A hora chegou



Tom era quem Harry menos queria encontrar lá.
E como ele era muito sortudo, o panaca tinha que aparecer lá justo naquela hora.
Ele tinha que se aproximar.
Ele tinha que puxar Hermione para bem perto.
Ele tinha que beija-la.

Quando viu a cena o coração de Harry batia forte demais para ele tentar se controlar.
Harry se sentiu a pior pessoa do mundo.
Tudo que ele havia feito por Hermione nas férias...foi em vão.
Tudo.
Ela não se importava com ele.
Ela não estava nem aí.
Ela era apaixonada por Tom...e Harry, coitado, não tinha mais o que tentar.
Tentara de tudo para conquista-la, mas de nada havia adiantado.

Tom finalmente soltou Hermione.
O sangue de Harry estava fervendo e ele não conseguiu se segurar.
Partiu pra cima de Tom e lhe deu um soco.

O garoto caiu no chão e levou a mão até o rosto.

Hermione deu um grito e correu até Tom.

Muita gente estava olhando, mas Harry não se importava mais.
Não se importava se fosse levar detenção.
Não se importava se Hermione o odiasse.
Não se importava se fosse expulso de Hogwarts.

Tom se levantou e ignorou completamente Hermione.
Aproximou-se de Harry, ainda com a mão no rosto, já que seu nariz estava sangrando.

-Eu vou matar você – vociferou o garoto, cujos olhos azuis brilhavam de raiva.

Nesse momento Harry sentiu sua cicatriz queimar e levou a mão até ela rapidamente.
Sentiu um soco no estômago e caiu no chão.

Sua cicatriz agora doía tanto que parecia que sua pele estava rasgando.
Harry mal conseguia enxergar.
Mas pode perceber que Hermione não se abaixou para ver como ele estava, assim como havia feito com Tom.

-Vamos! Levante! Vamos, covarde! – Harry ouviu uma voz gritar.

O garoto tentou se levantar, mas sua cicatriz começou a doer ainda mais.

De repente tudo ficou escuro.
Ele havia desmaiado.



Harry abriu os olhos com dificuldade no dia seguinte.
Logo viu que estava na ala hospitalar.
Sua cabeça ainda estava latejando e sentia uma dor muito incômoda nas costas.

-Ah, Harry, que bom que você acordou – ouviu a voz de Madame Pomfrey dizer.

Harry tentou ajeitar o travesseiro, para poder se sentar, mas não conseguiu.
Madame Pomfrey logo o ajudou.

-Como está se sentindo? – ela perguntou.

-Estou com dor nas costas e...na minha cabeça...quer dizer...mais na cicatriz...

-Certo – ela disse pegando uma xícara e a dando a Harry – Vamos, tome isso, suas costas vão melhorar em segundos.

Harry estendeu a mão com dificuldade e pegou a xícara.

Tomou o primeiro gole e a afastou rapidamente.

-Isso é horrível – murmurou sentindo que não conseguia falar muito mais alto do que isso.

-Eu sei que é – ela disse empurrando a xícara a Harry – Mas você precisa tomar.

Harry pegou a xícara de volta, respirou fundo e tomou tudo num gole só.
Sentiu o líquido ardido queimar sua garganta.

-Pronto – Madame Pomfrey disse satisfeita – Você vai ficar bem melhor agora. Ah, Dumbledore está querendo falar com você, Harry, posso mandar ele vim?

-Claro – Harry disse lentamente.

-Tem certeza? Se estiver se sentindo mal eu posso manda-lo vim outra hora.

-Não...eu estou bem... – Harry mentiu.

Madame Pomfrey sorriu e se afastou.

Harry viu a figura de um homem de barba branca se aproximar. Era ele.

Dumbledore se sentou em uma cadeira que havia do lado da cama e fez um sinal para a Madame Pomfrey os deixar a sós.

-Como está se sentindo, Harry? – perguntou com a mesma voz suave de sempre.

-Estou melhor agora – Harry disse sentindo que as dores nas suas costas haviam diminuído, mas sua cicatriz ainda latejava.

-Que bom – Dumbledore disse com um sorriso largo nos lábios.

Harry não queria tocar naquele assunto, mas sentia que precisava. Estava cansado de fugir de tudo sempre.

-Dumbledore – ele disse com a voz rouca – Por que minha cicatriz...está doendo tanto?

Dumbledore fez uma pausa e entrelaçou os longos dedos.

-Harry – ele começou a dizer – Antes de tudo me responda se sua cicatriz ainda está doendo...digo uma dor diferente das outras.

Harry fez que sim com a cabeça.

Dumbledore ficou com uma expressão triste no rosto, mas continuou.

-Está chegando a hora.

-A hora...do que? – Harry disse com dificuldade.

-A hora que você enfrentará Voldemort.

Harry se calou e analisou as palavras.

-O que disse?

-Harry, está chegando a hora de você enfrentar Voldemort – disse com o olhar distante.

O garoto se calou. Ficou analisando as palavras de Dumbledore.
Não estava acreditando que a hora estava chegando.

-Você terá que ser forte para suportar tudo isso – Dumbledore disse calmamente – Eu confio em você e sei que não vai lhe acontecer nada de mal.

A calma de Dumbledore irritou Harry.

-Como sabe!? – Harry se pegou dizendo – Não é você que vai morrer não é!?

Dumbledore se levantou e olhou pela janela.

-Uma das coisas que eu mais admirava no seu pai, era a coragem.

Aquelas palavras confortaram Harry.
Ele gostava quando diziam que ele parecia com seu pai, mesmo depois de ter visto ele e Sirius destratando Snape no quinto ano.

-Você tem que ter coragem – Dumbledore continuou – Você vai ter que enfrentar e eu sei que você vai ser forte o suficiente para viver.

-Eu...tenho...medo – Harry se pegou dizendo.

-Eu sei. Mas se você for mesmo como seu pai, como eu acredito que seja, vai conseguir.

Harry estava se sentindo melhor agora.
Era idiotice virar a cara pro mundo.
Ele tinha que enfrentar Voldemort.
E ou ele, ou o bruxo das trevas iria morrer.
Tinha que ser assim.
Harry não podia mudar isso.

-Minha cicatriz vai doer assim até...a hora chegar?

-A dor durará um tempo maior. Mas ela passa.

-Certo.

Harry fitou o teto.

-Eu não vou desistir – disse a Dumbledore.

O diretor sorriu e desejou-lhe bom dia.

Madame Pomfrey entrou logo em seguida, com um sorriso nos lábios.

-Você tem mais visitas.

-Quem? – Harry perguntou rapidamente.

-Hermione Granger e Rony Weasley.

Harry hesitou. Não queria ver Hermione. Estava muito chateado com ela. Mas mesmo assim, disse que poderiam entrar.

-E aí, cara –Rony disse se aproximando com um sorriso nos lábios – Como você está?

-Bem...eu acho – Harry respondeu.

Hermione se aproximou e colocou vários Sapos de Chocolate em cima da mesinha ao lado da cama.

-Você esta bem? – ela perguntou preocupada.

Harry não respondeu.

-Eu te fiz uma pergunta – Hermione disse com a voz trêmula – Por favor, me responda.

-Rony – Harry disse com dificuldade, pois naquele momento sua cicatriz havia dado uma pontada – Diga pra ela que eu...não sou obrigado a responder...se eu não quiser.

-Ah, por favor – Rony disse impaciente – Parem de brigar, pelo menos um minuto!

Hermione e Harry fecharam a cara.

-Você sabe por que sua cicatriz doeu tanto? – Rony perguntou a Harry.

-Sei – o garoto respondeu – Está chegando a hora.

-A hora de que? – Rony perguntou distraído.

-A hora de eu enfrentar Voldemort.

Hermione fitou Harry preocupada e Rony arregalou os olhos.

-O que!? – Hermione e Rony perguntaram juntos.

-Ah, vocês entenderam...não vou repetir – Harry disse impaciente.

-Mas, Harry – Hermione disse rapidamente – Como assim!? Eu não...

Mas antes que ela pudesse dizer qualquer outra coisa Harry a interrompeu.

-É a profecia, Hermione – disse irritado – Você sabe dela.

-Mas então quer dizer que você vai ter que lutar com o Voldemort e...

-Morrer – Harry completou – Ou viver.

Hermione se sentou e abaixou a cabeça.
Rony ainda continuava com os olhos arregalados.

-Ah, cara não brinca assim com a gente.

-Eu não to brincando.

Rony se sentou também.

Os três ficaram assim durante um bom tempo, sem dizerem uma única palavra.
Harry não sabia o que fazer.
Estava tão assustado quanto os amigos.
A única coisa que podiam fazer era esperar.
E esperar.

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