Lílian's Fora de Controle

Lílian's Fora de Controle



Água e Vinho





Capítulo Doze - Lílian's Fora de Controle





O Dia das Bruxas nem era um evento tão importante assim, o caso é que ele tinha uma enorme tradição. Isso porque antigamente Dumbledore ainda não havia criado o Baile de Inverno; portanto o feriado mais romântico do ano, fora os feriados de fim de semestre, era mesmo dia 31 de outubro. Agora havia o baile, o que tornava esse dia bem mais banal, mas ainda assim... Tradição, entende?



Eu não agüentava mais ouvir Alice reclamando por Black ter rompido com ela (quando o próprio já havia saído com outras duas nesse tempo; ao menos EU ficara sabendo apenas de duas, ambas da Lufa-Lufa.), estava prestes a ter um ataque.



Mas eu cometera uma falha; enquanto ouvia os discursos intermináveis dela, havia me esquecido do pobre Frank. Estávamos as duas conversando diante da lareira, na véspera desse dia das bruxas, e eu escutava a mesma romaria de sempre.



-Às vezes eu fico pensando se eu não errei em alguma coisa, Lily... Sabe como é, talvez ele não tenha gostado quando eu cheguei a dizer que eles pegavam muito no pé daquele tal Snape, ou talvez eu beije mal!- pareceu então à beira de uma parada respiratória.- LÍLIAN! Será que eu beijo mal??



Virei os olhos. Nem acreditava que tinha mesmo que ouvir aquilo.



-Alice, você sinceramente acha que possa beijar mal?-retruquei, quase perdendo a paciência.- Garota, você está sofrendo com essa sua auto estima, hein? Você está é precisando de um bom psicólogo!



Ela então desfez a cara de sofrimento e me olhou, confusa.



-O que é um psico... Ah, isso que você disse...



-Psicólogo?-repeti, me dando conta de que ela não tinha mesmo como saber o que isso era.- É um médico trouxa que cuida da mente das pessoas. E acredite em mim, se você continuar nesse rumo, vai mesmo precisar dele.



Olhei pra trás; Frank estava logo ali, meio que sem saber como entrar na conversa.



-Ah, oi Frank! O que estava fazendo aí? Senta aqui -falei, puxando o garoto para que ele sentasse bem do lado de Alice - ele percebeu que eu estava fazendo de propósito - e fiz menção de me levantar.



-Ei, Lily, onde você está indo?-Alice questionou.



-Vou pegar os relatórios de Herbologia.-respondi.- Vou procurar Remo. Estamos no mesmo grupo, tenho que pedir umas orientações pra ele sobre aquela maldita raiz de solilóquia.



Estava me afastando depressa, pensando de onde eu poderia ter tirado aquela história maluca, quando, já com o pé nas escadas para o dormitório, ouvi aquela voz me chamando, de novo. Eu realmente mereço.



-Ei, Lílian -disse a voz irritante de Potter.- Eu também estou no seu grupo de Herbologia, e pode perguntar o que quiser pra mim. Afinal, eu sou ótimo em qualquer matéria.



-E inchar ainda mais o seu ego super desenvolvido? Não, obrigada. Prefiro alguém mais modesto pra isso... Como o Remo.



-Ele está doente -retrucou Potter.- Está deitado no dormitório. E como acho que não pretende andar até a Corvinal apenas para perguntar o que quer que seja para McFisher... Terá mesmo que falar comigo.



-Vá plantar batatas, Potter.- repliquei.- A verdade é que não quero nenhum conselho de Herbologia. Apenas quis deixar Frank a sós com Alice.



-Longbottom?-Potter ergueu uma sobrancelha.- Achei que você tivesse saído com ele, afinal.



-Mesmo que a minha vida amorosa não seja da sua conta, Potter... Não, eu não saí com ele.



No momento seguinte me arrependi. Deveria ter dito que meu casamento estava marcado para o mês que vem.



-Bem, então... Que tal me fazer companhia amanhã no banquete de Dia das Bruxas?



Botei na cara a expressão de desprezo mais convincente que pude.



-Não seja ridículo. Eu nunca iria querer magoar sua querida Silvertorn. Decerto ela está esperando passar este momento tão especial com você.



-Ah, então você ouviu mesmo.-riu ele, passando a mão nos cabelos. Já fazia tempo!- Vejo mesmo como presta atenção em mim, Lílian...



-Escute, desde QUANDO você fala o meu primeiro nome? Já brigamos por isso antes.



-Dê uma boa olhada na minha cara de preocupação.-retorquiu ele, sorridente.- Mas tanto faz. Já vi que sua resistência está caindo, monitora. Esse Dia das Bruxas vai ser a sua capitulação, ouça o que estou dizendo.



Subi as escadas, preocupada com a doença de Remo e pensando em como o cérebro diminuto de Potter poderia absorver uma palavra tão complexa quanto capitulação.







Deviam chamar logo o Dia das Bruxas de segundo dia dos namorados, porque tudo que faltava pra isso era a oficialização. Se bem que... Hogwarts nunca perdia uma oportunidade de tornar-se um lugar ao máximo romântico.



Eu ainda não tinha gastado muito tempo preocupada com isso, mas quando você esbarra com cinco casais diferentes no caminho para o café da manhã, a coisa acaba por chamar a sua atenção. E um deles era, com toda a certeza, Potter junto da tal Lílian Silvertorn; eu odiava o fato de ter o mesmo nome que ela, afinal, não tínhamos nada a ver: eu tinha cabelos acaju e ela era loira; eu era uma boa aluna, monitora, e ela sempre passava raspando em todas as matérias. Eu era estranha, e ela era popular. Ela era bonita e eu, comumente feia.



Potter me viu e logo em seguida fez menção de soltar a menina; mas percebi-o voltando atrás e abraçando-a pela cintura. Quando estavam bem diante de mim, Potter tascou um beijo na corvinal.



Eu realmente mereço? Por que raios ele fez tanta questão de mostrar o quanto não tinha a menor vergonha de dar uns amassos em público? Pra me enciumar? E o que ele ganha com isso? Que coisa ridícula!



-Lílian...?



-QUE FOI?- me virei furiosa e dei de frente com Remo. O pobre coitado tinha uma aparência abatida, cansada, e eu morri de vergonha por ter gritado daquele jeito.



-Você só... Deixou cair esse livro.-falou ele, me olhando cautelosamente.



Senti que ficava vermelha e peguei o livro.



-Puxa, Remo, me desculpe.-falei.- Eu fico aqui, tendo acessos de raiva com as pessoas erradas quando é Potter quem deveria sofrer todas as conseqüências de me deixar furiosa...



-O que o Tiago te fez dessa vez?



-Fora acabar com todo o meu estoque de paciência... Agora ele fica desfilando com Lílian Silvertorn na minha frente, aos amassos, como que querendo de me deixar com ciúmes... E isso me deixa irada! É a coisa mais ridícula que ele já tentou fazer!



Era uma meia verdade; ele já tinha tentado fazer algumas outras coisas bem mais absurdas. Mas disse isso porque queria dar ênfase, entende? Bem, Remo demonstrou que não. Olhou-me por um momento e então começou a rir, uma risada cansada e um pouco rouca, mas ainda uma risada.



-Lílian, você não está vendo que Tiago está conseguindo exatamente o que quer?



-Não está não!-exclamei.



-Claro que está. Vê-lo com aquela garota te deixa tão enciumada que você disfarça e finge que está furiosa apenas por ele querer chamar a sua atenção.



-Isso não tem nada a ver, Remo!



-Claro que tem, Lílian, só que você ainda não percebeu. A escola inteira já notou que você tem raiva demais do Tiago. Tem que ter algo por trás disso.- tossiu.- E também o fato de ver o Tiago com outra menina por aí, e não te convidando pra sair o tempo todo te incomoda...



-Chega, Remo! É besteira demais de uma vez só!-eu estava me sentindo acuada, sem nem saber o que retrucar diante de tudo aquilo.



-Está bem, Lílian, eu paro. Mas você sabe que é verdade... Vamos logo, tome esse café e pare de me olhar feio desse jeito.







Passei o dia revisando Feitiços, depois fui caçar o que fazer, de tardinha. A maioria das meninas estava se arrumando, como se aquela fosse a noite de sua vida. Todas pareciam ser. E pensar que ainda havia o Baile de Inverno no fim do ano.



O cao foi que eu não tinha por quê nem por quem me arrumar, sendo que fui dar uma volta nos jardins, para me distrair. Mas no final não acabei nem um pouco distraída. Escutei vozes atrás da árvore que fica diante do lago, e me escondi atrás do tronco.



Não demorou muito para que eu reconhecesse as tais vozes. Snape e Potter estavam discutindo.



-Você não passa de um grande traidor da sua família, Potter.-sibilou o sonserino.- Você e seus malditos pais. Deviam nos ajudar a livrar o mundo mágico desses trouxas imundos.



-Não sei nem por que estou dando ouvidos a você, Seboso. E não sei por que ainda insiste nisso. Não me importo de conviver com nascidos trouxas. Muitos deles são melhores bruxos do que nós.



-Pare de defender aquela raça inferior, Potter.-disse Snape, a raiva pingando da voz.- É por culpa desses sangues ruins que você nos trai. Não vai querer manchar o seu sangue com uma trouxa, vai?



Engoli em seco.



-Eu só não lhe transfiguro num urubu agora porque pretendo ir ao banquete de Dia das Bruxas, Snape, e não seria mesmo legal pegar uma detenção por sua causa.



Potter saiu dali, deu a volta da árvore e... Eu tentei, mas não tive tempo de me esconder. Potter deu bem de cara comigo enquanto saía. Parou de chofre e me olhou, pálido, por um momento. Snape veio atrás dele e fez o mesmo. Mas o olhar dele não era de espanto. Era de puro ódio.



Dei um passo pra trás, encurralada.



-O que diabos estava fazendo aí atrás, Evans?-Snape inquiriu.



Gaguejei uma resposta, não sabia o que dizer, quando Potter me puxou pelo braço - nossa, como a mão dele estava gelada - e me levou dali antes que eu pudesse falar qualquer besteira.



Só me soltou quando chegamos ao Saguão de Entrada.



-Nunca mais tente espionar Snape.-falou ele, depressa. Eu mal podia reconhecê-lo; lembrei-me do dia em que encontramos o trouxa morto perto da minha casa. A expressão facial dele era a mesma.- Ele pode fazer mal a você. Fique longe dele.



Antes que eu pudesse me recompor para pedir qualquer explicação, ele já estava andando depressa na direção da biblioteca.









Fui me vestir para o banquete; tínhamos que usar o uniforme de sempre, mas Alice e as outras estavam dando um jeito de se enfeitar de um modo de que mostrassem que aquele não era um dia normal.



Eu ainda estava um tanto atordoada, e me vesti como todos os dias. Foi Alice quem acabou me maquiando um pouco, à força, mas quando ela virou as costas tirei a maioria, deixei ali apenas o batom e uns corretores.



Pronto, finalmente tinha chegado a hora; eu e as outras meninas que dividiam dormitório comigo estávamos descendo pelos corredores até o Salão Principal, eu ainda confusa e pensando no que teria feito Potter mudar daquele jeito de uma hora pra outra, quando uma mão pousou no meu ombro.



A dele, claro.



-Posso falar com você, Líl...



-Evans.-interrompi; agora já podia responder normalmente a ele.- Diga Potter, mas seja rápido, sua querida Silvertorn deve estar te esperando lá embaixo.



Alice e as outras continuaram andando, tão ansiosas que nem deram muita atenção ao fato de que eu tinha ficado pra trás.



-Vamos virar aqui.-disse Potter, apontando para o corredor do lado.



-Mas este não é o caminho para...



-Não importa -foi a vez dele de interromper. Encostou-se à uma armadura velha e, a contragosto, virei e fiquei de frente pra ele. Detestei perceber como quem passava no outro corredor não nos notava.



-Diga.-murmurei apenas.



-Quero reforçar pra que não mexa mais com Snape. Ele é um grande idiota, eu sei, mas ele tem muitos segredos. Pare de espioná-lo. Ele...



-Eu sei perfeitamente o que Snape é -interpelei.- Não me importa que ele seja um Comensal da Morte em potencial; é preciso mais do que isso para pôr medo em mim. E quem é você para me dizer o que fazer?



-Não sei como você descobriu isso, Lílian...- bufei ao som do meu primeiro nome.- Mas se você não tem medo é porque ainda não sabe o suficiente. Ele está de olho em você. Até parece que você se esquece que nasceu trouxa.



-Potter, me responda uma coisa, sinceramente... Desde quando você se importa se eu provoco um comensal ou não?



Potter respirou fundo, me olhou por um momento e então disse:



-Desde o instante em que estou apaixonado por você, Lílian, mas você sempre foi estúpida demais pra perceber isso. Não quero ver você correndo riscos por aí com seguidores de Você-Sabe-Quem. E se você ainda é cabeça dura demais para aceitar sair comigo ao menos uma vez, pelo menos não fique demonstrando todo esse ciúme da Silvertorn. E pelo menos se cuide, que eu não nem quero sonhar em ver você nas mãos dele.



Olhei para ele, em choque, não acreditando nos meus ouvidos.



-Ora, Potter, faça-me um fav...



Mas ele me calou logo em seguida. Passou um braço pela minha cintura e me puxou, como se me fisgasse, e eu apenas vi um brilho dos olhos castanhos dele antes que ele me beijasse.



Eu estava me sentindo meio perdida, como se tudo estivesse acontecendo rápido demais para que eu pudesse acompanhar, mas quando ele me beijou senti saber tudo que era necessário fazer; não sei explicar como foi aquele beijo, nem nada que aconteceu antes, durante ou depois, tudo que me lembro era do beijo impetuoso dele, do corpo dele apertando o meu enquanto me abraçava de novo... Eu não sabia porque estava respondendo, não sabia por que não conseguia parar, mas eu me sentia grudada nele, e acho que nem que tivesse tentado poderia ter me livrado dele, ou daquele beijo, ou do que quer que fosse que estivesse me segurando nele...



Uma onda de calor revirou meu estômago enquanto ele continuava a me beijar, e eu não conseguia reagir, quando um grito nos fez voltar à realidade:



-TIAGO!



Senti que estava perdida quando vi Lílian Silvertorn parada diante de nós. Potter olhou para ela, surpreso.



-Lílian? O que você está fazendo aqui?



-E ainda me pergunta??-disse ela, furiosa. Eu não sabia onde enfiar a cara.- Sirius me disse que você já estava descendo, que tudo que eu tinha a fazer era subir esse corredor até te achar!



-Lílian, não me leve a mal, mas o que aconteceu foi que eu e a Lílian... Ah meu Deus, estou falando dessa Lílian agora... -gaguejou ele, me indicando.- Puxa, quer saber de uma coisa? Sinto muito, Lílian, mas fiz isso justamente porque hoje iria te dizer que não daria mais certo continuar saindo com você...



-Eu devia ter acreditado na Cinthie!-exclamou Silvertorn, alterada.- Tiago Potter nunca seria alguém que pudesse mesmo valer a pena!



Ela saiu pisando firme. Eu ainda estava aliviada por ela ter me ignorado completamente, mas tinha que acertar ainda uma coisinha com ele.



-Muito bem, POTTER -falei, já morrendo de raiva de novo.- Quer dizer então que você me usou de novo? Tinha que fazer isso pra magoar a menina? Você é ridículo!



Ergui a mão para um tapa certeiro quando ele segurou meu braço.



-Lílian, você me entendeu mal!



-Oh não, espere um minuto; você está falando comigo ou com Silvertorn? Mais um motivo para que você me chame de EVANS, e nunca mais chegue perto de mim!



Saí correndo antes que ele pudesse falar qualquer coisa que me convencesse a ficar. Eu ainda não estava tão recuperada assim.



Desci vários corredores correndo, mas logo passei a andar apenas, já confiante de que Potter não ousaria me alcançar do jeito que eu estava. Estava passando rápida por outro cruzamento de corredores quando bati de frente e com toda a força em Remo.



-Lílian!! O que aconteceu?



-Ah, Remo, como é bom ver você agora! Incrível como você sempre aparece quando eu preciso!-exclamei.- Venha, vamos pro Salão Principal. Preciso desabafar contigo, se importa?



-Sou todo ouvidos.-disse ele, ainda meio surpreso com meu modo de agir.



Respirei fundo para me acalmar e comecei a falar.







N/A- Um BIG capítulo!! Ao menos comparado aos outros, né? Espero que estejam mais felizes agora! Uma atualização rápida e um capítulo grandaum!!! Obrigada mesmo por todos os reviews, gente! Então me incentivando muito (alguns estão até mudando o curso da história!). Vou tentar ser mais inspirada daqui pra frente!!



Bjokas,



Amanda.

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