Amor, ódio e o extremo da dor



N/A: Não vou dizer nada antes que leiam. Ao final do capítulo eu falo algo, ok? Beijinhos e obrigada!

Capítulo XXIX
Amor, ódio e o extremo da dor



Lúcio Malfoy aprumou-se obedientemente do lugar em que se encontrava no círculo de Comensais da Morte e caminhou decidido para o centro, onde Harry, Rony, Hermione e Rebecca se encontravam estatelados ao chão de terra úmida. Ele aproximou-se primeiro de Rebecca e com um movimento brusco e estúpido ergueu a mulher pelos ombros e a colocou de pé. Em seguida, de forma lenta, mas firme e hábil, desfez cada um dos nós da grossa corda que a envolvia, a varinha apontada diretamente para o coração dela, caso a mulher tentasse qualquer movimento de fuga. Rebecca deixou-se ser tocada, erguida e desamarrada em total silêncio, seu olhar expressando a dor profunda e latejante de seu coração e o desespero de sua alma.

-Muito bom, Lúcio! – exclamou Voldemort analisando a cena criticamente. – Agora a menininha Sangue-Ruim...

-Deixem ela em paz... Deixem ela em paz...
– Rebecca murmurava fitando temerosa o homem loiro platinado aproximar-se de Hermione e da mesma forma violenta erguê-la, retirar-lhe as cordas e livrar-lhe da mordaça.

Hermione balançou precariamente e lutou para firmar seu peso, mas repentinamente seus ossos e músculos pareciam relutantes em obedecê-la e suas pernas pareciam feitas de geléia. Uma tontura desconcertante também veio para completar seu estado deplorável e a escuridão sombria do cemitério à sua frente tornou-se embaçada, fazendo a menina cair novamente de joelhos, fraca e derrotada.

-Coloque-a de pé, palerma! – trovejou Voldemort mirando Malfoy. – Eu não quero fazer isso pessoalmente e sujar minhas mãos com uma carne tão sem descendência quanto a dessa bruxinha nauseante de sangue imundo!

-Não fale assim de Hermione, crápula desgraçado!
– Rebecca explodiu usando toda sua já gasta energia.

Voldemort virou seus grandes e malignos olhos escarlates para a mulher, mas depois de alguns segundos sorriu e deixou sua atenção perambular de volta a Lúcio, que no momento agarrava Hermione pelos cabelos e a puxava para cima, obrigando-na a ficar de pé. A garota ganiu em dor e medo. Harry se debateu em suas cordas e Rony apertou os punhos, seu olhar azul brilhando em chamas de fúria.

-Solte-a, tire suas mãos dela, solte-a!... – protestou Rebecca tentando se atirar contra Malfoy, mas ele agiu rápido e estapeou sua face com vontade.

Agora todos os Comensais tinham as varinhas apontadas para as quatro pessoas ao centro, vigiando, atentos a cada movimento. A expressão de Voldemort flamejou de maligna satisfação e ele se aproximou de Rebecca, sua grossa capa preta esvoaçando com uma força estranhamente grande mesmo sob a ação de uma brisa noturna muito fraca. Sua face cadavérica, suas mãos de dedos longos e seus pés muito alvos reluziam em palidez debaixo do brilho etéreo dos raios de luar, contrastando violentamente com a cor vívida de seus olhos púrpuras. Lúcio Malfoy se afastou da mulher no instante em que seu mestre se emparelhou. Voldemort ergueu uma das mãos e alisou o rosto de Rebecca em ambos os lados da face, um momento antes de apertar dolorosamente o queixo dela e obrigá-la a encará-lo.

-E então, serzinho patético, você me odeia? – indagou ele em sua voz fria e desconcertante, ainda comprimindo o rosto dela sob seus dedos longos e finos como as pernas de uma aranha particularmente nojenta.

Rebecca ofegou em terror e suspirou de aversão por ser tocada pela criatura que destruiu o alicerce do castelo de sua vida e implodiu toda sua estrutura quando ela muito duramente tinha tornado a erguê-lo. Em silêncio, ela apertou os olhos fechados com firmeza, respirando fundo e tentando se controlar.

-Responda para mim, vamos. – cantarolou Voldemort num tom falsamente doce. – A Rebequinha odeia o papai?

Os Comensais da Morte deram risada uma vez mais.

-Eu não irei participar do seu plano sórdido e sujo. – respondeu a mulher numa voz contida. – Eu não vou facilitar as coisas para você. Saiba que eu não lhe odeio, apenas sinto PENA de uma criatura tão desprezível assim!

A boca de Voldemort se curvou no que devia ser um sorriso, embora o gesto parecesse demasiado diabólico vindo dele. Ele aumentou o aperto no queixo de Rebecca e com a outra mão agrediu o rosto marcado da professora, estapeando-o repetidas vezes e com tal intensidade que um magro filete de sangue começou a despontar do canto de seus lábios.

-PARE! – Hermione se esganiçou, manifestando-se pela primeira vez depois de ser livrada da mordaça. - Por favor, por favor, por favor...

Rebecca moveu a cabeça com força tentando se soltar da mão de Voldemort, mas não conseguindo se conformou em apenas encarar Hermione com o canto dos olhos, a agonia de seu coração aumentando demasiadamente rápido.

-O-ho! – exclamou Voldemort, sua atenção perambulando de Rebeca para Hermione. – Veja só, Rebequinha, a fedelhazinha Sangue-Ruim não quer que o papai maltrate você!... Nem um CARINHO? – ele bateu o punho fechado poderosamente contra o lado do rosto da mulher, fazendo-a gemer baixinho. – Nem um AGRADO? – ele arrastou as compridas unhas imundas na face dela, agora do outro lado, rasgando sua carne e deixando marcas como as provocadas pelas garras de uma fera. Rebecca cerrou os olhos, tentando ignorar a dor cortante e o ódio que começava a palpitar em suas veias.

-Hum... Você me odeia!... – Voldemort declarou entre risos. – Eu posso sentir o ódio tão agradavelmente emanando do seu corpo e vindo na minha direção... Mas realmente não está forte o suficiente. AINDA, eu diria. – Levantando a pálida mão outra vez, ele agora a atingiu em cheio no nariz, sangue espirrando por todos os lados pelo ar sinistramente quieto da noite. – Como uma boa professora você deve estar ciente que quanto maior a intensidade dos sentimentos opostos mais eficiente será o Encantamento das Almas, não? Assim sendo, suponho que devo oferecer alguns estímulos para que a minha querida Doadora se perca em amor e ódio...
Lúcio!
– chamou ele se virando para o Comensal.

-Sim, meu amo? – respondeu o homem.

-A garota... – disse Voldemort, mas sua concentração foi desviada por Harry e Rony, que se debatiam mais vigorosamente em suas cordas. – Coloque a bruxinha imunda diante da mulher, eu já disse que não quero contaminar minhas mãos tocando-a. – continuou ele. – Mas antes... Antes tire as mordaças dos outros dois.

-O que disse, meu mestre?
– Lúcio perguntou parecendo confuso, parando a meio caminho de Hermione.

-Que sua cabeça é desprovida de miolos ativos, Lúcio, eu já sabia. – Voldemort replicou mordazmente. – Mas que seus ouvidos não funcionem também, isso sim é uma novidade. Eu mandei tirar as mordaças dos outros dois! Será um fator a mais de diversão podermos ouvir a manifestação da platéia diante do espetáculo que está prestes a começar...

-Sim, meu amo.
– Malfoy murmurou num tom ligeiramente sentido e desgostoso. Dessa forma, ele andou até Harry e Rony e arrancou as grossas faixas negras que comprimiam suas bocas, livrando os lábios de ambos, que já estavam inchados com a pressão das mordaças.

-Viu? Você está livre até para me dizer boa noite agora, Potter. – zombou Voldemort enquanto Lúcio agarrava novamente uma Hermione chorosa pelos cabelos e empurrava a menina bem diante de Rebecca. Rony mirava a cena, apalermado e furioso.

-Você não vai conseguir cumprir seus planos sujos. – retrucou Harry respirando pesadamente para suportar a dorzinha latejante e contínua de sua cicatriz.

-E suponho que VOCÊ, o bonequinho herói Harry Potter, acha que poderá me impedir de alguma coisa e brincar de salvar o mundo, é? – Voldemort falou se aproximando do menino.

-Eu já impedi uma vez, não foi? – Harry respondeu de modo insolente, fazendo Rony e Hermione ofegarem em uníssono e o vermelho do olhar de Voldemort brilhar perigosamente.

-Você se acha muito importante, não é mesmo, Harry Potter? – ele falou com fúria, sua face viperina tão perto da de Harry que o garoto poderia sentir o fedor putréfico de sua boca. – Vou te fazer engolir cada uma dessas palavras atrevidas, molequinho bastardo, mas não agora...

Voldemort deu um empurrão no rosto do garoto e virou-se para o lugar onde Rebecca e Hermione se encontravam de pé, uma de frente para a outra.

-Isso não é bonito, Comensais? – desdenhou. – Ver Rebecca Brinks frente a frente com a reencarnação de sua amada filhinha?? Ver duas almas tão conectadas que atravessaram o tempo, mas não deixaram de se buscar?

Os homens encapuzados gargalharam em meio a vigorosos acenos afirmativos, enquanto lágrimas silenciosas caíam pelas bochechas de Hermione. Rebecca chorava também, embora seus soluços não escapassem tão silenciosamente.

-Vamos, Granger, o que você está esperando? Abrace sua mãe de alma. Deixe seu instinto agir e o amor correr solto entre vocês...

Hermione hesitou por um instante ou dois, mordendo o lábio inferior e suspirando quietamente, mas em seguida, muito amedrontada, obedeceu e se atirou nos braços da mulher, que a aceitou de bom grado, agora soluçando histericamente.

-Oh, Hermione... – resmungava Rebecca apertando a garota num abraço quente e acolhedor. – Minha menina, minha querida...

Ela retribuiu o aperto, seu coração ligeiramente mais leve e confortado, o resultado do seu choro molhando o ombro das vestes da professora.

-Eu amo você, Hermione. – Rebecca sussurrou com voz embargada.

-Ah, sim, isso é fato. – Voldemort concordou vitorioso. – Realmente um dos sentimentos necessário para a realização do feitiço já está forte o suficiente no coração da Doadora... O ambiente está se tornando nauseante e carregado, sinal que há muito amor por aqui!
Amor... coisa desprezível feita apenas para os fracos e tolos...


Rony, assistindo impressionado toda aquela cena e meramente pegando algo do que Voldemort falava, assimilou as últimas palavras e imediatamente se sentiu fraco e tolo, pois amor era algo que não faltava em seu coração naquele momento. De fato, o sentimento era tanto que parecia sufocá-lo, crescendo a cada segundo e a cada relance que sua visão pegava da garota assustada a sua frente. Ele queria confortá-la, protegê-la, segurá-la contra si e lhe garantir que tudo iria ficar bem. Ele queria deixá-la saber que nunca se sentiu tão feliz em toda sua vida quanto no momento em que lera a carta que ela lhe escrevera. Ele queria contá-la que também era absolutamente, loucamente e incoerentemente apaixonado por ela, e isso já estava acontecendo desde que ela o salvara do visgo do diabo no primeiro ano. Ou talvez, desde quando a vira entrar por aquela cabine do Expresso de Hogwarts procurando por um sapo... Pena que ele tinha sido muito cego para notar antes. Ou muito covarde para fazer alguma coisa a respeito.

-Oh, isso está ficando muito nojento. – falou Voldemort observando Rebecca e Hermione ainda abraçadas. – Acho que já é hora de oferecer alguns estímulos para o outro sentimento necessário...

Ele arregaçou as mangas de suas vestes negras como se preparasse para algo, deixando a mostra antebraços tão pálidos quanto todo o resto visível de seu corpo. Assim, caminhou-se decidido até as duas figuras femininas e bruscamente puxou Hermione pela parte de trás da gola de seu uniforme, arrancando a garota do abraço apertado de Rebecca.

-Não! – protestou a mulher amedrontada tentando em vão puxar Hermione de volta pelas mãos. – O que você vai fazer com ela? Deixe a menina em paz, você não precisa dela!

-Não preciso dela, Brinks?
– indagou Voldemort a encarando, a gola das vestes de Hermione ainda presa em sua mão. – Você também é desprovida de miolos por baixo desse coque ridículo? Eu preciso das três gerações para executar o feitiço e ela é a reencarnação de sua filha imprestável. A alma dela fará o papel de uma das gerações, é tão difícil para você entender?

-Mas você não precisa tocá-la!
– implorou Rebecca, seu tom lamentoso. – O papel do Terceiro Participante no Encantamento das Almas é apenas estar presente e ser o objeto de um dos sentimentos do Doador! Faça comigo o que quiser, mas deixe a menina em paz, eu lhe imploro!

-Eu deixarei ela em paz, sim...
– Voldemort disse com uma risada. – Em paz ETERNA...

Hermione sentiu seu corpo todo tremer ao ouvir essas palavras. Sua garganta estava seca, contrastando totalmente com a umidade de seus olhos e bochechas. Seu coração rodopiou numa overdose de sentimentos incoerentes e em sua mente pareceu rodar um filme de sua própria vida, onde ela assistiu imagens difusas de sua infância: Hermione bebê numa cadeira alta de papinha; Hermione bem criancinha sentada num canto do consultório odontológico de seus pais, observando-os atentamente e tentando entender os mecanismos de cada um dos aparelhos que usavam; Hermione assustada escondida atrás de um fogão numa festinha de aniversário de uma vizinha, onde depois de rir de seu cabelo a aniversariante misteriosamente acabou ganhando uma juba de leão africano... Essas imagens pipocavam em sua cabeça parecendo pálidas e distantes, como a de um longa metragem antigo em preto e branco. Mas logo depois as imagens desfocadas foram substituídas por cenas mais vívidas, mais coloridas: Hermione empolgada lendo uma carta tirada de um envelope amarelado e lacrado com vela derretida; Hermione maravilhada conhecendo as lojas do Beco Diagonal; Hermione confusa encontrando pela primeira vez um garoto que tinha a combinação estranha de olhos azuis como o céu de verão e cabelos vermelhos como o Expresso de Hogwarts. Um garoto com a boca cheia de doces, o nariz sujo e que não conseguia fazer um feitiço para seu rato ficar amarelo... Um garoto que tirou seu sono desde então, sendo seu inimigo insensível, seu amigo engraçado, sua primeira paixonite infantil, sua única paixão avassaladora, seu eterno amor incondicional. E com o término desse filme em sua cabeça, Hermione olhou para Rony e ao ver ao vivo aqueles olhos azuis refletindo os seus, ela verdadeiramente chorou.

-Você não pode estar falando sério, não, não... – Rebecca resmungou encobrindo o rosto com as mãos. Harry sabia que ele estava e, desesperado, sentiu vontade de fazer o mesmo que a professora e esconder a face também.

-Fique tranqüila, Rebequinha, ainda estamos um pouco longe dessa parte... – Voldemort sibilou, puxando a gola de Hermione com tanta força que a menina começou a sufocar. – Primeiro deixe-me atiçar seu ódio...

Ele girou o corpo da garota até deixá-la bem em frente a seus olhos vermelhos e com um sorriso malicioso ergueu a varinha lentamente:

-Crucio.

Hermione imediatamente cedeu à vontade de seu corpo e desabou no chão de terra coberto de mato, embolada em si própria como uma disforme massa trêmula. Uma dor penetrante maior e mais cruel do que ela sequer cogitava existir tomando conta de cada milímetro de sua carne, rasgando sua pele, queimando até o interior de seus ossos. Ela gritou mais alto do que se julgava capaz, berrou em agonia plena e desespero crescente, assistindo estrelas estourarem frente a seus olhos embaçados de choro e se contorcendo como uma serpente faria se estivesse em chamas.

O coração do ruivo explodiu no instante em que viu Hermione cair, as lágrimas que até então ele bravamente lutava para manter para si finalmente fluindo da imensidão de seus olhos, que agora assumiram um tom escuro, azul petróleo. Rony chorou e gritou, o temor e a tristeza explícitos em sua expressão e em seu tom:

-HERMIONE!!!

Harry e Rebecca também fizeram coro aos gritos, suas vozes suplicantes e aterrorizadas cortando o ar gélido da noite, ecoando em cada canto do pequeno cemitério e sobressaltando alguns morcegos e pássaros noturnos que se abrigavam nas árvores próximas. Os Comensais da Morte gargalharam.

-Emocionante, emocionante!... – Voldemort exclamou baixando a varinha e interrompendo os gritos de Hermione, que parou de se contorcer, mas continuou arraigada no mesmo lugar, ofegante, suada e trêmula. – E isso é porque ainda estamos apenas no começo...

-Hermione? – chamou Harry por entre dentes cerrados. A dor em sua cicatriz estava muito incômoda e levando a melhor, por mais que ele lutasse para ignorá-la. – Hermione, por favor, abra seus olhos! Seja forte... – ele pediu ligeiramente desesperado.

A menina continuou de olhos cerrados.

-Hermione, querida? – tentou Brinks também. A voz da mulher estava pastosa e embargada. – Abra seus olhos, não se entregue!

Rony encarou Hermione encolhida ao chão com o coração latejando. O bolo em sua garganta estava tão grande que era admirável que ele ainda pudesse respirar. Assistir a menina ser torturada e vê-la sofrer era a pior forma de ferida que alguém poderia abrir sobre ele. Seus sentimentos por ela eram tão fortes, sua alma doía tanto por não poder ajudá-la que isso superava qualquer tipo de dor física. Ele abriu a boca para dizer algo, mas a voz falhou e o máximo que o ruivo conseguiu emitir foi um soluço estrangulado.

-Obedeça sua “mamãe de alma”, imundinha! – ralhou Voldemort com a voz cortante, pisando sobre a forma trêmula de Hermione e balançando-a com o pé. – Abra seus olhos. Veja o mundo ao seu redor... Afinal, você não terá muitas chances para fazer isso novamente...

A garota obedeceu, abrindo seus olhos cheios de medo devagar e fracamente. As lágrimas tinham parado de correr por suas bochechas, embora seu rosto ainda estivesse completamente molhado. Aparentemente ela não estava encontrando forças nem mais para chorar.

-Muito bom! – Voldemort continuou, agora pressionando seu pé nu e branco algodão sobre a frente da face da menina. – A cadelinha de Sangue-Ruim é obediente, vejam só!

-PARE, SEU MALDITO!
– explodiu Rebecca. – PARE!

-Parar?
– riu ele. – Mas eu não estou fazendo nada no momento, estou? – replicou com sarcasmo. – A não ser que você queira que eu pare de não fazer nada? E logo, isso implicaria que você quer que eu continue o que estava fazendo antes?... Bem, Rebequinha, o papai não negará seu pedido... CRUCIO!

Voldemort tornou a apontar sua varinha na direção de Hermione e os berros de agonia da garota encheram a escuridão uma vez mais, embora dessa vez estivessem deliberadamente mais fracos, já que toda energia parecia estar se esvaindo rapidamente do corpo dela.

-NÃÃÃÃOOOOO!! – Rebecca interpôs, caindo de joelhos e chorando freneticamente.

-PARE! – Harry gritou também, suor gotejando de sua testa marcada com a dolorida cicatriz.

Voldemort gargalhou gostosamente e abriu a boca para oferecer uma réplica mordaz, mas sua atenção, como a de todos ali presentes, foi distraída pelos gritos de protesto de uma terceira pessoa.

-PARE COM ISSO!! – explodiu Rony, finalmente driblando o nó de sua garganta e encontrando sua voz. – POR FAVOR, PARE COM ISSO! ELA NÃO AGUENTA MAIS! ME MATE, MAS DEIXE HERMIONE EM PAZ!

Uma sombra de ligeira surpresa cruzou a face viperina de Voldemort quando ele girou seus olhos vermelhos gelados para o ruivo, baixando a varinha e interrompendo a maldição pela segunda vez. Ele analisou o garoto criticamente por alguns segundos fendidos e só depois voltou a falar:

-Penetrazinhos medíocres traidores do sangue não têm o direito de se expressarem aqui no meu espetáculo. – rosnou. – Mas se tudo isso é apenas vontade reprimida de participar mais diretamente, posso lhe dar um gostinho também, sou generoso, sabe?

E falando isso ele desviou sua varinha de Hermione para Rony e novamente recitou:

-Crucio.

Uma dor irreal devorou cada pedaço do corpo do garoto, que desabou também sobre o chão, gritando tão alto quanto possível e debatendo-se tanto que as cordas que o envolviam começaram a cortar seus braços, de onde brotaram gotas minúsculas e brilhantes de sangue.

Os berros de Rony tiveram efeito imediato em Hermione, que juntou cada caquinho da lânguida energia que ainda a restava, abrindo os olhos e resmungando num tom suficientemente audível:

-Pare! É a MIM que você quer. Continue comigo, deixe-o fora disso.

Voldemort atendeu prontamente, baixando a varinha e cessando a tortura sobre Rony. E assim que viu o ruivo gemer em nítido alívio, Hermione voltou a fechar os olhos, onde lágrimas teimosas voltaram a surgir.

-Eu continuo com você sim, bruxinha sarnenta... Com todo o prazer! Cruci-...

-NÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!
– a lamúria de Rebecca sobressaltou a todos. – CHEGA! PARE! BASTA!... CONTINUE COM SEU PLANO IMUNDO, FAÇA O QUE TEM QUE SER FEITO, MAS PARE DE TORTURAR HERMIONE! VOCÊ É UM CRÁPULA ORDINÁRIO! EU... EU ODEIO VOCÊ!

Voldemort encarou a mulher parecendo absolutamente satisfeito, seus olhos diabólicos luzindo e emanando maldade.

-O que você disse, Rebequinha? – cantarolou ele. – Eu ouvi corretamente ou a cadelinha da minha filha acaba de declarar em alto e bom som que ODEIA o papai?

Harry gemeu e remexeu-se inconfortavelmente, sabendo exatamente o que aquilo significava. Com os olhos lacrimejantes e a visão ligeiramente desfocada pela dor da cicatriz, ele olhou para os lados, buscando desesperadamente uma solução, uma luz, qualquer coisa que pudesse tirá-los daquele lugar. Tirá-los vivos daquele lugar. Mas quanto mais seu pescoço girava e seu olhar passeava ao redor, mais irremediável e irreversível a situação parecia: de um lado, sua melhor amiga tinha os olhos cerrados e respirava pesadamente, trêmula, fraca e, Harry pensou com um gosto amargo na boca, beirando a morte. Do outro lado, seu melhor amigo estava caído, pálido como um fantasma, as sardas de seus braços e face se misturando e se confundindo com gotículas de sangue, uma expressão de tristeza incomparável e completa desolação. À sua frente, Rebecca Brinks estava ajoelhada chorando, depois de declarar exatamente o que a figura maquiavélica de Voldemort estava esperando ouvir: ela sentia ódio por ele. Justamente o fator que faltava para a realização do tal feitiço maligno chamado Encantamento das Almas.

Rebecca calou-se, se negando a responder. Voldemort aproximou alguns passos da mulher.

-Responda, imbecil! – exigiu segurando o queixo dela e obrigando-na a encará-lo. – Você me odeia?

Ela apertou os lábios com força, claramente tentando se controlar, mas Voldemort apontou a varinha na direção de Hermione, como se dissesse “Responda ou eu continuarei a torturando”, e então Rebecca não pôde suportar mais:

-Eu odeio você sim, seu canalha! – ela sussurrou furiosa, o ódio de fato explícito em cada palavra.

-N-não... – Hermione ofegou num fio de voz. – Não... isso é... isso é o que ele quer.

Harry a ouviu, se admirando de como a amiga poderia ser brilhante até mesmo quando a vida estava se esvaindo de seu corpo. Rony a encarava com uma expressão tristemente admirada e Harry percebeu que o amigo devia estar pensando mais ou menos a mesma coisa.

-Bem, bem, então é isso. – disse Voldemort percorrendo o círculo de Comensais da Morte. – Com a primeira e a segunda geração presentes e a reencarnação da terceira, estamos com o time completo. E agora os sentimentos contrários da Doadora já estão num ponto bom... O amor e o ódio estão em níveis equiparados. Sabem o que isso significa, Comensais? – indagou ele sem aguardar por uma resposta. – Significa que finalmente estamos chegando ao ponto alto da noite!
Mas, antes... Eu estou certo que com as mentezinhas atrofiadas de vocês o que eu direi em seguida será uma novidade. Vocês por acaso sabiam que para a realização do Encantamento das Almas é necessário que o Terceiro Participante esteja presente, mas não necessariamente... VIVO?


Um silêncio geral envolveu as pessoas, enquanto calafrios de terror percorreram os corpos de Rebecca, Harry, Rony e Hermione. Todos ali tinham uma boa idéia do que estava por vir...

-Meu mestre? – chamou a voz de Belatriz Lestrange. – O senhor me permite expor uma pequena dúvida?

-Bela, Bela, Bela...
– falou ele em tom zombeteiro. – Qual a parte do “não necessariamente vivo” sua cabecinha oca inútil não conseguiu entender?

-Não, milorde, não é isso...
– ela apressou-se em falar. – Apenas é que... se não é necessária a presença do Terceiro Participante vivo, então qual a razão do meu amo não ter usado a menina Kimberly mesmo morta?

-Seu cérebro é deficiente ou inexistente, Belatriz?
– cortou Voldemort rispidamente. – A insolentezinha morreu antes de completar treze anos, se eu recuperasse os restos mortais da garota ou mesmo se eu mantivesse o corpo dela mumificado sob ação de um feitiço congelante, ainda seria o corpo de uma criança com idade incompleta, não seria? Ou você acha que cadáveres continuam se desenvolvendo normalmente, sua estúpida?

Os outros Comensais soltaram pequenos bufos debochados. Belatriz pareceu murchar instantaneamente, beijando as barras das vestes de Voldemort e murmurando:

-Não, não... perdão, milorde.

-Bem...
– prosseguiu ele puxando sua capa bruscamente para longe da Comensal e fazendo-a se desequilibrar. – Como eu ia dizendo antes da INTELIGENTÍSSIMA interrupção de Bela, o Terceiro Participante não precisa estar necessariamente vivo... Não acha isso legal, Granger? – terminou se abaixando perto da ofegante garota prostrada sobre a terra.

-FIQUE LONGE DELA! – berrou Rony num assomo de coragem, embora estivesse aos prantos. – SE AFASTE DE HERMIONE!

-VOCÊ QUER A MIM!
– Harry gritou também, seu estômago se contorcendo de medo do que poderia acontecer à amiga. – VOCÊ QUER A MIM, NÃO A ELA!

-VOCÊ NÃO PRECISA FAZER ISSO!
– Rebecca somou, implorando. – REALIZE O FEITIÇO SEM TOCAR NELA! POUPE AS CRIANÇAS!

Voldemort se ergueu sorrindo, uma cruel luz de diversão brincando em seus olhos.

-Ora, não sejam ingratos, vocês gostarão dessa parte do meu espetáculo, tenho certeza. – disse ele.

Harry fingiu uma risada debochada, tentando qualquer coisa, qualquer jogada que pudesse evitar o pior. Talvez se atraísse a atenção de Voldemort para si ele conseguisse salvar a amiga, ganhar tempo...

-Espetáculo, é? – ele falou tentando fazer a voz mais sarcástica que conseguia. – E você é o grande palhaço desse circo?

-Lave sua boca antes de falar do mestre, bebezinho Potter, insolente!
– esbravejou Belatriz apontando sua varinha para Harry e fazendo a boca do garoto se encher de espuma. Ele se engasgou com o gosto de sabão, tossindo e cuspindo, seu corpo todo estremecendo com a força do ódio por aquela mulher.

-Não se intrometa onde não é chamada, Bela. – ralhou Voldemort mirando sua Comensal perigosamente. – Deixe que Potter fale o que quiser e enquanto pode... Prossigamos com isso de uma vez. Onde está o covarde desprezível do Rabicho?

-Enfeitiçado em algum ponto lá atrás, milorde.
– respondeu Lúcio Malfoy apontando para o lado do cemitério onde os pacotes-portais estavam caídos. – Potter o bateu com alguma azaração.

-Sempre inútil aquele lá.
– rosnou Voldemort. – Mais tarde cuidarei dele pessoalmente. Mas agora... Lúcio, faça as honras então.

-Sim, meu amo.
– o loiro concordou com uma pequena reverência. – O que devo fazer?

-Traga a Sangue-Ruim até mim.


Malfoy caminhou prontamente até Hermione e mais uma vez segurou-a pelos cabelos, obrigando-na a ficar de pé. A menina gemia baixinho e balançava no mesmo lugar, como uma grande marionete que não pode se suportar sem ajuda.

-Não! – pediu Rebecca que já estava rouca de chorar e implorar.

Harry estava sem ação, os olhos verdes arregalados por detrás dos óculos.

“Faça com que alguma coisa aconteça, por favor, faça com que alguém apareça. Por favor, faça com que ela não morra...” – pensava ele desesperadamente.

Rony parecia em transe, o olhar desfocado e brilhante com lágrimas, a expressão um misto estranho de preocupação e fúria.

-TIRE AS MÃOS DELA, BASTARDO COVARDE DOS INFERNOS! – berrou ele fitando Malfoy segurar Hermione pelos cabelos. – EU VOU MATAR VOCÊ!

Os Comensais deram risinhos entre si, divertidos, enquanto Malfoy sorriu desdenhosamente para Rony, arrastando Hermione com mais força na direção de Voldemort.

-Pronto... – falou Voldemort assim que Hermione já estava posta à sua frente. – Agora isso será interessante, apesar de não passar de uma diversãozinha antes do “grand finale”...

Ele ergueu sua varinha e apontou o objeto diretamente na direção do coração da menina. Simultaneamente, Harry, Rony e Rebecca gritaram. Hermione ofegou, sem forças.

-Mas antes... – Voldemort resmungou ironicamente, baixando a varinha. - ...Oh, como meu coração amoleceu, estou ficando caridoso! – exclamou ele, agora se virando para Hermione. – Antes dessa bela cena, você tem alguma última coisa para dizer a eles? – perguntou apontando aos seus outros prisioneiros.

Hermione não respondeu. Ela manteve-se quieta, a cabeça baixa, os olhos só ligeiramente abertos e as lágrimas fluindo continuamente por sua face e caindo em suas vestes e na terra coberta de mato.

-Lúcio! – Voldemort chamou novamente. – Leve-a a cada um deles e vamos nos divertir presenciando as últimas palavras dessa Sangue-Ruim imunda e nojenta... Isto é... Se ela conseguir falar, não é?

As figuras encapuzadas soltaram grandes risadas de excitação. Lúcio Malfoy se apressou a fazer o que lhe foi mandado e arrastou Hermione, colocando-a diante de Harry. A garota ergueu a cabeça com muita dificuldade para encarar os olhos verdes sempre muito expressivos de seu grande amigo. Ele engoliu em seco e ambos apenas se olharam por alguns segundos, antes de Voldemort voltar a falar:

-E agora, Harry Potter? O que você tem a dizer à sua querida amiguinha trouxa? Hum... Aceitaria uma sugestão?? Que tal, talvez... “Te encontro daqui a pouco no inferno”? – completou soltando sua gargalhada sem alegria e sem vida.

Harry ignorou a provocação, sentindo todos seus interiores se retorcerem e pesarem como chumbo. Ele deixou seu olhar se encontrar com o da amiga, se lembrando da primeira vez em que a viu, com aquele ar mandão e falando sem parar como uma vitrola estragada. A partir daí foi como se cada um dos momentos que passaram juntos viesse de uma vez à sua mente, trazendo de volta cada sorriso compartilhado, cada bronca levada dela, cada conselho e ajuda. Se Hermione não tivesse aparecido em seu caminho, provavelmente ele não estaria vivo agora mesmo para contar a história, já que fora a amiga que lhe tirara de grandes apertos. Não importa o quanto ela desaprovava os rompimentos de regras, ou o perigo que suas ações representariam para suas notas, seus estudos ou para sua vida. Hermione era justa e dura como aço, e nunca abandonaria um amigo em dificuldade. Se ela não estivesse sempre lá para ele, Harry teria morrido esganado pelo visgo do diabo ainda em seu primeiro ano. Mas, por outro lado, se ELE não tivesse se metido no caminho da menina, haveria grandes chances de hoje ela não estar aqui, machucada e sofrendo. Haveria grandes chances de ela não estar prestes a perder a própria vida...

Um assomo amargo e cruel de culpa ferroou o coração de Harry e picou seus olhos, fazendo-o derramar uma única lágrima, que deslizou quase carinhosamente por sua bochecha suada. Hermione, por sua vez, chorava livremente, soluçando baixo. Ela tomou uma respiração profunda e estremeceu, já que o simples gesto lhe causava dor.

-N-não... n-não foi sua culpa, Harry. – ela murmurou com dificuldade, seus olhos cheios de ternura pelo amigo. – E-eu ainda acredito em você. Obrigada p-por sua amizade, obrigada por t-tudo. Você é um g-grande bruxo, Harry... Nunca se esqueça disso.

-Eu já lhe disse isso antes, Mione. Não mais que você.


Hermione se moveu, envolvendo Harry num afetuoso abraço, mas logo Voldemort já estava rindo e aplaudindo e Lúcio Malfoy já tinha afastado os dois amigos, levando a garota para estar à frente de Rebecca.

No silêncio quase total da noite, menina e mulher se encararam longamente, ambas chorosas e descontroladas.

-Você trouxe a felicidade de volta à minha vida, Hermione. – declarou Rebecca encontrando sua voz no meio de tantas lágrimas. – Eu não tenho palavras para expressar o quanto você significa para mim. Eu amo você.

A garota chegou a abrir a boca para esboçar uma resposta, mas foi interrompida: Voldemort, numa clara tentativa de aumentar ainda mais o ódio de Rebecca, ergueu de novo sua varinha na direção de Hermione e declarou firmemente:

-Crucio!

A menina rolou pela terra outra vez, se contorcendo, arqueando, gemendo e gritando. Harry fechou os olhos e desejou ser surdo para não ouvir a agonia da amiga. Rebecca tentou se atirar na frente da garota, mas foi segurada por Malfoy. Rony berrou o nome dela e se debateu em suas cordas.

-Certo. – disse Voldemort tornando a baixar a varinha. – Está tudo muito bom, mas chegou a hora de terminar com isso.

Sob essas palavras, Hermione pareceu juntar toda sua gama de energia restante e ergueu a cabeça, buscando uma luz naquela escuridão macabra. Uma luz especial. Uma luz azul. E logo ela a encontrou, encarando o olhar anil de Rony profundamente. O ruivo retribuiu o gesto.

-Hum... Esperem um instante. – Voldemort exclamou de repente. – Ainda falta um pouquinho de diversão. – somou observando Rony e Hermione se encararem. – Lúcio! Leve-a até ele! Vamos ver o que esses dois têm a dizer um para o outro...

Malfoy obedeceu, mais uma vez arrastando Hermione com violenta estupidez e praticamente arremessando a menina na frente do ruivo. Ela cambaleou, mas conseguiu se manter de pé. Lentamente, hesitante e como se amedrontada do que viesse a seguir, a menina ergueu a cabeça e deixou seus olhos se encontrarem com os de Rony novamente. E o mundo parou naquele segundo. Durante alguns momentos, ambos se mantiveram apenas assim, se encarando, se estudando... Como se estivessem se vendo pela primeira vez. Como se estivessem se apaixonando pela última. O azul do olhar do ruivo parecia amenizar toda a dor que torturava a garota, era como se um pudesse de fato enxergar o amor emanando do outro, os envolvendo e os engolfando numa emoção agradável e morna.

-Ron... – Hermione sussurrou, fazendo-no arrepiar. Ele sempre se sentia assim quando ela lhe chamava de “Ron”. – Ron, eu...

O menino fez um breve sinal com a cabeça lhe pedindo que se calasse, lágrimas silenciosas rolando em suas bochechas e fazendo suas sardas parecerem mais brilhantes.

-N-não... não fala nada, Mione. – ele sussurrou de volta.

-M-mas Ron... – gaguejou ela. - Eu preciso falar. Eu... eu quero que você saiba, Ron... – ela tomou fôlego antes de continuar com a voz fraca, nunca interrompendo o contato visual. – Eu quero que você saiba que... que é verdade. Tudo que escrevi naquela carta é verdade. Eu... Eu posso perder minha vida agora Rony, mas saiba que eu já perdi meu coração para você há muito tempo atrás.

Em algum lugar ali perto soaram risadas debochadas, mas Rony as ignorou. Ele ignorou tudo, pois só o que importava para ele em todo o universo estava justamente ali na sua frente e lhe dizendo coisas mais doces do que ele poderia ter ouvido mesmo em seus sonhos mais delirantes. Vagamente ele sentiu lágrimas ainda escapando de seus olhos.

-Mione, eu... eu não acho que tudo que esteja naquela carta seja verdade. – ele murmurou.

A menina assumiu um ar surpreso e ele apressou-se a explicar:

-Pelo menos sobre a importância das palavras... Eu quero dizer, você disse que as três palavras mais importantes eram “Eu te adoro” e eu te digo que as duas mais importantes são “Eu também”. E eu não acredito que a palavra mais importante seja “eu” ou “você”. Mione, a palavra mais importante é... “Nós”.

O máximo que Hermione conseguiu foi despontar um minúsculo, mas sincero sorriso, pois Voldemort parecera ter se irritado de tanto falatório e no instante seguinte tinha elevado a varinha na direção da garota e finalmente bradado:

-Avada Kedavra!

A escuridão da noite foi quebrada por um clarão de luz verde e em seguida ouviu-se um baque macio. Tudo aconteceu em questão de segundos, mas pareceu muito mais do que uma eternidade. Parecia que o mundo tinha parado. O ar estava carregado e a visão que se poderia ter era de uma jovem garota de cabelos castanhos ligeiramente fofos caída ao chão de terra, os olhos meio abertos, um pequeno sorriso em seu rosto e a vida fora de seu corpo. Uma pequena estrelinha de diamante pendia de uma correntinha em seu pescoço, agora apagada e sem brilho algum. De repente, o silêncio era tão forte que feria os ouvidos. O único som cortando o ar era o causado pelos soluços de um garoto ruivo, que tinha vida em seu corpo, mas seus olhos azuis mostravam que seu coração acabara de morrer junto com Hermione.


*****



N/A: Primeiro:

(.........................................................................)

Isso foi um minuto de silêncio!! Rs... :-)
Ok, ok, brincadeirinha de mal gosto, me desculpem.

Agora sério, esse capítulo foi cruel de escrever, eu juro que senti o sofrimento de cada um deles!... Mas olhem, me xinguem, me esganem, me mandem cartas bombas, só por favor NÃO PAREM DE LER! Ainda temos 5 capítulos pela frente e MUITA água para rolar, certo?
Conto com vocês!

Quero agradecer de coração a cada uma das pessoas que está lendo e principalmente aos que estão comentando, são suas opiniões que alimentam minha vontade de escrever. Milhões de obrigada!

Super beijo e até a próxima!

P.S= Devido à cargas de comentários que recebi reclamando, eu tinha que voltar para dizer isso: A HISTÓRIA NÃO ACABOU! NÃO DEIXEM DE LER, POR FAVOR! PROMETO QUE VOCÊS ENTENDERÃO...

Obrigada.

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Comentários (2)

  • Andréa Martins da Silva

    Não gostei. Mas acredito na sua competência como escritora e creio que algo será revertido. Tomara!  

    2013-11-09
  • Lana Silva

    UALLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLEssa ultima parte foi horrivelmente linda, muito linda e triste :/ 

    2012-03-08
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