Afastando os Demônios

Afastando os Demônios



GARGALHADAS e zombarias encheram o ar. Gina endireitou a postura e olhou zangada para os espectadores. Harry meneava a cabeça, decidido a interromper a luta. Antes que pudesse alcançá-la, Gina apontou a espada para ele.


— Afaste-se, marido. Este desafio é meu, não seu.


— Não deixarei que você...


Gina brandiu a espada, encostando a ponta no peito dele.


— Pode lutar comigo depois que eu lutar com ele.


A multidão explodiu em gargalhadas. Dudley agarrou o irmão pelas costelas, puxando-o para trás.


— Quero ver a luta.


— Consegue vencer uma mulher, garoto? — zombou alguém.


As risadas enfureceram Colin, que começou a baixar a espada, sentindo-se humilhado.


— Não dê atenção a eles — disse Gina. Mostre o que tem praticado.


Ele parecia incerto, mas Gina repetiu:


— Mostre a eles.


Como ele continuava parado, Gina percebeu que teria de começar a luta atacando. Colin esperou ate o último momento para bloquear a lâmina.


— Isso é tudo que consegue fazer? — ela provocou. Foi recompensada com o olhar carrancudo de Colin.


Ele a rodeou e atacou com um forte golpe. Gina mal conseguiu se defender desta primeira investida.


A espada dele se movia nas seqüências que praticaram juntos nos últimos dias, e Gina percebeu que Colin tentava ser brando com ela. Colin não queria lutar com ela, mas não queria deixar parecer que era incapaz de lutar com uma mulher.


Precisava fazer com que ele parecesse bom. E a única maneira de conseguir isso era ela mesma lutar melhor. Investiu a espada contra ele com toda a força e, por instinto, Colin aparou o golpe. Os efeitos do hidromel fizeram com que Gina cambaleasse, mas ela recuperou o equilíbrio a tempo de se esquivar do próximo ataque.


A multidão ficara silenciosa enquanto a luta prosseguia. Os pés de Colin se moviam em padrões intrincados, indo de um lado para o outro. Gina viu uma brecha para atacar, pois os olhos dele estavam no jogo de pés novamente. Ela deixou a oportunidade passar, não querendo que ele parecesse um fracasso. Quando viu que Colin erguia o olhar, atacou outra vez, sendo revidada por um golpe que fez seus dentes trincarem.


Colin enfim estava relaxado, concentrando a atenção na luta simulada. A espada dele se movia mais rápido, e o braço de Gina doía com o esforço de se defender. Ela sabia que não agüentaria por muito tempo. Colin parecia ter percebido também, pois a fitou nos olhos. Fizeram um acordo silencioso e em seguida ambos levantavam as espadas e encerraram a competição.


— Eu não arrancaria sangue da esposa de meu irmão — declarou Colin com um sorriso convencido.


Dudley deu uma sonora gargalhada e ergueu o braço de ambos, em sinal de vitória.


— Eu diria que ambos merecem o prêmio do vencedor. Colin, vá escolher sua garota.


O rosto de Colin ficou vermelho, mas ele segurou a mão da mocinha de tranças ruivas. Ela deu uma risadinha ao ser beijada, corando ao mesmo tempo.


— E você, Gina... Quem escolhe beijar? — Dudley ofereceu os lábios. A multidão ria. Gina tocou o rosto de Dudley, mas meneou a cabeça, passando pela multidão. A atenção dela estava em Harry.


— Escolho ele — ela disse, tomando a mão do marido. As pessoas gritaram em aprovação quando Gina se inclinou na direção do rosto marcado de Harry.


A tensão dominou o rosto dele, mas Gina sabia que ele não a envergonharia recusando o beijo. Fingiria interesse, talvez até a beijasse. Mas não seria real.


A máscara de indiferença havia sido recolocada. Apenas o beijaria e acabaria logo com isso. Mas doía pensar que ele não a queria. O fingimento arruinava tudo.


Ela tocou os lábios dele num leve beijo e fugiu antes que Harry pudesse reagir. Às suas costas, Gina ouviu Dino Thomas tocando as flautas. As pessoas recomeçaram a dançar. Ninguém viria atrás dela. Escapou pela escada para o estreito corredor que levava ao quarto deles.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


HARRY SENTIU-SE como na primeira caçada com o pai. Lembrava do medo nos olhos da corça antes de abatê-la com uma flecha.


Gina olhara para ele da mesma maneira justamente agora, assustada, mas ansiosa por uma segunda chance. E ele não a dera. Tinha planejado dar o beijo que ela queria, fazendo parecer que tudo estava bem entre eles — um beijo entusiasmado entre marido e mulher. Mas ela o deixou parado sozinho, após Ihe dar um beijo que uma criança teria dado no pai. Percebeu-se indo atrás dela, sem saber exatamente o motivo.


Harry a viu parada à porta do quarto, o rosto pressionado contra a parede, os ombros trêmulos. Ele a fizera chorar.


O lamento surgiu dentro dele, que sabia só haver uma maneira de remendar seus sentimentos despedaçados.


— Gina — ele murmurou gentilmente. — Venha cá.


Ela se voltou. Harry viu o desespero nos olhos dela. Ele venceu a distância entre os dois, segurando-lhe o rosto nas mãos. Não sabia dizer o motivo, mas sentiu necessidade de beijá-la de verdade.


Provou o sal das lágrimas de Gina, mas logo o calor de sua boca o distraiu. Ela respirou fundo e ele intensificou o beijo, persuadindo-a a abrir os lábios. Os braços dela Ihe envolveram o pescoço, os polegares acariciando lentamente a nuca.


O beijo era gentil, uma humilde oferta de reparação. As línguas se encontraram, mas desta vez Harry não lutou contra o desejo correndo por ele. As mãos desceram ate os quadris dela enquanto se deixava perder completamente em Gina.


— Harry, não precisa...


— Shh. — Ele tomou-lhe os lábios novamente, ignorando as vozes de protesto em sua mente. Sabia que era errado, sabia que nunca deveria ter começado. Mas, em nome de Deus, ele a queria. Queria sentir a suavidade dela em seus braços.


Abriu a porta do quarto e a trancou depois de entrarem. Então tomou Gina de novo nos braços, pressionando-a contra a parede. Suas mãos tatearam os cordões do vestido, até sentir-lhe a pele cálida. Tomou os seios, acariciando os mamilos, enquanto Ihe explorava a boca.


O desejo rugia com a força de uma tempestade. Os joelhos dela fraquejaram, mas ele a segurou, erguendo-a contra si. Sua mente estava vazia de qualquer coisa que não fosse Gina.


Equilibrou o peso dela contra a parede, o coração disparado enquanto procurava a pele nua. Linho se rasgava e cordões caiam enquanto sua boca Ihe cobria o mamilo.


Foi então que notou que ela deixara de corresponder. Lágrimas escorriam pela face de Gina, que estava agarrada aos seus braços. Não tinha lutado contra ele, mas o medo terrível nos olhos dela fez Harry perceber o que tinha feito. Rasgara-lhe a roupa no esforço de sentir a pele, sem pensar nos antigos sofrimentos pelos quais passara.


Gina não estava pronta para compartilhar a cama, não importava o que dissesse. A conclusão foi um balde de água fria em sua luxúria.


— Sinto muito. — Ele soltou Gina, que escorregou ate o chão, os braços rodeando os joelhos. — Não pretendia assustá-la. Eu só...


Harry passou a mãos pelos cabelos, sem saber o que dizer.


— Nunca a machucaria, Gina. Eu juro.


Ela não disse nada, tampouco olhou para ele.


— Eu a deixarei sozinha, se é o que quer — ele disse.


— Não. — Ela mantinha a cabeça abaixada, mas murmurou: —  Não vá.


Harry se sentou ao lado dela, ombro a ombro.


— Você me fez esquecer de tudo.


— Pensei que eu havia superado. Pensei que seria diferente com você.


As palavras o atingiram como um soco. Harry não gostava de ser comparado a Draco, de maneira nenhuma. Queria argumentar que ele era diferente.


Mas não tinha acabado de mostrar o contrário? Perdera o controle, forçando Gina a beijá-lo.


— Não a incomodarei novamente — ele prometeu. — Isso nunca deveria ter acontecido.


— Sei que precisamos consumar o casamento — ela sussurrou. — Depois não precisa me procurar. Não exigirei isso de você.


— Não é sua culpa, Gina. Eu fui longe demais e você não estava pronta.


Lentamente, ela sentou-se ereta. Embora as lágrimas ainda estivessem ali, Harry notou uma forte determinação.


— Posso ficar pronta — ela insistiu. — Ensine-me a não ter medo. Prometo que não o rejeitarei. Apenas... tenha paciência comigo.


— Não sabe o que esta me pedindo. — Harry não tinha este tipo de controle. E estava ficando difícil silenciar as vozes que o lembravam de que estava traindo Cho. Não queria mais pensar na primeira esposa. Estava cansado de sentir o peso da culpa.


A mão de Gina Ihe tocou a cicatriz.


— Confio em você — ela murmurou.


Harry não queria este tipo de responsabilidade. Seu corpo a desejava, mas ele não era o homem certo.


Queria recusar novamente, mas as palavras ficaram presas em sua boca. Gina havia apoiado o rosto no de Harry, cujos braços a envolveram. Ele não conseguia falar, apenas abraçá-la. Imaginava se teria honra suficiente para afastá-la.


Gina tentava esconder as emoções. Não sabia que o medo retornaria daquela maneira. Não com Harry. Mas nunca experimentara a violência de sentimentos que corriam dentro dela, a sensação de estar ardendo em chamas. Quando Harry a pressionou contra a parede, os pesadelos retornaram. Draco uma vez a prendera contra uma parede, surrando-a até que perdesse a consciência.


Não. Ela não pensaria mais nele. Manteria a promessa de conquistar sua liberdade. Se ao menos conseguisse ficar deitada quieta, se submeter a Harry, tinha certeza de que ele afastaria seus fantasmas.


O polegar dele desenhou uma trilha pela gola da túnica, descendo até a cintura. Lentamente, Harry a puxou de frente para ele.


As mãos dele buscaram o véu, e Harry esperou que ela se afastasse. Como ela não o fez, soltou o véu, deixando que os cabelos de Gina caíssem sobre os ombros. A massa sedosa escorregou até a cintura em ondas vermelhas.


Ele mergulhou as mãos nos cabelos e notou a tensão voltar. Gina ainda estava com medo, embora lutasse contra isso.


Embora quisesse se deitar com ela, sentir o prazer que se negava há dois anos, foi o medo de Gina que o fez parar. Sabia que poderia ensiná-la a não temer o toque de um homem. Desde que não consumasse o casamento, poderia manter um tênue controle sobre a sua promessa de lealdade a Cho.


As mãos de Gina se colocaram sobre seu peito. Timidamente, ela explorou a pele nua por baixo da túnica, traçando o contorno dos músculos. Harry fechou os olhos, apreciando a sensação dos dedos dela.


Tanto tempo. Fazia tanto tempo que não deixava ninguém tocá-lo. Sentir Gina era como um bálsamo para seu espírito.


— Tem certeza disso? — ela perguntou. O medo era audível na voz trêmula. — Se não quiser que eu...


Harry pôs um dedo sobre os lábios dela, deixando que a outra mão Ihe buscasse a cintura. Ele a queria tanto que seu corpo estava pronto para se incendiar ao menor toque. Gina viera até ele, querendo que Harry Ihe afastasse os demônios. E faria isto esta noite. Ele a deixaria satisfeita, espantando seus temores sem quebrar a promessa a Cho.


Trouxe os braços dela para seu pescoço e se inclinou. Os lábios se encontraram, os dela se abrindo quando Harry os empurrou com a língua. Quando Gina finalmente se rendeu, a língua dele adentrou o calor da boca, o fogo do desejo se tornando mais forte.


O voto de fidelidade estava prestes a se despedaçar de tão frágil. Esta era sua nova esposa. Aos olhos de Deus, deveria torná-la sua. E Gina estava ansiosa para aprender tudo que ele quisesse ensinar.


Deite-se com ela, a luxúria o incitava.


Harry fechou os olhos, perguntando-se por que estava mantendo uma promessa feita a uma mulher morta. Assim como Draco ainda controlava Gina com seu legado de medo, Cho ainda dominava seu coração.


Gina se afastou, as mãos trêmulas. Harry viu medo nos olhos dela, mas ali também existia confiança. Ela permitia que cada sentimento, cada parte dela fosse revelada.


— O que você...? — Gina se atrapalhou com as palavras, então respirou fundo. — O que você quer que eu faça?


— Nada. — Harry sentiu a garganta apertada com a confissão. Não sabia identificar os sentimentos que tinha por ela, mas Gina conseguia afastar a escuridão de sua vida. — Ainda é muito cedo para você, meu coração.


Estava mentindo. Ainda era muito cedo para ele. Seu coração se equilibrava na beira de um precipício, sabendo que era hora de esquecer Cho. Mas mesmo tocando Gina, mesmo apreciando a idéia de amá-la, não estava pronto para deixar de ser leal a antiga esposa.


Mas podia agradar Gina, oferecer-lhe satisfação e afastar-lhe os demônios.


— Devo ir embora? — ela perguntou.


Harry meneou a cabeça. As mãos tomaram o rosto de Gina, os polegares acariciando as bochechas. Então ele colocou as mãos sobre os ombros dela, o olhar penetrante.


Ela se perguntava o que ele estava pensando, por que não respondia a sua pergunta. Então a boca de Harry buscou a de Gina novamente, numa quente tempestade de aflição e desejo. Ela estremeceu, agarrando-se a ele enquanto sentia a pele arder. Sentia os músculos dele se flexionando, então começou a mover as mãos sobre a pele. O beijo invocava ardentes sensações de necessidade, fogo líquido se precipitava entre suas coxas.


O medo se concentrava na boca do estômago, embora Harry não fizesse nada alem de beijá-la. Gina lutava contra a onda de desejo, temendo se entregar a ela.


Harry interrompeu o beijo, mas manteve as mãos delas nas suas. Gina sentia a mente tomada pela confusão. Ele levou a palma de sua mão aos lábios, deslizando a língua em seu centro. Gina estremeceu com a estranha sensação provocada.


— Você é linda, Gina. — Harry segurou uma mecha dos cabelos e a levou aos lábios. — Não importa o que ele disse a você, acredite.


A mão dele agora Ihe segurava o rosto, o polegar acariciando a pele macia sob o queixo. Harry se inclinou para beijar aquele ponto, provocando-lhe um violento arrepio. A pele ardia de ansiedade.


Ele falava em grifinório, murmurando palavras carinhosas, palavras que tocavam seu coração. Enquanto falava, os lábios dele desceram pela clavícula até o vale entre os seios.


— Esta noite Ihe mostrarei como um marido satisfaria a esposa.


Harry a levou para a cama, deitando-a sobre o colchão. Gina tremeu, tentando evitar as más recordações. A boca de Harry Ihe tomou o mamilo, umedecendo o tecido de sua roupa. Uma onda de calor a inundou quando a língua começou a circular o bico enrijecido. A respiração de Gina explodiu num arquejo quando ele sugou o seio, acariciando o outro com a mão. A outra mão desceu até a junção das coxas, o polegar encontrando seu centro de prazer.


Gina mal conseguia respirar enquanto a boca de Harry continuava o doce tormento em seu seio. Mas ela pressentia que havia mais.


— Preciso de você — ela murmurou, incapaz de impedir as palavras. Em resposta, Harry procurou-lhe a boca, beijando-a profundamente. Gina temia que ele parasse, que lembrasse da primeira esposa e a rejeitasse. Mas não podia deixar que Ihe despertasse tais sensações sem dizer como se sentia.


Gina o puxou para si, correndo as mãos por sua pele quente, ate alcançar os quadris. Harry se levantou e tirou a calca, ficando nu diante dela. Sua masculinidade estava rígida. Gina sentou na cama, fitando-o.


— Quer me tocar? — ele murmurou.


Gina ficou receosa, mas Harry levou sua mão à extensão de seu membro. Ela nunca tinha tocado um homem desta maneira. Draco adorava subjugá-la com sua força, mantendo-a presa até ela chorar de vergonha. Embora não tivesse tomado sua virgindade, nunca a tivesse violentado, Gina sabia que o dia chegaria.


Se não fosse a arrogância, a insistência em achar que faria com que ela o desejasse, teria acontecido. Mas não aconteceu.


Não havia vergonha com Harry, só um novo despertar. E com o despertar veio a conclusão de que estava se apaixonando por ele. Isso doía demais, pois sabia que Harry jamais a amaria.


Esperava que um dia ele pudesse enxergá-la como mais do que esposa e companheira. E consolou-se por saber que ele realmente a desejava.


Tomou Harry nas mãos. Ele fechou os olhos, inclinando-se para trás, deixando que ela o explorasse. Permaneceu imóvel enquanto ela acariciava seu membro. Gina percebeu que se tornava mais rígido quando se aplicava certo ritmo, que a respiração de Harry ficava entrecortada.


Então ele pegou-lhe a mão e a levou aos lábios. Harry se reclinou ao lado de Gina, deslizando o dedo sobre o tecido da sua túnica.


— Fiz uma promessa e pretendo mantê-la. Mas não conseguirei, se continuar me tocando assim.


Gina não sabia de qual promessa Harry falava, mas obteve uma pequena sensação de vitória por ter o poder de fazê-lo esquecer de si mesmo.


Harry a virou de costas, aninhando-a nos braços. Com uma das mãos afagava os seios, e com a outra foi abrindo caminho até o ponto úmido entre as coxas. Pôs um dedo dentro dela, usando o polegar para acariciá-la, enquanto a outra mão continuava a provocar os seios.


Os violentos sentimentos de ansiedade voltaram, e Gina arqueou o corpo com as sensações do prazer. Contorcia-se enquanto o calor aumentava. Harry esfregava seu mamilo com mais intensidade, e então enfiou um segundo dedo dentro dela.


Gina gemia enquanto ele continuava a deslizar os dedos para dentro e para fora. Harry levou a boca ao ombro dela, mordiscando-a de leve enquanto o polegar aumentava a pressão em seu excitado centro de prazer.


De súbito, um fluxo incandescente de alívio irrompeu em Gina, sufocando-a com a mais incrível sensação de saciedade. Harry a manteve abraçada enquanto os tremores pulsavam por seu corpo, erguendo-lhe o queixo para roubar um beijo.


Harry tinha feito toda aquela maravilha por ela sem pedir nada em troca. Mas Gina queria retribuir, mostrar o quanto se importava com ele.


Sentia a rigidez da ereção às costas enquanto Harry a aninhava novamente nos braços.


Gina se virou e sentou sobre os quadris dele. Com as mãos, envolveu a ereção. Harry recuou, como se sentisse dor, resmungando, mas Gina percebeu que ele sentia desejo por seu toque. Encorajada, decidiu acariciá-lo, sentindo a rigidez da masculinidade em suas mãos.


Harry segurou-lhe os punhos.


— Não.


— Deixe — ela murmurou. — Deixe-me oferecer a você o que me ofereceu. — Gina afastou a roupa, deixando que Harry visse seus seios. Inclinou-se para beijá-lo, roçando os bicos rígidos sobre o peito dele.


Sentir o calor da ereção entre as coxas úmidas só a deixou ansiosa para senti-lo dentro de si.


— Por favor, Harry — ela murmurou.


A expressão sofrida no rosto dela fez com que Gina quisesse oferecer cada emoção, cada sensação que Ihe fora proporcionada.


Muito gentilmente, Harry puxou os quadris e afastou Gina para o lado. Ergueu os braços dela e a vestiu com a túnica outra vez. O ar determinado nos olhos dele mostrava que não mudaria de idéia.


Harry a beijou outra vez e a puxou para si.


— Durma, Gina.


O corpo dela ardia de desejo insatisfeito, assim como o dele. Não entendia por que ele a rejeitou. Harry não Ihe era indiferente. Só podia rezar para que conseguisse de alguma forma quebrar o escudo que protegia o coração dele.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


O PEQUENO jardim estava coberto de neve, os arbustos secos revestidos de gelo. No silêncio do amanhecer, Harry caminhou em direção a retorcida nogueira que abrigava dois túmulos.


Ajoelhou-se diante deles. Uma roseira fora plantada entre os dois para que oferecesse flores na primavera. Os ramos espinhosos estavam nus, destituídos de vida. A mão de Harry primeiro deslizou sobre a neve que cobria o túmulo da filha.


Sentia-se grato por ao menos ter conhecido a doçura de seu abraço e a música de sua voz. Mesmo que a vida dela tivesse sido curta, Harry tinha uma recordação na qual se agarrar.


Seus dedos afundaram na neve, os ombros curvando-se enquanto Harry deixava o pesar vir à tona. Chorou a perda sozinho, permitindo que a dor o arrastasse feito uma maré. Então, enfim, ajoelhou-se ao lado do lugar de descanso de Cho.


A dor que sentia por ela não era menor, mas havia abrandado. Reviveu as lembranças da quieta diligência de Cho, da maneira como tornou Godric um verdadeiro lar. Os dedos dela nunca estavam parados, sempre bordando, costurando ou fiando.


Harry admitiu a verdade para si mesmo. Cho não era feliz ali. Tentou oferecer tudo a ela, seu amor, atender a cada desejo. Mas não parecia ser o bastante. Os sorrisos dela eram raros e, geralmente, reservados a filha, nunca a ele.


Mesmo agora doía reconhecer que ela não o amava da maneira como de a amava.


Talvez continuasse se enganando, achando que sim se não fosse pela nova esposa. Gina Ihe oferecera tudo, coração e mente. Quando olhou nos olhos dela, viu a intensidade dos sentimentos, a completa confiança. E a magoara porque não podia oferecer o mesmo.


Sua respiração formava nuvens no ar gelado enquanto ele tocava a terra que cobria o tumulo da esposa. Sabia da dor que Gina sentia e queria remediar os sentimentos dela. Mas nem tinha certeza de ser capaz de amar novamente.


Contudo, era hora de se livrar do passado. Não desejava mais cumprir a promessa feita, a de nunca deixar outra mulher entrar em seu coração. Casou com Gina achando que poderia se manter longe dela. Mas isso não era possível.


— Perdoe-me — ele murmurou para o túmulo da esposa. O silêncio rodopiava ao redor dele e o vento Ihe atingia o rosto. Se Cho estivesse viva, certamente o liberaria da promessa.


Harry manteve a vigília junto aos túmulos, rezando pelas almas das duas. Rezou pedindo forças para deixá-las descansar e recomeçar a vida.


Às suas costas, veio o som de passos esmagando a neve. Virando-se, viu Colin.


— Remo Lupin mandou uma mensagem. Os sonserinos estão atacando. as terras dele novamente.


Era a luta que ele tinha previsto. Harry havia jurado apoiar o amigo e aliado, prometendo ajudar quando ele precisasse.


— Mande os homens se armarem. Partiremos sem demora.


— Vou com você.


— Não. Você não está pronto para este tipo de batalha. Os homens de Lupin já enfrentaram o inimigo antes, mas se ele pede nossa guarnição é porque estão perdendo a luta.


— Nunca estarei pronto para batalha nenhuma — retrucou Colin. — Não aos seus olhos. Como poderei ganhar experiência se sempre devo ficar em casa?


Harry agarrou o braço do irmão.


— Lembra da noite em que Sirius morreu? Lembra? Bem, eu lembro. Eu vi o maldito sonserino enterrar a espada na carne de nosso irmão. Não perderei outro irmão. Não se eu puder evitar.


Harry viu a rebeldia adolescente surgindo nos olhos de Colin e concluiu que o garoto poderia fazer algo perigoso se não abrandasse suas palavras.


— Além disso, preciso de você guardando a fortaleza e Gina.


— Elas estão bem protegidas — disse Colin, os olhos ardendo de ressentimento.


— Estou confiando tudo a você, Colin. Sei que se algo acontecer aqui, posso contar com você para ir nos buscar. — Harry apertou o ombro do irmão. — Posso confiar em você?


O rosto de Colin estava rígido, mas ele assentiu em concordância. Harry sabia que o irmão devia estar se sentindo uma ama-seca.


— Bom. Agora, de ordens aos homens para que se preparem. E mande Gina vir ter comigo — ele disse. Ela não gostaria de saber que ele havia saído em batalha sem se despedir.


O irmão se foi para cuidar das ordens e Harry permaneceu um pouco mais no jardim. Fez uma oração silenciosa pela esposa e pela filha, para que ambas encontrassem a paz nos braços de Deus.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


GINA o encontrou no pátio interno. As bochechas estavam coradas por causa do vento, os olhos brilhantes. Harry segurou-lhe as mãos, aquecendo-as nas suas.


— Senti sua falta de manhã — ela disse.


Harry a puxou para um abraço, aspirando seu perfume.


— E eu de você. — Estava sendo sincero. Gina ocupava seus pensamentos cada vez mais, e Harry se sentia feliz por tê-la ao seu lado.


Caminhavam lado a lado. Embora ela não falasse da iminente batalha, Harry sabia que estava observando os homens armados e prontos para partir. Lamentava ter de ir, especialmente agora que finalmente fizera as pazes com Cho. Mas este tempo longe Ihe daria a chance de ponderar sobre seu próximo passo. Pretendia cortejar a esposa, fazer daquele um verdadeiro casamento.


— Lamento pela noite passada — disse Gina, falando apressada. — Eu não deveria ter pedido que viesse para minha cama. O hidromel...


Harry a beijou, silenciando as palavras desnecessárias.


— Não dormi na noite passada — ele disse, acariciando o rosto dela. — E quando eu voltar, se você estiver disposta, farei com que não durma durante a noite também.


O rubor no rosto dela dizia que Gina sabia exatamente do que ele estava falando. Com um sorriso, Harry a deixou parada no pátio, os pensamentos inflamados com a promessa de torná-la sua esposa.

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