Acabou



Já fazia dois dias que Harry havia saído da ala hospitalar.
Ele estava fugindo de Rony e principalmente de Hermione. Ela era a última pessoa que ele precisava ver naquele momento.

Ele precisava de tempo. Um tempo só pra ele. Um tempo para ele colocar sua cabeça no lugar, pra pensar no que faria dali por diante.

Não sabia como agir, pois faltava pouco tempo para enfrentar Voldemort.
O medo tomou conta do corpo de Harry.
Tudo bem, que ele já enfrentara Voldemort antes, mas dessa vez era diferente.
Ou Harry morreria ou viveria. E essa idéia não o animava nem um pouco.

Os exames de N.I.E.M.s seriam em poucos meses e Harry sentia que não iria muito bem.

E ainda tinha Hermione.
Ele havia lutado tanto por ela.
Tinha feito praticamente de tudo para conquista-la.
Como ele pode ser tão burro!?
Só porque passara uma noite com ela...só porque ficaram juntos nas férias...isso não significava que ela iria se apaixonar.
Passou pela cabeça de Harry que Hermione só queria se divertir. Mas ele logo esqueceu essa hipótese.
Ele conhecia bem ela e sabia que a garota não era uma qualquer, sabia que ela era especial.

Enfim, qual seria a melhor saída?
Se Harry investisse mais nela sabia que se magoaria. Sabia que seria tudo em vão.

Pronto.
Já havia decidido.
Não podia mais levar aquilo à diante.
Não podia exigir que Hermione gostasse dele.
Tudo que podia ser feito, tinha sido e não restava outra opção a ele, a não ser...desistir.
Isso.
Desistir.
Esquecer Mione para sempre.
Fingir que não aconteceu nada com eles nas férias...fingir que sempre foram amigos...somente amigos.

Isso machucaria muito Harry e ele sabia disso.
Mas do que adiantava ficar se rastejando, implorando, pedindo?
Ela nunca se apaixonaria por ele, era certo.
Harry tinha que aceitar.

O relógio marcava nove da noite quando McGonagall levou Harry e Tom para a biblioteca.

-Pronto – ela disse respirando fundo – Já sabem o que tem que fazer.

-Professora – Harry começou a dizer – Por favor, eu posso vim outro dia? Digo, eu sou mesmo obrigado a cumprir detenção com ele?

Tom deu uma risada.

-Ei, Harry – ele disse falsamente – Não se preocupe, eu não vou bater em você de novo.

-Você não bateu em mim! – Harry disse irritado.

-Senhor Potter, se acalme ou terei que lhe dar outra detenção – a professora disse.

Harry se calou.

-Comportem-se – ela disse fechando a porta da biblioteca.

Tom deu outra risada e pegou um espanador. Começou a tirar pó de alguns livros.
Harry fez o mesmo.

-É uma pena – Tom disse baixinho em tom provocativo.

-Uma pena o que? – Harry perguntou rispidamente.

-Uma pena a Hermione ter preferido a mim.

Harry deu uma risada.

-Como pode ter tanta certeza assim?

-Eu sempre soube...mas tive certeza ontem a noite quando ela esteve no meu quarto – disse sorrindo maliciosamente.

Harry deixou cair alguns livros da prateleira. Seu coração estava acelerado, quase saltando para fora.
Ele não estava acreditando naquilo.
Não podia ser.
Hermione não podia ter feito isso...não seria tão burra.

Harry se virou para Tom com a raiva estampada no rosto.

-O que você disse?

-Isso mesmo que você ouviu, Potter – ele disse em tom irônico.

-Ela não seria louca – Harry disse irritado.

-Não? Não mesmo? – ele disse rindo – Não sabia que você era tão inocente assim. Mas eu posso te contar os detalhes se você quiser...sabe, coisa de amigo?

Harry apertou a varinha que estava no bolso.

-Sabe que eu pensava que ela era inexperiente...mas não era não. Claro que nem se compara a Parkinson...mas dá pra perder um tempo com a Hermione sim...

Harry tentava fingir que não ouvia. Mas estava ficando cada vez mais difícil.

-E eu também sempre achei que ela fosse quietinha – ele disse rindo – Mas fez um escândalo! Incrível de ser ver! E hoje...acordei e me encontrei com Parkinson...ah ela humilha a Mione...mas fazer o que não? A Hermione serve só pra quebrar o galho...e agora ainda mais...já que passamos da face de beijinhos para algo mais...

Harry estava tremendo de raiva. Seus olhos fixos em Tom que tinha nos lábios um sorriso cínico.

-Não concorda comigo, Harry? Vamos diga que você já pegou ela também...diga e vamos ver qual dos dois ela satisfez mais.

Aquilo era o fim.
Harry sentiu o sangue subir.
Uma raiva percorreu seu corpo, uma raiva que ele nunca havia sentido antes. Algo diferente. Pela primeira vez ele teve vontade de matar.
Harry puxou a varinha e apontou para Tom.

-Nossa – ele caçoou – Falar da Hermione te machuca tanto assim?

-Cala a boca! – Harry gritou.

-Não, acho que você não entendeu quem manda aqui, Harry – ele disse tirando sua varinha do bolso – Quer que eu te mostre?

-Será um prazer – Harry disse lentamente.

Tom o fuzilou com o olhar.
Quando foi erguer a varinha, Harry foi mais rápido.

-Expelliarmus! – ele gritou fazendo a varinha de Tom voar da mão do garoto.

Harry correu e pegou a varinha que estava no chão.

-Quem manda aqui mesmo? – Harry perguntou sorrindo falsamente.

Tom engoliu seco. Estava sem a varinha.
O garoto se afastou e antes de abrir a porta se virou.

-Você me paga – disse em tom rouco.

Harry continuou calado e se aproximou do garoto.

-Tome – disse lhe entregando a varinha – E não me provoque mais.

Dizendo isso saiu da biblioteca e seguiu para a Torre da Grifinória.

Pode ouvir Tom murmurando de raiva.
Ter derrotado Tom, feito ele calar a boca lhe deu uma satisfação enorme.
Mas mesmo assim, não estava nem um pouquinho feliz.
Será que o que ele falara de Hermione era verdade?
Ela realmente teria ido para o quarto dele? Teria feito o que Harry estava pensando?
Só ela podia responder.

Passou pelo retrato da Mulher Gorda e se surpreendeu ao ver Hermione sentada no sofá, lendo um livro.

Harry se aproximou e se sentou na mesinha que ficava em frente a lareira.

-Ah, Harry – ela disse fechando o livro e o colocando do lado – Você foi dispensado cedo da detenção.

-Eu saí mais cedo – Harry a corrigiu.

-Como assim? – Hermione perguntou confusa.

-Simples, eu abri a porta e saí.

Hermione franziu a testa.

-O que aconteceu agora?

-Não te interessa – Harry respondeu rispidamente – Ou interessa? Você se importa comigo? Claro que não.

-Claro que eu me importo! – ela se defendeu.

Harry deu uma risada.

-Você é mais falsa do que eu imaginava.

Hermione soltou um suspiro.

-Sabe de uma coisa? – ela disse em tom cansado – Eu não agüento mais brigar com você!

-E você acha que eu gosto!? – Harry disse com o tom um pouco alterado – A culpa é toda sua, Mione! Toda sua!

-Minha!? – ela disse ironicamente.

-Sua – Harry confirmou em tom seco.

-O que eu fiz agora, hein? Vamos, fale!

-Quer mesmo que eu fale? Ou você quer que eu preserve o seu titulo de mocinha descente?

-Mocinha descente? – Hermione gritou – Fale logo!

-Certo – Harry disse em voz baixa – Tom me contou o que aconteceu entre vocês ontem!

-Como...

-Eu sei de tudo!

-Tudo o que?

-Tudo que vocês fizeram!

-Eu não fiz nada!

Harry respirou fundo.

-Não é? Quer que eu refresque a sua memória?

-Por favor – Hermione pediu brava.

-Antes me fale se foi como aconteceu comigo...com nós...vamos, fale...me diga se você disse coisas pra ele durante...

Mas ele não terminou o que estava dizendo.

-Durante o que!? – ela perguntou incrédula.

-Não se faça de cínica, você sabe muito bem.

Hermione se levantou e ficou andando de um lado para o outro.

-É mentira – ela disse com a voz rouca – Eu nunca faria isso...nunca faria com ele!

-Você acha mesmo que eu vou acreditar?

-Harry, por favor, acredite em mim – ela pediu quase chorando.

Harry não disse nada e Hermione continuou.

-Você vai acreditar em quem!? Nele ou em mim!?

-Eu não sei – Harry disse se levantando – Você não se dizia apaixonada por ele!?

-Esqueça isso! Eu acho que nunca gostei dele de verdade!

Harry sentiu uma pontada de felicidade, mas disfarçou.

-Você mente muito mal – ele disse rispidamente.

-Eu não estou mentindo! – ela gritou se aproximando – Eu nunca falei sério em toda a minha vida!

Harry fitou o teto.
Isso era o que ele vinha desejando ouvir a tanto tempo.
Mas agora, não lhe importava muito.
Não que não gostasse mais dela, muito pelo contrario, ele a amava. Mas já tivera sofrido tanto por Hermione que havia cansado.

-Desculpe – Harry disse baixinho – Eu não acredito mais em nada do que você diz.

-Harry! Eu juro que estou falando sério! Eu juro! – ela disse chorando – Eu acabo com o Tom! Eu juro que eu vou matar aquele mentiroso!

-Mione, eu nunca imaginei que você fosse...que você se entregasse pra ele. Nunca mesmo.

-Mas eu já te disse que não fiz nada! Você tem que acreditar em mim!

Hermione se aproximou e passou a mão no rosto de Harry.

-Eu percebi o que eu já sentia há muito tempo, Harry.

Harry sorriu. Mas logo fechou a cara novamente e se afastou dela.
Ele queria tanto a abraçar, a beijar...mas o seu orgulho não permitia.
Hermione havia o magoado muito todo esse tempo.
Harry enfrentaria o maior bruxo das trevas, talvez até morresse! Não estava com cabeça para se preocupar com ela de novo.
Ele tinha medo de se envolver e de Hermione voltar correndo para Tom novamente.

-Harry? – ela chamou – Eu não entendo...

-Me esqueça – ele disse baixinho.

-Como? – ela disse perplexa – Eu terminei tudo com o idiota do Tom pra poder dar uma chance para nós, para poder ficar com você.

-Eu não me importo, Mione – ele mentiu – Eu não quero mais me envolver com você.

-Harry – ela disse chorando – Por favor, não faça isso comigo...

-Como assim? Você pode pisar em mim durante todo esse tempo, não!? Você acha que me tem a hora que quiser, Hermione, mas não tem! Não tem mesmo!

Dizendo isso, Harry deu as costas e subiu para o quarto.

Ouviu Hermione chamar por ele, mas a ignorou.

Se jogou na cama e sentiu os olhos lacrimejarem.
Como doía dizer aquilo para ela. Doía tanto, mas tanto!
Ele desejara Hermione durante tanto tempo, e agora que ela dissera que o desejava também, ele não tinha coragem de tentar.
Como estava sendo covarde!
Tinha medo da coisa que mais queria na vida!

Harry limpou o rosto e acabou adormecendo.
Talvez acordasse no dia seguinte e visse que tudo fora um pesadelo.

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