Alegria Contagiante



– Hagrid, tu és a pessoa mais amável que já encontrei!
– Abonize, o que é isso? - envergonhou-se ele fazendo um círculo no chão com o pé. - Você é que me deixa assim, aliás, todos ao seu redor ficam assim. Ah, bem, Dumbledore está aí fora, quer falar com você!

Abonize abriu a porta para o diretor entrar. Ele a cumprimentou e não conseguiu falar, Abonize foi mais rápida.

– Senhor, achas que posso sair dessa sala? Não agüento mais ficar aqui!
– Bem, acho que terei de agradá-la já que Hogwarts não é e nunca foi uma prisão. Mas vou pedir que vocês colaborem com uma mentirinha - Dumbledore deu uma risadinha. - Terão que dizer aos curiosos que Abonize é minha sobrinha que veio de longe e que ficará aqui até arranjar um emprego!

Hagrid olhou para Abonize mordendo o lábio.

– Acho que não tem problema! - disse ela.

Os três saíram sorridentes da Torre Média e se dirigiram ao salão principal para o almoço. Abonize sentou-se ao lado de Hagrid e Minerva, uma das professoras, que sorriu encantada. Almoçaram descontraídas, mas Abonize tinha toda atenção dos alunos voltada a si, pois estavam curiosos para saber quem era ela.

Os alunos andavam devagar e cochichavam pelos cantos quando Abonize passava. Ela parecia flutuar ao invés de andar. Era alta e os vestidos que ela usava eram esvoaçantes e de um tecido muito diferente, deixando o corpo curvilíneo transparecer. Tentavam descobrir quem era seguindo-a, e sempre acabavam encontrando-a saindo ou entrando da biblioteca ou da sala de Herbologia.

– Se vocês todos fossem gatos já estariam mortos de tanta curiosidade - disse Dumbledore sorrindo a Harry, Rony e Hermione e ao resto dos alunos que estavam almoçando. - Esta é a srta. Abonize, ela é minha sobrinha e viverá conosco por algum tempo, ela está ajudando a professora Sprout. Quero que a respeitem tanto quanto a mim.
– Sim, professor Dumbledore - responderam os alunos em coro!

Abonize apenas observavam o que as crianças faziam, elogiando os alunos aplicados.

– A voz dela é tão linda, parece que a gente se esquece dos problemas quando ela fala!
– É, realmente, Rony - disse Hermione -, ela tem um... certo poder! As plantas parecem se mexer lá na estufa quando ela fala!

Os dois continuavam a conversar, mas Harry estava distante, tentava se lembrar de onde a conhecia.

Era uma manhã fria, mesmo sendo verão, e uma masmorra não era exatamente o lugar certo para se estar, mas o professor de Poções tinha muito que ensinar. Aquela aula havia sido particularmente um desastre para Harry, pois além de ser odiado pelo professor, este o perseguia. Quando Neville, um amigo de classe, não conseguiu misturar dois ingredientes simples no caldeirão, a paciência do professor Snape esgotou. Ouviam-se os gritos dele quase que pelo castelo todo. Harry havia tampado os ouvidos e por isso perdera dez pontos e fora mandado para fora da classe. Ele deveria ficar no corredor até a aula terminar, Snape deixara a porta entreaberta para espiar se Harry não sairia do lugar. E ele não saiu, mas alguém veio até ele... Abonize.

– Perdeste alguma coisa? - perguntou ela suavemente. - Posso ajudar-te a procurar!
– Não, não perdi, mas é melhor a senhorita sair daqui antes que o professor Snape fique mais furioso!
– Então era ele quem estava berrando daquele jeito? - continuou ela com a voz mais doce que Harry já havia ouvido.
– Era - respondeu em seco.

Abonize se sentou ao lado dele e lhe contou uma história. Falava em não se deixar influenciar por forças maiores...

– Tu tens uma força aí dentro, meu caro - disse cutucando-o com o dedo indicador no peito -, que é mais forte do que qualquer ralha de professor!
– Eu...
– Agora vou-me embora, o sinal já vai tocar e tua próxima aula será bem interessante.

Harry ficou olhando para o caminhar dela através do corredor que levava ao salão principal, “Quem é ela?”

Harry, Hermione e Rony se divertiram à beça na aula de feitiços. Descobriram que o professor usava peruca e resolveram enfeitiçá-la. Ao invés de fazerem-na ficar grudada na cabeça do professor, deram-lhe pernas e ela correu por toda sala de aula antes de fugir pela janela. Aquilo deixou o professor Flitwick horrorizado e o professor Snape furiosíssimo porque a peruca pulou em sua cara e o derrubou dentro de uma poça de lama. Foi assunto para o final de semana todo.

Nos jantares, Harry notava que Dumbledore conversava muito com Abonize, parecia que tinham assuntos infindáveis; algumas vezes Dumbledore a acompanhava até o quarto, que agora ficava próximo da torre de Grifinória. Harry comentava com os amigos que Abonize deveria ser alguém muito querido porque Dumbledore adorava ficar em sua companhia, eles passeavam pelos jardins e até em Hogsmeade de braços dados.

Realmente ela era tão querida que atraia tudo de bom para si. Em uma aula - que a professora Sprout não pôde dar por estar doente - Abonize os levou para perto do lago, no jardim, e contou-lhes histórias antiqüíssimas, que nunca haviam ouvido falar, mas que o livro de História da Magia, 1ª edição, contava em partes. Ela os encantou. Bem, nem a todos!

– Oras, se isso é aula que se preze! Essa mulher está achando o quê? - resmungava Malfoy a Goyle, dois alunos da Sonserina, que concordou com a cabeça. - Acho que temos que ajudá-la a preparar melhor as aulas.

Contudo, não eram apenas os alunos que a adoravam, a maioria dos professores estava sempre conversando e andando com Abonize pelos corredores. Com a professora Minerva, Abonize tinha conversas longas sobre acontecimentos importantes, lá no salão principal defronte a lareira. Com o professor Flitwick eram os feitiços, ela queria saber como uma varinha trazia tanta mágica. Sem falar em Dumbledore. Apenas um dos professores ela ainda não tinha encontrado, o “temível” professor de Poções. Avistava-o de relance nas refeições, Abonize tinha a impressão que Snape evitava qualquer contato com ela...
Isto até aquela manhã!

Snape rosnava novamente com os alunos, tão alto que Abonize não pôde prosseguir. Parou em frente à sala de Poções encarando o professor com um sorriso estonteante. Por um momento ele emudeceu, um dos lados de sua boca abria um sorriso, quando, como que acordando de um transe, ele bateu a porta na cara de Abonize. Em seguida, ouviu-se um “AI!” tão agudo que todos na sala se assustaram e correram para ver o que havia acontecido. Harry estava à dianteira e encontrou Abonize sentada no chão com a mão no peito.

– O que aconteceu? - perguntou agachando e colocando a mão no ombro esquerdo dela.
– Saiam da frente! - gritou o professor.

Ele viu Abonize sentada no chão e por um minuto pensou que ela estivesse fingindo, mas quando ela olhou em seus olhos pôde ver que algo estava errado. Snape ajoelhou, pegou os braços de Abonize e a pôs de pé.

– Circulando, circulando - disse Snape, que apenas ajudou Abonize a se colocar de pé e esperou ela se afastar, depois saiu andando devagar sem olhar para trás.



– Não entendo - dizia ela mexendo em um enorme caldeirão, algumas horas mais tarde -, ele é a única pessoa que não me dirige a palavra, Hagrid! O que aconteceu de tão mal a ele?
– Não sei... acho que ninguém sabe. Ele sempre foi assim, desse jeito, desde que o conheço - e Hagrid balançou os ombros, pouco depois um largo sorriso. - Está cheirando muito bem esse... esse...
– Chama-se batata-frita! É o que eu mais adorava fazer para - e por uns instantes hesitou -, bem, agora tenho pessoas especiais para agradar!
– Daqui a pouco Harry, Rony e Hermione chegarão aqui! Você vai adorá-los!

Quando o sol começou a se pôr no horizonte, Harry já estava comendo as batatas-fritas junto a Hermione, Rony e Hagrid, que havia apresentado a eles Abonize, a sobrinha de Dumbledore. Conversaram alegres sobre as deliciosas comidas que Abonize prepararia.

Eram dez horas quando Abonize acompanhou os garotos de volta ao castelo. Estavam bem próximos à torre de Grifinória quando Snape parou em frente a eles.

– Que bonito, Potter! Isso lá são horas de vocês andarem pelo castelo?
– Eu os estou acompanhando - interrompeu Abonize.
– E você, que forma mais estranha de dar exemplo. Para ser parente de Dumbledore está muito longe de se parecer com ele! Agora, Potter, quantos pontos será que eu deveria tirar de vocês? Dez? De cada um? Ou vinte? - disse Snape erguendo a sobrancelha.
– VINTE? - sibilou Rony.
– Entrem garotos e não esqueçam que amanhã nos veremos na biblioteca! - disse Abonize rispidamente.
– Eles não vão entrar! - ordenou Snape. - Como você ousa sobrepôr-se a mim?! Sou o professor deles!

Abonize deu um passo à frente dos garotos e olhou bem fundo nos olhos de Snape.

– Estavam comigo, fiz o jantar para eles e os estou acompanhando sãos e salvos para seus quartos! - Abonize aproximou-se de Snape e continuou: - Deverias te envergonhar, deténs todo e qualquer poder sobre teus alunos e não sabes utilizá-los!

Snape tinha o olhar faiscante e parecia que poderia, naquele minuto, derreter as coisas com ele. Fez então menção de revidar-lhe o tratamento quando viu Abonize colocar a mão pálida sobre o peito novamente.

– ABONIZE! - gritou Harry, quando a viu cambalear.
– Vá para seu quarto, Potter! - disse Snape tomando Abonize em seus braços e correndo até a enfermaria.

Deitou-a numa das camas e virou-se para chamar Madame Pomfrey quando deu de cara com Dumbledore.

– O que aconteceu, Severo?
– Ah... eu... nada! - disse erguendo os ombros e abrindo os braços. - Peguei Potter e os amigos perambulando pelos corredores, ia tirar alguns pontos quando ela se intrometeu. Agora Madame Pomfrey examinava Abonize.

– Estou vendo bem, Severo, que você ainda não está preparado para ser professor de Defesa Contra a Arte das Trevas!
– Eu... não...
– Seus sentimentos ainda são muito rancorosos e agressivos com quem tenta se aproximar!

Snape não sabia o que responder, estava tonto e não havia entendido direito o que é que Dumbledore falara. Foi para seu quarto e sentou-se sobre o malão ao pé da cama. “O que foi que eu fiz? Eu não estou preparado? O que é que aquele velho maluco está pensando? Ora, já passei e provei tanta coisa! Como é que ele ousa me dizer... arf!!” Snape não estava nem aí para como tratava os alunos, precisavam ser disciplinados e ele era exatamente o professor certo para os “pestinhas”.



Passaram-se dias, os exames finais já haviam sido feitos e os alunos preparavam-se para as férias de verão. Todos estavam empolgados, não havia dúvida, Dumbledore, no entanto, estava preocupado.

– Vou deixá-lo encarregado do assunto, Hagrid. Prometa-me que a qualquer desconfiança, você me enviará uma coruja.
– Sim senhor - respondeu o guarda-caças cheio de si.
– Voltarei em vinte e oito de agosto, então!

Hagrid viu Dumbledore sair pela entrada principal do castelo montado em uma vassoura. O guarda-caças tinha uma importante missão: ficar de olhos abertos para que nada de mal acontecesse a Abonize.

– AH, AH, AH, AH, AH, AH!
– Está me assustando, Severo! - disse Madame Pomfrey olhando para os lados, mas não havia mais ninguém na cozinha. - Acalme-se!
– É muito engraçado? Hagrid cuidar dela? Ah, não, dessa vez o velho ficou maluco! O que é que ela tem a perder?

Madame Pomfrey balançou a cabeça negativamente. Naquele momento uma mulher passava como que flutuando pelo jardim com um belo vestido vinho. Snape engoliu em seco a risada e arregalou os olhos, era Abonize. Ela tinha um embrulho nos braços, puderam ver pela janela Abonize se encontrar com Hagrid e seguirem os dois para a Floresta Negra. “Mas, hein?” pensou Snape e, dando uma desculpa qualquer a Pomfrey, correu para segui-los.

Hagrid e Abonize embrenharam-se na floresta com o embrulho bem guardado agora nas mãos de Hagrid. Snape só podia vê-los porque Hagrid segurava seu grande lampião a uns três metros de altura. De repente pararam. Hagrid parou. Abonize andou um pouco mais adiante e abaixou-se. Snape estava a uns sete metros deles e mal enxergava sua própria mão de tão densa a escuridão. Então ele viu Abonize e aproximando-se dela vinham dois unicórnios, um maior e um bem menor. Abonize acariciou a cabeça dos dois e deu-lhes algo de comer que estava dentro do embrulho, em seguida acariciou suas patas. Na verdade, não parecia ser um tipo de carinho, em algum lugar Snape lera alguma coisa sobre unicórnios e sabia que ela estava fazendo algum tipo de magia. Logo, o unicórnio menor correu em disparada, parecia estar revigorado. No momento seguinte, o unicórnio maior fazia o mesmo. Então, Snape vislumbrou-se com o que viu: dezenas de unicórnios apareceram. Era incrível. Ele estava sorrindo. Nunca antes tinha visto tantos unicórnios. Ele não estava mais se preocupando com o que Abonize fazia ao acariciá-los, porém ao final de alimentá-los, ela se levantou e abrindo os braços disse:

– Eu limparei esta floresta!

E todos os unicórnios relincharam.

– NUNCA! - gritou Snape de trás da árvore.
– Quem é? - perguntou Hagrid tentando iluminar, mas não obtendo sucesso.

Os unicórnios saíram em disparada. Abonize se levantou e olhou de forma ameaçadora para onde Snape estava. “Droga! Mas ela não pode me ver!” pensou ele saindo de fininho. Contudo, uma força maior o puxou para trás. E de repente, ele pairava a frente de Hagrid e de Abonize.

– Tu novamente, senhor? Já não basta perseguires teus alunos? - perguntou Abonize.
– Hagrid, me ponha no chão! - gritou Snape.
– Eu até que colocaria - disse o meio gigante rindo -, mas não tenho nenhuma varinha!
– Então, quem... - Snape olhou apavorado para os lados.
– Não há ninguém mais aqui além de Hagrid, o senhor e eu!
– Você? Sem varinha? Como??

Abonize fechou os olhos e baixou a cabeça. Fez um gesto com a mão e Snape foi suavemente colocado ao chão.

– Ainda não está na hora, Hagrid. Voltaremos depois da próxima lua cheia! - ela voltou-se para Hagrid e caminhou para fora da floresta. Snape os seguiu em silêncio, pensando no que poderia dizer, mas as palavras não saiam de sua boca. Também não se aproximou mais de Abonize. Ele não entendia o que estava acontecendo.

Assim que Dumbledore pôs os pés em Hogwarts, Snape encostou-o à parede.

– Lembra-se do que lhe disse: seus sentimentos - disse Dumbledore.
– ...ainda estão cheios de rancor e agressividade! - interrompeu Snape.
– Severo, ainda não pôde sentir o que Abonize trás de bom?
– E o que ela estava fazendo lá na floresta?
– Severo, você tem três dias antes que os alunos cheguem. Sugiro que vá aos seus aposentos e esvazie sua mente.
– O que o senhor vai fazer com ela? Vai deixá-la...
– SEVERO! - disse Dumbledore em alto tom -, vou perder a paciência. Volte a sua masmorra e deixe-me em paz, tenho assuntos mais importantes do que uma briguinha para ver quem vai passear com Hagrid pela floresta!

Os dois saíram batendo os pés, cada um para seu lado.



As aulas recomeçaram no dia primeiro de setembro. Todos assistiram à Seleção das casas esperando ansiosamente pelo jantar. Abonize assistia pela primeira vez à escolha e batia altas e fortes palmadas quando as crianças eram escolhidas. Na hora do jantar ela foi para seu quarto, não estava com fome, queria apenas sentar e ler um livro. Snape a seguiu com os olhos, suspeitando que ela fosse voltar à floresta. No entanto, lembrou-se que somente voltaria depois da próxima lua cheia. Seria dali a seis dias. Por via das dúvidas, depois do jantar, Snape foi dar uma volta ao redor do castelo. Não encontrou ninguém.

Voltava subindo a escadaria de mármore quando viu um vulto correr no fim da escada. Com largas passadas, Snape alcançou o topo da escadaria e viu Harry Potter entrando em uma sala. Já passava das dez horas. Snape dirigiu-se àquela porta e num impulso a abriu. Deparou-se com Harry, Rony, Hermione e Abonize olhando-o espantados.

– Pois não? O que desejas? - perguntou Abonize. Ele deu um passo para trás ao vê-la se aproximar.
– Os alunos... precisam estar em suas casas, amanhã cedo começarão as aulas!
– Eu direi isto a eles, apesar de achar que eles já o saibam.

Snape comprimiu os olhos.

– Queres entrar? - perguntou ela ao vê-lo esticar o pescoço para ver o que tinha de tão importante naquele aposento.
– Hum - pigarreou ele. - Não, vou indo, tenho aulas a dar amanhã cedo! - e saiu sem olhar para trás.

Os quatro riram bastante do professor de Poções antes de se despedirem, ficando de se encontrar dali a dois dias, no sábado de manhã.

No dia seguinte, Abonize estava no jardim antes mesmo do sol raiar, gostava de sentir o frescor da manhã e de contemplar os animais. Eles eram atraídos pela voz dela, que cantava suaves melodias. Os jovens de Hogwarts habituaram-se à alegre cantoria matinal de Abonize nos jardins. Desde que ela chegara, no ano passado, as manhãs eram assim: a voz calmante dela misturava-se a dos pássaros. Todos estavam mais dispostos porque prestavam atenção nela, naquela felicidade e entusiasmo exagerados, e se sentiam da mesma forma, deixando as desigualdades e os aborrecimentos de lado.

– Não acha que fomos abençoados, Severo? - perguntou Dumbledore ao professor de Poções, que olhava pela janela do salão principal para Abonize.

Snape levara um susto, mas disfarçou. Olhou para Dumbledore com uma das sobrancelhas erguidas e voltou à mesa para terminar seu café.

Na manhã de sábado, Harry levantou eufórico, tinha tantas coisas para contar a Abonize que mal esperou Hermione e Rony. Mas ao chegarem ao salão principal Dumbledore pediu que todos os alunos se dirigissem depois do café ao jardim da frente, onde a professora Sprout lutava incansavelmente contra uma erva daninha rastejante que grudara no gramado da entrada do castelo e se recusava a sair. Era preciso que todos os alunos a ajudassem a arrancá-la do chão de uma vez só. Até que foi divertido: quando conseguiam arrancá-la de um lado, esta se agarrava do outro; alguns alunos foram arrastados de um lado a outro por sobre a erva até ficarem marejados, sem poderem continuar combatendo-a; Abonize teve um acesso de riso tão forte que até sentou no chão e chorou; outras pessoas não continuaram ajudando porque também tiveram acessos de tão engradas as gargalhadas de Abonize, até mesmo Dumbledore.

À tarde, Harry, Rony e Hermione se encontraram com Abonize na cabana de Hagrid. Eles ficaram horas conversando e comendo batatas-fritas. Já estavam tão amigos que chamavam Abonize de Aby, apelido carinhosamente dado por Harry. No final daquela tarde, Abonize sentou-se num degrau da entrada do castelo para ver o pôr-do-sol! Estava sentada com os braços envolta das pernas e a cabeça apoiada nos joelhos.

– Lindo, não?
– Muito! - disse ela sem olhar ao diretor que sentou a seu lado.
– Também gosto de observar o pôr-do-sol! Da torre Oeste é mais bonito, mas daqui dá a impressão que ele vai morrer no lago!
– Sinto que posso tanta coisa! - disse ela mudando o assunto.
– E está fazendo, não vê? - disse Dumbledore abrindo os braços.
– Algumas pessoas ainda evitam-me, não gosto disso!
– Nunca se consegue agradar a todos! - retrucou Dumbledore rindo.
– Aquele homem... o professor de Poções...
– Severo? O que tem ele?
– Faz-me sentir derrotada. Ele realmente faz parte deste lugar?

Dumbledore alisou a longa barba.

– Se qualquer outra pessoa estivesse me perguntando isso, eu não teria respondido.
– Desculpe-me...
– Severo é a pessoa com maior conhecimento em magia que conheço, apesar dele não executar muitas delas. Sei que ele tem esse ar... parece um morcegão... mas é de muita ajuda para mim e para Hogwarts! - Dumbledore notou que ela desviou o olhar para o outro lado. - Às vezes ele é um pouco inseguro e tende a julgar precipitadamente, pois sua razão sobrepõe-se a seu coração!
– Ele é inatingível! Não houve uma vez em que o encontrei que não deixei de ralhar com ele!
– Sim, parece ser, mas o tendão de Aquiles dele é ser tratado com bondade e generosidade. Se você fizer isso ele se desarmará!
– Esta regra não vale para alunos... ele parece gostar de maltratá-los!
– Sim, extrapola algumas vezes, mas não interfiro, isso pode estimular o inconsciente dos alunos a exigirem mais de si mesmos. Cada um tem seu jeito!

O sol já havia se posto e uma penumbra invadia o céu rosado. Dumbledore estendeu a mão a Abonize. Ela levantou e acompanhou o diretor até o salão principal para jantarem.

Continua...

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