Por que não tentar, não é mesm

No dia seguinte, Harry acordou com o sol forte batendo no seu rosto.
Estava se sentindo leve, de um jeito que nunca havia se sentido antes.
Olhou para o lado e sorriu. Hermione estava deitada, apenas com a camiseta dele e com o braço em volta de seu corpo.
Com todo cuidado, Harry se levantou. Hermione resmungou e virou para o lado.
Harry fitou a garota por algum tempo.
Ainda não estava acreditando no que havia acontecido.
Fora uma noite mágica...ele nunca imaginou que Hermione sentisse algo por ele.
Não que ela tivesse dito que sentia, mas pelo menos, ela havia demonstrado...nem que fosse um pouco.

Um arrepio subiu no corpo de Harry só de pensar se os Weasley resolvessem chegar naquele momento.
Não seria uma situação muito agradável...mas na verdade ele não estava se importando muito com isso.
Estava se sentindo nas nuvens, como se o mundo fosse perfeito.

Esfregou os olhos e seguiu para a cozinha.
Ele nunca havia imaginado que faria isso um dia, mas lá estava ele, fazendo o café-da-manhã.

-Hum- ouviu uma voz feminina murmurar – Que gentil.

Harry se virou e lá estava ela.
Enrolado no cobertor, os cabelos soltos com alguns cachos no rosto e com um sorriso no canto da boca.

Harry sorriu.

Hermione sorriu de volta e se sentou.
Encheu um copo de suco de laranja e tomou três goles.

Ele se sentou e olhou nos olhos dela.
Nesse momento seu coração bateu forte, um calafrio subiu pelo corpo e sentiu uma vontade enorme de beija-la.

-Que olhar sério – Hermione brincou.

-Eu sou sério, lembra?

Hermione deu uma risada.

-Claro que é – concordou ironicamente.

Um silêncio prevaleceu naquele momento.

Harry olhou para baixo e depois para Hermione novamente.

-A gente tem muito o que conversar, não? – ele disse lentamente.

Hermione confirmou com a cabeça e deu uma risada.

-O que foi? – Harry perguntou rapidamente.

-Nada, é que a gente acabou dormindo demais.

Harry sorriu e passou a mão no cabelo.

-Bem...estávamos cansados – disse com um sorriso malicioso.

Hermione corou e se levantou.

-Eu vou tomar banho. A gente conversar daqui a pouco, ta?

Harry fez que sim com a cabeça.

-E não se atreva a subir lá – disse levantando a sobrancelha.

-Não se preocupe – Harry disse rindo.

Hermione sorriu e subiu as escadas.

Harry se levantou num pulo.
Aquele seria um dia maravilhoso, ele sentia isso.

Subiu para o quarto e tomou um banho demorado.
De repente sentiu um frio na barriga.
Ele tinha tanto medo de levar um fora de Hermione.
Não suportaria. Não depois de tudo que havia acontecido.
Ele não podia fugir mais, não podia mentir.
As cartas seriam jogadas e ele teria que enfrentar.

Harry vestiu-se, respirou fundo e desceu.

Mas ela não estava lá.

Ainda deve estar no banho, pensou.

Mas não estava.

Ele se aproximou da janela e viu que Hermione estava sentada em baixo de uma árvore.

Sorriu e foi até lá.

-Como pode os homens demorar tanto num banho? – Hermione brincou.

Harry sorriu e se sentou.
Tinham tanto para conversar que mal sabia por onde começar.

-Nunca achei que isso fosse acontecer – ela começou a dizer.

-Eu também não – Harry concordou.

-Sabe...eu não vou mentir pra você, Harry. Eu não quero mentir pra você.

Harry sorriu.

-Eu sei que você nunca mentiria pra mim – ele disse gentilmente.

-É por isso que eu quero ser sincera com você.

Harry nunca imaginou que fosse sentir tanto medo.
Não queria perder ela...não queria.

-Não podemos fingir que nada disso aconteceu – Harry disse.

-Eu sei que não. Eu só preciso dizer que...eu...ainda amo o Tom.

Aquelas palavras machucaram tanto Harry que seus olhos lacrimejaram.
Ele não podia acreditar.
Achava que ela sentia alguma coisa por ele...mas não. Ele havia se enganado.

-O que quer dizer? Que foi tudo uma brincadeira? – Harry perguntou impaciente.

-Não foi isso que eu disse – Hermione respondeu séria.

-Como não? Acabou de dizer que ainda gosta do Tom!

-Eu disse que ia ser sincera.

-Sincera!? – Harry gritou se levantando – Quem se importa se você é sincera!? Eu não quero que você seja!

-Sinto muito – ela disse abaixando a cabeça.

-Sente nada! Você me machucou Hermione! Não sabe como isso doeu.

Harry se encostou na árvore.
Hermione se levantou.
Estava chorando.

Harry a olhou de canto de olho.
Ele não devia ter sido grosso daquele jeito.

Harry se aproximou, ergueu o rosto de Hermione com a mão e limpou suas lágrimas.

A garota respirou fundo.

Harry se aproximou ainda mais e a beijou.
Toda a raiva que havia sentindo ao ouvir que ela ainda gostava do Tom, se apagou.
Aquela era a hora certa. Era ali, era naquele momento que ele queria dizer o que sentia.

-Eu amo você – Harry sussurrou, ainda de olhos fechados.

Hermione se afastou.

-Ama? – perguntou.

-Mais que tudo na minha vida – Harry respondeu.

Ela se sentou novamente. Ele fez o mesmo.

-Sabe – ela disse baixinho – Eu queria que você me entendesse.

-Mione, eu não vou entender se você continuar com ele. Ele não presta, não gosta de você.

-Não fale assim – ela disse incomodada.

-Certo. Não vamos discutir sobre isso agora. Só que eu acho impossível você não sentir algo por mim. Se não sentisse não teria acontecido o que aconteceu.

-Eu não me lembro de ter dito que não sinto.

-Então você sente? – Harry perguntou esperançoso.

-Eu não sei direito o que eu sinto.

-Você...bem, quer dizer que...sente alguma coisa...nem que seja um pouco?

-Eu já disse que não sei o que eu sinto, Harry. Na verdade, isso tudo é tão estranho – ela disse com lágrima nos olhos – Você era meu melhor amigo e agora...

-Esqueça isso, Mione – Harry a acalmou – Aconteceu.

Hermione concordou limpando o rosto.

-Mione? – Harry disse baixinho – Eu não quero te perder.

Hermione o fitou e sorriu.

-Você não vai me perder.

-Você quer dizer que eu tenho chance?

-Não sei – ela respondeu confusa.

Calaram-se, até que Harry quebrou o gelo:

-Peraí, você disse que sente algo por mim? Nem que seja um pouquinho?

-Eu disse que não sei se sinto...talvez eu sinta.

-Certo. Então porque você não me dá uma chance?

-Ah, Harry...isso não é certo. Eu tenho namorado...eu amo ele.

-Não ama. Se amasse não teria ficado comigo.

-Não fale como se soubesse dos meus sentimentos!

-Hermione, nem você sabe o que sente! Por que não me deixa tentar?

-Isso não é um jogo, Harry. Além de tudo, eu voltei com o Tom, lembra?

-E daí?

-E daí que eu o amo. Não foi certo o que eu aconteceu.

-Não foi certo, mas aconteceu. E você não pode dizer que – ele disse se aproximando – Fingiu tudo.

-Eu não fingi! – ela respondeu brava.

-Então, você sente algo por mim.

-Já disse que não sei!

-Você sente sim...só não quer admitir.

-Olha aqui, eu sei o que eu sinto. Eu já disse que amo o Tom. E talvez, eu disse talvez, eu sinta algo por você.

-Talvez? – Harry disse se aproximando ainda mais – Você nunca tinha...bem, você sabe...e...tenho certeza que não sairia fazendo com qualquer um.

Hermione concordou com a cabeça.

-Tem razão. Eu não sairia.

-Então você sente algo por mim.

-Se eu sinto é muito pouco.

-Mas...

-Ah, Harry – ela disse o interrompendo – Pare de querer que eu confesse uma coisa que eu não sinto.

Se calaram durante algum tempo.
Harry não sabia que as coisas seriam daquele jeito.
E doía.
Como doía saber que ela ainda gostava de outro.
Até que uma idéia maluca passou pela cabeça dele.

-Mione – ele começou num tom calmo – Por que você não deixa eu tentar?

-Tentar?

-Isso. Você esquece do mundo lá fora, esquece do Tom, esquece como esqueceu ontem...e bem, ficamos juntos durante as férias.

-Ficou louco!? – ela exclamou.

-Um pouco – Harry respondeu sorrindo. Mas Hermione parecia não estar achando graça nenhuma.

-Eu já estou me sentindo a pior pessoa do mundo por ter traído o Tom e a Gina! Não me venha com nenhuma idéia maluca!

-Como assim a Gina?

-Ela é apaixonada por você!

-Achei que tivesse saindo com outro...

-Ela ainda gosta de você, Harry.

-Mione, por favor, pare de pensar nos outros. Só...me dê uma chance, por favor.

Hermione abaixou a cabeça e chorou baixinho, durante muito tempo.
Por um impulso, Harry a abraçou.

-Eu juro – ele sussurrou – Que vou te fazer feliz. Eu vou viver pra você, Mione.

Hermione ergueu o rosto e enxugou as lágrimas.

-Certo – ela disse decidida – Eu vou tentar...e não importa o que o Tom ache...eu sei que ele dá em cima de todo mundo.

-Você vai tentar!? – Harry exclamou surpreso.

Hermione afirmou com a cabeça.

-Só que tudo em segredo. Ninguém pode saber. Nunca.

Harry sorriu e concordou com a cabeça.

-Eu sou tão louca de ter aceitado isso... – ela murmurou.

-Aceitou porque sente algo por mim – Harry disse dando uma risada.

Hermione o fitou brava, mas depois riu.

-Você não tem jeito, não?

Harry balançou a cabeça negativamente e sorriu.

Harry e Hermione sabiam que aquilo era loucura.
Mas por que não esquecer as regras e tentar?

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