Um coração partido



Já havia se passado as duas primeiras semanas de dezembro.
Era impressionante.
Hermione agia como se aquele beijo, naquela noite de novembro não tivesse acontecido.
Por um lado, isso era bom. Harry não queria se sentir mal perto dela.
Mas ao mesmo tempo, isso lhe causava uma dor horrível.
Era como se aquele beijo que tanto significou para ele...na verdade para ela foi algo sem importância, algo que ela queria esquecer para sempre.
Inúmeras vezes, Harry tentava pensar em outra coisa, mas Hermione não saia da sua cabeça.
Ele não sabia como se livraria desse amor.Sentia-se sufocado, sem saída.
Mas o que podia fazer?
Nada.
Absolutamente nada.
Não podia forçar Hermione a gostar dele.

De qualquer jeito, ele continuou a fingir ser o namorado dela. Era o único tempo, o único motivo que ele tinha de ficar perto de Hermione.
E mesmo depois de ouvi-la dizer várias vezes que ainda era apaixonada por Tom, Harry tinha esperança.
Afinal, se não tivesse como viveria?

A tarde de sábado estava fria e nevava.
Harry caminhou pela neve fofa a procura de Hermione. Mas não a viu.
Seguiu para a sala comunal, mas ela também não estava lá.

-Oi Harry! – Rony exclamou.

-Ah, oi Rony – Harry disse desanimado – Não tinha te visto aí.

-Onde você estava?

-Procurando Hermione. Você a viu? Não a vejo desde manhã.

-Hum – Rony disse; agora parecendo sério – Senta aí. A gente precisa conversar.

Harry se sentou no sofá.

-Fale – disse.

-Sabe...é bem difícil dizer isso pra você. Mas...não acha que está na hora de...desistir?

-O que? – Harry perguntou rapidamente.

-Desistir da Mione – o amigo disse tranqüilamente.

-Ficou louco!? – Harry disse rispidamente – Eu nunca vou desistir dela, entendeu?

-Harry...eu só acho que...cara, você sabe que ela gosta do...

Mas antes que Rony pudesse terminar, Harry o interrompeu.

-E daí que ela gosta dele? Eu não me importo.

-Não? – Rony disse sarcástico – Então você finge muito mal.

Harry respirou fundo.
Estava tão cansado daquilo tudo.
Por que as pessoas nunca o entendiam?
Por que ele era sempre incompreendido?
Ele só queria um pouco de amor.
Apenas isso.

-Rony – Harry começou a dizer com a voz cansada – Eu não vou desistir. Eu a amo.

Rony juntou os livros que estavam em cima da mesa e os colocou na mochila.

-Então – ele começou a dizer – Diga isso para ela.

-Eu não posso! Você não entende! – Harry disse impaciente.

-Certo. Posso não entender. Mas eu sei que você está se matando guardando isso pra você.

-Eu não posso fazer nada, Rony. É mais forte do que eu.

-Não, Harry. Não pode ser mais forte. Você precisa partir pra outra.

-Eu não vou desistir dela! Eu já disse! – Harry gritou.

-Tudo bem – Rony disse parecendo chateado – Eu só estou tentando te ajudar. Desculpe.

Harry não disse nada.

-Bem, então você vai ter que ser forte.

-Eu vou ser – Harry disse calmamente.

Rony forçou um sorriso e se aproximou.

-Se precisar conversar, eu to aqui cara.

-Obrigado – Harry disse.

Rony se levantou e se dirigiu para a escada que levava ao quarto dos meninos, mas se virou rapidamente antes que subir o primeiro degrau.

-Ah, antes que eu me esqueça! Nós vamos para a Toca amanhã cedo.

-Tá – Harry disse tentando abrir um sorriso.

Ele sempre passava o natal na Toca.
Esse então, seria o melhor.
Hermione também ia, e lá, Harry faria de tudo para ela se apaixonar por ele. Afinal, Tom não estaria por perto.

Harry deitou no sofá e sem querer, adormeceu.


-Ei, Harry – ouviu uma voz suave o chamando.

Harry abriu os olhos e viu Hermione sorrindo para ele.
Sentou-se rapidamente e ajeitou os óculos.

-Ah, me desculpe, eu não sabia que você tava aí.

Hermione deu uma risadinha.

-Você parecia estar num sono tão profundo que não tive coragem de te acordar.

Harry sorriu e se levantou.

-Onde você esteve a tarde toda? Eu te procurei em toda parte – perguntou calmamente.

-Ah...eu – Hermione disse abrindo um sorriso – Venha, vamos conversar em outro lugar, tenho muita coisa pra te contar!

Mas antes que Harry pudesse dizer qualquer coisa, Hermione o puxou pela mão e saíram da sala comunal.
Harry se assustou ao ver que ela estava o levando para fora do castelo, mas não disse nada.

-Aqui podemos conversar em paz – ela disse se sentando em uma pedra grande que ficava em frente o lago.

Harry sorriu e se sentou do lado de Hermione. Ela estava de gorro, mas ainda assim, alguns cachos caiam de vez em quando no seu rosto.

-Harry? – Hermione perguntou, ao ver que o garoto a observava sem dizer nada.

-Ah, desculpe – ele disse sem jeito.

Hermione sorriu e respirou fundo.

-Ah, Harry eu estou tão feliz!

-O que aconteceu pra tanta felicidade, hein? – Harry perguntou erguendo a sobrancelha e não contendo um sorriso.

-Antes de tudo...

Hermione se aproximou e pegou a mão de Harry.

-Antes de tudo – ela recomeçou a dizer – Eu preciso te agradecer.

Harry não disse nada e Hermione continuou.

-Você esteve do meu lado sempre que eu precisei...me desculpe se eu disse alguma coisa que não deveria ter dito, me desculpe se te magoei alguma vez.

-Você nunca me magoou – Harry disse tirando um cacho que havia caído no rosto dela e o colocou para trás.

-Ah, mas de qualquer jeito, você desculpa alguma vez que eu fui injusta? Ou...

Harry a interrompeu.

-Tudo bem, já que você insiste, eu te desculpo, mesmo não tendo feito nada de ruim pra mim – disse sorrindo.

Hermione o olhou durante algum tempo. Então por um impulso o abraçou.
Harry a apertou contra o seu corpo.

Eu queria tanto te dizer que te amo, pensou.

-Você é a melhor pessoa que eu já conheci até hoje – Hermione sussurrou – Eu nunca vou me esquecer do que você tem feito por mim.

Eles se afastaram e Harry sorriu. Queria dizer tantas coisas, mas as palavras não saiam.

-Bem, você deve estar querendo saber porque eu estou tão feliz, não? – perguntou rindo.

-É – Harry concordou sorrindo.

Hermione respirou fundo.

-Eu e o Tom...nós voltamos – finalmente disse dando um pulinho de alegria.

Aquelas palavras ecoaram no ouvido de Harry, mas o garoto pareceu não ouvir direito.
Abaixou a cabeça e analisou cada palavra.
Não podia ser verdade.
Isso não podia estar acontecendo.
Ele não merecia sofrer desse jeito.

-O que? – perguntou na esperança de ter se enganado.

-Eu voltei a namorar o Tom – Hermione disse claramente.

Harry por um impulso se levantou e começou a caminhar de um lado pro outro, tentando conter as lágrimas que queriam sair de todo o custo.

-Harry? Tudo bem? – Hermione perguntou se levantando.

Harry não respondeu nada.
Estava se sentido usado, como se fosse um brinquedo.
Uma onda de dor, de arrependimento e de tristeza percorreu todo seu corpo.

-Harry? Fale comigo! – Hermione disse preocupada enquanto se aproximava.

Mas nada. Harry não queria responder.
Estava com tanta raiva de Hermione, do panaca do Tom, da vida.
Ele não era abrigado a passar por tudo aquilo. Não era.

-Harry! Será que você pode falar comigo!? – Hermione disse impaciente.

-O que você quer que eu fale? – Harry gritou – Quer que eu fale que fiquei feliz? Que isso foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida!?

-Por que você está gritando!? Eu não estou entendendo!

-Claro! Você nunca entende! Nunca!

-Será que você pode me explicar o que está acontecendo?

Harry começou a andar mais rápido.

-Pare de andar! Está me irritando! – Hermione gritou.

-Você não manda em mim! – Harry gritou ainda mais alto.

-Se você não me explicar o que estou acontecendo agora, eu vou embora!

-Então vá!

Hermione se virou, mas quando ia dar o primeiro passo, se voltou para Harry novamente, agora com a voz mais calma.

-Por favor, me diga, o que está acontecendo?

-Esqueça! – Harry disse rispidamente.

-Por favor! – Hermione gritou com os olhos cheios de lágrima.

Harry se calou e se sentou na pedra novamente. Hermione fez o mesmo.

-Por que? – ele perguntou com a voz rouca – Por que você voltou com ele?

-Porque eu o amo.

-Ama? Tem certeza que é tão forte assim? – Harry perguntou esperançoso.

Hermione confirmou com a cabeça.

-Mione – Harry disse pegando sua mão – Por favor, diga que é mentira. Diga que você não voltou com ele.

-Harry, não é mentira – Hermione disse parecendo cansada.

-Como você – Harry começou a dizer; agora mais nervoso – Como você volta assim pra ele? Como vocês voltam se ele não gosta de você...?

-Ele gosta de mim, Harry. Ele disse isso pra mim hoje de tarde.

Harry se levantou rapidamente.

-Então era com ele que você tava? – perguntou rispidamente.

-Harry, eu não entendo. O plano era esse e...

-Que se dane esse plano! – Harry gritou.

-Como assim que se dane? Esqueceu que...

-Chega! – Harry gritou – Eu não quero ouvir sua voz! Saia daqui!

Os olhos de Hermione se encheram de lágrima novamente.
Ela o fitou e deu meia volta.

Harry observou ela seguir correndo para o castelo.
Sentiu que suas pernas não agüentariam muito tempo e se sentou.
Abaixou a cabeça e fechou os olhos.

Eu a perdi pra sempre, pensou limpando a lágrima que acabara de escapar de seus olhos.



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