Orgulho e preconceito



Cap. 12_

Harry caminhava pela pequena rua torta que era o beco diagonal. Prometera-se não usar mais dinheiro que viesse das pilhagens de Lord Voldemort, mas dias haviam passado e ele não conseguia imaginar como poderia arrumar um emprego sem diploma, sem documentos, sem sequer nome.

Subiu a escadaria branca do banco. As movimentadas lojas de outrora se encontravam vazias. As pouquíssimas pessoas que se arriscavam a vagar pela rua caminhavam de sobreaviso, olhando constantemente por cima dos ombros, preocupados com o que o quer que pudesse ataca-los e apressados.

Harry sentiu-se estúpido. Era tudo obra sua. Como, exatamente como, podia ter sido tão cego.

Mas no fundo sabia como. Fora cegado por uma gratidão desmedida. Podia não saber como acreditara em Voldemort agora, mas somente ele sabia como tinha sido horrível acordar extremamente machucado, incapaz de se mover, falar, de viver, sem memória. Sem saber quem era. Em meio a rostos hostis, dispostos a mata-lo. E ele não poderia de qualquer forma oferecer resistência.

E então ele dissera que não. Que não o matassem. Voldemort, tão machucado quanto ele estava, com apenas algumas palavras poupara-lhe a vida.

Na época isso parecia o suficiente para que ele matasse e morresse por ele.

Agora a idéia de matar não lhe parecia tão justa.

Matar inocente era mais inconcebível ainda.

Entrou no banco e, sem dizer uma palavra ao duende, estendeu-lhe a chave do cofre que lhe pertencia.

Habitualmente, como das outras vezes, o duende deveria estender a mão, pegar a chave e leva-lo ao cofre.

Mas não esse. Não dessa vez.

Ao olhar para a chave, o duende ergueu os olhos e viu Harry. Então ficou vagando da chave para Harry, e de Harry para a chave novamente.

_O quê? _ele perguntou desconcertado _O que é?

O duende fechou a cara e, apanhando a chave de cima do balcão, caminhou com Harry para as enormes portas no fundo do salão. Dentro do carrinho que desfilava pelos túneis, Harry agarrou com força o estofado do banco e assim ficou até o duende parar em um dos cofres cravados nas paredes de pedra.

Harry não se demorou. Varreu todo o ouro que podia carregar para dentro de sua carteira e virou-se para subir no carrinho novamente. Mas o duende puxou seu pulso.

_E de seu outro cofre, Sr Potter, não quer levar nada?

Harry sentiu o estômago dar uma cambalhota. Então ele o conhecia. Então ele lembrava-se dele.

_Que cofre? _ele perguntou, sinceramente, sem entender do que se tratava.

Os olhos malignos do duende brilharam. _O cofre que seus pais deixaram para você por direito quando morreram. Eu me lembro, Harry Potter, de você chegando por aqui, ainda menino, descobrindo todas as riquezas que o aguardavam. E, se não está morto, porque deixou todas essas riquezas aqui?

Harry não soube o que responder. A idéia de que tinha dinheiro próprio, que não fora roubado ou pilhado, e de que seus pais haviam lhe deixado algo o deixava perturbado.

Seu coração se espremeu. Seus pais. Era a primeira vez que pensava em seus pais. Em como eram seus pais.

Mas ele não conseguia se lembrar.

_Então me leve ao meu outro cofre. _ele pediu, e ia subir no carrinho quando o duende puxou novamente seu braço.

_Então me dê a chave do seu outro cofre. _o duende pediu traiçoeiramente.

_Eu não estou com a chave do meu outro cofre. _Harry respondeu com maus modos. Por que não imaginou aonde isso ia chegar. Duendes eram sempre tão traiçoeiros.

_Eu posso abrir seu cofre, Potter. Sabe que eu posso. _Harry espremeu os olhos. Tinha certeza que ele ia pedir algo _Mas se eu abrir seu cofre, você não vai precisar mais deste, não é? Nem do que tem dentro dele. _e piscou.

Harry olhou para as pedras preciosas e artefatos raros no cofre atrás de si.

_Pode ficar com o que quiser. _e jogou a chave para ele. O duende sorriu satisfeito. Harry subiu no carrinho _Me leve ao meu cofre.

_Certamente. _e subiu no carrinho atrás dele.

Quando Harry entrou no cofre, sentiu-se abarrotado de uma nostalgia que não conseguia explicar. Como podia ter saudade de algo que ele sequer lembrava.

O cofre estava coberto de galões, sicles e nuques. Certamente não era um cofre tão ricamente recheado quanto o que Voldemort fizera para ele. Mas era um cofre com dinheiro honesto. E o suficiente para mantê-lo muito bem por algum tempo, até que ele conseguisse reconstruir sua vida.

Jogou o dinheiro que pegara do outro cofre para o duende, e encheu novamente a carteira.
***

Hermione dormia em sua cama apertando levemente o travesseiro. Sonhos conturbados agitavam seu sono. Figuras encapuzadas levavam seu filho para longe. E quando ela pedia ajuda, gritava por socorro, Stuart dizia que não adiantava.

Porque Harry não ia voltar.

Acordou assustada e atribuiu isso ao sonho. Levou alguns segundos para perceber que o dispositivo antiinvasores da casa disparara e que o alarme soava estridente na cabeceira de sua cama.

Hermione levantou-se e afastou as cortinas da janela para ver quem tentara entrar na casa. O dispositivo de segurança era muito criativo e eficaz, na verdade.

De sua janela, visualizou Stuart estirado na areia, passando a mão pela testa como se tivesse levado uma pancada na cabeça.

Hermione sentiu-se aborrecida e ultrajada. Como ele se atrevia a ir a sua casa? Depois de tudo que dissera e fizera, como se atrevia?

Zangada, saiu do quarto batendo os pés e atravessou a sala. Rony dormia pesadamente no sofá e nem parecia se dar conta do que estava acontecendo.

Esse era um dos privilégios de seu alarme. Ele só disparava para ela. Para quê ela deveria alarmar os outros, sempre que algo assim acontecia?

Saiu na varanda da casa e desceu os degraus para a areia com superioridade e leveza. Stuart se levantava, ainda esfregando a cabeça. Ele parou ao seu lado e ele ergueu os olhos com uma careta para ela.

_Perdeu alguma coisa? _ela perguntou amistosamente.

_Quanta hospitalidade, Granger. É assim que você recebe o novo ministro da Magia suplente? O que acha que eu sou? Um comensal da Morte do Lord Voldemort? _e riu da própria ironia. Hermione estreitou os olhos.

_Meu dispositivo de segurança não protege a casa somente de comensais, Stuart. Mas de todos que não têm amor no coração.

Stuart revirou os olhos, enquanto se levantava e sacudia a areia da roupa. _Quanta baboseira...

_Bom, _ela arqueou as sobrancelhas _funciona, não funciona? Se não funcionasse, você estaria lá dentro, me enchendo o saco. Mas no lugar disso está do lado de fora, com uma terrível dor de cabeça. Com licença, sim? _e virou-se para entrar, mas Stuart segurou seu braço.

_Não quer saber o que eu vim fazer aqui? _ele perguntou fazendo-a se virar.

_Não. _ela respondeu com naturalidade.

_Mas eu quero falar. Eu estou disposto a lhe dar uma chance, Granger. Eu aceito você novamente no Ministério. Dou-lhe o meu antigo cargo no departamento de aurores. Você só precisa admitir que inventou. Só isso.

_Como você pode ser tão idiota? _ela perguntou com raiva, puxando bruscamente o braço.

_Acredite, Granger, eu nem me daria esse trabalho se algumas pessoas no ministério continuassem insistindo em confiar em você. Se você não tivesse fomentado idéias nas cabeças dessas pessoas.

_Puxa, fico contente em saber... _ela murmurou sentindo, no fundo, uma certa gratidão por essas pessoas.

_Eu não posso ficar com rachaduras no meu Ministério, Granger. Volte lá e conserte a confusão que você começou. _sorriu maliciosamente. _Essa chance não vai lhe custar quase nada.

_Quase nada? _ela repetiu colocando as duas mãos na cintura.

Então, antes que pudesse se dar conta do que ele estava fazendo, ele atirou-se contra ela, prendendo-a contra a parede de vidro da varanda e segurando seus dois pulsos acima de sua cabeça. Sem que ela pudesse evitar e pega de surpresa, ele cravou seus lábios no dela, forçando-lhe um beijo seco e agressivo.

Hermione se debateu com ódio e repugnância. Fora apenas um roçar de lábios, mas o suficiente para mata-la de nojo. _POR QUE FEZ ISSO?! _ela berrou cuspindo as palavras.

_Era para VOCÊ AGRADECER a chance que eu estou lhe dando! _ele berrou de volta. Hermione pensou nesse instante em sua varinha, repousando tranqüilamente em seu criado mudo. Como ela podia ser tão idiota? _Por que você tem que ser tão... Prepotente? Arrogante?

_Prepotente? Eu? _ela perguntou indignada, ainda tentando se desvencilhar, mas ele era alto e forte demais para ela.

_É isso mesmo. Orgulhosa. Prepotente. Venho aqui cheio de boa vontade, e você reage como se... Como se fosse absurdo. _ele aproximou novamente o rosto dela. _Nós podíamos nos entender muito bem, Hermione. Você sabe disso, não sabe?

_Você está louco! Me solta! _ela se debateu.

_Tantos anos. _ele começou a murmurar bem perto de seu ouvido. Perto demais na opinião dela _Eu conheço você há anos, e você sempre ficou por aí se pavoneando como a viúva intocada do Santo Potter. Mas você é uma mulher. Você nunca reparou que desperta desejo, Hermione? Nesse tempo todo?

_Me. Solta. _ela choramingou. Já não tinha forças para gritar. Ele dava beijos estalados em seu pescoço e tentava lhe beijar a boca novamente, enquanto ela virava o rosto violentamente.

Sentia-se nauseada. Tonta. Quis gritar por ajuda. Mas sua voz não saia mais.

Em um desesperado apelo, pensou em quem sempre estivera ali para ajuda-la, sempre disposto a salva-la.

***

Poucos minutos depois, Harry descia a rua com os bolsos retinindo de ouro. Ouro honesto, só para variar um pouquinho. Respirava o ar puro e relativamente frio. O que, se pensasse bem, era meio estranho para aquela época do ano. Notou que sua respiração se condensava a sua frente, formando pequenas nuvens.

Parou de repente no meio da ruela com os ouvidos atentos. Estava frio de verdade agora. Seu coração congelava lentamente. Sua pulsação acelerava e fraquejava, deixando-o tonto.

Afundo a mão no bolso, apertando com força a varinha. Reconhecia isso. Sempre reconheceria a sensação de que nunca poderia ser feliz.

Olhou ao redor com avidez. A princípio não os viu. Mas, prestando mais atenção, pôde visualizar a barra de uma capa sumindo na última esquina da rua, que dava para a Travessa do Tranco.

Harry não perdeu tempo. A toda velocidade, correu para a ponta da rua, acompanhando a parede para não ser notado.

Dobrou a esquina e tirou a varinha do bolso. Dois dementadores estavam de costas para ele. Suas respirações cortavam o ar como se anunciassem a morte. Harry respirou fundo. Forçou-se a pensar no filho. Ele tinha um filho. Chegou quase a sentir seus braços curtos fechando-se em torno de seu pescoço, em um abraço apertado. E então seu patrono irrompeu de sua varinha afugentando os dois dementadores que atacavam uma figura caída no chão.

Harry aproximou-se e estendeu a mão para ela. Sua saia de couro de dragão estava suja de barro e suas pernas esfoladas. Provavelmente caíra no chão. Sua capa rasgara-se, seu rosto estava pálido e seus braços tremiam. Lentamente, ela ergueu a mão e segurou a de Harry, levantando-se do chão.

Seus cabelos pretos e lisos assentaram-se imediatamente, emoldurando seu rosto. Sus lábios vermelhos formaram um sorriso e ela ronronou satisfeita:

_Obrigada.

Harry não gostou. Não parecia uma atitude de quem acabara de quase morrer. Seus olhos escuros emitiam um brilho de quase satisfação. Harry, então, soltou-lhe a mão. _Não há de quê. _e virou-se para ir embora.

_Não, espera. _ela chamou-o novamente, atirando-se em seus braços _Eu estou fraca, você não pode me deixar aqui.

_Na verdade, _ele afastou-a _acho que você está muito bem. _e virou-se novamente. E foi nesse momento que ouviu.

Não necessariamente ouviu. Foi algo mais como... Sentir.

Sentiu um pedido sincero de ajuda. Um desesperado pedido de socorro. Pôde ouvir claramente em sua cabeça Hermione chamando seu nome. Pôde sentir o toque de pânico. Pôde perceber que ela precisava dele.

_Não! _a garota puxou-o novamente. Harry não prestava atenção nela. Tentava descobrir onde Hermione estava. Levou as mãos a cabeça tentando se concentrar. _Então, deixe eu agradecer. _e insinuou-se para frente, esfregando seu corpo ao dele.

A casa da praia. Harry sentiu. Era na casa da praia. _Me solta. _ele retrucou com maus modos afastando-a. Precisava ir para a casa da praia.

_Não me deixe aqui. _ela suplicou, segurando com as duas mãos a frente da sua camisa. Agora ela parecia realmente temerosa de que ele partisse. _Eles vão voltar. Tenho certeza que vão.

_Então vá embora. _ele retrucou, encarando-a sem entende-la. Mas não tinha muito tempo para desvendar o porquê do medo posterior ao ataque agora. Ele precisava ir. Cada minuto que demorava era um minuto a mais em que deixava Hermione sozinha.

E se acontecesse alguma coisa com ela, simplesmente por que ele não estava lá...

_Eu preciso ir... _ele disse mais uma vez, afastando as mãos dela.

_Não. _ela exclamou _Deixe eu lhe pagar um café... Que tal? _e segurou-o novamente. Então um grito de Hermione explodiu com mais força em sua mente. Ele fechou os olhos tentando bloquear imagens que o assustavam. De Hermione sendo torturada, ou morta.

Empurrou sem delicadeza nenhuma os braços da garota. _Eu PRECISO ir! Entendeu agora? _e deu dois passos para trás _Vá embora se está com tanto medo. Nem sei porque ainda está parada aí. _e desaparatou em seguida.

Pansy deu um chute frustrado nas pedrinhas em volta.

***

Hermione sentiu com mais horror uma das mãos de Stuart soltar seu pulso e descer pela sua cintura até sua perna. Ela espalmou a mão livre em seu peito e tentou empurra-lo, ainda mantendo o rosto fora de seu alcance, mas Stuart sempre cultivara mais músculos do que cérebro, ao contrário dela. Era uma disputa injusta.

Deixou uma lágrima escapar e escorrer por sua bochecha. Ele não vinha. Era isso. Mas por que ele viria? Não deixara bem claro que queria se manter longe dela? Mais lágrimas abriram caminho entre seus cílios e desfilaram por seu rosto.

Sozinha.

Era isso. Ele não viria.

E quando parou de chamar por ele, perdendo totalmente as esperanças, sentiu o peso de Stuart sair de cima de si e respirou aliviada. Virou o rosto a tempo de ver alguém puxando violentamente Stuart pelo ombro e fazendo-o se virar, dando-lhe logo em seguida, um soco diretamente no queixo.

Hermione desmoronou, incapaz de ficar mais meio segundo em pé. Pôs se a chorar descontroladamente. Parecia que só agora se dava conta do que estava para acontecer. Sentiu nojo. Sentiu medo. E chorou ainda mais, enquanto Stuart levava mais um soco no nariz, no estômago e caía de costas na areia.

_Você vai ser sua própria ruína, Granger. _Stuart rosnou com ódio, enquanto levantava-se, passando a mão no nariz, que sangrava, e desaparatando dali.

Mione continuava chorando. Como era estúpida. Estúpida por ter deixado a varinha no quarto. Estúpida por não ter gritado o mais alto que seus pulmões permitiam, prendendo-se a esperança de que, se ela chamasse, ele viria.

Rony ajoelhou-se no chão ao seu lado, e afastou seu cabelo de seu rosto. _Você está bem?

Hermione ergueu os olhos e, tremendo ligeiramente pelo trauma, atirou os braços em volta de seu pescoço e abraçou-o com força.

Rony sentia um ódio sem medidas fervilhar em seu coração. Como ele podia ter, sequer, tocado nela? Como ele podia ter desejado mal a alguém tão doce e perfeito como Hermione era. Retribuiu o abraço satisfeito por ter acordado na hora certa e passando a mão por seu cabelo castanho.

Harry aparatara na praia há alguns minutos. Exatamente na hora em que Rony saía, sonolento, pela porta envidraçada.

Estancara, horrorizado e furioso, ao ver o que Stuart estava tentando fazer. A areia ao seu redor se ergueu. Pedras na base da montanha tremeram. Ele dera cinco passos decididos a frente...

Mas Rony estava mais perto, e chegou antes dele.

Chegara tarde...

E só lhe restava agora se certificar de que ela estava bem e ver a gratidão que seu rosto exprimia, enquanto ela limpava com as mãos as lágrimas em sua face e contava a Rony o que acontecera.

***

Gina não se sentia realmente à vontade. Como eles podiam ir a um orfanato e adotar uma criança? Escolher uma delas? Entre todas que estavam ali, que certamente desejavam uma família, carinho, um pai, uma mãe. Todas desejavam isso com a mesma intensidade. Como eles podiam escolher uma?

Era injusto demais.

Draco parecia feliz.

Aos olhos de Gina isso chegava quase a ser cruel. Foram ao orfanato naquela manhã para conhecer as crianças. Para verem com qual tinham mais afinidade. Para Gina isso não fazia sentido. Não parecia natural. Não parecia humano escolher um filho.

A diretora do orfanato bruxo esperava-os na sala quando eles saíram da lareira, por onde viajaram via flu. Falava, animadamente, de como suas crianças estudavam na instituição, de como eram educadas. Gina sentiu náuseas. Era como se ela quisesse vender uma mercadoria.

Saíram para um pátio florido onde diversas crianças brincavam. A diretora perguntou-lhes algo sobre preferência por idade. Gina não queria ouvir. Preferência por idade? Via nos rostos das crianças, que os olhavam curiosos e ansiosos, o quanto cada uma ali queria uma família. Um lar de verdade.

Como eles podiam ter uma preferência por idade?

Draco não parecia compartilhar seus sentimentos. Quando ela o ouvira falar de adotar uma criança pensou que isso seria feito com o tempo. Não que eles sairiam para escolher uma. Escolher . A palavra deixava Gina entristecida. Draco pediu a diretora um tempo a sós para conversar com as crianças. A diretora assentiu, entrando novamente, e deixando Gina e Draco sozinhos nas escadarias que davam para o pátio.

_Oi. _Draco disse para as crianças tímidas que lentamente paravam suas brincadeiras e se aproximavam dele. Gina desligou-se totalmente. Tirando um, todos aqueles rostinhos carregariam uma expressão de tristeza no fim do dia. Tirando um, todos ficariam pensando em suas camas naquela noite “Por que não eu?”.

Gina sacudiu a cabeça, tentando afastar esses pensamentos. E foi quando viu uma criança distante das demais. A única que não se aproximou de Draco quando ele sentou-se no gramado ao lado dos outros.

Era uma menina, uns três ou quatro anos mais velha que os demais. Devia ter uns sete anos, mais ou menos. Seus cabelos negros e anelados caíam até os ombros e seus olhos eram amendoados e profundos.

Gina ficou curiosa pelo distinto comportamento e, cruzando o pátio, foi até a viga onde ela estava encostada.

_Por que não está com eles? _ela perguntando aproximando-se sem a garota perceber. Entretanto, a garota não pareceu nem surpresa nem assustada.

_Por que estaria? Não está claro que vocês querem uma criança menor? Quanto mais nova melhor, não é mesmo? Por que eu vou ficar aí me... _e fez uma careta _Exibindo. Como se eu fosse um bichinho que tem que mostrar o que sabe fazer. _Então ela fez uma cara de desprezo imensamente parecida com as que Draco costumava fazer em Hogwarts, ao se referir a Hermione, Rony ou Harry, e saiu caminhando, para dentro do orfanato.

Gina seguiu-a com os olhos. Ouvir as mesmas coisas que ela estava pensando davam um tom dolorosamente real a tudo aquilo. Caminhou até as escadarias e entrou novamente no orfanato. Queria saber mais sobre a garota. Quem era. Quantos anos tinha. Por que estava ali.

Percorreu os corredores estreitos atrás de alguma indicação de onde a diretora estava. Não encontrou nenhuma porta com uma placa escrita “diretoria”, ou algo assim. Seus passos batiam no carpete puído e ecoavam. Achou aquele lugar frio demais.

Encontrou no fim do corredor uma porta entreaberta. Com a curiosidade instigada, empurrou a porta lentamente e, vendo que não tinha ninguém, entrou.

Estava um quarto longo e com diversas caminhas enfileiradas. As camas, com armações de ferro eram cobertas por lençóis brancos, muitos deles rasgados em vários pontos e, ao lado de cada uma delas, um armário de uma porta e de madeira muito velha servia para que as crianças guardassem seus pertences. O quarto era cinzento. As janelas não tinham cortinas. A iluminação era garantida por um único archote que pendia do teto. Gina sentia o coração apertado. Com passos de gato, andou até um dos armários e abriu-o. Uma roupinha cinzenta e escorregou para fora. Gina abaixou-se e pegou-a. Era um uniforme totalmente diferente das roupinhas coloridas que as crianças usavam lá fora naquele momento. Ela não entendeu o que aquilo significava. Aliás, entendera. Mas preferia que tivesse entendido mal.

Guardou a roupa novamente no armário e já ia sair do quarto às pressas, quando a diretora entrou. Gina parou no mesmo lugar com os olhos levemente arregalados.

_Posso ajudar em alguma coisa, Sra Malfoy? _Seu tom era gentil e descontraído, mas Gina notou que ela estava alerta, mesmo assim.

_Na verdade pode. _ela respondeu lembrando-se do que fora fazer ali, a princípio. _Tem uma das garotas, uma maior do que as outras, morena, cabelos cacheados...

_Prudence. _a diretora informou entrelaçando as mãos a frente do corpo.

Gina inclinou a cabeça, com um olhar intrigado. _O que há com ela? Quer dizer, _ela endireitou o rosto _ela é a única que não parece entusiasmada com idéia de ser adotada.

_Certamente porque ninguém nunca cogita a idéia de adota-la. _a diretora respondeu prontamente _Ela está aqui há cinco anos, e ninguém a quer.

Gina parecia indignada. _Mas porquê?

_Ela é um aborto, Sra Malfoy. _ela respondeu como se isso fosse motivo suficiente. _Mas para Gina não era, e ela sentiu sua indignação aumentar ainda mais. _E isso não é tudo. _a diretora continuou _Ela tem uma história bastante conturbada para seus sete anos. Ela está aqui, Sra Malfoy, porque matou os pais. _Gina sentiu os olhos abrirem-se surpresos _Sem querer, obviamente. Era apenas um bebê então. Devia ter seus dois anos de idade. Seus poderes mágicos eram precipitadamente desenvolvidos. Os pais a levaram a especialistas bruxos quando ela nasceu, e todos lhe diziam que ela era super dotada, que seria extremamente poderosa quando crescesse. E então, um dia, _sua voz baixou um oitavo _sua casa foi invadida por comensais, porque sua mãe era trouxa, e, pobre criança, vendo os pais sendo torturados, seus poderes se descontrolaram e ela explodiu a casa em que viviam. Seus pais morreram. Ela ficou em coma por quatro meses. Depois veio para cá, imensamente perturbada, arredia, com medo. Desde então nunca mais pôde fazer um feitiço, por mais simples que fosse. Nem de levitação, como toda criança dessa idade consegue fazer...

Gina sentiu seu coração se despedaçar. _Como as pessoas podem não querer adota-la? _ela perguntou com o rosto contraído de pena.

_Bom, não está claro? _a diretora ergueu as sobrancelhas surpresa _Ela não pode fazer magias. É praticamente um aborto, vivendo entre os bruxos. Seria frustrante para qualquer pai...

_Depois de tudo o que ela passou? Depois do que ela fez, isso seria frustrante?

_O que ela fez? _a diretora perguntou como se Gina não tivesse entendido a conversa.

_Ela tentou salvar os pais. _ela argumentou exasperada.

_Mas ela os matou. _a diretora retrucou.

Gina não podia acreditar. Precisava tirar aquela criança dali. Sacudiu a cabeça, balançando os cabelos ruivos e saiu do quarto.

Decidida, atravessou os corredores e saiu novamente no pátio. As crianças ainda se agrupavam em torno de Draco em tentativas desesperadas de agrada-lo. Gina sentiu que isso a dilacerava. Não podia agüentar. Não podia presenciar aquilo.

_Draco, eu preciso falar com você. _ela pediu com urgência, colocando a mão em seu ombro.

Draco ergueu os olhos e viu-a pálida e trêmula. Ficou preocupado e levantou-se rapidamente do chão. _Mas é claro.

Gina caminhou até o topo da escadaria, de onde as crianças não poderiam ouvi-los.

_Nós não podemos fazer isso, Draco. Não podemos escolher um deles. _ela murmurou com a voz embargada.

_Eu pensei que você quisesse um filho. _ele respondeu sem entender.

_Não. Você não entendeu. Eu não quis dizer que não quero escolher. Eu disse que não podemos. Você não vê, Draco? _ela perguntou aflita _Como eles estão desesperados por atenção? Todos eles... _Draco olhou ao redor. As crianças ainda os miravam cheios de expectativa.

_Eu sei o que você quer dizer... É injusto. _então se virou para ela _O que acha que devemos fazer? Os mais velhos são os que têm menos chances de serem adotados. Acho que devemos adotar um deles por isso.

_Que bom que você pensa do mesmo jeito que eu, Draco. _ela murmurou olhando para baixo e torcendo as mãos. _Tem uma garota, Draco, nós temos que leva-la conosco. Porque se nós não a levarmos, ninguém nunca vai querer adota-la.

_Por que acha isso? _ele perguntou espantado com a convicção da garota.

_Porque ela é um aborto. _ela respondeu encarando-o. A última coisa que esperava ver no rosto de Draco era uma sombra de repulsa.

_Gina, nós não podemos adota-la. _ele respondeu como se falasse com uma criança que quer levar um trasgo para morar no quintal.

_O quê? _ela perguntou apertando os olhos.

_Ela nunca iria se adaptar a nós. Pensa bem, Gina. Nós nunca iríamos nos adaptar a ela, também.

Gina deu um passo para trás. _Você só pode estar brincando... _ela murmurou sentida.

_Não, Gina, não temos estrutura para adotar um aborto...

_De que raios de estrutura está falando? _ela se enfurecia visivelmente _É uma criança, Draco! Ela só precisa de pais.

_Ela precisa de tratamento. Eles podem trata-la aqui.

_Tratamento? _ela repetiu com nojo e avançou para frente _Isso não é uma doença, Draco. Você está deixando seus preconceitos nojentos dominarem você. E o que chama de tratamento? Você não viu o que eu vi... Você não viu como é a vida deles aqui...

_É feliz. _Draco concluiu convicto _Eles estudam, brincam aqui, têm uns aos outros.

_Você não viu o quarto deles, Draco. É miserável. É... É triste. E ela... Ela é incompreendida pela diretora. Você precisa ver como ela fala dela... Isso... Isso vai acabar com essa menina...

_Virgínia, ela não deveria estar aqui, então.

_O que quer dizer? _ela perguntou quase soltando fumaça.

_Que ela não tem poderes. Deveriam te-la levado para um orfanato de trouxas. Ela viveria melhor entre eles.

Gina abriu a boca para protestar, mas uma voz interrompeu-a vindo das sombras.

_E você acha que eu já não disse isso a eles? _Quando se virou, Gina deparou-se com Prudence, em pé na soleira da porta, encoberta pelas sombras. Algumas lágrimas escorriam por seu rostinho moreno _eu disse isso quando vi que ninguém ia querer ficar comigo. Mas eles disseram que eu sou um perigo. Que a qualquer momento meus poderes podiam se manifestar novamente, e eu colocaria a vida dos trouxas ao meu redor em perigo. _Draco parecia sem graça. Gina parecia comovida. Então a menina empinou o rosto com orgulho _Mas eu não estou pedindo a piedade de ninguém. Nunca precisei disso. E nunca vou precisar. Vocês podem ficar com esses preconceitos idiotas. Eu não ligo. _e, virando-se, correu para dentro da casa.

_Feliz, Draco? _Gina virou-se para ele furiosa

_O que ela quis dizer com seus poderes se manifestarem novamente? _ele indagou confuso. Gina virou-se irada para ele.

_Os poderes dela desapareceram, Draco, depois que ela tentou salvar os pais de um grupo de comensais, e, sem querer, explodiu a casa. Ela nunca mais conseguiu fazer magia depois. _Draco ficou baqueado. Gina não lhe deu tempo para responder _Pois se você quer saber, Prudence vai ser minha filha. Seja você o pai ou não.

E saiu marchando para dentro também. Draco sentiu o estômago se contorcer. Sentiu-se a criatura mais idiota e mais estúpida do mundo.

Baixando a cabeça, seguiu o mesmo caminho que elas para dentro do casarão.

***

Harry vagou por um certo tempo pelos gramados verdes da escola de Bruxaria Hogwarts. Esperava encontrar Hagrid em algum lugar por ali. Queria conversar. Queria ajuda. Queria saber se existia alguma coisa, naquele mundo, em que ele poderia ser útil.

_Hei, Harry. _Hagrid acenou para ele da plantação de abóboras no fundo da sua cabana _Como vai você? Aproxime-se.

Harry caminhou sorrindo até ele. Era o único que não esperava o tempo todo que ele recuperasse a memória. Era o único que não cobrava que ele fosse o mesmo Harry de sempre.

_O que o trás aqui? _ele perguntou curvando-se sobre a cerquinha e a fazendo ranger sob seu peso.

_Eu andei... _ele não soube como explicar _Eu quero fazer algo útil, Hagrid. Eu sinto que... Às vezes é difícil escolher entre o que é certo, e o que se quer fazer...

_É realmente difícil, Harry... Como você chegou a essa conclusão?

_A vida de uma pessoa corria um risco e eu precisava ajuda-la. Então não pude estar perto da pessoa mais importante para mim, quando ela realmente precisava.

Hagrid tinha certeza de quem era essa pessoa. Tentou disfarçar o sorriso que queria aparecer no meio de suas negras barbas. _Tenho certeza que ela entenderá isso, Harry.

Harry deu de ombros, meio entristecido. _Ela não tem como saber.

_Tem se você disser.

_Eu não posso dizer. _ele retrucou com um oitavo da voz subindo _Ela tem outra pessoa para protege-la agora. Simplesmente ela não precisa saber.

_Mas talvez ela queira saber, Harry. Talvez ela queira você no lugar dessa pessoa.

_Eu não posso faze-la escolher.

_Mas não pode escolher por ela.

Harry ficou encarando-o por uns minutos. Fazia muito bem conversar com ele. _Mas quanto ao assunto do qual você veio tratar, Harry, eu... Tenho uma proposta para fazer a você... _Hagrid continuou endireitando-se solenemente.

_Uma proposta?

_Já ouviu falar da Ordem da Fênix, Harry?

***

Mione tentava se manter o mais natural possível. Não queria assustar seu filho. Tomou seu café da manhã sorrindo com delicadeza e, apesar de Rony lançar a todo o momento olhares preocupados para ela, achava que estava se saindo muito bem com o fingimento todo.

Puro fingimento. Nada mais que isso. Porque dentro de si ainda sentia náuseas, ânsias e um ódio indescritível quando se lembrava do que tinha acontecido.

Como Stuart poderia ter achado que ela cederia a ela apenas para voltar para o ministério? Merlim, ele deveria ter imaginado que isso era totalmente contra seus escrúpulos. Quase podia sentir o peso dele contra seu corpo na parede de vidro. Sua mão grossa deslizando por sua pele. Então sentia mais nojo ainda e seu disfarce quase caía por terra.

Era estranho não ter que ir trabalhar. Era estranho passar um sábado com seu filho. Somente agora que ela tinha esse tempo para ele, via o quanto da sua infância havia perdido.

Passou a manhã com Rony e Thiago na praia. Lia um livro, sentada nos degraus da varanda, mas não absorvia nem metade do que todas aquelas palavras lhe diziam. Harry não viera. Era só nisso que conseguia pensar. Fora instigada por Hagrid a tentar reconquista-lo, mas como poderia fazer isso?

Ele não a queria mais por perto. Era difícil acreditar nisso.

Mas era real.

Estava perturbada. Triste. Olhou por cima da borda do livro e viu Thiago deitado na areia, de olhos fechados, deixando o sol bater em seu rostinho feliz. Ao seu lado, Rony lia um conto infantil para ele, sentado e com as pernas dobradas.

Achando que não conseguiria mais fingir muito perto deles, fechou o livro, levantou-se e começou a caminhar pela areia.

Seus passos incertos a levaram até a encosta do morro. Ladeou-o até uma escadaria de pedra coberta pelas ervas e pelo mato. Subiu-a lentamente. Gostava da vista que tinha lá de cima. Toda a praia se rasgando a sua frente. Todo o azul do céu se fundindo com o azul do mar, e nada, nada que pudesse perturba-la.

Foi até a borda do penhasco e sentou-se. Respirou fundo como se fosse pela primeira vez. Fechou os olhos deixando o sol bater em seu rosto.

Estava triste.

Mas só de respirar...

Respira, Harry, é vida

Lembrou-se desse momento e ficou ainda mais triste. Abriu os olhos novamente e ficou olhando ao longe, as duas figuras na areia que pareciam tão distantes de sua realidade agora.

Sua família.

Nem reparou o farfalhar de galhos a suas costas. Se tivesse reparado que alguém aparatara ali, não teria começado a chorar. Teria contido o choro.

Harry sentia seu coração encolher por vê-la daquele jeito. Queria poder trazer uma solução para todos os problemas de sua vida.

Mas talvez ela não precisasse de soluções. Talvez ela precisasse dele.

_Eu queria ter vindo, Hermione. _ele sussurrou de repente.

Hermione ficou com as costas rígidas ao ouvir sua voz. Fungou, tentando parar de chorar, e passou as mãos pelo rosto, limpando os resquícios de lágrimas.

_E por que não veio? _ela perguntou mais secamente do que pretendia. Harry andou devagar até ela e sentou-se ao se lado.

_Tem muitas coisas que eu já quis fazer e não pude. _ele disse em voz baixa, passando as pernas pela borda do penhasco.

_Por exemplo? _ela virou-se para ele.

Por alguns minutos ele apenas a encarou, com um olhar terno e amoroso. Então, ele ergueu uma das mãos e pousou-a na barriga da garota.

_Ter visto sua barriga crescer, por exemplo. _então sorriu com ainda mais ternura _Deve ter sido mágico.

Mione sorriu também, deliciada com lembranças e baixou a cabeça. A mão de Harry ainda estava alojada em seu ventre. _É, foi. _ela concordou. Então ergueu os olhos novamente _Queria ter lhe contado antes que estava grávida.

Harry afastou a mão quase que por instinto. Aquilo doía.

_Harry, eu sei que eu devia ter contado antes. Mas, se eu não contei, não foi por causa dos motivos deturpados que Voldemort quer que você acredite.

_Não foi por que eu era um comensal?

Hermione deu uma risadinha impaciente. _Você nunca foi comensal, Harry. _ela aproximou-se mais dele _Eu não contei porque, na época, nós estávamos tentando acabar com Voldemort. Você era o pior inimigo dele, Harry. Estávamos em guerra. Eu não queria que você se preocupasse mais comigo do que já se preocupava. E se eu tivesse lhe contado, você jamais teria deixado eu ir com você. _ela deu um suspiro _E nunca deixaria você ir sozinho...

Harry dobrou os joelhos e virou-se totalmente para ela. Distraidamente, começou a riscar o chão com um galhozinho. _Quem era ele?

_Ele estudou comigo na escola de aurores. É o novo ministro da Magia.

Harry ergueu os olhos para ela, chocado. Ela deu-lhe um sorrisinho amargurado.

_O que houve? _ele perguntou sem entender.

_Eu pedi demissão. _ela deu de ombros e baixou os olhos _Eles queriam me afastar. Não acreditaram em mim quando eu disse que Voldemort tinha voltado e que... _ela ergueu novamente o olhar _Você estava vivo.

Harry ficou encarando-a por alguns minutos, chocado demais para reagir. Então, levantou-se bruscamente. _Mas era só o que me faltava. _ele resmungou sacudindo a grama das roupas. Parecia exaltado e irritado _Vou até lá agora mesmo, acabo com a raça desse Stuart e devolvo o posto a...

_Não. _Mione levantou-se também e segurou seu pulso, antes que ele pudesse se virar para ir embora _Tem comensais infiltrados no Ministério, Harry. Acredite em mim, o melhor que você tem a fazer por enquanto é ser discreto. Eles não precisam saber onde você está ou o que está fazendo. Nós precisamos pegá-los de surpresa.

Algo nisso tudo perturbou Harry.

_Eu preciso, Hermione. Não nós.

Mione deu um passo para trás. _O que quer dizer com isso?

_Que eu tenho que fazer isso sozinho. E não falo somente de destruir Voldemort, mas também de... De redescobrir quem eu sou.

Mione fez que sim, lentamente com a cabeça. _Respeito sua decisão, Harry. _e o encarou _Mas minha gravidez não me impediu de ir atrás de você. Não pense que isso vai impedir. _e passou por ele para ir embora, mas Harry puxou seu braço, virando-a.

_Você não percebe o que está acontecendo? _ele perguntou aflito _Você pensa que gosta de mim, Hermione, mas você gosta do Harry que você conheceu.

_Você é esse Harry! _ela exclamou com urgência na voz.

_Não. Não sou. Eu não tenho as memórias dele. As experiências de vida dele. Eu não tenho nada. É desesperador. E, desculpe, Hermione, eu preciso viver meu presente. Recomeçar do zero.

Mione pareceu ter entendido. _Tudo bem, Harry. Eu entendo que... Você não tem as memórias dele, as lembranças dele e os sentimentos dele. Mas não me exclua da sua vida. Se você quer começar sua vida de novo, me deixa fazer parte dela. Eu só quero ter a certeza de que você não me ama mais.

_Você não entendeu? _ela encarou-o quase suplicante _Eu amo você. E isso é horrível. _ele retrucou com um tom amargurado. E virou-se para ir embora.

Mione puxou seu braço dessa vez. Mas não disse nada.

No lugar disso, segurou sua camiseta com as duas mãos, amarrotando-a, e puxou-o para si, beijando-lhe com ardor e paixão.

Harry envolveu sua cintura e aprofundou o beijo. Não sabia qual a melhor coisa que já tinha acontecido em sua outra vida. Mas nessa, certamente, era ter encontrado Hermione.

Seu coração pulsava forte contra o dela. E ela se sentia desfalecer de tanto amor.

Rony ergueu os olhos naquele momento, sentado na areia, lá embaixo. O perfil dos dois era visível entrecortado contra o sol.

Mordeu os lábios. Ele jamais seria seu herói de verdade. Do jeito que ele era.

_Você sempre vai ser meu pai, tio Rony. –ele olhou, então, para Thiago, que vendo que ele parara de ler, abrira os olhos e acompanhara seu olhar, para ver o que ele estava olhando.

Rony abraçou o garoto. Ele sempre seria seu filho também.



Nas

Amor, olha esse cap eh dos bem grandes hein rsrsrs... soh naum foi mto rápido. Mas eh com bastante Dracoo hehehehe... Pretendo recompensar siiim, ele merece, fazer o q rsrsrsrs... Obrigada pelo elogio, fico mto feliz... Espero q tenha gostado desse cap... Bjssssssssss

Nah, siim, espero q sim... hehehehe... de triste jah basta a outra neh? rsrsrs... aaaaaiiinn eu tbm adoro akela parte... S2, mas Draco ateh parado e de boca fechada eu adoroo rsrsrsrs... Opa, pode vir e comentar sempre, sinta-se em casa rsrsrs... Obrigada Nah, por estar acompanhando a fic viu? fico mto feliiz msm... Tah add, jah ^^ Bjssssssssss

Liliane, siim quase lah, quase lah... mais um pokinhu e eles ficam felizes... Bom, mais um pocão, mas quase lah rsrsrs... puxa, puxa brigada ^^ Se eu visse alguma coisa minha publicada eu infartava de felicidade rsrsrsrs... Espero q tenha gostado desse cap ^^ Bjsssssssss

Thais, aaahh em nenhum lugar importante, em algum apartamento em Londres... rsrsrs... Naum consegui pensar em nenhum lugar pra ele morar ehehehe... Vc viu, além de lindo ele eh espertooo (e fala francês )hauhauhauha... aaaahhh fico feliz por vc ter gostado. Espero q tenha gostado desse tbm ^^ Bjsssssssss

Jack, olhaaaa aíii pela primeria vez em mto tempo cap inédito pra vc hein... naum leu antes, rsrsrsrs... olhaa isssoo ainda eu q naum colei hauauhauhauhauhauha... o filme 5 do Harry Potter, o q achou dele?? Gostou? Pessimismo naaaum, mas as chances saum remotas vai rsrsrsrsrs... Vc jah viu a tradução na net do livro 7? o q achou? pelo visto naum gostou naum neh? huahauhauhauha... Certo, fica soh o Daniel pra vc entaum... o Tom pra mim :D e ficamos todos felizes e contentes :D :D Espero q tenha gostado do cap... Bjsssssssssss

Kamikinha, viu o livrooo? Obrigada pelos elogios ^-^ Fico mtooo felizzz... hauhauhauhauhauha eu amo akela parte do Draco tbm ^^ Ele eh perfeito demais... Gina eh a alma gêmea dele S2 aiai... Soh nesse cap ele veio com umas idéias meio podres, mas jah jah ele conserta isso hehehehe... Espero q tenha gostadoooo... Bjsssssssss

Shay, claaaro, comensais inflitrados no ministério, com certeza rrsrsrs... Imagina se algm ia duvidar da ministra de graça... hehehehehe... Hipóteses doidas naaaum, doidas saum minhas invencionices rsrsrsrsrs.... Foi ver? Me fala o q achou tah? E os spoilers do livro, viu? Me fala tbm, viu? Bjsssssssssssss

Lílian Black, fico mto feliz por vc ter gostado ^-^ Obrigada de verdade,.... Entaum, tem esse livro em uma comunidade do orkut chamada Traduções de Livros... Infelizmente ele ainda naum veio pro Brasil rsrsrs.... Se gostar me fala depois tah? e o achou do cap? Espero q tenha gostado ^^ Bjsssssss

Letícia, fico mto mto mto feliz por vc ter gostado... Acho q essa foi uma das partes q eu mais gostei de escrever ateh hj, acredita? Essa, akela da quatro faces que ela atira a vassourra dele no lado e quando ela toma akela bebedeira no baile, rsrsrsrsrs... Espero q tenha gostado desse cap tbm ^^ Bjssssssss teh maissss

Polly, aaahh eu tbm keruuuu... Arruma dois, me dah um de presente e fica com o outro :D :D Eh a Pansy ainda vai dar trabalho pro Harry... rsrs Imagina ela seguindo ele pra cima e pra baixo e se fingindo de coitadinha... hauhauhauhauha... Uuuuhhh, siiim Mto perfeito o Draco nakela parte... Bom, mas eu sou suspeira, eu acho o Draco perfeito ateh parado e de boca fechada rsrsrsrs... hauhauauaua... Aaahh, olha o lado bom da minha dupla personalidade... De qlqr jeito eu fico feliz... Ela com Rony eu fico feliz, ela com Harry eu fico feliz... hehehehehe... Espero q tenha gostado desse cap ^^ Bjssss, teh maisss

Nick, horríveeeel msm!!! agora pior ainda... hehehe... Mas vaum pensando q o Harry vai ficar sendo discreto por mto tempo quando ele tentou fazer mal ao amor da vida dele... hiarhiarhiar *risada maléfica* rsrsrsrs... Me fala o q achou do cap, tah? Bjsssssss

Tuty, sssiiim, morte ao Stuart, ainda mais agora, neh? hehehe Mas pode dexar o Harry se encarrega disso hehehe... A justiça tarda mas naum falha rsrsrs... Opa, com certeza se um dia eu publicar um livro td mundo q me deu o apoio q vcs me daum aki vaum ganhar um exemplar ^-^... Os primeiros exemplares :D Mas obrigada msm pelo elogio e por me apoiar, viu? Espero q tenha gostado do cap ^^ Bjssssssss

Mi, isso aeee... Vamos expurgar o mundo desses chatoooss!!! Rsrsrsrs... Puxa fico feliz por vc estar gostando da fic... E ainda mais pelos elogios hehehehehe.... fico motivada pra escrever mais rsrsrs... Obrigada ^^ Era as férias hehehe... Oh esse naum veio taum rápido mas eh bem grande neh? ^^ Espero q tenha gostado ^^ Bjsss, teh maisssss

Julia, agora eles viram hehehehe... Agora o Harry sabe... Dexa a Hermione naum tah olhando hauhauhauhauauha... Espero q vc tanha gostado do cap ^^ Bjsss, teh maissss ^^

Nayara, Fico mtooooo feliz por estar gostando :D Hehehe... quase lah, neh? Daki a poco fica td ok :) Espero q tenha gostado desse cap tbm ^^ Bjsss, teh maissssssss

Pri, hauhauhauauhauha, verdd, se fosse a Gina tinha virado um tapa na cara do Stuart e explodido o escritório dele rsrrsrs... Mas ateh a Gina tem seus momentos de meda neh? rsrsrs... Ainda bem q ele tem o Draquinho lindinho do meu coração, ai ai, rsrsrsrs... O destindo do Rony... Eh surpresa... hehehe... mas eu reservo uma cena bem bonita pra ele no final :D Taí eles juntos de novooo, pelo menos ateh o começo do prox cap, pq aí vai saber neh? ;) hehehehehe... Aaaah brigada, Prii... Fico super feliz ^-^ Espero q tenha gostado desse cap, tbm ^^ Bjssss, teh maissssss

Steezinha, nouzaa, vc naum sabe como me deixa feliz!!! :D Obrigada por ter lido a quatro faces e estar acompanhando esta... Espero vê-la bastante por aki :D :D Aaaahhh eu morro de doh do Rony... tadinho eu ateh judio dele neh? rsrsrsrs... Mas o lugar eh do Harry, ele vai ter de volta ;) rsrsrsrs... Fico mto feliz por vc ter gostado da um e estar gostando dessa. Espero q tenha curtido esse cap tbm ^^ Bjsss, teh maissss

Andréa, eh amor demais, neh? Naum sei como a tia JK naum viu isso rsrsrsrsrs... a dona Pansy vai encher mto o saco hehehe... Vai andar pra cima e pra baixo gritando por socorro... hehehe... Daki a pokinhu o próprio Harry ataca ela, pra ver se ela pára rsrsrs... Eh sempre bom ver o ministério quebrar a cara neh? rsrsrsrs... Ohh cap novinhu viu? E grandinho :D rsrsrsrs... Espero q tenha gostado ^^ Bjsss teh maisssss

Nina, menina naum me aguentei naum... rsrsrs... eu ia esperar a versaum em port mas a curiosidade foi maior :S Ja li a tradução q um site fez e no dia seguinte q saiu akelas fotografias eu jah tava sabendo os spoilers... aaaaiinn eu keria ter surpresa, mas naum deu :( rsrsrs... Mas a versaum original eh smepre melhor, com certeza vou comprar e devorar o livro, com surpresa ou sem rsrsrsrs... Aaahh eu guardo um final bonitinho pro Rony... Eu tbm acho... O melhor amigo q a Mione e o Harry podiam desejar ^-^ E q eu idem rsrsrsrs... Espero q tenha gostado do cap ^^ Bjssss

Naty, rsrsrs... puxa fico feliz pra caramba :D hauhauhauha... verdd, dexa a Mione naum tah olhando pra o Stuart ver soh ^^ rsrsrsrsrs... nouzaaa nem me fale... Mas se aparece um Draco por aí, ia ser a terceira guerra... Pq td mundo ia kerer huahuhauha... (eu entre todas claro ) rsrsrs... nouzaaaa o rupert tah ficando mtoooo lindo msm neh? Céus, eu vi uma ft dele esses dias com uma camiseta justinha :O nem parece o mesmo menininho do filme um neh? rsrsrsrs... ixi, fique a vontade eu tbm sou cheia dessas :) hehehehehe... Naum demorei mto, neh? rsrsrs... Fico super feliz msm por vc estar gostando. Espero q tenha gostado desse cap tbm ^^ Bjsss, teh maisssss

Edilma, hehehe... A Liv naum gosta do Draco naum... Ela vai ser quase uma irmã mais nova mto pentelha pra ele rsrsrsrsrs... hauhauauha... louco msm neh? Opa, contentíííssima, mas devo ser a única por aki, ehehehe... Entaum eh melhor naum me pronunciar pra naum apanhar hehehehehehe... Aaahh q bom q vc perdoa rsrsrsrs... Espero q tenha gostado desse cap ^^ Bjsssssss teh maisss



Gente, agora as aulas voltam, entaum tenham paciência comigo, sim? rsrsrsrs...
Mas e aí? Algm jah viu o sétimo livro?
O q acharam?
hehehehe... minha alma de dupla personalidade me garantiria felicidade se ela ficasse com o Harry ou com o Rony, entaum eu to feliz de qlqr jeito
hauhauhauhauhauauhauauha

Naum desistam de mim, naaaum, tah?
Bjsssssss
teh maissssssss

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Comentários (1)

  • Isis Brito

    Tô pouco me lixando pro Rony!! (eu bem malvada!!)O pai do Thiago é o Harry e pronto!Rum! 

    2012-08-07
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