A Estratégia de Frank



Água e Vinho




Capítulo Sete - A Estratégia de Frank



Eu não devia ter deixado Potter fazer aquilo comigo. Ele não devia ter ousado fazer aquilo comigo. Como eu pude permitir que aquilo acontecesse? O cara que eu mais detestava em todo o planeta estava me beijando! Os braços dele estavam em volta de mim, os lábios dele colados nos meus...



Ah, droga, eu fiz isso de novo! Foi por isso que Potter conseguiu fazer o que fez. Ele tem alguma espécie de feitiço dentro dele, que enlouquece as pessoas... Por isso tanta gente gosta dele, por isso esse cara é tão popular. Mas eu não estava nem um pouco disposta a entrar para a listinha sórdida dele. Finalmente recuperei a razão e o empurrei para longe de mim, o mais longe que consegui.



Quando fiz isso, vi uma expressão meio estranha no rosto dele, mas no momento seguinte tive a certeza de ter imaginado; lá estava aquela cara metida e desdenhosa de novo.



-Viu, Evans? Eu beijo muito melhor do que brigo. Ou melhor, acho que agora pra mim você é apenas... Lílian.



A volta daquele modo pretensioso de falar também fez com que a minha raiva voltasse.



-Lílian?? Você NUNCA vai ter o direito de me chamar pelo primeiro nome! Eu prefiro MIL vezes brigar com você, Potter, porque você é um grande bastardo metido a conquistador! Agora suma de perto de mim, não quero ver a sua cara enjoada por uns bons tempos!



Sim, eu sei que estou sempre expulsando o Potter de perto de mim, mas eu não posso evitar. Preciso estar sempre fazendo isso. Ele é tão estúpido e tão ridículo e tão... Ah, você entende o que eu quero dizer.



Potter ficou me olhando com calma, parecendo já ter se acostumado com as minhas expulsões, passou a mão no cabelo (um dia eu vou jogar bosta de dragão na cabeça desse idiota!) e foi até a porta, depois de pegar a varinha do chão.



-Você é quem sabe, Evans. Por mim, você pode me chamar de Tiago a hora que quiser. A propósito, tenho certeza que esse não foi o nosso último beijo.



E saiu, enquanto eu continuava gritando todos os xingamentos que me lembrei na hora.



-Mas que escândalo é esse por aqui?- uma voz ainda mais irônica do que a minha falou, saindo da cabine à frente da minha.



Snape, aquele sonserino implicante e ingrato.



Ah, eu sei, você deve ter pensado que eu nunca gosto de ninguém. Puxa vida, eu gosto bastante da Alice, minha amiga desde o primeiro ano, sou amiga do Frank e do Remo...



-Nada que seja muito da sua conta, Snape.-respondi.



Mas a minha fala não teve o efeito que eu esperava. Ele esticou o pescoço e viu Potter caminhando folgadamente em direção ao fim do corredor.



-Ah, sim -ele continuou falando, muito devagar.- Parece que eu estava certo de novo.



-Do que está falando?-não resisti a perguntar.



-Não se lembra?-a voz dele era muito irritante de se ouvir.-Você só briga tanto com o estúpido Potter porque no fim das contas... Bem, deixe pra lá. Uma Sangue Ruim como você nunca entenderia. É escória.



-Bem, diga isso aos corretores dos N.O.M.s, Snape.-retorqui.- Eles não dariam Excede as Expectativas, Ótimo e Aceitável para alguma tapada que é escória do mundo bruxo, dariam?



Passei o resto da viagem no vagão dos monitores, em reunião, e assim me livrei de qualquer aborrecimento extra que não fosse o novo monitor chefe que mais parecia Mussolini, Hitler ou qualquer outro desses ditadores da história dos trouxas.





~~




Eu já estava acostumada com os inícios de ano letivo em Hogwarts, afinal aquele já era o meu sexto. Quando eu me sentei no meu lugar costumeiro na mesa da Grifinória, Frank logo se sentou na minha frente.


-Boas férias?-ele perguntou.


Engoli em seco com a lembrança.


-Razoáveis. E as suas?


-Também. Eu estava conversando com Sirius agora há pouco, e...- mas Frank parou de falar ao ver a minha expressão. O que não durou muito, logo ele voltou a falar de novo, embora num tom diferente.- Lílian, ele não está mais saindo com a Alice. O próprio me disse isso.


-E...? -Ele me disse que poderia me ajudar com ela. Formamos um plano.


-Frank, de onde você tirou a idéia de que pode confiar assim em Black? Nem Remo confia nele desse jeito, e você sabe que eles são melhores amigos.


-Lílian, ele está atrás daquela menininha do terceiro ano, a...


-Terceiro ano?-não pude deixar de repetir.- O que deu nele agora, correndo atrás de meninas mais novas? Black nunca foi disso.


-Mas se trata daquela menina que vive mudando o cabelo, Lílian. A Tonks.


-Ahhh...-murmurei, me lembrando da menina em questão. Tonks chamava a atenção o tempo todo, não por ser metamorfomaga, e sim por ser terrivelmente desastrada. A coitadinha vivia derrubando tudo que encontrava pela frente. Se ela fosse solta num campo com apenas uma pedra, Tonks daria um jeito de tropeçar nela. Mas - e isso eu tinha que assumir - ela era muito bonita, acima do padrão na idade dela.


Eu posso dizer isso porque me lembro perfeitamente de quando tinha treze anos. Era uma pirralhinha CDF, anti-social e neurótica, tinha mania de perseguição. Afinal, desde que eu tinha entrado na escola, Snape, Malfoy e os amiguinhos deles adoravam me chamar de Sangue Ruim, a qualquer hora, onde quer que eu fosse. E, naquela época, eu ainda não sabia lidar com isso. Felizmente, pouco tempo depois, eu aprendi. Pena que pra isso Potter teve que prender Snape e Malfoy no armário de vassouras com um Feitiço Silenciador por doze horas, sem comida nem água. Potter quase foi expulso por aquilo. Quase, infelizmente.


Dumbledore fez um discurso de começo de ano muito monótono, pelo menos foi o que pareceu, até fazer uma leve menção ao Você-Sabe-Quem, que pouca gente percebeu. Na verdade, eu acredito que na mesa da Grifinória apenas eu tenha percebido. Potter também poderia tê-lo feito, mas sua mente é muito curta para sutilezas.


E depois, durante o jantar, eu notei nitidamente uma reunião entre os três pestes mais Remo. Provavelmente estavam planejando alguma brincadeira sem graça, da qual no fim Pettigrew no fim ficaria com medo de realizar e Remo desistiria por ficar com pena de quem fosse sofrer a brincadeira. Então, apenas Potter e Black a realizavam. Geralmente era assim, a não quer quando a peça não prejudicava ninguém e não punha nenhum dos quatro em perigo mortal ou de serem expulsos.


O que era muito raro.


~~


Não tenha a ousadia de perguntar como foi o meu primeiro dia de aula.


Porque foi horrível.


Primeiro, dois tempos de Feitiços, que me enganaram e fizeram pensar que o dia poderia ser interessante ou até mesmo divertido. O professor deu uma revisão do que tínhamos visto no quinto ano, provavelmente só para nos deixar mais confiantes para a nova matéria.


Em seguida, comecei a perder as esperanças, quando entramos na estufa para os dois tempos seguintes de Herbologia. A profª Hoffman simplesmente resolveu separar a turma em quartetos, que deveriam sempre estar juntos, seja qual fosse a tarefa, durante todo o ano. Disse que assim estimularia o trabalho em grupo, com o qual alguns de nós talvez tivéssemos que nos confrontar depois da escola. E eu, que estava longe de querer uma profissão coletiva pós-Hogwarts, tive que me conter de novo ao ver que o meu grupo era eu, Remo, Pedro McFisher e Potter, claro.

Era como se todos fizessem de propósito. Eu me sentia o alvo de um complô cujo objetivo era me fazer ter um ataque de nervos e matar Potter a qualquer momento. Felizmente, depois do que eu dissera a ele no dia anterior, ainda no Expresso de Hogwarts, ele achou prudente não abrir a boca para o meu lado, falando apenas com Remo e o estritamente necessário com McFisher.


Para coroar, depois do almoço e durante quase a tarde toda, aulas de Poções, nas quais eu até fui bem nos N.O.M.s, mas era mesmo uma matéria que eu não gostava. Afinal, tínhamos que ficar presos naquela masmorra fedorenta sem janelas, brigando com o caldeirão para no fim do dia ver aquele Snape ingrato fazer uma poção três vezes melhor do que a sua. Eu não era tão CDF quanto já tinha sido, mas ainda ficavam uns traços, entende?


O resultado foi que na hora do jantar eu estava brava, irritada, cansada e atolada de tarefa, tudo ao mesmo tempo. Só quando vi de novo Black e Potter tramando alguma coisa me lembrei que poderia haver alguma "pequena distração" aquela noite. Por isso, resolvi comer depressa e subir logo para a sala comunal. Não era culpa minha ter subido antes de começar qualquer confusão, mesmo sendo monitora. Afinal de contas, Remo teria que esperar os amigos, e era capaz de apartar qualquer briga sozinho. E além do mais, ser egoísta só uma vez não ia matar ninguém.


Levantei-me e tomei o rumo. Estava com o pensamento no dever de Poções enquanto passava pelo maior corredor no caminho para a Torre, dali em diante a maioria do caminho eram escadas, e foi ali que eu vi uma das cenas mais bizarras da minha vida.


Frank estava ali, mas longe de estar sozinho. Estava... argh, que repulsivo... Frank estava beijando Narcisa Knoll, uma das maiores patricinhas desfrutáveis da Sonserina.


De repente, eu entendi do que se tratava o plano de que ele quase me contara, e entendi os cochichos de Black e Potter. Certamente, tinham dito a Frank que deveria colocar ciúmes em Alice, chamar à atenção dela, e aproveitariam para rir do pobre coitado beijando uma menina tão... Ah, você me entende, uma qualquer... Para a própria diversão deles.


Frank abriu os olhos e me viu. De fato, ele parecia não estar gostando nem um pouco, mas eu sabia que não era isso que ele iria demonstrar quando Alice passasse naquele corredor. O que ele ainda não sabia era que Alice continuava junto com Black, conforme ela me contara, aos sorrisos, durante o jantar.






N/A- Já que todo mundo está reclamando que eu paro os capítulos bem onde está ficando emocionante, dessa vez achei melhor passar um pouco além de quando Lily vê Frank com... ah, vocês já sabem. Esperem mais brigas para o próximo capítulo.

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