Caça ao Rato



- Que houve, gente? – Harry descia as escadas, ainda sentindo doer a testa, mas agora já não parecia mais que enlouqueceria.

- Tem um RATO – lilá deu ênfase à última palavra – No Salão Comunal!
- Fala sério, Lilá... Medo de rato? Ah... – Rony deu um guincho de impaciência.
- Mas... Uon... – Lilá parou de falar, corando imediatamente.
- Eu quebro ela... – Hermione lançou um olhar fulminante à menina, murmurando entre os dentes.
- Eu tive um rato de estimação, e digo que ratos são legais! Não tem por que ter medo...
- Seu rato era um ser desprezível, Ron... – Harry sorriu sem graça, desejando que o amigo entendesse o recado.

- Seja lá qual foi seu animal de estimação, Weasley... Eu não durmo enquanto não pegarem esse monstro! – Parvati amarrou a cara.
- Gente... Tanto transtorno, por um rato? Façam um favor... – Draco revirou os olhos.

- Ué, já não tem mais sotaque Andreiev...? – Lilá o olhou, admirada.
- Pois é... Pensei que não falasse fluentemente... – Parvati concordou.

Draco gelou. “merda...” pensou, ao mesmo tempo que Harry o olhou, com as sobrancelhas arqueadas. E agora?

- Err... Eu terr algumas... Palavrras mais...
- Kurt é um fanfarrão! – Gina riu, sozinha, dando um beliscão em Draco – Ele finge muito bem, não é? Eu descobri que ele é fluente em inglês, pode? Mas ele não quer assumir... – E olhou dentro dos olhos do menino, como quem dizia “confirma, idiota”

- Pois é, que...

Mas ninguém mais prestava atenção em Draco. Estavam mais preocupados com a mulher gorda que gritava, pulando em seu quadro, com alguém que tentava entrar.

- Sem senha, sem chances! E ainda mais, da Sonserina? Humpf...
- Eu não quero entrar, droga! Preciso falar com...

- Juan? – Remo havia sido conduzido ao local pelos berros.
- Professor! – Christian se antecipou para o lado de Remo – Preciso... Preciso...
- Você está pálido... O que...

Remo tentava entender o rapaz, que estava a um passo de um desmaio. Podia ver que suava frio e tremia, até que reparou que Christian segurava um pergaminho, muito conhecido seu. Logo, entendeu que se tratava de um recado. Harry saíra do Salão Comunal, acompanhado do restante dos alunos que ali estavam, várias cabeças curiosas viravam-se para ver qual o motivo do transtorno, até que alguém perguntou para a própria mulher gorda o que acontecia.

- O espanhol metido acha que pode sair entrando no Salão Comunal dos outros! Está enganado! – Gritava, quase cantarolando, como se zombasse do rapaz.
- Remo... É sério! – Christian sussurrou, não dando idéia para a mulher histérica.
- Que diabos acontece? – Harry se aproximou de Remo e Christian
- Harry...! Por Merlin... – Christian parecia aliviado por vê-lo – Remo... Leve-nos para sua sala...

Christian tinha um quê de súplica no olhar, que fez Remo lembrar a mesma cara que Sirius fazia toda vez que tinha feito algo de errado. Sentiu até uma leve vontade de rir quando lembrou-se de como batizaram, Tiago e ele, aquela cara: “cara de cão arrependido”. Ligeiramente, entendeu que era realmente algo sério.

- Então, Ramirez... Queira me acompanhar até a Sala da Diretoria... – Remo fez pose de autoridade, indicando o caminho para o garoto – E você, venha junto, Potter...

Mais que depressa, os dois seguiram Remo. Christian apertava o mapa entre os dedos, fazendo Harry o fitar curiosamente. Entraram sorrateiros na sala e Remo fechou a porta, no mesmo instante que Christian abria o Mapa do Maroto sobre a mesa e dava um ganido de desespero.

- Peter Pettigrew está no Salão Comunal da Grifinória!
- Quê? – Harry e Remo falaram juntos

O menino moreno, trêmulo, apontou o dedo longo para o pontinho que se movimentava no Salão, agora praticamente deserto. Os outros dois estavam pasmos.

- Temos que detê-lo! E é hoje! – Remo se precipitou, apertando a varinha por entre as vestes, mas Harry o pegou pelo braço.
- Espere... Remo... Esse rato é a chave para a liberdade de Sirius! Não podemos fazer nada contra ele, até que confesse seus crimes!
- Foi o que eu pensei! Minha mãe disse que se um dia voltasse a encontrar meu pai, daria esse rato em uma bandeja para ele decidir qual seria o destino dele... – Christian comentou, como se falasse algo realmente normal, sem tirar os olhos do Mapa – Tive uma idéia... Ele não tem noção que temos o Mapa, tem?

- Claro que não, se ele soubesse, não se arriscaria a entrar em Hogwarts... Não sabendo que nada, exceto a Sala Precisa, foge...

Daí, Remo teve um pensamento súbito que o fez gelar.

- Que foi, Remo? – Harry o olhou preocupado.
- A Sala Precisa... Merlin...
- Que tem?
- Não sei, mas... Imaginem, ele poderia estar lá o tempo todo! Não teríamos como saber!
- Não entendo... – Harry franziu a testa, mas Christian sentiu que seu coração ia sair pela boca.

- Ele ouviu tudo...! Remo! Precisamos pegá-lo!
- Tudo...? – Harry sentia que algo estava fora de seu conhecimento – Tudo o quê?
- Não temos tempo, Harry... Venham! – Remo saiu correndo da Sala.

Harry odiava ser sempre o último a saber das coisas, mas imaginou que contestar isso, àquela altura, era idiotice. Então, seguiu Remo e Christian corredor acima, até alcançarem o Salão Comunal. Christian dava olhadas furtivas no Mapa, se assegurando que o rato ainda estava lá. E estava mesmo, só que agora, no dormitório masculino. Remo parou de correr ao encontrar os alunos.

- Quero que todos saiam do Salão Comunal por uns momentos, parece que temos uma invasão de ratos... – Ele falou, com toda a pompa de um legítimo Diretor. – Potter, ande... Peça os que ainda estão lá para saírem... Temos uma dedetização para fazer.
- OK... – Harry saiu correndo porta adentro.

- Até que enfim alguém que acha que ratos são nojentos! – Lilá sentia-se vingada.
- E como são, Srta. Brown... – Remo comentou, quase num cochicho – Logo o liberaremos... E Weasley... Quero você conosco...
- Eu...? – Rony arregalou os olhos.
- Soube que tem experiência com ratos...
- Ah... Tive... – O garoto ruivo sentiu a mão de Hermione o apertar. Ela já se ligara no que acontecia.
- Professor Lupin! Deixe que eu ajude? – Ela cortou Rony, nervosa – Eu sempre ajudava Rony com o rato dele... – A menina olhou dentro dos olhos azuis de Remo, como se implorasse que entendesse que ela ligou o nome à pessoa.
- Claro, Srta Granger... É sempre bom saber que as mulheres de hoje em dia não mais são o sexo frágil... – Remo correspondeu o olhar da garota, entendendo o que ela queria dizer. Logo, virou-se para a Mulher Gorda – Não deixe ninguém entrar até que tenhamos acabado, certo?
- Sou uma muralha! – Respondeu prontamente.

- Juan...? – Remo virou-se para o rapaz – Quer conhecer os salões da Grifinória?
- Ah... Me encantaria! – Christian tinha brilho nos olhos
- O quê? Mas ele é da Sonserina! – A Mulher Gorda protestou
- Ele me pediu encarecidamente para conhecer cada Salão Comunal, E ele é um aluno de intercâmbio, só está dormindo nas Masmorras... – Remo redargüiu calmamente.

- Diretorr... – Draco se aproximara dele, com uma ponta de tensão nos olhos – Eu prreciso de...
- Venha conosco... – Remo o interrompeu, mostrando a porta de entrada, entendendo que o menino não poderia ficar sem a poção.
- Obrrigado... – Draco sorriu e entrou no Salão Comunal.

- Ninguém entra... – Remo lançou um olhar mortífero para os alunos, antes de girar nos calcanhares e entrar, seguido pela Mulher Gorda trancando a passagem.

Christian contemplava o Salão com cara de quem estava perante uma obra de arte. “Grifinória... A Casa dos Heróis” pensava ele. Não tivera a oportunidade de estudar em Hogwarts, mas sua mãe havia o contado tudo sobre a Escola, e sobre seu pai. “Um Black na Grifinória... Ele é um herói... Meu pai é um herói!”. Pensava em como o pai ficaria feliz ao saber que sua casa em Beauxbatons era a Noble, cujo lema era “Coragem e Ousadia”. Certamente, se estudasse em Hogwarts, Christian seguiria os passos do pai, e teria se formado pela casa de Godric Gryffindor.

- Ele ainda está aqui? – Christian acordou do devaneio com o sussurro de Remo em seu ouvido.
- Sim... Está... – Christian assegurou, acenando com a cabeça para as escadas e apontando para o Mapa, sob o ponto “Peter Pettigrew”.
- Venham... – Remo falava quase sem voz.

Rony, Hermione, Draco, Harry e Christian o seguiram. Juan dava umas olhadas no Mapa, despertando o interesse de Draco. Dos que ali estavam presentes, ele era o único que nunca vira o tal mapa.

- Que é isso? – Perguntou, baixinho, para Christian
- Depois eu te explico... – disse o rapaz, disfarçando.
- O que estamos fazendo, mesmo? – Rony parecia fora de órbita.
- Nossa, não entendeu ainda? – Hermione balançou a cabeça – Perebas está aqui!
- PEREBAS? – Rony gritou e os demais fizeram um chiado de “cala a boca!”

- Valeu, Rony... – Harry olhou aborrecido para o amigo – A gente realmente não queria passar despercebidos...
- Quietos! – Remo colocou o indicador diante de sua boca, antes de abrir a porta do Dormitório masculino.

A porta lentamente se abria, com um rangido de dobradiças enferrujadas. Christian percebeu que o pontinho “Peter Pettigrew” deu uma breve carreira e parou num determinado ponto. Olhou ao redor do quarto e localizou imeditamente tal ponto: abaixo de um criado mudo, ao lado da cama onde se lia “H.J. Potter”. Remo o fitou, e ele inclinou a cabeça para tal cama.

- Hora do show... – Remo balbuciou para os meninos

Rapidamente, virou-se , rezando para que os presentes entendessem o recado.

- Isso é terrível! Nossa, vocês não têm o mínimo de senso de arrumação?

Os rapazes se entreolharam, mas Hermione parecia muito mais esperta que todos juntos. Digna de ganhar um Oscar por suas brilhantes atuações.

- Pois é, Professor! Não disse? Eu vivo dizendo, esses meninos são porcos! Pode olhar debaixo da cama de Rony...
- Que tem minha cama? – Rony emburrou
- Tem resto de comida, pergaminhos rasgados, penas quebradas...
- Como você sabe? – O garoto corou.
- Como? Eu dormi n’A Toca essas férias e tive bastante tempo para conversar com Sra. Weasley sobre seus hábitos nada higiênicos...
- Mamãe... – Ele falou entre os dentes.

- Não liguem... Na Sonserina é pior... Acham que os mordomos que têm em casa os seguem por aqui também... – Christian comentou, tentando não perder de vista o ponto, que ainda estava imóvel – Sabe... Falta de higiene atrai várias pragas... Entre elas, moscas, baratas... E ratos.

Remo foi se aproximando da cama de Harry, lançando a Christian um olhar curioso. O garoto fez que “sim” com a cabeça. Draco, até agora, estava tentando entender o que se passava por ali. Desistiu de acompanhar o raciocínio dos demais e dirigiu-se a sua cama, pegando o malão, sacando um fraquinho da poção, que segurou com a mão esquerda, enquanto tateava entre os pertences tentando achar mais algum. Nada encontrara. Enquanto isso, Remo virava para Harry, o fitando atentamente.

- Sr. Potter... Espero que seja mais cuidadoso que seus amigos...
- Ah... Professor... Eu... Tipo, eu não nasci para os afazeres domésticos! – Harry deu um risinho nervoso.
- E ainda é irônico...
- Potter é um dos meus! – Christian comentou divertido – Sabem... Eu sou tão desleixado que minha mãe nunca me deixou ter um animal de estimação... Ela dizia que se eu não sabia nem cuidar de mim mesmo, que dirá de um animalzinho!

- Oras, bem vindo ao clube... – Draco comentou, ainda revirando o malão – Eu sempre quis ter um cavalo, sabe? Um pônei para ser mais exato, mas eles sempre diziam que eu teria que cuidar dele, e eu sempre respondi petulantemente que não, por que eu tinha quem fizesse aquilo por mim. E nunca o ganhei.

- Credo... Você deixou de ganhar um pônei por se negar a cuidar dele? – Rony fez cara de incrédulo.
- É Weasley... Eu sempre fui um idiota... – Draco deu um suspiro – Minha mãe sempre disse ao meu pai: “Lúcio, você estragou esse garoto”,e ele se defendia: “Cissa, é meu único filho!”

Remo sentiu como se levasse um soco na boca do estômago. Draco acabara de se denunciar e Peter Pettigrew com certeza acabara de saber que o garoto estava em Hogwarts. Contou com a ignorância do rato, suplicando que ele não entendesse tal fala. Nem podia pedir que Draco não comentasse nada naquele momento, o garoto só tinha oportunidade de ser ele mesmo perante os que ali estavam. Ele não tinha culpa, estava como inocente nessa história.

- Pois eu sempre amei gatos... – Hermione deu continuidade a conversa – Mas sempre fui responsável o suficiente para criá-los, mas sempre fugiam!
- Nem eles agüentavam você... – Harry maldosamente comentou, piscando para a amiga – Brincadeirinha... – Completou, ao ver que a amiga ficara rubra de raiva.
- Meu único animal de estimação, fora a coruja, foi um rato... – Rony suspirou, pesaroso.
- Um rato! – Christian bradou, como se tivesse adorado que Rony tocasse naquele assunto – Que horror, Weasley! Não tinha um animal mais legal?
- Não... – Rony sorriu, sem graça.
- Pois eu... – Christian meteu a mão pelas vestes, olhando de relance para Remo, apertando a varinha entre os dedos – Eu sempre quis ter um cachorro. Eles são amigos, fiéis e companheiros... Não acha, Remo?

O Homem fez que sim com a cabeça, pegando entre os dedos sua própria varinha, ao lado da cama de Harry. Christian estava do lado oposto, de costas para o criado mudo.

- Cachorros são alegres... – Continuava, em tom empolgado – Amam seus donos e confiam neles também... Ratos são traiçoeiros, malditos e repugnantes... Traidores... Nojentos!

Em fração de segundos, Christian girou, apontando a varinha para o vão entre o criado mudo e o chão.

- HOMORFO! – gritou ele, com raiva.

Draco deu um pulo de onde estivera sentado, deixando o vidrinho da poção cair no chão, espatifando-se, com o susto que levou. O móvel se ergueu do chão, revelando um homem pequeno, gorducho e com dentes ligeiramente grandes. Ele olhou para todos, como se não esperasse pela revelação de sua identidade ali, logo depois, tentou se levantar, mas Remo foi mais rápido, agitando sua varinha, fazendo com que grossas cordas envolvessem o intruso, que desequilibrou nos joelhos e bateu com a testa no chão, dando um gemido de dor.

- Céus! Era a última poção! – Draco se desesperou, ao olhar o líquido derramado no chão.
- Calma, Draco... Temos mais desses... – Remo disse, sem tirar a varinha da direção de Peter – Então... A que devemos a honra, Rabicho...?

- Re.. Remo! – Ele tentava se erguer inultimente
- Cala a boca, rato nojento! – Christian estava fervendo de raiva
- Acho melhor dizer logo o que veio fazer, Pettigrew... – Harry se aproximou, segurando o braço do menino, antes que ele cometesse uma loucura – Como vê, está na desvantagem.

Peter ergueu os olhos, timidamente, para olhar Harry. Mas foi em Christian que seu olhar se deteve.

- Quem... É você? – Disse, quase que sem força.
- Alguém que vai ter muito prazer em te ver pagar caro pelo mal que fez com a família de Harry... E ao meu pai. – Christian não agüentou, mas percebeu que Remo odiou a idéia de denunciar quem ele era.

Harry deu um gemido ao ouvir falar de seus pais. Sua vontade era acabar com Peter ali mesmo, mas sabia que a liberdade sem tréguas para Sirius só seria possível assim que ele se entregasse.

- Calma, Chris... – Harry fitava Peter com ódio – Vamos vingar meu pai e o seu... E minha mãe. Eu juro.

Remo pediu que os garotos o ajudassem a colocar Peter sentado na cama. Hermione sugeriu que o tirassem dali, pois logo os alunos ficariam intrigados com a demora na “exterminação” do rato. Remo concordou e Harry teve a idéia de tirá-lo dali com a capa de invisibilidade. A essas alturas, Draco estava sentindo os efeitos da poção polissuco acabar, e Rony o auxiliava. Logo, cabelos platinados surgiram emoldurando o rosto pálido e fino do menino. Peter o olhou demoradamente, como se registrasse a presença dele ali.

- Garoto Malfoy...! – Sorriu maleficamente o homem.
- Que foi, seu idiota! – Draco retorquiu com raiva.
- Se aliou à Ordem? Que terrível...
- E a quem deveria me aliar? A um banana como você?
- Ah... Mas aposto que não te contaram ainda como anda seu papai...

Draco calou. Remo sacudiu sua varinha novamente, calando Peter. Harry sentiu uma pontada no coração. “Eu deveria ter contado” pensou, mas era tarde demais.

- O que aconteceu com meu pai? – Draco olhou diretamente para Remo.
- Vamos conversar... Draco... – Remo sentiu-se culpado.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.