Fuga do pai e mudança do filho



Capítulo XXIII
Fuga do pai e mudança do filho



O restante de fevereiro se foi e março já estava quase chegando ao fim. Os professores estavam cada vez mais exigentes e o nível de dificuldade das aulas tinha atingido um limite até mais alto do que qualquer sextanista, inclusive Hermione, poderia esperar. Eles não tinham mais uma noite sequer de folga, sem redações, questionários ou todos os tipos de deveres imagináveis. Mas à medida em que o feriado da Páscoa estava se pondo mais próximo, os alunos, cansados, tornavam-se gradualmente mais dispersos.

-Harry, o que você acha de uma partidinha de xadrez? – perguntou Rony durante um entardecer, enquanto o trio se encontrava numa barulhenta sala comunal: Hermione concentrada, encolhida atrás do livro texto de Feitiços, Harry perdido entre pergaminhos e um grosso livro de Poções e Rony largado em uma poltrona, suas pernas compridas esticadas sobre um dos braços da mesma e a cabeça largada no outro.

Harry voltou a atenção para o amigo, uma expressão miserável e os olhos verdes parecendo cansados por trás dos óculos redondos.

-Seria ótimo. – falou ele lentamente. – Se o seboso do Snape não tivesse me dado quilos de deveres extras e os quisesse todos prontos para a aula de amanhã.

-Aquele estúpido remelento, nariz de gancho dos infernos...
– praguejou Rony, fazendo Harry ensaiar um sorriso e Hermione baixar o livro e encarar o ruivo com as sobrancelhas erguidas.

-Linguagem, Rony Weasley. – disse ela em tom de bronca, mas com um brilho divertido dançando em seu olhar.

-Mione, minha salvação!... – exclamou o ruivo virando o rosto para a menina e lhe dando um olhar penetrante e um sorriso de derreter. – Joga xadrez comigo?

-Não vê que eu estou ocupada, Rony?
– resmungou ela tentando não sorrir de volta.

-Ah, mas eu estou entediado. – ele fez um beicinho e uma cara suplicante. – Joga comigo, vai?

-E por que você não encontra algo útil para fazer?
– disse Hermione ocultando o rosto atrás do livro para esconder o sorriso.

-Porque eu estou com vontade de jogar xadrez. – falou ele se sentando e correndo as mãos para aplainar o cabelo que tinha se arrepiado de roçar no braço da poltrona. – Com você.

-Ah, então suponho que você irá ficar na vontade, Rony Weasley, porque eu estou muito ocupada no momento para- EI!
– ela deu um gritinho agudo antes de concluir a frase. Rony tinha se erguido da poltrona, jogado o livro de Feitiços no qual ela se escondia para o lado e a agarrado pela mão, a puxando com força e tentando forçá-la a ficar de pé.

-Só uma partidinha, Mione! – disse o ruivo rindo. – Eu prometo tentar não lhe dar uma derrota tão arrasadora...

-Me solta, Rony!
– alegou Hermione entre risadas, firmando os dois pés no chão e forçando as costas sobre o encosto da poltrona. – Eu não quero jogar!

-Nesse caso eu posso usar meus métodos de persuasão.
– falou o menino dando um sorriso inclinado. – Rony Weasley pode ser muito cruel quando a situação exige!

A garota ergueu uma das sobrancelhas numa expressão cética. Seus lábios ainda desenhavam um sorriso e seus olhos esquadrinhavam cada sarda do rosto maroto do ruivo a sua frente, como se tentando descobrir o que aquele olhar azul luminoso estava planejando e reservando à ela. Desde o dia da festa da Grifinória, onde os dois voltaram a se entender e ambos os lábios tentaram se conhecer, Hermione havia notado que seu relacionamento com Rony tinha se alterado de alguma maneira. Era como se um não conseguisse ficar próximo do outro sem a necessidade de um sorriso, um olhar perturbador ou um toque, mesmo o menor que fosse. Seus corpos pareciam pólos opostos de um grande ímã, que se puxavam e se atraíam simultaneamente e isso era uma coisa mágica, mas, de certa forma, tremendamente assustadora. No momento, por exemplo, o ruivo ainda segurava sua mão entre as dele, fazendo com que cada poro da pele de Hermione se eriçasse e ela se perdesse em arrepios. Mas mesmo com esse oceano de sentimentos e sensações, sorrisos e olhares, nenhum dos dois procurou mudar sua condição de “amigos”. Rony nunca tocara no assunto sobre o beijo (ou “encontro de lábios”, como Hermione gostava de pensar sobre isso), e a menina tampouco se aventurou por algo tão delicado.

-Cruel, é? – zombou a garota. – Você irá me lançar um “Imperius” e me obrigar a jogar com você?

-Hum... Não.
– disse Rony numa voz estranha, se abaixando ao lado da poltrona em que ela continuava sentada. – Quem precisa de “Imperius” quando se pode... FAZER CÓCEGUINHAS!

E, dizendo isso, ele cutucou os dois dedos indicadores por entre as costelas da garota, fazendo-a saltar e estourar em gargalhadas.

-Pare, Rony! Pare! – guinchava ela entre uma risada e outra, se contorcendo e lutando para se desvencilhar das mãos grandes e sardentas do menino.

-Sem chances, Mione! – ria Rony também, a arreliando e a cutucando em todas as partes sensíveis.

-Não, não!... RONY, PARE! – berrou Hermione numa voz aguda, seus olhos agora úmidos com lágrimas de riso.

Toda a sala comunal parecia ter congelado seus próprios afazeres para observar a brincadeira entre seus dois monitores. Uns pareciam divertidos, outros surpresos e alguns pareciam até mesmo invejosos. Adam Banks observava com fascinação Hermione gargalhar, enquanto outras primeiranistas davam típicas risadinhas. Harry, por sua vez, fitava seus dois melhores amigos com um sorriso pequeno na face: Rony tinha as bochechas coradas com satisfação e o cabelo vermelho ainda mais arrepiado. Hermione, sempre séria e compenetrada, agora parecia uma criança brincando em um parquinho pela primeira vez. Seus cabelos caíam-lhe por todos os lados sobre o rosto e seus olhos brilhavam intensamente, talvez pelas lágrimas de riso, mas certamente pelo bem que o ruivo lhe fazia. O bem que ambos se faziam, Harry se corrigiu mentalmente. Seu amigo nunca pareceu tão livre. Sua amiga, tão viva.

-Você se rende? – arreliou Rony sorridente, titilando o pescoço da garota e se desviando dos soquinhos que ela dava em seu peito na tentativa de se livrar.

-R-Rony... p-por favor... – ofegava Hermione, já sem forças de tanto rir. – P-Pare, eu me rendo!!

-Eu não ouvi, fale mais alto!
– incitava ele voltando a cutucar suas costelas.

-Eu me rendo, e-eu me RENDO! – gritou a garota.

O ruivo interrompeu as cócegas, embora suas mãos continuassem distraidamente sobre Hermione. Ele as tirou de suas costelas e postou-as sobre seu antebraço, observando alegremente a menina deitada sobre a poltrona, respirando com dificuldade, os cabelos numa desordem selvagem e as vestes, sempre arrumadas de modo impecável, agora completamente desordenadas e tortas. O menino sorriu com o pensamento de ter sido ele o realizador dessa façanha.

-Isso. Foi. Jogo. Sujo. – ela falou pausadamente, observando com atenção a imagem de Rony ajoelhado ao seu lado e enfiando um dedo acusadoramente sobre o tórax do garoto a cada palavra pronunciada.

-Eu lhe disse que Rony Weasley pode ser cruel quando a situação exige. – respondeu ele rindo de esguelha, levantando-se e oferecendo uma mão para ajudá-la a se erguer também. – Cumpri minha palavra. Agora só falta cumprir a parte em que eu disse que ia tentar não lhe dar uma derrota tão arrasadora, embora essa seja um pouco mais difícil. – completou, divertido.

Hermione aceitou a mão do menino, sorrindo e revirando os olhos. Ao seu redor, toda a sala comunal parecia observá-los, fato que fez suas bochechas tornarem-se um rosa fundo. Seu olhar se encontrou com o de Gina, que estava estudando a um canto distante e a ruiva lhe deu uma breve piscadinha antes de voltar a atenção ao livro à frente dela. O que afinal era tão interessante numa brincadeira entre... amigos? Ela estaria sendo muito óbvia?

“Eu nunca quero perder sua amizade.” – as palavras de Rony no dia da festa da Grifinória voltaram mais uma vez à sua mente, enquanto ela observava o garoto, concentrado, preparando o tabuleiro de xadrez na mesinha entre eles. Ele pareceu sentir seu olhar e ergueu a cabeça para fitá-la de volta, fazendo-a se perder na imensidão do azul de seus olhos.

-Pronta? – o ruivo perguntou com um sorriso, tocando-lhe seus joelhos com os dele por debaixo da mesa de modo brincalhão.

Ela reprimiu um suspiro e acenou com a cabeça, ignorando os arrepios que corriam mais uma vez por sua espinha e a batida desenfreada de seu coração. Sim, ela nunca queria perder a amizade dele também. E ela não suportaria que se afastassem de novo. E se para manter Rony ao seu lado ela teria que se conformar em ser apenas amiga, o sacrifício seria feito. Mesmo que os lábios dela clamassem pelo calor dos dele novamente. Mesmo que seu “amigo” estivesse lhe causando certas sensações que a matava aos poucos, a cada dia.

*****



Hermione empilhou organizadamente mais uma pilha de roupas dentro do seu malão e começava a ajeitar com cuidado alguns dos seus livros quando a porta do seu dormitório se abriu. Era o início da noite e o dia seguinte seria o último dia de aula antes dos feriados da Páscoa.

-Oi, Mione, posso entrar? – perguntou Gina enfiando sua cabeça ruiva através da porta.

-Claro, Gina. – disse a menina sorrindo e fitando a expressão ligeiramente aborrecida da amiga. – Aconteceu alguma coisa?

-Não, exatamente.
– falou a ruiva sentando-se na cama de Hermione. – E esse é o problema. Há tempos NADA acontece na minha vida. – ela bufou.

-Harry? – indagou Hermione sentando-se no chão de frente à Gina, que apenas balançou a cabeça em sinal afirmativo e emitiu um barulhinho muito semelhante ao de um gato irritado.

-Bom, Gina... – começou a garota. – Eu já lhe disse o que deve se passar na cabeça dele... Acho que o fato de estar gostando dessa maneira da irmã do melhor amigo o perturba um pouco e o impede de dar o próximo passo.

-Mas o que é suposto que eu faça?
– suspirou a ruiva. – Irmão não é algo que nos dão opção de escolha, ou eu jamais teria escolhido o estúpido do Rony.

-Não fale assim...
– murmurou Hermione baixando os olhos. Gina a encarou, as sobrancelhas erguidas e os lábios apertados.

-Ah, o que foi, Hermione? Eu tenho certeza que você também não o escolheria como irmão se pudesse. – disse ela. – Embora por motivos muito diferentes dos meus, lógico. – acrescentou com um meio sorriso.

-Não comece, Gina. – resmungou Hermione já sentindo o familiar calor em suas bochechas.

-Começar o que? – a ruiva assumiu uma postura inocente. – Eu não direi nada. Respeito a sua vontade de esconder de mim o que está havendo entre você e o meu irmão.

Hermione ergueu a cabeça tão depressa para encarar a amiga que seus cabelos firmemente enrolados num nó começaram a se soltar.

-Gina! – repreendeu ela com voz aguda. – Não está havendo nada entre nós dois! O Rony é só meu... amigo. – terminou, desviando o olhar para o chão uma vez mais.

-Nesse caso, por que será que farejei um cheiro de culpa no modo como você disse a palavra “AMIGO”? – indagou Gina de uma maneira perspicaz.

As bochechas de Hermione arderam como brasa, mas ela conseguiu gaguejar:

-V-você... você está imaginando coisas...

-Oh, sim!
– concordou a ruiva. – Talvez eu esteja mesmo. Eu e a sala comunal inteira estávamos imaginando coisas quando vimos a MONITORA, a menina mais séria e compenetrada da Grifinória, guinchando com risadas e rolando por uma poltrona com o meu irmão.

-Gina!
– guinchou Hermione mais uma vez, horrorizada. – Você faz isso parecer sórdido! E eu não estava ROLANDO POR UMA POLTRONA com seu irmão! Só estava... estava... era uma brincadeira! O que há de estranho em amigos fazerem isso?

-Nada.
– Gina encolheu os ombros. – Da mesma maneira em que não há nada estranho em um AMIGO dar uma JÓIA de DIAMANTE para uma amiga no DIA DOS NAMORADOS...

Hermione boquiabriu-se para a menina e pela primeira vez pareceu não ter uma resposta a dar. O calor que emanava do seu rosto era tão intenso que ela se impressionou que Gina não estivesse de fato vendo fumaças saindo de seus ouvidos ou labaredas percorrendo suas bochechas.

-Er... eu... eu... – murmurou ela completamente sem jeito.

-Tudo bem, Mione. – a ruiva colocou uma mão consoladora no ombro da amiga. – Não precisa dizer nada. Não foi para discutir essas coisas que vim até aqui, afinal de contas.

-Ok.
– disse Hermione tentando se recompor. – Por que você veio, então?

-Eu preciso que você me ajude com a teoria de Transfiguração.
– respondeu ela. – E também com História da Magia. Nunca me concentrei numa só palavra que o Binns tenha dito em todos esses anos...

-Harry e Rony sempre disseram a mesma coisa.
– riu Hermione. – Francamente...

-Nenhuma novidade, Mione. Acho que você foi a primeira em séculos a prestar alguma atenção nessa aula. Quem sabe seu nome já poderia até ser citado em “Hogwarts, Uma História” por causa disso.
– zombou a ruiva.

-Também não exagere. – retrucou a garota em tom divertido, girando os olhos. – E é claro que lhe ajudo. Você já quer começar?

-Oh, não, não.
– respondeu Gina balançando uma mão. – Pensei que poderíamos começar durante os feriados da Páscoa, se você não se importar.

-Eu não me importaria, Gina.
– começou Hermione. – Mas provavelmente não irei ficar em Hogwarts durante os feriados.

-Você resolveu ir para casa, então?

-Bom, você sabe como meus pais andam preocupados comigo agora.
– respondeu ela com um suspiro. – Eles só me deixaram ficar no natal porque eu lhes disse que Dumbledore esse ano permitiria que os alunos fossem para casa durante a Páscoa. Eu lhes enviei uma coruja hoje de manhã dizendo que tenho muitas tarefas e muito a estudar e pedindo permissão para ficar, mas as chances deles concordarem são remotas.

-Acho que quase toda a escola irá para a casa para compensar a permanência aqui no natal.
– falou Gina. – Esse castelo será a imagem crua do tédio.

-Mesmo assim eu gostaria de ficar.
– resmungou Hermione encarando tristemente o seu malão. Afinal, mesmo que não ousasse verbalizar seus pensamentos, a mente da garota não conseguia ver como um castelo praticamente vazio, inteiro à disposição dela e dos amigos, poderia ser a imagem crua do tédio. Pois, embora não houvessem aulas, lições ou a maioria dos alunos, a parte mais importante ainda estaria ali. Não a biblioteca com seus milhares de livros ou a árvore próxima ao lago a qual ela tanto adorava. A parte mais importante que ainda estaria ali não era cheia de livros, embora fosse repleta de mistérios a se descobrir. Tampouco era feita de galhos, embora inspirasse a mesma paz que as folhas inspiram quando dançam sob a ação do vento. A parte mais importante que estaria ali era Rony. E nada poderia soar entediante se Rony Weasley estivesse envolvido.

*****



O teto do Salão Principal estava escuro e nublado na manhã seguinte. Grandes nuvens cinzas-chumbo passavam depressa com o vento e relâmpagos cruzavam por toda a imensidão opaca do céu daquele final de março.

-Onde é que está o correio, que não chegou ainda? – perguntou Hermione ansiosa, olhando seu relógio de pulso e dele para o alto novamente.

-Por que você está tão interessada? – indagou Rony interrompendo o ato de passar geléia em suas torradas e encarando a garota suspeitosamente. – Esperando alguma correspondência... especial?

-Estou. – disse ela voltando sua atenção para seus ovos mexidos e ignorando o brilho de irritada curiosidade que flamejou nos olhos do ruivo.

-Hum... – fez ele ainda a encarando. – Suponho que algo de longe... lá dos lados distantes da Bulgária, talvez? – completou em tom desdenhoso.

-Não exatamente, Rony. – falou Hermione ligeiramente exasperada. – Não estou esperando algo vindo lá DOS LADOS DISTANTES DA BULGÁRIA... E se você precisa mesmo saber, estou esperando uma resposta dos meus pais.

-Mas aconteceu alguma coisa, Mione?
– perguntou Harry fitando a amiga. – Você parece preocupada...

-Não, não aconteceu nada.
– esclareceu ela. – É só que eu pedi aos meus pais permissão para ficar em Hogwarts durante os feriados.

-Mas você não vai ficar em Hogwarts?
– Rony indagou, parecendo levemente decepcionado.

-É justamente o que estou esperando para saber. – ela encolheu os ombros. – Mas provavelmente não.

O ruivo torceu a boca em claro sinal de desgosto, mas Hermione não percebeu, pois sua atenção tinha acabado de ser desviada por um farfalhar de asas seguido da visão de uma infinidade de corujas que entravam no salão, sobrevoando e respingando água por todos os lados, devido à grossa chuva que agora caía lá fora.

-Até que enfim! – murmurou a garota assim que uma grande coruja das torres largava um envelope muito molhado em suas mãos e uma outra ave menor e castanha lhe deixava seu exemplar do dia do “Profeta Diário”.

-E então?
– perguntou Rony assistindo a menina correr rapidamente os olhos pelo pergaminho recém retirado do envelope encharcado.

-Estou indo para casa. – suspirou ela. – Papai ficou furioso por eu ter mesmo cogitado a idéia de ficar aqui.

-São só quatro dias.
– disse Harry vendo a expressão desanimada com que Hermione agora desenrolava seu jornal.

-É... Na melhor das hipóteses, de qualquer maneira. – falou ela balançando a cabeça.

-O que você quer dizer com “na melhor das hipóteses”? – indagou Rony, sua voz soando alarmada.

-Bom... Papai já havia me proibido de voltar uma vez, não? – respondeu a menina, finalmente abrindo o jornal e empalidecendo imediatamente ao fitar a primeira página.

-Mas você... você não acha que ele fará isso de novo, acha? – o ruivo continuou.

-Ah, céus, isso é HORRÍVEL! – exclamou Hermione numa voz aguda, ignorando Rony completamente.

-O que foi? – exigiu Harry, alarmado. – O que diz aí? – completou, observando os olhos arregalados da garota esquadrinhando o jornal.

-Mais uma fuga de Azkaban! – guinchou ela. – Uma fuga EM MASSA!

-Você não vai me dizer que foram os comensais que-
- Rony começou, mas calou-se com um aceno de mão de Hermione, que pôs-se a ler a notícia em voz alta:

-“Durante a última madrugada, o Ministério da Magia confirmou a ocorrência de mais uma fuga em massa da Prisão de Azkaban. Da mesma maneira que aconteceu no último ano, bruxos considerados perigosos e que se enquadravam na categoria de prisioneiros de segurança máxima, escaparam sem deixar para trás qualquer pista. Todos eles estavam de alguma forma relacionados à “Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado” e já foram apontados diversas vezes como Comensais da Morte, fato que deixa a população bruxa ainda mais alarmada. Entre os nomes dos fugitivos já estão confirmados os de Augusto Rookwood, Antônio Dolohov e Lúcio Malfoy, mas o número de bruxos que escaparam é muito mais alarmante, supõe-se que sejam mais de dez, superando em quantidade a fuga do ano anterior.” – terminou a garota, assustada e ofegante.

-Voldemort. – sussurrou Harry com ferocidade, fazendo Rony se arrepiar e reprimir uma careta. – Ele está juntando seus queridinhos novamente.

-Dolohov...
– murmurou Hermione muito pálida.

-O covarde desgraçado que te atingiu ano passado no Departamento de Mistérios! – o ruivo declarou furiosamente. – E o imbecil asqueroso do Malfoy!...

-Eu não acredito nisso!
– vociferou Harry tentando conter sua raiva. – E há pessoas claramente felizes com a notícia... – acrescentou dando um relance à mesa da Sonserina e vendo Draco Malfoy sorrindo presunçosamente e cochichando urgentemente com Crabbe e Goyle.

-Nossa!... – exclamou Hermione, que tinha voltado a ler o seu jornal e parecia ainda mais perturbada.

-O quê dessa vez? – Harry perguntou com um suspiro cansado. – Mais BOAS notícias? – acrescentou sarcasticamente.

-As coisas ruins nunca andam sozinhas... – murmurou Rony. – Alguém já viu Crabbe sem Goyle ou Poções sem Snape?

-Houve mais um ataque!
– sussurrou Hermione com urgência. - Nessa madrugada, provavelmente já depois da fuga dos comensais. Destruíram todo um vilarejo e mataram dezenas de pessoas...

-Suponho que seja a idéia que eles fazem de uma comemoração pela liberdade readquirida.
– disse Harry com amargura.

-Todos os mortos eram trouxas... – falou Hermione com voz trêmula e apertando uma mão contra a outra. – E... E... Todos eles tinham algum tipo de relação com algum bruxo ou bruxa.

Harry e Rony trocaram um relance rápido, ambos nitidamente compreendendo a preocupação da amiga.

-Aqueles bastardos filhos da mãe! – disse Rony batendo com força o punho fechado sobre a mesa e quase derramando seu suco de abóbora.

-O jornal diz que pelo que parece eles estão fazendo como da última vez. – a menina falou com voz fraca. – Eles estão caçando trouxas. E os nascidos trouxas, obviamente.

-Hermione.
– falou Rony num tom sério e com uma expressão determinada, se aproximando ainda mais da garota no banco onde ambos estavam sentados lado a lado. – Me ouça. NADA e nem NINGUÉM vai lhe fazer mal, porque EU não vou deixar. Quero dizer... – murmurou o ruivo meio encabulado - HARRY e EU não vamos deixar...

Mesmo sob a tensão do momento, Hermione conseguiu sentir uma onda morna e agradável na cova de seu estômago às palavras do garoto.

-Obrigada. – murmurou ela com um sorrisinho minúsculo.

Rony então alcançou uma de suas mãos sob a mesa e entrelaçou seus dedos nos dela, a fitando profundamente:

-Eu prometi a seu pai que cuidaria de você, Hermione. – disse o menino firmemente, embora suas orelhas já apresentassem o rubor habitual. – E agora estou prometendo a você também.

-Ah, Rony!
– sussurrou a menina apertando a mão do ruivo e deitando a cabeça em seu ombro. Rony moveu-se um pouco mais perto para fazê-la mais confortável e acariciou de leve os dedos macios da garota, que suspirou baixinho. Ficar assim junto dele, sentindo seu toque, seu carinho e sua proteção, era de fato tão bom e parecia tão certo. Durante esses meros momentos toda e qualquer preocupação se dissipava, tornava-se pequena e insignificante. Diante dos olhos dos outros, poderia ser apenas um gesto, um contato amigável entre duas pessoas. Afinal, eles não conseguiriam enxergar o real significado, pois as mais belas coisas da vida, não podem ser vistas nem tocadas, mas sim sentidas pelo coração.

Harry observou os amigos meio desconfortavelmente e, com um risinho silencioso, voltou os olhos para seu prato de mingau, tentando se concentrar no barulho da chuva torrencial que batia sobre as altas janelas do salão e, como Rony e Hermione, esquecer por um minuto de coisas como comensais, profecias e ataques...

*****



Assim que o sinal ecoou pelo castelo anunciando o final da última aula, Hermione separou-se dos amigos e seguiu para o banheiro dos monitores para um banho rápido, mas relaxante. Logo após, a garota apressou-se para a Torre da Grifinória e subiu rumo ao seu dormitório, onde depois de ajeitar seus últimos pertences para a viagem, ela bateu com força a tampa de seu malão e, empunhando sua varinha na realização de um simples feitiço de levitação, abriu a porta do quarto e desceu as escadas, a pesada bagagem flutuando ao seu lado. A sala comunal estava uma loucura de alunos, malas, risadas e conversas altas. Parecia que realmente a maior parte dos grifinórios também iria para casa e foi com dificuldade que Hermione se desviou de tanta gente eufórica e encontrou os amigos, que, juntamente com Gina, estavam sentados nas poltronas de sempre próximas ao fogo.

-Oi... – falou ela se aproximando e agora finalmente suspendendo o feitiço e colocando seu malão sobre o chão.

-Pronta para ir? – sorriu Harry. Hermione apenas acenou com a cabeça.

-Por que você está levando o seu malão com tudo se são só quatro dias? – perguntou Rony olhando da menina para a pesada bagagem aos seus pés.

-Por via das dúvidas. – ela encolheu os ombros.

-Ah, Mione, sem chances dos seus pais não lhe deixarem voltar. – disse a ruiva. – Não há motivos para isso.

-Espero que esteja certa, Gina.
– murmurou Hermione. – Ah, eu preciso de um favor, será que você se importaria em tomar conta do Bichento até que eu volte? Eu não consegui encontrá-lo e não tenho tempo para procurá-lo agora.

-Sem problemas.

-Obrigada. Bom... Nesse caso acho melhor eu ir, preciso encontrar uma carruagem.

-Te vejo no domingo à noite, então.
– disse Gina se levantando e envolvendo a amiga num abraço.

-Ok. – respondeu ela. – Até mais, Harry... Rony.

-Se cuide, Mione.
–falou Harry.

-Você também.

-Eu... Eu... Acho que não vai ser possível você realizar um feitiço de levitação num corredor com tanta gente...
– começou Rony num falso tom casual, observando a infinidade de alunos que já deixavam a sala comunal. – E bem, eu quero dizer... bem, hum... seu malão está pesado, não está?

O coração de Hermione dançou alegremente assim que a menina realizou onde exatamente o ruivo estava querendo chegar.

-Er... Um pouco... – disse ela sorrindo timidamente e fingindo não ver o olhar presumido trocado entre Harry e Gina.

-Nesse caso... Er... Você acha que precisa de ajuda com ele até a carruagem? Bom... Se você quiser, eu... Eu... Hum... Quero dizer, EU E O HARRY não nos importaríamos em ajudar. Não é, Harry?

Harry arregalou os olhos em surpresa:

-Anh? Ah, é... Claro... – murmurou.

-Mas e aquela dor afiada nos ombros que você me disse que estava sentindo, Harry? – perguntou Gina prontamente. O garoto fez cara de confusão:

-Dor afiada...? Ai! É... é... meus ombros... doem muito, cansaço, sabem? – terminou ele, apertando os ombros e ensaiando uma careta de dor. A ruiva tinha acabado de lhe premiar com um beliscão nas costelas.

-Você não é capaz de ajudar Hermione a levar o malão sozinho? – perguntou Gina encarando o irmão, que a essa altura já tinha as orelhas parecendo um prolongamento do seu cabelo, já que estavam tão vermelhas quanto.

-Claro que eu sou capaz! – exclamou ele dando um olhar pontudo à irmã.

-Então o que você está esperando, seu estúpido? Você está a atrasando!

Rony lançou mais um olhar feroz à ruiva, mas não retrucou. Ele agarrou a alça do malão de Hermione, deu a ela um dos seus sorrisos inclinados e murmurou um “Vamos, Mione”, antes de seguir na direção do buraco do retrato. A garota deu um último aceno aos dois amigos e se virou para acompanhar o menino, mas não antes de ouvir Harry sussurrar:

-Aquele beliscão doeu, Gina!

Rindo silenciosamente e balançando a cabeça, Hermione sentiu seu corpo mole e sua cabeça ligeiramente aérea uma vez mais. Afinal, aquele sorriso inclinado de Rony era como uma sinfonia, como uma orquestra que fazia seu coração dançar ainda mais depressa.

*****



Rony e Hermione caminharam em silêncio pelos corredores abarrotados de alunos, apenas arriscando relances ou leves sorrisos um ao outro durante todo o caminho até o Saguão de Entrada.

-Com quem você vai dividir uma carruagem? – perguntou o ruivo assim que chegaram e avistaram uma infinidade de carruagens aparentemente sem cavalos, mas que ambos sabiam ser puxadas por Testrálios. – Viu o Neville por aí?

-Não... Bem, não importa, de qualquer maneira.
– respondeu ela.

-Certo. – falou Rony sem graça, repousando o malão e colocando as mãos dentro dos bolsos dianteiros das vestes.

-Hum... Obrigada por me ajudar com o malão, Rony. – agradeceu ela com um pequeno sorriso.

O garoto a observou: ela tinha as bochechas coradas, seus cabelos molhados caíam-lhe em argolinhas graciosas sobre os ombros e exalavam um perfume fresco que o entorpecia. Ele não pôde se ajudar: no momento seguinte ergueu a mão e começou a enrolar uma das argolinhas em um dos dedos, cuidadosamente.

-Cuide-se, Mione. – disse ele com voz fraca, embevecido desfrutando a textura do cacho úmido dela nas pontas de seus dedos.

-Eu irei. – falou ela amaldiçoando em pensamentos o suspiro que tinha acabado de lhe escapar. – Você também. E tente não se meter em encrencas. – acrescentou em tom brincalhão, mas com um toque de advertência.

-Eu não ousaria me meter em encrencas sem você aqui para me tirar delas. – riu o ruivo. Ele hesitou por alguns segundos e só então agarrou a mão dela e a puxou para um abraço. Ela foi de bom grado e no instante que se seguiu, Rony já sentiu os braços dela envolvendo sua cintura e a bochecha dela se aconchegando em seu peito. E, mais uma vez, seu sangue ferveu com a proximidade.

Hermione, por sua vez, sentindo as grandes mãos de Rony segurarem-na junto dele e ouvindo o coração do garoto soar descompassado debaixo de seu ouvido, notou que novamente tinha seu corpo em brasas. Brasas que ao invés de queimá-la, faziam-na arrepiar-se e perder-se em calafrios. Ela não se impediu de pensar que para o bem geral deveria existir uma lei que proibisse as garotas de se sentirem desse modo por um amigo. Ou melhor, deveria haver uma lei que proibisse as garotas de se APAIXONAREM por um amigo.

“O que eu estou pensando?” – a mente dela resmungou logo que ambos se afastaram e ela encontrou os olhos do menino. – “Se essa lei existisse eu estaria perdida! Não haveriam galeões suficientes no mundo para pagar minha multa por infringi-la...”

Assim, dando um aceno final na direção de Rony, ela subiu numa das carruagens.

“São só quatro dias, Hermione.” – ela se falou mentalmente. – “Você irá sobreviver.”

Mas no instante em que a carruagem começou a se mover e ela fechou os olhos e respirou o cheiro do ruivo em si própria, ela soube que esses feriados seriam os mais longos de toda a sua vida.

*****



Três dias se passaram razoavelmente depressa e o domingo de Páscoa despontou fresco e com um pálido sol desfilando no céu. Com o dormitório inteiro para eles e logicamente livre dos barulhos e conversas matinais de Dino e Simas, ou dos estrondos dos roncos de Neville, Harry e Rony despertaram quando a manhã já tinha quase se ido.

-Feliz Páscoa, companheiro! – disse Rony parecendo alegre, saltando de sua cama vestido em seus velhos e desbotados pijamas de flanela.

Harry, que já vestia-se de forma lenta e preguiçosa, sorriu diante da animação do amigo.

-Feliz Páscoa. – ele respondeu enquanto fitava o ruivo agarrar a primeira roupa disponível do seu malão e entrar nela apressadamente. – Você parece animado hoje. – somou.

-Sim, vamos descer logo e encontrar a Gina! Mamãe já deve ter mandado nossos ovos de Páscoa...

Harry pareceu se animar também e os dois deixaram o dormitório e desceram as escadas, Rony atraído pela idéia de adquirir chocolate e Harry feliz por ter que se encontrar com Gina.

A ruiva, afortunadamente, já se encontrava enroscada numa poltrona, um livro aberto na mesinha à sua frente e um pedaço generoso de chocolate preso em uma de suas mãos.

-Olá. – ela murmurou aereamente, sem erguer os olhos e mordendo mais um pedaço do doce.

-Onde estão os nossos ovos? – perguntou Rony ansioso, olhando com cobiça o chocolate confeitado na mão da irmã.

-Feliz Páscoa para você também, Rony. – resmungou Gina, fazendo Harry rir.

-Ah, ok, obrigado. – o ruivo grunhiu com impaciência. – Mas onde estão os ovos?

-Bom...
– falou ela finalmente desviando a atenção do livro para encarar os dois meninos, que também se sentaram. – Se você correr ainda deve encontrar alguns no Salão Principal... Resta saber se você irá querê-los mexidos, fritos, com bacon...

O ruivo pareceu prestes a assassinar a irmã. Harry riu mais um pouco.

-Aqui, irmãozinho. – falou Gina puxando uma cesta de debaixo da mesinha baixa e retirando um embrulho pardo de dentro, o qual ela atirou no colo de Rony. – E o seu, Harry. – acrescentou a menina estendendo um pacote semelhante ao outro garoto.

Harry, notando que Rony estava muito ocupado admirando a infinidade de chocolates de seu pacote, aproveitou a oportunidade para segurar e acariciar brevemente a mão da ruiva com seu polegar, fazendo-a sorrir levemente. Ambos estavam achando cada vez mais difícil manterem-se longe um do outro, mas Harry continuava temeroso da reação de Rony, embora às vezes o autocontrole lhe fugia e ele não podia se segurar, como agora. E como acontecera há três dias atrás, quando Rony tinha os deixado para levar o malão de Hermione e Harry não resistiu e beijou a ruiva pela segunda vez, tendo como testemunha apenas a luz do fogo da lareira, a sala comunal vazia e a coleção de sentimentos e sensações que ambos compartilharam.

-Ondestá vode Hermione? – a voz pastosa de Rony interrompeu seus pensamentos.

-Não seja nojento e mal-educado, Rony! – repreendeu Gina com uma careta. – Engula o que tem na boca antes de tentar uma comunicação!

-Onde está o ovo de Hermione, ô exemplo de boa educação?

-Está aqui, por quê? O seu não é o bastante para você? Ela só chegará à noite e nem pense que irei deixá-lo comer-

-Gina, me faça um favor?
– Rony a cortou. – Cale a boca! E me dê os chocolates, eu entregarei a ela.

-Oh, Hermione querida, que tal um chocolate por um beijo?
– zombou a ruiva imitando uma voz masculina grave, fazendo o irmão corar e Harry enfiar um pedaço particularmente grande do seu ovo confeitado na boca para amordaçar uma risada.

-Você é tão patética... – Rony sacudiu a cabeça, lançando um olhar sujo à garota e outro quase tão ruim ao amigo. Ele mordeu mais um bombom caseiro da Sra. Weasley, decidido a não se aborrecer com as provocações da irmã ou as risadas mal disfarçadas de Harry. E para isso, nada melhor que se distrair com a segunda coisa que ele mais gostava no mundo: chocolate. Isso porque a primeira coisa que ele mais gostava não estava por aqui no momento. Ela só chegaria à noite...

*****



-Hermione, você tem certeza que vai mesmo voltar? – perguntou o Sr. Granger acariciando amorosamente os cabelos da filha. – Se você ficasse eu teria tantos planos para você e-

-Papai.
– interrompeu a garota. – Eu tenho certeza. Meu lugar é em Hogwarts.

-Minha filha, eu gostaria que você entendesse que-

-Querido.
– dessa vez foi a Sra. Granger que o cortou. – É a decisão dela. Nós deveríamos respeitar...

-Obrigada, mamãe.
– disse Hermione com um sorriso agradecido.

-Nossa filha sabe se cuidar. – Sra. Granger murmurou apertando o ombro do marido. – E ela tem muitas pessoas que gostam dela por lá. – somou a mulher com um relance à luminosa estrelinha da corrente dada por Rony.

-Sim... – concordou Sr. Granger seguindo o olhar da esposa e parecendo entre carrancudo e orgulhoso. – Mas eu só espero que o rapazinho que colocou um diamante no pescoço da minha filha tenha a boa índole de vir falar comigo antes de pensar em colocar um em seu dedo. – falou ele fazendo Hermione corar loucamente.

-Papai! – guinchou ela com o rosto da cor do Expresso de Hogwarts. – O Rony é só meu amigo...

-Ahá! Então foi mesmo o Sr. Ronald Weasley!
– exclamou o Sr. Granger parecendo vitorioso. – Venho tentando arrancar essa informação de sua mãe desde o dia em que você chegou em casa... – completou com um leve sorriso.

-Ora, querido, deixe a menina em paz. – sussurrou a Sra. Granger revirando os olhos da mesma maneira que a filha sempre costumava fazer. – Francamente...

A família caminhava pela estação de King’s Cross e tinha acabado de chegar entre as plataformas 9 e 10, onde depois de se despedir dos pais e observar cuidadosamente se não havia nenhum par de olhos curiosos sobre si, Hermione atravessou a barreira e alcançou a plataforma 9 e meia.

O Expresso de Hogwarts já estava lotado e a garota seguiu direto para a cabine dos monitores, onde passou grande parte da viagem, agradecendo intimamente por não ter tido nenhum tipo de aborrecimento com Pansy Parkinson e Malfoy, que parecia estranhamente calado. Mas, de uma forma incômoda e ainda mais estranha, Hermione percebeu que o loiro a observou a maioria do tempo, sem ao menos disfarçar. Desse modo, quando o horário de permanência na cabine venceu, a garota sentiu-se aliviada em poder deixar aquela situação desconfortável. Ela caminhou pelos corredores do trem, observando o interior das cabines através dos vidros, em busca de alguém conhecido. Finalmente, num dos vagões traseiros, Hermione reconheceu o rosto amigo e rechonchudo de Neville.

-Olá. – ela falou abrindo a porta da cabine e dando uma olhada em seus ocupantes: no banco à frente de Neville, parecendo maluca como sempre, estava Luna Lovegood, que virou os grandes olhos claros na direção de Hermione, mas não respondeu ao cumprimento. Sentada ao lado do menino e encostada à janela, estava uma terceiranista da Corvinal, de cabelos curtos e lisos, que Hermione sabia vagamente se chamar Amélie Bridge e da qual ela já tinha ouvido uns boatos dizendo que a menina estaria saindo com Neville desde a festa da Grifinória. Escondendo um sorriso, Hermione confirmou a história, pois notou que o amigo tinha a mão entrelaçada com a da garota e a mesma brincava distraidamente com os dedos de Neville.

-Oi, Hermione. – cumprimentou ele cordialmente. – Entre.

Hermione entrou e relutantemente sentou-se ao lado de Luna, desejando que o caminho até Hogwarts fosse mais curto. Ela retirou seu velho exemplar de “Hogwarts, Uma História” do malão e já começava a lê-lo quando uma sensação estranha de estar sendo observada a bateu. Devagar e secretamente, ela deu um olhar de esguelha à Luna, mas a garota estava oculta por trás da última edição do Pasquim, zumbindo baixinho como se cantasse algo num idioma muito estranho. Olhando à frente, Hermione viu Neville e Amélie sorrindo um para o outro, parecendo perdidos num mundo particular. Mas foi com um relance à porta da cabine que a garota descobriu quem a observava: no canto mais escondido do vidro, com a cara achatada contra o mesmo, estava a pálida figura de Draco Malfoy. Ele notou-a olhando em sua direção, pois de imediato deixou a posição e sumiu corredor abaixo. Um arrepio sombrio correu por todo o corpo de Hermione, como se uma energia muito negativa tivesse passado por ali. Abraçando o próprio tórax e correndo as mãos pelos antebraços numa tentativa de se esquentar e se livrar dos calafrios, ela soube naquele momento que algo estava errado. Muito errado.

*****



-O que tem de tão interessante nesse relógio, Rony? – perguntou Gina da poltrona onde estava estudando.

-Anh? – fez o ruivo.

-Você não pára de olhar para esse relógio, o que afinal de contas há de tão interessante nele? – ela repetiu.

-Nunca te contaram que os relógios servem para marcar as horas? – retrucou Rony, impaciente.

-Por falar em horas, - disse Harry interrompendo as implicâncias entre os irmãos – Hermione já deve estar chegando...

E coincidentemente, no segundo seguinte o buraco do retrato se abriu e diversos alunos que tinham ido para casa vieram entrando, puxando bagagens, rindo, falando e trazendo a gostosa balbúrdia de volta à sala comunal, que tinha estado tão vazia durante os últimos dias. Logo, Hermione surgiu entre eles, caminhando diretamente para o lugar onde Harry, Rony e Gina se encontravam.

-Oi! – falou ela abrindo um largo sorriso para os três, seus olhos se permitindo a dar um segundo relance a Rony.

-Mione! – exclamou o ruivo sorrindo longamente à visão da garota.

-Olá. – disse Harry também alegremente.

-Como foram os feriados? – indagou Gina.

Hermione encostou seu pesado malão e deixou-se cair sobre uma das poltronas, sua capa de viagem ainda sobre os ombros e seu cabelo muito rebelde devido ao ar úmido da tarde lá fora.

-Foram normais. – ela encolheu os ombros.

-Seus pais não tentaram lhe impedir de voltar, então? – Harry perguntou.

-Na verdade eles insistiram bastante para que eu ficasse, mas respeitaram minha decisão.

-Aqui, Mione.
– disse Rony lhe estendendo o pacote de ovos de chocolate. – Mamãe mandou seus ovos de Páscoa, também.

-Oh, obrigada, Rony!
– exclamou a menina abrindo o embrulho e provando um bombom de creme. – Muito doce da parte dela se lembrar. Vocês sabem, meus pais não gostam que eu coma doces, com eles sendo dentistas e tudo...

-É, eu pensei que você fosse gostar...
– sorriu o ruivo.

-Hoje aconteceu uma coisa muito estranha. – falou Hermione depois de alguns momentos, tornando-se mais séria. – Na viagem de volta.

-O que houve?
– Harry quis saber.

-Malfoy. – respondeu a menina erguendo as sobrancelhas.

-O que foi que aquele espaguete sem molho estúpido fez a você? – perguntou Rony tornando-se rubro de raiva, seus punhos se contraindo tão apertados que as juntas dos seus dedos ficaram brancas. – Não me diga que ele tentou te machucar ou te insultou novamente, porque se ele fez isso-

-Não!
– Hermione o cortou. – Na verdade ele nem me dirigiu a palavra. O fato é que...

-É que...?
– perguntou Gina.

-Bem, durante toda a parte da viagem em que estivemos na cabine dos monitores, eu notei que ele não parava de... de me observar...

-Ele O QUÊ?
– indagou Rony com dentes cerrados, aparentando ter ficado ainda mais furioso.

-Observar você? – estranhou Harry. Gina também pareceu surpresa.

-Sim. – confirmou Hermione. – Mas o mais estranho foi quando o tempo obrigatório de permanência na cabine dos monitores se esgotou e eu segui para outra cabine.

-E o que foi que aconteceu, então?
– perguntou Harry.

-Eu me sentei e tinha começado a ler, mas tive uma sensação esquisita de estar sendo observada. E quando ergui a cabeça, lá estava o Malfoy novamente, com o nariz grudado no vidro, me encarando. Mas assim que viu que eu o notei, ele se apressou longe dali.

-Sem nenhuma palavra, ofensa ou nada?
– Harry falou parecendo muitíssimo desconfiado.

-Exatamente.

-O que aquele bastardo imbecil pensa que está fazendo?
– resmungou Rony, lívido.

-Não faço idéia... – murmurou Hermione.

-Você estava sozinha na cabine? – perguntou Harry, sua expressão completamente intrigada.

-Não. Estava com Luna, Neville e aquela terceiranista com quem ele está saindo.

-Perdão?
– Rony girou para encarar a garota. – Estava com Luna, Neville e quem?

-A terceiranista da Corvinal que está saindo com ele.
– disse ela.

-Neville está saindo com uma TERCEIRANISTA? – boquiabriu-se Harry.

-Neville está saindo com ALGUÉM? – completou Rony tão pasmo quanto o outro menino.

-De acordo com os boatos, desde a festa da Grifinória. – afirmou Gina, entrando no assunto.

-Mas como é que não sabíamos disso? – indagou o ruivo. – Como nunca ouvimos esses boatos?

-Bem,
- Hermione deu de ombros – vocês não freqüentam o banheiro feminino.

-Eu não posso acreditar nisso.
– continuou Rony, incrédulo.

-Ora, o que há de tão impressionante? – Gina perguntou. – Neville é um garoto... E vocês viram ele recebendo um cartão de Dia dos Namorados, provavelmente dessa terceiranista.

-É, mas Harry e eu recebemos cartões também, e nem por isso estamos saindo com alguém.
– falou o ruivo.

-Não que elas não queiram. – murmurou Gina.

Os interiores de Hermione se reviraram.

-Você recebeu um cartão? – indagou ela se virando para Rony.

-É... – respondeu ele enrubescendo.

-Da pegajosa da Cacilda Crookfond, da Lufa-Lufa. – esclareceu Gina. – Parece que eu fui a única aqui a não receber cartão, a propósito. – acrescentou pensativamente.

Agora foi a vez do ruivo se virar para Hermione na velocidade da luz:

-Você recebeu um também? – ele questionou suspeitosamente.

-É...

-Um não, Hermione, você recebeu dois.
– disse Gina à amiga.

-Ah, é? – o humor sórdido de Rony parecia ter voltado. – Seus fãs estão fazendo fila, então?

A menina riu cansadamente, sacudindo a cabeça, meio exasperada.

-E de quem eram os cartões? – insistiu. – Vitinho, Boot, Greg...? – fez ele contando nos dedos.

-Por favor, Rony. – retrucou ela irritada. – E se você precisa mesmo saber, de fato você acertou: um era do Terêncio. Mas o outro era do Adam...

-Adam Banks?


Ela acenou positivamente e o ruivo fez careta:

-Aquele projeto de gente lhe enviou um cartão? O mundo está perdido...

Harry riu: - Ele venera a MONITORA...

-E o que foi que o “PROJETINHO” Banks e o “TETÊ” Boot disseram?

-Isso você não saberá, Rony.
– disse Hermione se levantando e se espreguiçando.

-É segredo, é?

-Não.
– falou ela calmamente. – O que acontece é que naquela noite aconteceram TANTAS COISAS MAIS IMPORTANTES, que algo tão banal quanto os dizeres de alguns cartões não foi o que o eu escolhi para guardar na memória.

Rony tornou-se imediatamente corado com essas palavras, mas sorriu para Hermione, que com a face queimando e até mais rubra, retribuiu o sorriso.

-Bem... Estou indo tomar um banho e descansar um pouco. – disse ela encabulada, agarrando seu malão e saindo na direção da escada do dormitório feminino. Rony encarou as costas dela, perdido em pensamentos, seus lábios teimando em se torcer num sorrisinho. Harry pareceu confuso, mas Gina, por sua vez, observava o irmão com uma expressão vitoriosa como a de alguém que acabara de descobrir um tesouro. Ou um segredo, em outras palavras.

*****



Assim que Hermione deixou a sala, Gina guardou seus livros depressa e ainda com uma expressão satisfeita também seguiu para o dormitório, dizendo precisar tirar uma dúvida sobre Transfiguração com a amiga. Desse modo, Harry e Rony rumaram sozinhos para o jantar, que provavelmente já estaria sendo servido. Ambos os garotos cruzaram o buraco do retrato e resolveram tomar um atalho para o Salão Principal, entrando por um corredor lateral. Mas quando dobraram à direita, eles notaram que o escuro corredor não estava deserto: haviam duas pessoas encostadas numa das paredes, firmemente abraçadas e se beijando como se suas vidas dependessem disso. Harry deu meia volta e fez menção de sair, mas Rony tinha o agarrado pelo braço e sussurrado numa voz espantada:

-Não! De nenhum modo... Aquele... Aquele é o NEVILLE!

Os olhos verdes de Harry se arregalaram e quase alcançaram o tamanho de dois pires por trás dos óculos redondos. Neville parecia tão concentrado no que estava fazendo que nem notou a presença dos meninos.

-Vamos sair daqui. – murmurou Harry com um sorriso chocado.

Eles voltaram pelo corredor e não falaram durante algum tempo, até que Rony quebrou o silêncio:

-O mundo está mesmo louco... Até Neville perdeu sua inocência... – disse ele com uma careta divertida. Harry riu e acenou com a cabeça.

-E pensar que parece que foi ontem que ele ganhava seu agasalho de ursinhos coloridos... – o ruivo continuou, balançando a cabeça em falso tom saudoso. – É, Harry, nosso menino está crescendo.

Os dois se encararam durante alguns segundos e em seguida estouraram em risadas.

-Acho que finalmente ele encontrou algo que lhe agrade mais do que Herbologia. – ofegou Harry tentando se recompor.

-Ah, mas eu acho que ele estava claramente interessado na “MIMBULUS MIMBLETONIA” da garota, se é que você me entende... – declarou Rony fazendo-os entrar em outro ajuste de gargalhadas.

Ambos continuaram rindo até alcançarem o Salão Principal, mas logo à porta de entrada deram de cara com alguém que fez seus sorrisos desaparecerem e a raiva voltar a estampar a face do ruivo. Draco Malfoy estava encostado ao batente com uma expressão estranha. Seus olhos cinzentos estavam vítreos e parados e ele parecia alheio a tudo e a todos. Quando os meninos se aproximaram, ele meramente virou o olhar na direção deles por alguns segundos, retomando a sua posição original no momento seguinte.

-O que você está tramando, Malfoy? – perguntou Harry o fitando suspeitosamente. Ele não respondeu e nem ao menos se moveu. Harry e Rony trocaram um olhar.

-E o que você pretendia observando a Hermione? – tentou Rony, nervoso. Draco piscou ao som do nome da menina.

-Onde está a Sangue-Ruim da Granger? – falou o garoto.

O ruivo tentou se atirar imediatamente a ele, mas Harry o conteve.

-O que te importa onde Hermione está? – bufou Rony furioso, tentando se desvencilhar dos braços de Harry, que o continha com enorme dificuldade. – É muito melhor para você que fique longe dela! Se você ousar tocar num só fio de cabelo de Hermione eu acabo com sua raça maldita de Malfoy!

O loiro soltou um risinho sem emoção e caminhou longe deles.

Assim que Draco Malfoy sumira de vista, Harry libertou Rony, completamente suado do esforço de segurá-lo.

-O que há de errado com ele? – indagou ao amigo.

-Não faço a menor idéia. – disse Rony. – Mas é melhor que ele tenha entendido o meu aviso.

Harry suspirou, sua mente trabalhando com furor.

-Algo muito estranho está acontecendo. – murmurou ele. – E eu não estou gostando nada disso.

-Nem eu.
– respondeu o ruivo ainda sentindo a raiva correr por suas veias e o senso de proteção que ele tinha por Hermione latejar em cada milímetro do seu ser. Era melhor que Malfoy tivesse entendido e não tentasse nada com Hermione. Ninguém tocaria nela. Não. Enquanto ele estivesse ali, ninguém machucaria a garota que ele amava.

*****



N/A: Fiquei contente demais pelas reações ao capítulo 22: muitos comentários, e-mails, scraps, o que me deixou realmente feliz, obrigada. Espero não tê-los decepcionado com o 23, mas apesar de ser um romance, os outros fatores têm que aparecer para a história poder se desenrolar. Ah, e tenho que falar que foi um capítulo difícil, mas AMEI escrever algumas partes, como a do comentário do Sr. Granger e a ceninha das cócegas. É isso então.

Agradecimentos:

Hell Granger: Ahh, então eu consegui te fazer chorar com o 22?? E você releu várias vezes a cena R/H?? Que bom, que bom!! Fico contente que tenha gostado! Ah, eu também queria um Rony e um amor desse para mim, só para constar. Bem, espero que o 23 não tenha lhe decepcionado. Obrigada de coração pelos 3 comentários! Você me diverte e me emociona com eles. Beijos.

Alulip: Êhh! Outra vez com corinho por atualização?? Legal... :-)
**Robertinha está dando uma risadinha feliz aqui porque conseguiu que Alulip chorasse com o capítulo 22**
A cada comentário seu que leio eu penso mais ainda que você deveria escrever... Vou te atormentar com isso: faz uma fic R/H pra gente??? rs... Ah, minha admiração por R/H também é de diamante, com certeza! E eu que me sinto sem palavras para agradecer não só esse, mas todos seus comentários que sempre fazem meu dia mais feliz. Beijos, você é que um doce, ok? Espero sua opinião sobre o 23.

Flávia Menezes: Obrigadão pelo comentário, fico contente que esteja gostando. Bem, aqui está o 23, espero que tenha gostado também... Beijinhos e obrigada sempre!

Isis da Cruz: Ahhh, que elogio lindo que você me fez!! Obrigada, obrigada, obrigada... E obrigada também pela dica, tá anotada aqui e vou tentar usá-la, ok? Elas são sempre bem vindas. Aguardo sua opinião desse capítulo. Beijos no coração!

Lucas: hahahhahahha, Lucas, suas frases e comparações me fazem rir tanto!! Até mais do que a Luna! rs...rs... Você tem noção do quanto eu ri com aquela do "estrume de cavalo"?? hehheheeh... Aí, viu o Neville?? Dedico para você as partes dele, ok? É isso, não precisa gritar mais, já atualizei! Beijinhos e obrigada!

Val: Amiga... Val, Valdete, Valéria... Seja o nome que tenha eu vou continuar travando! rs... Por que o que dizer a uma amiga que me incentiva tanto e sempre posta esses comentários magníficos?? Bem, só repito: o capítulo é dedicado a você, inteirinho! Presente de aniversário... heheheheehe... Beijinhos, te adoro amiga!

Lê Moreno: Ahh, foi só uma pena que não tenhamos conseguido conversar direito esse fim de semana... Bom, fiquei contente demais com seu comentário! Sua mãe quer ler a fic??????? Ahh, que legal, espero que ela goste...rs... E desculpe se te fiz chorar com o 22.
Acho que você deve ter gostado da parte da despedida do Rony e da Hermione nesse capítulo, não? Eu pensei em você quando escrevi aquele pensamento da Mione sobre haver a lei que deveria existir... Dedico a você, então! hehhehehe... Beijinhos, obrigada e também te adoro! Fique bem!

GABRIELA WEASLEY: Muitíssimo obrigada, Gabriela!! Fico satisfeita que tenha gostado do capítulo e que ache que valeu a pena esperar pelo beijinho. Que bom que esteja gostando da fic! Continue acompanhando... Abração e obrigada mesmo!

Brenda: Primeiro: parabéns pela shortfic linda!! Eu adorei!!!
Muito obrigada pelo comentário e também por estar sempre nas discussões lá na comunidade da fic! Fico feliz que tenha gostado do 22 e de coração espero não ter te decepcionado com o 23. Super beijo no coração, você é um doce!

Marina Barrocas: Aqui está, atualizada!! hhehehhee... Se apaixonou pelo capítulo 22?? Isso é tão bom de saber... Obrigada mesmo! O 23 não teve tanto romance, mas a fic ainda é um romance, então momentos assim ainda virão... Espero ver seus comentários sempre. Beijos!

Nanda-Weasley: Êhh, fez corinho para atualização e tudo?? Que fofo!!! E fiquei lisonjeada a saber que você foi uma Lan para ler minha fic! Nossa... E eu te fiz rir e chorar??? Isso é o ápice da alegria que uma escritora pode ter, saber que consegui mexer com os sentimentos dos leitores... Sobre sua teoria eu lhe disse lá na comunidade, não confirmo e nem nego, mas claro que não é besteira! Bem, espero que o 23 tenha agradado também. Obrigada mais uma vez. Abração!

Mayara: Desculpe por ter atrasado um pouquinho! :-(
Eu tinha lhe dito que o capítulo saía até terça, né? Bem, mas aqui está e espero que tenha gostado... Fiquei contente com seu comentário sobre o 22. Obrigadão! Aguardo suas opiniões sobre esse. Beijos, moça!

Bruna: Muitos comentários são sempre bem vindos...! Pode comentar quantas vezes quiser, eu ficarei feliz, te juro!! E que bom que as dicas lhe ajudaram com sua fic (a qual quero urgente o próximo capítulo). Adorei suas opiniões e cada um dos seus comentários, agora estou louca para saber o que você achou do 23. Beijinhos, você é uma garota super legal! Obrigada sempre.

Mandi Weasley: Eu nunca me canso de dizer aqui o quanto fico feliz quando vejo gente nova comentando... E o seu comentário, poxa... Sério mesmo, me fez ficar sorrindo a toa! Quantos elogios maravilhosos!! Um filme da fic? É, seria legal...rs... Eu amo R/H demais!!! Tenho outras fics sim, duas songs e uma tradução, todas são desse casal lindo: Catedral, Amores Imperfeitos e Um verão trouxa.
Ficarei feliz por ver sua opinião por lá também! E por aqui, sempre... Sem palavras para agradecer. Beijinhos!

suzi-mel: Me deixa muito feliz saber que esteja gostando da fic, Suzi! Muito mesmo... Obrigada por comentar e acompanhar. Espero que o capítulo 23 tenha agradado também. Não deixe de comentar, as opiniões são importantes demais para mim. Beijão!

Bella Rosa: Não é nenhuma novidade, mas seu comentário me emocionou mais uma vez!!... Realmente me emocionou!
É, nós mulheres sempre emotivas... Mas às vezes vale a pena, não?? E sobre a Luna: estou pensando num parzinho para ela, mas dificilmente é quem você está pensando, hehheheeehe... Bom, aguardo ansiosa sua opinião sobre o 23! Beijos e outra vez obrigada.

Letícia: Para começo de conversa, devo dizer o quanto fiquei surpresa quando vi aquele comentário enormeeeee de alguém que nunca tinha comentado aqui. Uma surpresa boa, lógico... Daí quando comecei a ler fiquei bobinha aqui com tanto elogio e tantas palavras graciosas... Isso me incentiva demais em continuar a escrever... Obrigada de todo o coração! Eu tenho que lhe dizer que seu comentário é que foi PERFEITO. Nada mais poderia ser dito por mim para expressar o quanto você me deixou feliz. Espero ter boas surpresas assim com seus comentários mais vezes. E espero não ter te decepcionado com o 23. Beijão em seu coração e infinitos "obrigadas".
PS= Meu H/G te convenceu?? UAU!! Muito bom saber...rs...

Sônia Sag: EU AMOOOOOOOOOOOOOO SEUS COMENTÁRIOS!!!
Pronto, agora que já desabafei, posso tentar lhe agradecer melhor... Adoro ler como você fala da história, os seus elogios passam uma segurança, uma felicidade... E esse negócio do sabor do capítulo?? Me viciei nisso, Sônia!! Trufas?? Hummm... Suponho que o 23 tenha tido gosto de ovo de Páscoa, talvez?? Ah, péssima idéia, deixo isso para você! E mais uma vez: Eu também AMO sua fic! Obrigada por me dar a honra dos seus comentários aqui. Beijão e aguardo roendo as unhas pelo comentário sobre o 23.

Angel Weasley: Seus elogios ainda estão me fazendo sorrir... Não tenho palavras para agradecer, de fato.
E sim, eu também não consigo pensar numa fic em que não seja R/H, para falar a verdade já li quase 500 fics e TODAS são dos dois. Eu os AMO!! Bem, é isso. Muito obrigada e espero seu comentário sobre o 23. Beijos.

MARIANA DE OLIVEIRA: Que comentário lindo foi esse, Mariana?? Ah, me deixou emocionada... Que bom que gostou do momento R/H e da história da correntinha com a estrelinha de diamante... Sinto muito se o 23 não teve muito romance, mas a história deve continuar, né? E espero que você vá até o fim para descobrir o final. Beijão, obrigada.

Giana: Mesmo sendo um capítulo mais misterioso, espero que tenha gostado! Seu comentário sobre o 22 foi muito doce!! Obrigada por tantos elogios, acho que não mereço tanto, mas tudo bem...rs... Sempre me presenteie com esses comentários maravilhosos, ok?? E você não precisa agradecer, eu é quem devo fazer isso sempre. Super beijos e até o próximo!

Ginny: Melhor fic R/H??
Cada vez que vejo você falar isso meu coraçãozinho aqui bate mais forte de alegria, embora eu não concorde com isso...rs... Bem, fico feliz que tenha gostado do 22 e agora espero a sua opinião sobre o 23...
Sobre o beijo: você não foi a única que queria mais que um selinho, até eu queria que tivesse sido, mas não podia. Pelo menos não, ainda...rs... É isso então. Beijos e muito obrigada.

Morgana Black: Abusar demais??? Claro que não!! Eu quero muito ler sua fic, coloque o endereço dela aqui no próximo comentário?? É que eu tenho sérias dificuldades em encontrar fics por nomes aqui na Floreios... (tudo bem, eu sou maluca). E seu comentário sobre o 22 me fez sorrir uma vez mais. Agora espero sua opinião do 23. Obrigada e beijinhos!

JuLiAnA_PoTTeR: Ahh, eu vi seu comentário lá no Rain mesmo e fico feliz que tenha resolvido comentar aqui na Floreios também! Dois comentários seguidos, por sinal! Uhuuu!! Que bom!! E que legal que tenha gostado do capítulo 22, o que achou do 23?? Me deixe saber suas opiniões sempre, se não for pedir muito. Obrigada de coração! Beijos!

Carolina Rezende: Outro capítulo sem Rebecca, Carolina... A mulher sumiu!! hehhehhehehe... Brincadeirinhas a parte, quando você menos esperar ela aparece, ok?? Fiquei feliz que tenha gostado do 22. E fico feliz que sempre comente e elogie. Grande beijo em seu coração, obrigada!

Agatha Malfoy: Um pedala Robinho no Harry????? kkkkkkkkkkkkk... Tô morrendo de rir aqui... Seu comentário foi muito engraçado!! Bem, aguarde que uma hora eles pegam no tranco...rs... Beijos e obrigada pelo comentário!

Pequena Pri: Ei! Alô, Pequena Pri!! Não precisa ficar enciumada, viu?? Seus comentários sempre estão no meu coração, não se preocupe!! Adoro seus elogios, palavras, piadas... E fico contente que goste tanto da minha fic. Aguardo sua opinião sobre o 23. Beijinhos!!!

Brine: UAU!! Que comentário gigante mais gostoso, lindo e maravilhoso!!!!! Eu simplesmente AMO quando comentam cada pedacinho, é bom demais poder saber o que cada parte inspirou na pessoa que leu... Milhões de obrigadas por me proporcionar isso, Brine! Sou muito sortuda de contar com uma amiga e leitora como você! E posso parecer má, mas fico lisonjeada de ter conseguido que você chorasse...rs... Espero que o 23 não tenha desagradado. Obrigada mais uma vez, você é uma garota de ouro e eu lhe adoro! Beijos!

Karla: Eu não me canso de rir em imaginar você e a Brine lendo a fic em pleno cursinho...rs... muito engraçado! É, eu também quis matar a Pansy quando fiz ela falar tudo aquilo da nossa personagem querida, mas no fim valeu a pena, né?? O que achou do capítulo 23?? Espero que tenha gostado, apesar de tudo. Agradeço por sempre comentar, viu? Beijos!

Até a próxima, então! Temos festinha da Corvinal no próximo capítulo, não percam! Beijos e obrigada!


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