Diálogos, ciúmes e mal-entendi



Capítulo VIII
Diálogos, ciúmes e mal-entendidos



Sob os claros olhares de reprovação do grupo e de todos os alunos que insistiam em espiar pelas janelas de vidro das cabines, Malfoy desapareceu na primeira curva do corredor. Felizmente o tempo tinha passado relativamente rápido e o período de ronda dele e de Hermione já tinha terminado.

-Você está bem, Mione? - Gina perguntou gentilmente.

-S-sim, estou bem, Gina, não se preocupe. – respondeu ela ainda trêmula.

-Veja! Ele machucou seu braço! – exclamou Neville apontando para uma enorme mancha vermelha próxima ao pulso direito da garota. Os dedos de Draco Malfoy tinham deixado suas marcas nitidamente no braço de Hermione.

-Não, não é nada. – disse ela, analisando a mancha vermelha.

-Aquele paspalho inútil e estúpido! – praguejou Rony, ainda espumando de ódio.

-Malfoy é um covarde! – completou Harry.

-Rony... – Hermione chamou numa voz indecifrável, se virando para encarar o amigo. Rony, por sua vez, ergueu as sobrancelhas para ela, obviamente esperando o sermão que iria receber por ter se metido em confusão e ter se atracado aos tapas com Malfoy em pleno corredor.

-Não precisa vir me dizer que eu estou errado, Hermione. Eu não estou! E eu faria tudo de novo se-

-Rony! – interrompeu ela – Eu ainda não disse nada!

As bochechas do garoto se tornaram ligeiramente mais róseas no momento em que ele respondeu:

-Mas eu sei muito bem o que você vai falar. – disse ele, meio mal-humorado.

-Bom, já que você sabe o que vou falar, então suponho que não preciso mais te agradecer...

-Me... o quê... me agradecer?? – perguntou ele, totalmente confuso.

-Sim, é o que eu ia dizer, Rony... Se você tivesse deixado, é claro.

As claras manchas róseas no rosto do garoto se tornaram um pouco mais nítidas agora, as orelhas acompanhando o tom do rosto.

-Bom... er... bom... – começou ele, sem-graça – Eu sempre cumpro minhas promessas, Mione.

E dizendo isso ele se virou e seguiu em direção à cabine em que estavam anteriormente, com todo o grupo o seguindo, devagar e em silêncio.


*****



Os garotos se despediram de Colin, que seguiu em outra direção, e se sentaram de volta nos bancos da cabine, ainda abalados. Ninguém falou durante algum tempo, até que Gina resolveu quebrar o gelo.

-Então, Mione. É realmente bom estarmos todos juntos aqui, não é? Nem acredito que ficamos as férias todas sem nos ver!

Hermione sorriu a ela e respondeu:

-Sim, Gina. Senti muito a falta de vocês.

-Vocês não se encontraram durante as férias dessa vez? – perguntou Neville, entrando na conversa.

-Não. – disse Gina.

-Mas afinal, quando foi que seus pais decidiram deixar você voltar, Mione? – perguntou Harry.

-Ah, Harry. Eu não sei exatamente quando foi. O que sei é que desde o dia em que vocês foram até minha casa e o Sr. e a Sra. Weasley conversaram com papai, ele mudou um pouco sua posição. A gente conversou muito, sabe?

-Voltar? Voltar para onde? – perguntou Neville novamente.

-Os pais de Hermione não queriam que ela voltasse à Hogwarts. – esclareceu Rony.

-Mas, como assim não queriam?

Nesse momento, Luna abaixou o seu exemplar do Pasquim e começou a prestar atenção na conversa, seus olhos ainda mais saltados do que o normal.

-Bem, depois do que aconteceu no Ministério no final do nosso ano anterior, eles ficaram amedrontados... – esclareceu Hermione.

-Posso saber por que foi que você contou a eles, afinal de contas? – Rony perguntou de supetão.

Harry encarou a amiga esperando que ela explodisse e gritasse com Rony. Viu seus olhos brilharem perigosamente quando ela encarou o ruivo. Mas os gritos esperados não vieram. Ao invés, Hermione soou estranhamente constrangida. Respirou fundo e começou:

-Se você precisa mesmo saber, Rony... eu... eu realmente não ia contar a eles. Eu já esperava que eles tivessem esse tipo de reação. Mas bem, aquele feitiço que me atingiu deixou marca e... bom, mamãe acabou vendo... então eu não pude deixar de contar, porque uma coisa é você omitir algo de seus pais e outra muito diferente é você mentir a eles.

-Deixou marca? – perguntou Rony – Como é que eu nunca vi?

Hermione se enrubesceu violentamente no mesmo instante em que Rony se lembrou onde o feitiço atingira Hermione e notou o despropósito de sua pergunta, se tornando tão ou até mais vermelho do que ela.

-B-bom... b-bom... não é... bem, não é em um lugar... – começou ela gaguejando e tropeçando nas palavras – visível... – completou num sussurro quase inaudível.

Gina revirou os olhos e Harry reprimiu um sorriso. Luna se manteve impassível enquanto Neville pareceu nem entender a situação, pois continuou falando:

-Mas como foi que seus pais mudaram de idéia, Hermione?

-Ahn?... Ah, bem... Eles acabaram entendendo que Hogwarts é o meu lugar, sabe? A conversa que eles tiveram com o Sr. e a Sra. Weasley ajudou muito.

-Por falar nisso... Sua casa é realmente muito bonita, Mione! – elogiou Gina.

-Obrigada, Gina. – sorriu Hermione, aos poucos voltando à sua cor normal.

-Se parece um pouco com a casa dos meus tios, - falou Harry – com exceção daquela piscina, é claro.

-Foi uma pena eu não estar em casa... A gente poderia ter nadado um pouco, se vocês quisessem. – disse ela.

-Teria sido demais! – exclamou Gina. – Eu nunca entrei em uma piscina!

-Bom, está convidada então. Na verdade eu mal entro também. É meio chato entrar sozinha e meus pais estão sempre trabalhando... Às vezes meu primo me faz companhia mas-

-Primo? – perguntou Rony se desencostando do banco – Que primo?

-Ah, acho que vocês conheceram o Greg, não? – perguntou Hermione.

Harry olhou para Rony antes de acenar afirmativamente com a cabeça. Não estava frio, mas o amigo parecia estar tremendo. Suas orelhas voltando a parecer cachinhos de carne crua e suas mãos apertando firmemente o assento do banco.

-Sim, nós o conhecemos. – disse Gina, entusiasmada – E ele me pareceu muito legal.

-Oh sim. – respondeu Hermione – Ele é.

-Com certeza. Muito legal. Inclusive o fato dele estar se explodindo de felicidade de você voltar a ser trouxa. Muito legal isso também, não acha? – Rony perguntou sarcasticamente.

Hermione se virou para Rony com uma expressão confusa no rosto.

-Não estou entendendo onde você está querendo chegar, Rony. O Greg nem ao menos sabe que eu sou uma bruxa, então como é que ele poderia estar vibrando com o fato de eu deixar de ser?

-Ele... ele estava torcendo para você ir para uma escola de... ontoto... ontotologia...! Que brilhante idéia, não? – replicou o garoto ferozmente.

-O... o quê? É ODONTOLOGIA, Rony! E é a mesma escola em que meus pais estudaram para se tornarem dentistas! E é onde o Greg estuda também! – falou uma Hermione, meio brava.

-Sei! Então por que você não ficou e foi para essa escola, já que acha a idéia do seu priminho tão genial? – falou ele já perdendo as estribeiras.

-Ah, não! Já chega vocês dois! Não comecem com isso desde já! – berrou Harry.

Hermione e Rony se encararam com fúria, mas não disseram nada. Estavam se queimando com os olhares lançados um ao outro.


*****



Durante as horas que se passaram, Hermione e Rony mantiveram-se num silêncio amuado, enquanto os outros conversavam animadamente.

-Luna... O que é isso pendurado no seu pescoço? – perguntou Gina, mirando atentamente algo marrom e disforme pendurado na ponta de um cordão encardido amarrado ao pescoço da garota.

-Ahhh! Isso é algo muito valioso! É o pedaço mais importante do chifre de um Bufador de Chifre Enrugado. Ele traz sorte para quem o usa. – explicou ela, arregalando os olhos.

Hermione fez um barulhinho de impaciência e girou os olhos para cima. A loira encarou-a por um instante e depois virou-se para Harry.

-Mantenha o que eu lhe dei sempre com você, Harry. Assim nada poderá te atingir.

-Você deu um chifre enrugado para o Harry? – perguntou Rony, segurando o riso.

-Sim. – respondeu ela orgulhosa, encarando o ruivo profundamente – Presente de aniversário.

Rony se mexeu desconfortável no assento, sentindo a menina o encarar. Gina se virou para Hermione.

-Sabe que eu gostei do seu cabelo assim, Mione? – disse ela – Essa trança ficou legal para você.

-Hum... obrigada Gina. – Hermione respondeu timidamente.

-Ah! Falando nisso, eu queria lhe perguntar... como é um salão de beleza? – perguntou.

-Perdão? – disse Hermione.

-O dia em que fomos à sua casa você estava num salão de beleza com sua mãe... Então... como é um?

-Ah, bom, normal... Interessante, digamos assim.

-Os salões bruxos são fantásticos também! Você conhece algum?

-Não. Mas já li sobre eles. Os salões trouxas usam aparelhos movidos a eletricidade para modelar os cabelos, não apenas poções como nos bruxos.

-Eles usaram algum aparelho em você? – Gina perguntou, interessada.

-Usaram. Mas afinal, acho que isso tudo é muita mão-de-obra para muita pouca coisa. – disse Hermione.

-E o que foi que fizeram com seu cabelo? – continuou Gina.

-Ah, bom... Mamãe insistiu que eu deixasse que eles fizessem algumas luzes... – respondeu ela, ligeiramente vermelha.

- Luzes? Como assim?

-Bom, pintaram algumas mechas do meu cabelo com uma cor mais clara... – falou Hermione, se sentindo desconfortável.

-Nossa! Que legal! Mas não estou conseguindo ver direito...

-É por causa da trança.

-Então solta o cabelo!

Rony olhou de esguelha para Hermione quando ouviu o pedido da irmã.

-Ah, não. Depois você vê, Gina. Agora não. – Hermione disse, encerrando o assunto. A ruiva ainda abriu a boca para insistir, mas nesse momento a porta da cabine se abriu e Carole Rumbold apareceu.

Rony gelou. “Estou em encrenca” – pensou.

-Hermione Granger! Até que enfim lhe encontrei! Pode vir comigo um instante? – pediu a garota.

Hermione pareceu ligeiramente surpresa e limitou-se a balançar a cabeça em sinal positivo, acompanhando Carole pela porta da cabine.

-Essa garota é monitora também, não? – perguntou Gina.

-Sim, Monitora-Chefe, por sinal. – esclareceu Rony.

-Isso significa que Hermione está com problemas... – concluiu Harry.

-Por que problemas? – disse Gina.

-Ora, por causa da confusão com Malfoy. Certamente ele deve ter inventado algo de mal sobre Hermione.

-Ei! Mas ela não teve culpa! – indignou-se Gina. – O culpado de tudo foi o maldito do Malfoy!

-É melhor eu ir dar um jeito nisso. – falou Rony finalmente, se levantando do banco.

-Não, Rony! Você só vai piorar as coisas! – advertiu Gina, puxando o irmão pelas vestes e o fazendo se sentar novamente. – A Mione é esperta o suficiente para resolver isso sozinha.

-Mas... – continuou ele.

-A Gina está certa, Rony. A Mione vai sair dessa sozinha. – disse Harry.

Nesse momento a porta da cabine se abriu novamente e todos se viraram para olhar quem entrava.

-Olá! – cumprimentou Dino Thomas alegremente. – Tiveram boas férias?

Todos responderam ao cumprimento do garoto e então este se virou para Gina.

-Gina, será que podemos conversar?

-Posso saber o que você quer tanto conversar com minha irmã, Dino? – Rony falou secamente.

-Fica quieto, Rony. Quem cuida da minha vida sou eu! – falou a ruiva para o irmão. – E claro que podemos, Dino, vamos. – completou ela, saindo acompanhada por Dino.

Rony ficou de pé em um salto e correu para a porta da cabine.

-Olha lá, Sr. Dino Thomas! Veja o que faz com minha irmã! – berrou ele para o casal que se afastava pelo corredor.

-Eu é que não queria um cunhado como você!... – falou Neville num tom que poderia significar brincadeira ou nervosismo.

Rony ergueu a sobrancelha para ele, mas não disse nada. Alguns minutos de silêncio depois, Neville voltou a falar.

-Harry...

-Hum?

-Eu queria falar com você um minuto, pode ser? – pediu ele, nervosamente.

-Claro, fala Neville.

Neville olhou para Harry e deste para Rony e Luna, como se indicasse que não queria falar nada na frente dos dois.

-O que é que deu em todo mundo hoje que todos precisam conversar em particular? – falou Rony, irritado. – Eu não vou sair daqui. – concluiu.

-Vem, Neville. Vamos ver se a gente encontra a mulher do carrinho de comida. – disse Harry, levantando-se. E se virando para Rony franziu a testa como se pedisse desculpas e continuou: - Te vejo daqui a pouco, Rony.

O ruivo se encostou com força no banco em que estava sentado e fechou os olhos. Que belo dia esse que ele estava tendo! Vamos recapitular: primeiro a notícia de que esse ano teria ainda mais trabalho como monitor; depois aquela cena simplesmente NOJENTA de Malfoy segurando Hermione... - “Se bem que socar aquele desgraçado não foi nada mal...” – pensou ele."Bom, depois a briga com Hermione, – Ah, antes disso ainda teve a minha pergunta idiota sobre a marca dela... imbecil!...” – aí veio o Dino com aquele papinho de querer conversar com a Gina... E para terminar com chave de ouro, Neville de segredinhos com Harry...

-Ela acha que o Harry é um insensível. – disse uma voz sonhadora tirando Rony dos seus pensamentos. O garoto se virou e só então notou que Luna continuava na cabine. – “Ah não, Rony! Ainda não terminou! Você ainda vai ter que ficar sozinho agüentando as maluquices da Di-Lua!” - pensou ele extremamente exasperado.

-Quê? – perguntou rispidamente.

Luna fez sinal com a cabeça em direção à janela da cabine. Rony olhou para onde ela apontava e viu um grupo de garotas passando no corredor em frente. E entre elas estava Cho Chang.

-Cho Chang acha que o Harry é um insensível. – disse Luna.

-Ah, acha, é?? E eu acho que ela é uma chorona! – concluiu Rony, ainda mais mal-humorado.

-Sim... Eu realmente não teria chorado só por ter sido trocada por outra garota no dia dos namorados. – falou Luna, com um ar profundamente pensativo.

-Sobre o que você está falando? – perguntou Rony, impaciente.

-Ah... Corvinal inteira sabe que Harry disse que queria se encontrar com outra garota durante o encontro deles no dia dos namorados... – falou Luna, arregalando os olhos.

-Oh, sim, é claro! – disse Rony sarcasticamente. – Ela era só uma das garotas da lista de Harry daquele dia... Ele é famoso, sabe?

-É verdade. Cho disse que chegou a perguntá-lo quantas outras garotas ele ainda teria que encontrar naquele dia...

-Hahaha... A fila anda, não é? – riu Rony, achando aquilo tudo ridículo.

-Mas isso nem foi a gota d’água para Cho... – continuou Luna com sua voz sonhadora.

-Não foi, é? Ela estava conformada em ser só uma das namoradas de Harry? – perguntou Rony, começando a achar aquela situação muito cômica.

-Bom, ela o perdoou. – falou Luna num tom como se aquilo fosse o óbvio.

-Nossa! Que bom coração! – disse Rony, agora gargalhando alto. – Nem posso imaginar o que possa ter sido a gota d’água!

-A gota d’água foi ele ter ficado contra ela para defender a OUTRA. – concluiu Luna numa voz etérea que lembrava a da professora Sibila.

Rony agora ria muito. Como aquela garota conseguia ser tão maluca?? Fazia realmente jus ao seu título de Di-Lua Lovegood.

-Cho disse que assim já era demais. Como da outra vez, Harry preferiu a outra.

-E-le... E-le preferiu, foi? – disse Rony, se esforçando para controlar as risadas, - E quem é a felizarda dessa outra garota de Harry?

-Oh, sim. Isso é outra coisa que todo mundo sabe. Me admira você ainda não saber, Ronald. – respondeu Luna, - a namorada oficial de Harry é Hermione Granger.


*****



Hermione vinha caminhando lentamente por um dos corredores do trem. Estava se sentindo mal pelo que acabara de fazer: tinha mentido para os Monitores-Chefes.

Carole Rumbold havia a chamado para interrogá-la sobre o que realmente teria acontecido mais cedo durante sua ronda. Disse que Malfoy tinha aparecido com o rosto bastante machucado e tinha dito que levara um tombo. A garota corvinal não tinha acreditado, logicamente, então chamara Hermione a fim de apurar a verdade. Mas tudo que Hermione fez foi confirmar a história. E pior: ainda acrescentou vários detalhes com o intuito de tornar o relato mais convincente...

Ela sabia que cedo ou tarde a notícia da briga chegaria aos ouvidos dos monitores e ela estaria em encrenca por ter mentido. Sabia que perderia grande parte da confiança que os outros sempre lhe depositaram. Mas acima de tudo, Hermione sabia que nada disso realmente importava, desde que Rony ficasse bem.

Com esses pensamentos fervilhando na cabeça, Hermione tomou o corredor que dava para a cabine em que estava anteriormente. Mas a uma distância ainda considerável da porta, uma risada atingiu seus ouvidos.

“Rony” – pensou ela.

Conheceria essa risada em qualquer lugar que fosse, pois era a única que além de vibrar em seus ouvidos, conseguia balançar seu coração.


*****



Rony parou de rir subitamente no instante em que aquele nome entrou por suas orelhas e a informação martelou em seu cérebro. Nem notou a porta da cabine se abrindo e uma Hermione, muito vermelha, parando de chofre.

-Oh, me desculpem! Eu não queria ATRAPALHAR a diversão de vocês... – disse ela, numa voz carregada de ironia.

Rony virou o rosto para ela, notando finalmente sua presença ali. Sua face continha uma expressão indecifrável.

-Vejo que o assunto estava mesmo muito interessante... Sobre o que era, afinal? – perguntou ela, sentando-se de frente ao garoto e ao lado de Luna.

-Você. – respondeu Luna, calmamente, seus olhos claros saltados brilhando.

-Eu o quê? – disse Hermione, rispidamente.

-O assunto final era sobre você. – esclareceu.

-S-sobre m-mim? – berrou Hermione, inflando de fúria, - E o que vocês estavam falando de tão engraçado sobre MIM?

No primeiro momento Rony encolheu-se no assento do banco, mas depois, como num ímpeto de coragem, ele a encarou firmemente nos olhos e disse com frieza:

-Nada que lhe interesse, Srta. Granger.

A atitude do garoto pegou Hermione desprevenida. Ela nunca vira os olhos do amigo a encararem com tanta frieza. Então, de repente, ela se sentiu desprotegida, vazia. Como se aquele olhar gelado tivesse sugado tudo de bom que ela guardava dentro de si.

-O que está acontecendo aqui? – a voz de Harry interrompeu. – Ah, não! Vocês dois não estão brigando de novo, estão?

-Não, Harry. – respondeu Hermione fracamente. – Não estamos.

Harry e Neville voltaram a se sentar também. O clima na cabine estava estranho, não se sabia por quê. Harry encarou Hermione, que estava levemente pálida. Seus olhos verdes partiram da garota para o amigo ruivo, e este estava fitando-o de esguelha, numa expressão estranha, ligeiramente magoada.

“O Rony deve ter ficado chateado por ter sido excluído da conversa por Neville. Mas depois explico para ele que o assunto não era nada demais.” – pensava Harry.

“Ele gosta dela?... Por que foi que ele me tratou assim? Por que foi que ele me OLHOU assim? Ele gosta da Luna?... Ele gosta dela?... Ele gosta dela!” – devaneava Hermione.

“Hermione e Harry?… É claro que não! A Di-Lua é só uma maluca que deve acreditar até nas besteiras da Rita Skeeter. Afinal, o pai dela é editor do Pasquim! Como eu posso acreditar numa garota que delira com Chifradores Bofudos?... Mas... O Harry sonhou com Hermione... E daí, Rony? O que isso tem demais? Quantas vezes VOCÊ já sonhou com ela?... Isso não significa nada... É, decididamente não significa nada...”


*****



Obrigada a cada um que está lendo e acompanhando a fic!

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