Epílogo



Água e Vinho


Epílogo – Todo o final é um novo começo

Remo suspirou gravemente, fechando o caderno de capa dura e contemplando-o por um momento. Tantos anos haviam se passado e até aquele dia ele não sabia por quê Lílian resolvera escrever toda a história de como acabara se rendendo e se deixando conquistar por Tiago. Também não sabia por que ela confiara suas histórias a ele, Remo, ao invés de guardá-lo ela mesma, juntamente com o marido e o filho. Na época em que Voldemort a pegara, aquilo já não teria valor algum. Apenas mencionava uma dúzia de coisas que ele já sabia – talvez com a exceção das tendências de Snape, mas Dumbledore parecia naquela época sem grandes esperanças para com ele.

Lembrou-se de quando ele estava na casa de Lílian e Tiago; Harry, naquela época, tinha pouco mais de dois meses de idade. Ela viera do quarto com aquele volume em mãos, e mostrou-o carinhosamente para ele: tinha ornamentos, dois leões dourados que caminhavam pela moldura, que rugiram ao ver Remo; e também estava escrito “Lílian Potter” no canto direito inferior. As páginas lhe pareceram um tanto amassadas pelo uso.

Remo observou o caderno com estranheza e notou o olhar ansioso de Lílian sobre ele.

-O que é isso?

-Ah... Uma coisinha que rabisquei nestes últimos tempos – ela suspirou, virando os olhos verdes. – Eu queria guardar isso com segurança, entende, mas se Tiago descobrir isso em qualquer lugar da casa, bem... Vou ter que agüentá-lo jogando todas as minhas confissões na minha cara por toda a eternidade.

-Mas... – Remo estendeu a mão para o livro e abriu-o, curioso; logo na primeira página, viu os dizeres: Eu simplesmente não agüento mais viver sob o mesmo teto que Tiago Potter. Tudo bem, Hogwarts é verdadeiramente enorme, mas com ele por perto a azarar todos que encontra pela frente, eu chego a me sentir sufocada por aqui, quase desejosa de voltar pra casa e tolerar mais uma vez os olhares de repulsa da minha irmã, Petúnia.

-Isso é... – ele gaguejou, folheando as páginas. Menções furiosas a Tiago, ao próprio Remo, aos pobres Frank e Alice Longbottom... E até mesmo a Comensais da Morte. Coisas de um passado tão próximo, e que já fazia falta. – Um diário, ou...

-Bem, acho que está mais para uma auto biografia – Lílian sorriu docemente. – Sabe, eu não sei mesmo o que me deu pra contar tudo isso. Está desde o final do quinto ano até quando voltamos pra casa, depois de terminarmos o sexto ano. Só me deu vontade... E acho que acabei me apegando a esse papel – ela suspirou, com um olhar pela janela. – Quero que você o guarde para mim, Remo.

Ele franziu a testa, não podendo deixar de estranhar o pedido.

-Eu sei que parece esquisito... – Lílian ia continuar falando, quando um choro muito alto irrompeu do quarto de onde ela viera a princípio. – Oh, puxa, veja só, o Harry não sossega estes últimos dias... Espere um pouco.

Remo continuou examinando as páginas, encontrando um trecho em que Lílian contava sobre a primeira vez em Tiago conseguira beijá-la. Eu tentei enfiar a mão nas vestes pra pegar a minha varinha, mas não tive tempo, porque no momento seguinte Potter chegou MUITO perto, de verdade. Eu tentei bater nele com as minhas próprias mãos, mas ele deixou cair a varinha no chão atrás dele e segurou os meus pulsos com a maior facilidade do mundo. Tudo isso aconteceu em frações de segundos, muito depressa, e é mesmo estranho eu me lembrar de cada detalhe. É estranho eu me lembrar que ele segurou os meus pulsos mas depois soltou um deles pra tocar o meu rosto... E como em seguida eu percebi as vestes dele encostadas nas minhas, e como era nova aquela sensação... E como depois ele aproximou o meu queixo dele, vendo que eu aparentemente desistira de resistir... E, acima de tudo, é estranho que eu me lembre o modo como ele me beijou, escorregando a mão que estivera no meu queixo para a minha nuca.

Lembrando-se ainda de outras coisas, memórias que lhe saltavam à mente com aquele relato de Lílian, não se deu conta quando ela voltou mais uma vez para a sala, dessa vez carregando um bebê nos braços, pequeno, frágil, e com os olhos idênticos aos da mãe. Harry Potter.

-Lílian, isso não faz sentido algum – ele tentou dizer. – Você está querendo mesmo confiar um manuscrito valioso a um lobisomem?

-Eu estou falando sério, Remo... Voldemort está atrás de nós, você sabe disso. Eu preciso te confessar, eu tenho medo... Você sabe muito bem da profecia. E já sabe o que aconteceu com Frank e Alice; toda vez que eu me lembro, eu... – a voz dela falhou e Lílian desviou o olhar. Remo baixou a cabeça. Não era justo. Não era justo que os três Potter fossem obrigados a ficarem escondidos em casa, sobre um feitiço tão sensível. Não era justo o que fora feito dos Longbottom; o menino deles estava tão desamparado... Remo temia pelo futuro do pobre Neville.

Quando ele ergueu a cabeça, viu Lílian enxugando uma lágrima.

-Certo, eu sei que não devia fazer isso – disse ela, apertando Harry em seu colo. – Mas não consigo parar de imaginar Voldemort nos descobrindo aqui e... Quero dizer, eu confio em Pedro, mas ainda assim... Eu sei que estou sendo idiota, Tiago já me disse isso...

-E onde está ele agora? – perguntou Remo, tentando fazer Lílian desviar os pensamentos.

-Nem fale muito alto – replicou ela, tentando se recompor. – Está na cozinha, tentando aprender alguns feitiços domésticos. Já faz algum tempo que estou tentando fazê-lo aprender... E se vier aqui agora, vai descobrir o caderno... Ande, Remo, quero que me prometa que vai guardar isso...

Como se sua menção o atraísse, Remo e Lílian ouviram os passos de Tiago através do corredor. Remo rapidamente guardou o caderno nos bolsos.

-Aluado! – exclamou Tiago, aproximando-se em largas passadas e apertando a mão do amigo. – Até que enfim arrumou algum tempo para nós, hein? – voltou-se para a esposa. – Lílian, eu simplesmente não consigo. Agora há pouco consegui construir uma bateria com três panelas e duas colheres de pau, mas foi tudo. Estou falando sério, aquela cozinha não gosta de mim...

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

E agora Remo tinha aquele caderno em mãos, tanto tempo depois da morte de Lílian e Tiago, depois da morte de Sirius e de tantos outros... Harry já era quase um adulto, até mesmo já tinha dezessete anos...

E pensar que ele tinha gastado sua tarde inteira de folga da Ordem da Fênix para reler a história de Lílian e Tiago. Agora já era quase noite, os outros deveriam estar se perguntando lá embaixo o que teria acontecido com ele. Tão logo ergueu-se da poltrona em seu quarto, bateram na porta.

-Entre – disse Remo, caminhando até sua mesa de gaveta com tranca.

Harry pôs a cabeça pra dentro do quarto, pedindo licença. Estava do tamanho dele, o rapaz. O retrato de Tiago com os olhos de Lílian, ele já tinha ouvido isso tantas vezes... E Remo já também reparara naquilo repetidas vezes.

-Não vai descer? – perguntou Harry, arriscando um olhar curioso para o caderno.

-Eu... – começou Remo, hesitando. Endireitou-se e observou com mais atenção o Lílian Potter. Sim... Aquilo pertencia ao garoto por direito... – Harry, venha até aqui. Há algo que eu quero lhe mostrar...


*-*-*-*-*-*-*-FIM-*-*-*-*-*-*-*



N/A – Oh Merlin... Eu terminei!! Eu terminei! Não acredito! Água e Vinho, minha primeira fic sobre os Marotos, sobre Tiago e Lílian, está... Terminada! Puxa, tenho tanta gente a agradecer por isso! Desculpem-me se eu acabar esquecendo de alguém...

Mesmo que a contragosto, sei que tenho que agradecer internamente ao cara que conseguiu me irritar tanto o ano passado a ponto de me fazer imaginar a tensão entre Tiago e Lílian. Esqueceram que muitas vezes eu mencionei que a fic era inspirada em experiências próprias? Tenho também que agradecer à Lucy Holmes, que fez essa capa linda para a AeV, à Mari Madeira, por todos os seus incentivos a cada capítulo e pela troca deliciosa de experiências por MSN... Te adoro, menina... À Melissa Hogwarts, também, que foi sempre um grande incentivo e um ídolo a ser seguido! Fique sabendo Mel, que eu continuo apoiando M²! À Nádia Felton, que também sempre foi tão entusiasta com tudo que eu escrevo e é uma amiga rara no mundo... Também preciso agradecer de joelhos à Lady Grey, que analisou a fic na Ed... Quero agora saber o resultado final da fic, viu? Também tenho que mandar um enorme THANKS a todo mundo que votou na Água e Vinho para destaque de romance de fevereiro! Foi uma surpresa linda! A todo mundo que leu a fic, que comentou, foi sincero, deu aquela opinião interessante, construtiva, e também a esse pessoal que ta sempre por aqui, lendo a fic, sabe-se-lá desde qual capítulo! Gente como a Pikena, a Paty Felton, a Marcellinha Madden, a Lele, a Cherryx, à Tamy Black (lembra daquele concurso que você ganhou?)... Enfim! Vocês são mesmo demais! Muito obrigada!! Adorei escrever essa fic e adorei toda a ajuda que eu recebi! É isso... Tchau e obrigada de novo!

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