O sequestro



Draco estava estático. Olhava de Harry para Remo, com fúria nos olhos. “A Ordem me traiu! Eles me enganaram!” pensava, enquanto fechava e abria as mãos, tentando assimilar as palavras de Pedro. Rony, que estava mais próximo, colocou a mão em seu ombro, tentando acalmá-lo, mas ele não parecia muito disposto a aceitar consolação. Enquanto isso, Remo discutia com Christian a melhor forma de tirar dali Pedro, que permanecia mudo porém com um sorriso sarcástico nos lábios. Harry se virou, mirando Draco, sentindo-se culpado por não ter dito ao rapaz o que vira sobre seu pai. Então, era verdade. A visão de Harry, sobre Lúcio Malfoy era verdadeira. Harry tremeu.

- Draco – Ele disse – Eu vi... Eu ia te contar...
- Contar o quê, Potter? Que a Ordem me usou? Me traiu? – Draco parecia que ia chorar.
- Não houve traição, Draco...
- O que aconteceu com o meu pai! Anda! Fala logo!

Harry respirou fundo.

- Seu pai foi retirado de Azcabam pelos Comensais... – Harry falava pausadamente, e Draco fechou os olhos, deixando lágrimas rolarem – Eu... Vi... Vol... Você-sabe-quem... O torturando...
- Ele está morto! – Draco gemeu, falando abafado entre soluços.
- Não! Ele não ia o matar... Ele disse! Draco, podemos salvar seu pai!
- Eu não acredito mais em vocês! Me garantiram que eles ficariam bem! Estariam seguros! E agora?
- Não sabíamos, Draco... – Remo se meteu – Isso não foi culpa da Ordem, não podemos interferir em Azcaban! Achávamos que os dementadores estavam neutros, mas lamento que tenhamos sido inocentes demais.

Draco não ouviu Remo. Estava mais preocupado com seu pai sob o poder de Voldermort. Estava transtornado. Começou a andar de um lado para outro, com a mão na testa, em sinal de desespero. “Meu pai! Ele vai o matar!” Repetia entre lágrimas. Harry sentiu pena de Draco. Era certo que ele estava se esforçando. Nunca antes pensara que ele fosse tão bom amigo. Draco resgatou uma Horcrux, era confiável, sem sombra de dúvidas, mas, com essa notícia, parecia que tudo estava perdido. Virou os olhos para mirar Pedro. Desgraçado. Ele tinha causado aquela revolta. Apertou a mão contra o cabo de sua varinha, pronto para atacá-lo. “Seria tão fácil... Ele está indefeso, não iria nem piscar e estaria morto...” Mas Harry não era covarde para atracar alguém indefeso. Percebeu que Pedro sorria maldosamente para ele, balbuciando algo que Harry entendeu, por leitura labial, que era “Você está morto”.

- Desde quando você ficou tão corajoso assim, Pettigrew? – Harry falou entre os dentes – Ao que me lembro, você é um covarde de marca maior! Não sei como se atreve a desafiar-nos quando é minoria!
- Ele sabe que não somos covardes, Harry, é isso. – Christian comentou, enquanto olhava o homem com ódio no olhar.

Pedro mirou Christian. Era um rosto conhecido, ele o vira algumas vezes. Sabia que o rapaz era um Comensal da Morte, mas nunca soube nada sobre ele. De algum modo, parecia por demais familiar aquele rosto. Pedro era muito lento em seus pensamentos. Nunca se interessou em saber quem eram seus “parceiros” Comensais. Quando viu Christian ali, perguntou quem era, pois jurava que estavam do mesmo lado, mas não tinha mais certeza de nada. Só sabia uma coisa: o garoto que o mirava, com aquele ar displicente, olhos claros e constante tom de deboche na voz, era em demasia parecido com Sirius Black. Mesmo não sendo provido de grande inteligência, ele soube que Christian era filho de Sirius, e a julgar pelos olhos verde- esmeraldas e pelo branca-rosada do garoto, sua mãe não seria outra, senão Amanda Stonebreaker. Isso explicaria muita coisa, como por exemplo, o fato dela sempre dar um jeito de deixar o garoto de fora de ataques mais complicados.

- Harry... – Remo falou, fazendo Pedro virar os olhos de Christian para ele – Onde está a Capa de invisibilidade?
- Está... – Harry apontou para seu malão, ao lado da cama – Aí dentro. Pode pegar.
- O plano é o seguinte... – Remo meteu a mão por dentro dos pertences de Harry, tateando a capa – Draco vai com Pedro embaixo da capa, pois não pode ser visto... Vamos procurar pela Sala Precisa, precisamos de privacidade...

Draco não estava a par de nada naquele momento. Estava rubro de ódio, sentado numa cama, com o rosto entre as mãos. Rony o olhou, confuso.

- Lupin... Não acho que Draco está em condição de ir com Pettigrew – O ruivo falou incerto, apontando para Draco.
- OK, tem razão, Weasley...
- Professor! – Hermione teve uma luz – Eu posso sair, pegar a poção para Draco em sua sala e trazer para ele. Enquanto isso, eu distraio os alunos lá fora, para dar tempo de vocês de organizarem para sair.
- Perfeito, Granger, faça isso. Aposto que sabe qual é a poção... E sabe reconhecer a Veritaserum também? – Remo deu um risinho de canto de boca.

A menina sorriu.
- Claro, professor. Snape nunca reconheceu, mas sou ótima em poções.
- Perfeito. E eu sei muito bem dos seus talentos. Agora, vá logo, por favor. Temo que correr contra o tempo.

Hermione sequer pestanejou, saiu correndo escadas abaixo, saindo do Salão Comunal como uma flecha em direção ao alvo.

- Harry, você que tem prática com a capa, acompanhe nosso intruso. - Remo continuou dando suas coordenadas – Só precisamos esperar que Granger volte...

Mas algo ainda incomodava Harry. De repente, um estalo o ocorreu.

- Remo! – Harry sentiu um arrepio na nuca – Merlin! Eu preciso ver Sophie...

Harry lembrou-se da visão e de que devido à chegada de Draco com a Horcrux e a invasão de Pedro, não conseguira falar com a garota. Agora, sentia uma pontada no peito, como se algo de errado estivesse acontecendo e ele pressentisse.

- Falar com Sophie? – Remo o olhou, confuso.

Mas Harry não ouviu. Estava lendo os lábios de Pedro. Gelou. Sacou a varinha e fez com que o homem voltasse a falar.

- REPETE! – Ordenou, tremendo e com a voz falhando.
- Tarde demais menino... – Pedro ria – Procure por ela por aí, se achá-la...

***

Um baque seco foi ouvido naquele local deserto. O homem que estivera ali olhou para o local do barulho, de onde agora se ouvia passos. Observou, com um sorriso malicioso, os cabelos loiros da mulher que acabara de aparatar ali, esvoaçarem como se dançassem sob a luz do luar. Ela não estava só. Ao seu lado, vinha andando outra criatura encantadora, na qual os olhos do homem estacionaram. As duas se aproximaram dele.

- Pronto. Fácil, fácil... – Amanda falou, com um sorriso no rosto – Pettigrew já está dentro de Hogwarts. Distraiu os demais, enquanto dávamos um sumiço em Sophie... – E olhou para a garota que a acompanhara, piscando.
- Pettigrew é um imprestável, mas pelo visto, fez algo de bom. – O homem deu com os ombros, ainda mirando Sophie.
- Algo de bom é mérito meu, não se esqueça disso... – Amanda retrucou – Ele é um imprestável completo, se não fosse por meus esforços, não entraríamos em Hogwarts de jeito algum!

Sophie mirava ambos, com um olhar distante. “Eu o enganei, de novo...” Pensou em Harry. Era uma estúpida. Seus olhos se encheram de lágrimas ao pensar como Harry ficaria atordoado quando percebesse que ela não estava em Hogwarts. A verdade, é que havia muito mais mentira naquilo tudo, mais do que Harry ousasse sonhar.

- Menina? – O homem a mirou, curioso – O que houve? Está tão triste...
- Nada... – Sophie mentiu, se esforçando para não derramar lágrimas.
- Nada? Mentira... – Amanda revirou os olhos – Está apaixonada pelo Potter... Eu sabia que isso ia acontecer!
- Imaginei...
- Eu não gosto de mentiras! – A garota protestou.
- E da sua vida, Sophie? Você gosta? – O homem falou friamente – Estar perto de Harry Potter pode custar uma vida inocente!
- Vida? – Sophie gargalhou desvairadamente – Que vida? Minha vida já foi tirada...
- Isso não é hora de discussões! – Amanda interrompeu o papo paralelo, olhando severamente para Sophie, que calou-se no ato. – Vamos voltar ao ponto inicial da questão... Agora, creio que Minerva vai antecipar a ida para o Brasil, e daí... Poderemos executar o plano B.

- Plano... – Sophie arqueou as sobrancelhas – B?
- Ah, tenho uma surpresa para você, Ma cherrie... Vamos conhecer a América do Sul, não era o seu sonho?

Sophie engoliu seco. O Torneio Tribruxo. Havia planos para ele também.

***

- Me dá o mapa, Chris! – Harry tremia, dos pés à cabeça. Sophie... Não poderia ser verdade.

Mas Christian já estava com a cara enfiada por dentro daquele pergaminho, procurando desesperadamente o pontinho “Sophie LaCroix”.

- Ela estava aqui! Eu vi! Ela estava aqui! – Christian repetia, em pânico. Nada de Sophie.
– Talvez esteja na Sala Precisa! – Rony passou para o lado de Harry.
- Estava, não está mais... – Pedro cantarolou. – Ela passou por lá mesmo, mas só passou...

Harry avançou e tomou o Mapa do Maroto das mãos do garoto. Estava ofegante. Meteu os olhos à procura da sua amada, mas só via um monte de nomes sem a menor importância, inclusive o de “Hermione Granger” que se movia sobre um pontinho que anda rapidamente, no corredor que dava na entrada da Sala Comunal da Grifinória.

- O que você fez com ela, seu desgraçado! – Harry largou o Mapa e partiu para cima de Pedro. – Fala! FALA! – Segurou com força pela gola da camisa dele, mas ele permanecia rindo demoniacamente.
- Harry, por Merlin! – Rony olhava a cena, desesperado.
- Ela sumiu, Potter! Não é legal? Você quer vê-la? Vai atrás dela...

A mão de Harry, em fração de segundos, se enfiou por entre suas vestes, puxando a varinha com toda a fúria que havia em seu ser, pronta para conjurar uma maldição imperdoável em Pedro. Foi quando uma mão segurou seu braço, impedindo a loucura.

- Está louco? Não faça besteiras! Precisamos dele!
- SOPHIE! – Harry não entedia como Remo podia estar tão calmo. – ELA FOI SEQUESTRADA, NÃO PERCEBE?
- E isso te leva a sair de Hogwarts direto para Azcabam? Esqueceu que ao conjurar uma maldição imperdoável dentro dos territórios de Hogwarts está assinando sua sentença de se beijado por um dementador?

Mas para Harry, a morte seria bem vinda naquele momento.

- Não faça isso, Harry! – Pedro falou em tom irônico – Que coisa feia... Será que seus pais não ensinaram bons modos a você? Ah... Desculpa... Eles morreram antes...

Harry avançou de novo. Remo se antecipou, agitando sua própria varinha, calando Pedro e depois fazendo-o levitar e bater com a barriga no chão. A dor penetrou cada parte do corpo de Pedro, mas ele sentia-se bem, como nunca antes.

- Cale sua boca...! – Remo respirava com dificuldade.
- Lupin...

Harry e Remo esqueceram por um instante da ira para enxergarem Draco. Ele se levantara, já não chorava mais, mas a sua expressão naquele momento era mais preocupante que a de antes: ele estava, literalmente, inexpressível. Não poderia se saber o que pensava agora. Uma pessoa que não expressa seus sentimentos é uma pessoa perigosa. Ao menos no julgamento de Harry.

- Sim...?
- Eu tenho uma idéia.
- Qual?
- Me deixe ir atrás de Sophie. Quero voltar a me unir aos Comensais.

Dessa vez, Christian também largou o Mapa, para o qual ainda olhava esperançoso em ver Sophie surgir do nada, e Rony, que estivera ajudando Remo a segurar Harry, também o miraram. Ele enlouquecera.

- Está louco, Draco? Eles te matariam! – Remo falou em tom de súplica.
- Não, não matariam... Se eles pegaram meu pai e ainda não o mataram, é por que sabem que eu vou atrás dele. Eles me querem. Eu posso negociar Sophie. Eles precisam de mim. Para que, eu não sei, mas precisam.
- E você acha mesmo que eles negociaram Sophie? – Harry redargüiu – Eles querem que EU vá atrás dela.

- Não, eles só querem te enlouquecer, Potter. – Draco falou serenamente – Não se esqueça, eu sei tudo sobre os Comensais. Eles não matariam Sophie, pois sabem que ela é uma isca para você. Se você ficar desesperado, é muito mais provável que faça besteiras, não pense nos seus passos. Eu não pensei na hora que ouvi sobre meu pai, estava com ódio da Ordem, mas agora eu entendo. Eles o pegaram não para matá-lo, mas para chegarem a mim. Eu sou o traidor. Eu tenho que morrer. Ou...

- Ou? – Rony arregalou os olhos – Ou o quê?
- Ou me reunir a eles... Aposto que eles têm uma proposta bastante tentadora para me manterem vivo. Chantagem é o lema de vida dos Comensais.
- E o pacto? – Christian olhou de Remo para Draco – Como fica?
- Não vamos falar disso agora... – Remo olhou para Christian, apontando com a cabeça para Pedro, que permanecia imóvel no chão.
- Mas... – Harry balançou a cabeça – Draco, é loucura! Eles não acreditariam em você!

- Eles não precisam acreditar. Eu dou meu jeito. E ficou por perto de Sophie.

Um barulho nas escadas, passos rápidos e de repente Hermione surgiu na porta do Dormitório Masculino. Ofegava, retirando do bolso interno da veste um frasco que ergueu para Draco.

- Desculpem a demora, mas não encontrava o Veritaserum... – Ela se aproximou do garoto loiro, empurrando a poção – E ainda tive que convencer os alunos que estávamos tendo muito trabalho com a bagunça por baixo das camas e que os alunos porcos seriam detidos... – Ela olhou para Draco, indagando com o olhar por que ele não pegava a poção.

- Não vou mais precisar disso, Granger.
- Como?
- Eu não vou perder mais tempo... Sairei hoje mesmo... – Draco olhou o vidro a sua frente, como se o analisasse. – Pensando bem... Precisarei do último – Pegou o frasco, decidido – Preciso sair daqui, não podem me ver por aí.
- Sair daqui? – Hermione sentiu que perdera a melhor parte da conversa.
- Depois alguém te explica melhor... – Draco virou todo o conteúdo do fraquinho em sua boca.

- Draco, por favor, não faça isso... – Remo ainda tinha um quê de “pelo amor de Merlin” na voz.
- Não insista, Lupin. Eu vou. Não posso deixar isso continuar... – Aos poucos, os cabelos loiros de Draco davam lugar aos castanho-claros de Kurt Andreiev.
- Boa sorte, Draco... – Christian incentivou – Se precisar de ajuda, sabe que estaremos aqui.
- Você está concordando com essa loucura? – Harry mirou o garoto, incrédulo.
- Draco está sendo um verdadeiro guerreiro, Harry. Se ele está decidido, devemos dá-lo apoio. E oferecer ajuda.
- Obrigado Chris... E podem deixar, eu não vou trair o pacto. – Draco agora era Kurt.

Girou em seus calcanhares, pegando seu malão, tirando dele uma bolsa pequena, do tamanho de uma nécessaire. Nela, enfiou algumas peças de roupa, seu interior estava ampliado por magia, caberia todo o conteúdo do seu malão ali, se preciso. Enquanto ele remexia em suas coisas, Hermione permanecia confusa. Tirou das vestes outro frasco, que entregou para Remo.

- Que deu nele? – Hermione perguntou, temerosa.
- Disse que vai voltar aos Comensais – Rony falou num suspiro.
- Isso é loucura! Ninguém vai impedi-lo? – Ela olhou indignada para os três.
- Nem precisa se estressar, Granger... – Draco retrucou, enquanto fechava a bolsa – Eles tentaram, mas estou decidido. Eu preciso fazer isso por meu pai, e por Sophie também.

- Sophie? – Hermione sentiu que havia perdido alguma parta da história.
- Sophie foi seqüestrada pelos Comensais, Mione... – Christian falou em tom quase inaudível.
- Ai, Merlin! – Hermione levou a mão à boca, instantaneamente derramando lágrimas – Como isso aconteceu!

- Não sabemos ainda, mas vamos descobrir em breve – Remo disse, olhando para o frasco que Hermione o entregara. Uma pequena dose de Veritaserum e Pedro Pettigrew confessaria tudo. Tudo mesmo. – Agora, precisamos tirara Pedro daqui. Vamos, Sala Precisa... E de lá eu dou meu jeito.

- Bom... – Draco segurava a bolsa minúscula – Eu sairei pela Sala Precisa, Remo... Aquele caminho. Eu os deixarei informados de qualquer novidade. Não se preocupem. Se eu morrer será por uma boa causa.

Harry pensou em contestar, mas estava cansado demais para isso. Hermione fechou os olhos ao ouvir a palavra “morrer” e Rony estava pálido. Christian, entretanto, não parecia muito abalado. Remo percebeu isso, entendendo que ele também já tivera tomado a mesma decisão antes.

Christian olhou de relance para seu antebraço direito. Ali estava ela. A Marca Negra. Lembrou-se de como se tornara um Comensal da Morte. Christian estava na carruagem de Beauxbatons, voltando para casa, formado. Havia concluído seus estudos, e estava cheio de planos, que agora compartilhava com seus amigos da Noble, a casa dos ousados e destemidos de Beauxbatons. Ele contava que ia morar na Inglaterra e virar Auror. Seus amigos o admiravam. Christian era o cara mais popular de Beauxbatons, mas depois que Laura morrera, estava decidido a sair da França.

Laura. A garota mais linda do mundo. Era a vida dele. Cresceram ela, Sophie e ele como irmãos, mas quando completou 14 anos, ele entendera que ela era mais que sua irmã de criação, era sua alma gêmea. Encostou a cabeça no vidro da carruagem, lembrando dos cabelos loiro-mel de Laura, dos olhos castanho-claros, do sorriso de pérola. Era muito dolorido. Por isso, decidira. Faria como sua mãe: Se quiser entender um Comensal da Morte, pense e aja como um Comensal. Eles tiraram o que havia de mais precioso em sua vida.

Desembarcou na Prace de La Lux, ponto de partida e chegada da Carruagem de Beauxbatons, em pleno centro de Paris, debaixo dos narizes trouxas que admiravam os pontos turísticos da Cidade-Luz. Sua mãe estava ali. Eles se abraçaram ao se encontrar.

- Querido... – Amanda sussurrava, entre lágrimas, abraçando o filho.
- Mãe... Eu vou partir para Inglaterra. E não adianta tentar me impedir. Procurarei os Comensais...
- Está louco! Não! – A mulher agarrou os braços do menino – Eu não vou deixar!
- Eu farei isso por Laura, e por Jean Claude.
- Não, Christian! Não! – Amanda estava desesperada.
- Desiste, Amanda... – Sophie chegava ali, arrastando seu malão – Chris e eu estamos decididos. Próxima parada: Inglaterra.

- Que Merlin o acompanhe – a voz de Remo fez Christian perceber que Draco já havia saído dali.
- Ele vai se sair bem, Draco é confiável. – Harry falou mais para se auto-convencer disso do que para os demais.
- Eu acho que é suicídio! – Rony ainda estava passado.
- Ele surtou! – Hermione chorava baixinho.

- Vamos, vamos tirar Pedro daqui, temos que entender algumas coisinhas... – Remo apontou para o homem que ainda estava no chão, colocando-o de pé.

Harry se enfiou por baixo da capa de invisibilidade com Pedro, apontando sua varinha diretamente para ele, fazendo-o levitar a uns cinco centímetros do chão. Dessa forma, ele deslizaria em sua frente, sem necessidade de desatá-lo, e não deixaria os pés a mostra, já que era mais baixo que o próprio Harry. Remo, Christian, Hermione e Rony saíram os escoltando, tentando não chamar a atenção para a ausência de Harry. Ao saírem do Salão Comunal, fingiram estar discutindo sobre a higiene dos quartos. Hermione bradava que Rony merecia uma detenção em dobro porque era o mais desorganizado de todos. Ele estava rubro de vergonha, mas isso só deixou o plano mais perfeito. “Precisamos de privacidade para nós e Pettigrew...” ia pensado Remo, ao mesmo tempo em que os garotos que o acompanhava. Christian vez ou outra conferia se estavam a sós nos corredores. Ao girarem a esquerda em um corredor, o rapaz percebeu que estavam a sós.

- Estamos longe de todos, Remo... – Ele falou, mas Remo já havia parado de andar.

Uma enorme porta de madeira, entalhada e com detalhes em ferro, apareceu à frente deles. Enfim, a Sala Precisa não os desamparara. Mais uma vez, como sempre.

- Chegamos. – Remo se antecipou, abrindo as portas – Vamos entrando. Temos uma inquisição a fazer.
- Espere... – Christian comentou, olhando o mapa. – Dan... Ele está...
- DANIEL! – Remo gritou, assustando Harry de pronto – Christian! Eu esqueci de Dan!
- Não..! – Christian sussurrou. Harry estava ficando com raiva de ser sempre o ignorado.
- O que houve com Dan? – Ele perguntou, com certa indignação na voz.
- Christian, vai lá, eu e Harry damos um jeito, mas... Por Merlin...
- Mas que inferno! – Harry bradou, enquanto Christian correu tão ligeiro quanto pôde corredor a fora – Que houve com Dan!?
- Depois, Harry... – Remo estava branco como um papel, ainda assim, segurava Pedro muito apertado – Vamos... Entre. Temos perguntas para esse rato...

A sala de Remo estava revirada quando Hermione voltou ali, em companhia de Rony. O garoto a mirou com um sorrisinho torto.

- Caramba... Precisava fazer essa bagunça para achar o Veritasserum?
- Eu não fiz isso! – A menina o olhou enviesado – Alguém revirou isso aqui enquanto eu ia até... – Ela parou de falar, olhando para um ponto fixo – Daniel?

Rony rodou a cabeça. Daniel Carter estava ali, não havia reparado antes. Estava imóvel, com as mãos apoiadas sobre a mesa de Remo e a cabeça baixa. Parecia que sequer respirava.

- Dan? Cara? Que houve aqui...? – Rony ia se aproximando.
- FIQUE – A voz de Daniel soou sombria. Ele não levantou a cabeça – onde está.
- Hã? – Rony olhou para Hermione confuso.
- Está acontecendo algo, Dan? Podemos ajudá-lo? – A menina tinha um nó na garganta
- Vai me ajudar... Saindo daqui. Agora. Os dois. – Daniel levantou a cabeça, os olhos fitaram Rony e Hermione, que não puderam deixar de ficar horrorizados – SAIAM! ANTES QUE SEJA TARDE! SAIAM!

Os gritos de Daniel ficaram para trás quando Hermione puxou o namorado pelo braço, saindo tão rápido da sala, que tropeçaram um no outro caíram no corredor, com os corações acelerados de horror.

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