sistema de segurança foi instalado. Irei com Ramón e Daryl e ficarei lá mesmo.

Rapidamente, ela se virou e dirigiu-se para a saída.

Harry se voltou para Sam com um olhar ansioso.

-Pode cuidar dela?

-Será um prazer – Sam disse prontamente.

Espumando de raiva, Harry foi obrigado a controlar-se. Mesmo assim segurou o braço dele com força e disse ameaçadoramente:

-Ela é minha!

Sam esboçou um sorriso.

-Qualquer um pode ver isso. Está agindo como um asno. Fica claro que está louco por ela!



Obs: Capitulo 11 postado pessoal!!!!!Espero que tenham curtido!!!No capitulo 12 vocês saberam quem está por trás desses ataques e depois o Gran Finale de "Da magia à Sedução"!!!!!!Até sábado eu atualizo "O Senhor da Paixão"!!!Bjux!!!!

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