O fim



A boca de Harry secou e seu coração disparou. Ele se sentia atormentado.

-Deixe-me te apresentar meu filho, Harry.

Harry sentiu o coração saltar para fora dessa vez.
Tom era filho de Voldemort!
Uma onda de raiva o atingiu por inteiro.
Como pode ser tão burro a ponto de não ter desconfiado dele antes?
Como?
Harry foi juntando as peças...tudo se encaixava!
Aquela vez que brigara com Tom por causa de Hermione...sentira uma dor horrível na cicatriz ao olhar nos olhos do garoto.

-Ficou surpreso pelo que eu estou vendo – Voldemort disse sarcástico.

Harry continuava calado.
Não sabia o que dizer.
Ele fora enganado...fora enganado durante todo esse tempo...e sempre achando que Draco talvez fosse o pior...mas não...era Tom...alguém que ele por incrível que parecesse, não conseguiria imaginar ser filho de Voldemort.

Hermione balançava a cabeça e fitava Harry.
Parecia não estar acreditando.
Afinal, devia estar doendo muito mais nela.
Ela havia se envolvido com Tom...era inevitável que ela se sentisse culpada por alguma coisa.
Se fosse com Harry, ele se sentiria.

-Sem palavras, Potter? – Tom disse dando risada – Imaginei que sua reação seria essa...alias conseguimos fazer você de palhaço, não? E foi mais fácil do que eu imaginei...o famoso Harry Potter...tão preocupado em conquistar a sangue ruim... acaba esquecendo que Voldemort nunca deixaria de se vingar dele.

A cada segundo que passava, Harry sentia mais raiva, mais medo...
Raiva de ter sido enganado, raiva de nunca ter desconfiado de nada, raiva de ter nascido sendo o famoso Harry Potter, raiva de ter que enfrentar tudo isso.
E medo. Muito medo.
E não era de morrer, não era de não conseguir derrotar Voldemort.
Era simplesmente de perder Hermione.
Ele não iria agüentar viver se alguma coisa de ruim acontecesse com ela...que culpa ela tinha!?
Nenhuma!
Isso não era justo!
E Harry lutaria para tirar ela dali...somente para salvar ela...e morreria se fosse preciso.

-Agora eu e meu pai conseguimos Harry – Tom voltou a dizer rindo – Vamos matar vocês dois e seremos os bruxos mais poderosos do mundo! Não é pai?

-Claro – Voldemort disse tirando a varinha do bolso – Só tem uma afirmação sua que está absolutamente errada.

-Qual? – Tom perguntou franzindo a testa.

-Eu vou matar os dois e eu voltarei a ser o bruxo mais poderoso de todos.

-Eu não entendo, pai... – Tom disse confuso – Não estamos juntos nessa?

Voldemort deu uma risada.

-Você foi muito útil para eu conseguir chegar aonde eu cheguei, Tom, mas agora não tem mais nenhuma utilidade.

Tom mal teve tempo de dizer alguma coisa.
Voldemort apontou a varinha; os olhos cheios de ódio.

-Avada Kedrava!!

Tom foi jogado pra trás e bateu com a cabeça numa árvore.
Harry correu até Hermione e a abraçou.

Tom deu os últimos suspiros...

-Mione...eu...eu não ia...te matar...eu...eu amo...você...

Ele disse aquelas palavras com muita dificuldade.
E foram as últimas.
Tom estava morto.

Hermione começou a chorar desesperadamente.
Não porque sentia pela morte dele...mas estava assustada...assustada demais.

Voldemort por sua vez só ria. Ria cada vez mais alto.

-Agora sim, Potter. Podemos acabar logo com isso.

Harry se virou rapidamente.
Voldemort estava com a varinha apontada para ele.
Não podia mais fugir da realidade.
Ele tinha que enfrentar Voldemort. Tinha que passar por isso. Era a profecia, nada mudaria.
Era o momento de tudo se resolver.

O garoto tirou sua varinha do bolso.

-Não! Harry, não!! Por favor!! – Hermione berrou.

-Deixe-a ir! – Harry gritou para Voldemort – Deixe-a ir e resolveremos isso! Só eu e você!

-Não, não...será divertido ela assistir, ver você morrer aos poucos...não acha?

Harry respirou fundo.
Ele conhecia muito bem Voldemort e sabia que não adiantaria pedir nada a ele.

-Mione, se abaixe! – Harry gritou. A garota se jogou no chão.
Assim nada poderia atingi-la.

Voldemort deu um grito de raiva.

-Eu vou te matar – ele disse fixando seus olhos na cicatriz do garoto, que queimou – Vou te matar como eu matei os idiotas dos seus pais!

Foi mais forte do que Harry. As palavras apenas saíram da sua boca como se nada pudesse as impedir...

-Você não matou meu pai!! – ele gritou e percebeu que era a única coisa que conseguia falar.

-O que? – Voldemort perguntou sarcástico – Quer que eu refresque sua memória?

-Meu pai trocou de corpo com Lupin – Harry começou a dizer rapidamente – Você matou Lupin, não meu pai! Você falhou Voldemort! Você não é tão bom quanto pensa!

Voldemort deu mais uma risada, mas depois parou e fitou o chão.
De repente tirou sua capa; seus olhos agora estavam mais vermelhos do que antes.

-Eu não admito que me enganem!! Eu vou matar você seu moleque!!

Harry e Voldemort iniciaram um duelo.
Tiras coloridas saiam da varinha de ambos.
Só que de repente o jorro de luz verde que saiu da varinha de Voldemort se chocou com o jorro de luz vermelha da varinha de Harry.

Claro!
Harry já podia imaginar que isso aconteceria mais uma vez.
No quarto ano acontecera a mesma coisa.
O garoto desejou que Lílian e Lupin saíssem da varinha mais uma vez...desejou com toda sua força.
Ele precisava da ajuda deles. Precisava mais que tudo.

A varinha de Harry começou a tremer violentamente e estava escorregando aos poucos...ele não agüentaria por muito tempo...

Fitou Voldemort e viu o medo estampado no rosto do bruxo.

Harry fechou os olhos e tentou se concentrar.
Não...não podia soltar a varinha...já agüentara uma vez...tinha que agüentar outra...não podia soltar a varinha...tinha que ser forte...não podia...não podia...tinha que ter coragem...não podia soltar a varinha...

De repente o que Harry esperava aconteceu.
Foi muito rápido.
Primeiro a cabeça, depois o corpo.
Era Lílian Potter saindo da varinha.

Harry sentiu mais força de vontade e segurou com mais força a varinha, que agora, tremia pouco menos. A que tremia loucamente agora era a de Voldemort que a certo ponto, já estava com os olhos fechados e gritando.

-Filho o que você menos espera que te salve hoje...é a única saída.

Harry fitou a mãe.
Do que ela estava falando?
Ele tinha que pensar...tinha que pensar...e tinha que se rápido, não ia agüentar muito tempo.

-Harry! – Hermione gritou.

O garoto fez um esforço enorme para se virar para ela.

-A corrente! A corrente! Tente a corrente!

Harry apertou com mais força a varinha.
A corrente?
Ele estava totalmente confuso...no que aquela corrente o ajudaria?

Voldemort gritou mais uma vez sentindo sua varinha deslizando cada vez mais pelas mãos.
Não havia muito tempo.
Harry tinha que tentar.

Levou lentamente a mão esquerda até a corrente que brilhava intensamente.
A cor?
Vermelha e preta.
Amor e medo.

O que ele tinha que fazer agora?
Diabos, como iria saber!?
Ele se virou para a mãe e suplicou com o olhar que ela dissesse mais alguma coisa.
Mas não.
Ela apenas sorriu e desapareceu.

Era tarde demais.
Teria que descobrir sozinho.

Ele tirou a corrente e a segurou na mão.
No mesmo instante sua cicatriz queimou com tanta violência que ele fez menção de largar a varinha.
Mas ouviu uma voz bem lá no fundo.
Uma voz calma, quase que sumindo...
Não desista. Estamos chegando.
Dumbledore.

Harry segurou a varinha com mais força do que antes e fitou Voldemort.

No mesmo instante a corrente saltou de sua mão e flutuou no ar levemente.

Harry e Voldemort a fitaram, ambos assustados e confusos.

-A corrente! – Voldemort gritou – Onde você a pegou seu moleque!?Onde!?

Harry franziu a testa.
Então era isso!
A corrente era a única salvação!

Harry voltou a prestar atenção na corrente que flutuava e subia cada vez mais alto.

De repente ela fora aumentando de tamanho.
Aumentando, aumentando cada vez mais.
E sua cor mudara também.
Estava branca, como a neve.

E ia ficando cada vez mais branca cada vez mais impossível de se olhar.

Então uma luz se estalou e iluminou todo o jardim escuro e gelado.

Harry fechou os olhos rapidamente. Era impossível de abri-los.
Não podia ouvir absolutamente nada também, e não fazia idéia do motivo.
Até que um vento gelado bateu e ele sentiu um calafrio.
Então tudo ficou escuro novamente.
Harry abriu os olhos e não acreditou no que estava vendo.

O corpo de Voldemort estava trincando...trincando da cabeça aos pés...como se ele fosse uma estátua prestes a desabar.
E desabou.
Em questão de segundos, a única coisa que restava do bruxo mais temido do mundo eram cinzas.

Harry sentiu que sua varinha havia parado de vibrar.
Então a guardou no bolso e esfregou os olhos, querendo ter certeza que havia mesmo acabado.
Sim.
Havia.
Finalmente todo aquele pesadelo havia terminado.

-Harry!? Você está bem!?

Era a voz de Hermione, que agora estava bem mais calma que antes.

Harry a olhou e mesmo se sentindo mais cansado do que nunca, sentindo que suas pernas não eram tão fortes para agüentar tudo aquilo, pode sorrir.

Então ele correu até ela e a desamarrou.

-Eu tive tanto medo! Tive tanto medo de perder você! – ela exclamou o abraçando bem forte.

Harry não sentia forças para falar. Apenas queria ficar ali, a abraçando, sentindo seu perfume para sempre.

De repente os dois ouviram palmas.
Sim.
Ainda havia alguém ali.
Eles se viraram rapidamente e arregalaram os olhos.

-Que cena maravilhosa – ele disse friamente lembrando muito seu pai. Sim. Era Tom.

-Você não está morto! – Hermione gritou confusa.

Os lábios de Tom formaram um sorriso melancólico.

-Você é observadora, Hermione.

Harry se levantou sentindo muita tontura.

-Harry, Harry...admito que enganar o maldito do meu pai foi bem fácil...mas você pensa que me enganar é fácil assim? Não, não – ele disse balançando a cabeça – Você está muito enganado.

Harry tentava dizer alguma coisa, mas as palavras não saiam, parecia que estavam bloqueadas.

-Eu já tenho todo o meu plano, Potter. Veja bem, e me diga se não é perfeito...

Tom respirou fundo e continuou.

-Eu mato você e claro, coloco toda a culpa no meu querido pai. Depois saiu daqui com Hermione nos braços, já que eu pretendo a machucar um pouquinho antes...e depois, lá fora, todos irão saber a verdade. A minha verdade, Potter. Eu, Tom Gueller, o mocinho que viu Hermione discutir com Harry e sair correndo em direção a Floresta Proibida...então eu os sigo, extremamente preocupado com minha amada sangue ruim...e claro, chego aqui e o encontro, o famoso Harry Potter tentando matar a garota...então eu a salvo e deixo Voldemort e o você juntos...para resolverem a profecia. Agora me diga – ele disse com um sorriso no canto da boca – Não é um plano excelente?

Hermione fitou Tom como se ele fosse o pior dos vermes e balançou a cabeça.

-Eu tenho nojo de você! – ela gritou – Você não vai conseguir! Harry é mais forte!

Tom deu uma risada escandalosa e longa.

-Como? – disse ainda retomando o fôlego.

-Eu disse que ele é mais forte do que você! – Hermione vociferou.

-Hermione, minha querida...tão linda...mais tão ingênua.

Harry cerrou os olhos e os fixou em Tom.

-Potter...o que pretende com esse seu olhar de menino corajoso? Acha mesmo que eu vou me assustar com você? Hein? Vamos me diga o que você acha, vamos!

-Quer mesmo saber, Tom? – Harry disse com um certo ironismo – Eu acho que você fala demais e age muito pouco.

-O que quer dizer? – Tom perguntou demonstrando muita raiva em seu olhar.

-Quero dizer que eu posso te matar até de olhos fechados.

-Por que não decidimos quem está certo!?

Dizendo isso, Tom deu alguns passos para trás e pegou de trás de uma árvore uma espada.

Harry se sentiu completamente indefeso.
A única arma que tinha era sua varinha.

O que aconteceu a seguir foi rápido demais para Harry poder simplesmente piscar.
Tom se aproximou e fez um movimento brusco com a espada, derrubando a varinha de Harry no chão.

Então, empurrou o garoto e o prensou na árvore.

-Diga adeus – murmurou.

Harry fechou os olhos esperando pela morte.
Não havia mais nada a fazer. Ele não sentia forças para se defender, não sentia forças para empurrar Tom, não sentia que conseguiria se safar dessa vez...

Tom ergueu a espada e a colocou na frente do pescoço de Harry, e quando ia dar o impulso final...

Harry abriu os olhos ouvindo um grito.
Pode ver os olhos azuis de Tom arregalados e pela sua boca saia uma fina tira de sangue.
Então o garoto caiu no chão. Dessa vez realmente morto.

Harry se encontrava imóvel.
Sua cabeça dava mil voltas e a tontura havia aumentado.
Mas isso não importou mais a partir do momento que ele viu Hermione com a espada na mão, fitando Tom morto.
Os olhares dos dois se cruzaram.
Hermione largou a espada e correu até Harry.

-Mione! – Harry se pegou dizendo – Você me salvou! Meu amor, você me salvou!

Dizendo isso segurou o rosto da garota com as duas mãos e deu vários beijos rápidos em seus lábios.
Hermione sorriu e encarou Harry.

-Eu te devia essa...você já salvou minha vida tantas vezes – disse sorrindo com a voz trêmula.

A alegria era tanta que Hermione e Harry mal perceberam que não estavam sozinhos.

Harry que fitava e sorriu para a garota, sentiu um gelo percorrer seu corpo quando viu Tom cambaleando, completamente ensangüentando, com a espada na mão.

Harry berrou tentando empurrar Hermione.
Mas era tarde demais.
Tom havia feito o que desejara e depois havia caído no chão.

Os olhos da garota estavam arregalados.
Ela levou a mão até a barriga e sentiu um corte profundo demais.
Então seu corpo estremeceu e ela não enxergou nada como enxergara antes.
Suas pernas dobraram, mas Harry a segurou.

Hermione se encontrava deitada no chão, nos braços de Harry.

-Maldito! Maldito!!! – Harry berrou para Tom.

Hermione tossiu algumas vezes, deixando sair muito sangue de sua boca.

-Minha menina, fale comigo, meu amor, por favor, não me abandone aqui, olhe... logo a Ordem da Fênix vai chegar, eu juro, você vai ficar bem, por favor...

Hermione tossiu mais uma vez e com muita dificuldade levou as mãos até o rosto do garoto.

-Não...deu tempo...de você me...me ensinar a fazer chocolate quente.

Harry olhou para o céu e fechou os olhos, deixando várias lágrimas deslizarem pelo seu rosto, depois se voltou para Hermione novamente.

-Não fale assim, meu amor, você vai ficar bem, vai dar tudo certo...e eu – ele tentou dizer; mas estava cada vez mais difícil – Eu vou te ensinar a fazer o melhor chocolate quente do mundo...eu juro...por favor...não me abandone aqui...por favor...

Hermione fez uma careta de dor e agarrou o braço de Harry.
Só ela sabia como doía.
Então conseguiu sorrir, mesmo em meio de tanta dor, de tanto sangue e de tantas lágrimas.

-Eu amo você – disse baixinho.

-Por favor...não fale como se fosse uma despedida...não é...seja forte...eu sei que você é...vai dar certo, eu juro...por favor...eu te amo...não me deixe aqui...eu preciso de você Mione...eu preciso...

Harry ouviu um barulho e olhou para o céu.

Aos poucos, pode ver todos os membros da Ordem se aproximando e respirou aliviado.
Então se virou para Hermione.
Mas seus olhos estavam fechados.

-Mione! Não! Não me abandone aqui meu amor! Por favor! – ele exclamou completamente desesperado.

Hermione tossiu mais algumas vezes, e ainda de olhos fechados sussurrou:

-Eu te amo...eu te amo...eu te amo....eu...te...amo...

Harry deitou em seu peito e chorou, chorou demais. Podia ainda ouvir o coração da garota batendo lentamente...

Tarde demais...será?

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