Próxima Vítima



- Mestre de poções, não é? – Hermione pegou seu material com raiva, esbarrando em Harry ao sair. Rony olhou para o amigo, rindo, mas seguiu a namorada.

- Ela é sempre estressada? – Christian ajudava Harry a limpar a bancada e juntar o material utilizado.
- Não, só quando eu dou um fora desses... – Harry riu.
- Saquei... Ela é bonita, a Granger, não? Adoro uma irritadinha... Sabe quem eu achei linda também? A irmã do Wesley... Oh, que ruiva... – Christian fez cara de sedutor. – Pena que Draco já pegou pra ele...

- Minha ex... – Harry se gabou.
- Jura? Que mal gosto o dela...
- Palhaço... – Harry deu um soco no braço de Christian – Vamos...

- Juan... – Pansy se aproximou, interrompendo Harry e o ignorando, parando em frente a Christian – Vamos? Temos aula de adivinhações agora...
- Eu irei sim, Parkinson, mas no momento estou conversando com o Potter, se não reparou... – Christian falou simpaticamente, apontando para Harry com a cabeça. O garoto ajeitou os óculos e sorriu sonsamente para ela.

- Potter... Esse derrotado? – Ela o olhou com nojo.
- Não, Potter... Esse garoto maravilhoso, lindo e charmoso – Harry retrucou.
- Não concordo com nenhum dos dois – Christian comentou divertido – Nem que ele seja derrotado, nem que seja maravilhoso... Contudo, Parkinson, aprendi com minha madresita que cortar a conversa dos outros é falta de educação, sabe?

- Ah... – Pansy corou de raiva – Acho que me enganei quanto a você, Ramirez!
- Ora, então, empatamos! – Christian desviou o olhar de Pansy para Harry – Potter, Eu tenho aula agora... Mas depois do almoço, pode me encontrar naquele lugar onde você levou Sophie?

- Claro... – Harry falou triunfante, vendo Pansy e toda sua ira saírem porta a fora – Mas... Por quê?
- Eu quero ver o Mapa...
- Ah, entendi... – Harry olhou para a mochila, decidindo pegá-la, tirando dela o Mapa do Maroto – Faz melhor... Leve-o com você... Afinal, você é herdeiro tanto quanto eu... Almofadinhas Jr.!

- Ah, valeu, Pontas Filho... – Christian riu, pegando o mapa, com brilho nos olhos.
- Sabe como funciona, certo?
- Claro... Afinal... Juramos solenemente não fazer nada de bom, não é? – O rapaz guardou o Mapa por dentro das vestes e piscou para Harry, acenando com a cabeça e saindo para sua próxima aula.

Harry saiu sorridente das masmorras, até sentir um puxão, que o fez perder o equilíbrio e quase cair. Sentiu-se sendo guiado para um beco entre os corredores e sentiu sua nuca gelar, pois tudo foi tão rápido que ele sequer viu quem o puxara.

- Harry, por Merlin... O que você está fazendo!

Harry ajeitou os óculos, que devido ao puxão estavam na ponta de seu nariz, e encarou Daniel, aflito.

- Mais um! Vocês estão de sacanagem comigo, não? – Ele protestou – O que eu fiz dessa vez?
- Ficando com Sophie, de amizade com Christian... – Daniel falava olhando para os lados – Se Você-sabe-quem puder ter acesso a essas informações, Harry... Amanda estará morta...
- Ai, eu não mereço... – Harry bateu com a testa na parede – Dan, perante Merlin... Eu não escolho por quem me apaixonar, e Christian e eu somos melhores como amigos do que como inimigos! Aliás... – ele olhou com certa curiosidade para Daniel – Como você sabe disso?

- Sophie me contou... Tivemos aula de Defesa Contra Artes das Trevas juntos. Harry, eu sei, deve ser muito difícil para você não ter controle da sua mente...
- Esse papo parece o do Snape...
- Mas é sério! Não debocha! Ele está certo!
- Quer saber, Dan? – Harry o encarou com raiva- Eu não estou nada preocupado com essa Amanda aí... Se ela está nessa, ela procurou por isso.

Daniel encarou Harry boquiaberto. Estava com uma expressão de incredulidade estampada, tanto que Harry repetiu mentalmente o que havia falado, para certificar-se que não havia dito nada ofensivo para o garoto.

- Como você é... Egoísta! – Daniel falava com nojo – Você é tão... Mesquinho! Amanda passou a vida dela inteira sonhando com o dia em que teria uma família de verdade, com Sirius e Christian... Você pode imaginar o que é isso, não é mesmo? Porque você também gostaria de ter uma família! E agora... Não se importa com a felicidade dela! Não faça por ela, então, Harry! Faça por Sirius, que é sua única família! Faça por Christian! Dê essa oportunidade de conhecer seu pai!

Harry corou. Daniel estava certo. Em momento algum havia pensado em Sirius. Afinal, o padrinho amava aquela mulher, ele sabia muito bem. Christian, então, que estava disposto a procurar pelo pai, custasse o que custasse. Harry pensou em seu pai, em tudo o que pedira a Sirius... E o padrinho deixou de viver sua vida por ter sido acusado injustamente, e ainda assim, acolheu Harry como um filho. Realmente, Harry se sentia um trasgo naquele momento. Parecia que encolhera até ficar com 20cm.

- Você está certo, Dan... Eu não estou pensando nos outros... Eu... Eu... Sinto muito.
- Acho bom que sinta mesmo! – Daniel lançou a Harry um olhar fulminante e saiu do beco, deixando-o com cara de idiota.

Harry, então, saiu do local, voltando a traçar seu caminho até a aula de Transfigurações, que desejava do fundo do coração ser animada por Tonks. Chegando perto, pode ver alguns alunos da Corvinal se aproximando e abriu um sorriso sincero ao ver Sophie encostada numa parede, conversando alegremente com Padma e Luna. Ao vê-lo, a menina ficou ligeiramente corada e acenou, com um sorriso tão meigo e lindo que Harry segurou a onda para não sair correndo e agarrá-la. Se aproximou das meninas, que o olhavam, ao ver que Sophie sorria para alguém.

- Olá, Padma, Luna... – Harry não as olhou, só encarava Sophie.
- Ah, olá, Harry! Nossa, sua energia está tão boa hoje! – Luna comentou, sonhadora. – Deve ser efeito de Vênus, que entrou na casa de Sagitário ontem...
- Acho que é o amor, Luna... – Padma deu um suspiro, olhando para o lado de Stephen Cornfoot, que conversava aos cochichos com Miguel Corner e Terencio Boot, em outro canto do corredor.

- Pois é, Padma... – Harry estendeu a mão para Sophie – O amor... É algo tão lindo quanto a francesinha aqui...
- Merci beaucoup... – Sophie sorriu, dando a mão para Harry.

A linda garota deixou-se guiar por Harry para dentro da sala. Tonks ainda não havia chegado, e ninguém, exceto Hermione e, por tabela, Rony, estavam dentro da sala. Os demais alunos aguardavam nos corredores. Harry olhou para os amigos, mas Hermione virou o rosto.

- O que houve com a Mione? – Sophie pecebeu a hostilidade da garota.
- Err... – Harry ficou vermelho – Eu... E Chris... Tipo que a gente brincou com ela, e ela não gostou...
- Eu não acredito... – Sophie encenou desgosto – Potter, Potter! Olha as brincadeirinhas!

- Ah, Mimi é muito nervosinha!
- E você pelo visto é um fanfarrão! – A menina deu uma gostosa gargalhada.
- Não... Chris é pior que eu! Juro! – Harry também gargalhou, fazendo Hermione dar um chiado alto.
- Então... Vocês juntos vai ser um problemão! Um não presta, o outro não vale nada...

- Eu não presto, ou não valho nada? – Harry fingiu estar pensativo.
- Você? – Sophie o abraçou – Você não presta... Mas eu adoro isso...

Quando Sophie encostou os lábios nos de Harry, Tonks deu um gritinho na porta da sala, e todos os alunos entraram tumultuadamente porta à dentro. Harry os odiou por um momento. Tinha que ser justo agora?

- Bom dia! – Tonks bradou, animada – Ótimo dia, não? Olá! Para os que não me conhecem... Sou Ninfadora Tonks, mas quem se atrever me chamar de Ninfadora vai ganhar um hematoma... Brincadeirinha... Mas não tentem a sorte... Conselho de amiga... – Enquanto falou, seu cabelo mudou de cor duas vezes – Hoje, nossa primeira aula... Vamos nos divertir!

Harry tomou assento ao lado de Sophie, e começou a prestar atenção na aula, se é que conseguiria, tendo a garota ao seu lado. Sophie pegou em sua mão por baixo da mesa e ficou de mãos dadas com ele.

- Então! – Tonks se empuleirou na mesa – Alguém já ouviu falar do feitiço “Morfico”?

Sophie ergueu a mão livre para responder, ao passo que Hermione fez o mesmo.

- Opa, desculpe, Granger, mas posso dar essa oportunidade à nossa aluna de intercâmbio?
- Claro... – Hermione sorriu para Sophie, mas ao ver Harry, fechou o sorriso e voltou a olhar Tonks.

- Merci... – Sophie abaixou a mão – Esse feitiço transforma uma pessoa em um animal que queira, basta que diga o nome do animal, seguido pela palavra “Morfico” como, por exemplo, “Harpagornis Moorei Morfico”, e a pessoa assume forma de uma águia.

- Palmas para a Francesa! – Tonks aplaudia Sophie, e os alunos a acompanharam.
- Uau! Além de linda, é inteligente! – Miguel Corner falou em alto tom e Harry o olhou com raiva. Ainda lembrava que ele havia namorado Gina, inclusive, e apertou a mão de Sophie por baixo da mesa.

- Bom, mas e no feitiço “Instar”, já ouviram falar? – Tonks continuou, lançando a Miguel um olhar reprovador. Hermione foi a única que levantara a mão. – Diga para nós, Hermione!

- Esse feitiço é como o “Morfico”, na verdade, quer dizer “semelhança de”, só que é utilizado para conferir uma nova forma à objetos, não a pessoas. E não de animais, mas de plantas. Exemplo: “Callistephus Chinensis Instar” e qualquer objeto assume a forma de uma margarida.

- Perfeito! – Tonks rompeu em aplausos – Que feio, heim, meninos? Só as mulheres respondendo! Girl Power! Amo isso... Mas, voltando à aula... Cinco pontos para Grifinória e cinco para Corvinal pelas belas respostas, meninas! Viram? São feitiços um tanto complexos, pois há de saber o nome do que se deseja transformar em latim e exige grande concentração por parte de quem o conjura... Vejamos...

Tonks saltou da mesa, apontando a varinha para Antônio Goldstein, que estava sentado ao lado de Stephen Cornfoot. O garoto a olhou assustado, mas não disse uma só palavra. A viu agitar a varinha e conjurar com força o feitiço.

- Canis Familiares Morfico!

Instantaneamente, Antônio virou um lindo cão, que olhou para todos, dando breves uivos de choro. Alguns riram, como por exemplo, Stephen, Miguel e Rony e outros garotos, mas as meninas deram suspiros de emoção ao ver o cãozinho. Parvati Patil, inclusive, que estava sentada ao lado de sua irmã, numa mesa próxima, se levantou para acariciar a cabeça do cão, cheia de segundas intenções.

- E para voltar ao normal... – Tonks o olhava, sorridente – Finite Incantatem!

Antônio novamente assumiu sua forma. Olhou para si mesmo, como se tentasse verificar se ainda tinha pelos ou orelhas grandes e caídas. Ao se certificar que estava tudo certo, lançou um olhar sedutor à Parvati, que corou, dando um risinho para a irmã.

- Muito bacana, não? – Tonks girava sua varinha entre os dedos – Agora, vejamos... – Ela olhou em volta, detendo o olhar em uma estátua feia ao seu lado. Apontou para ela com cara de horror – Que feio! Vamos deixá-la mais bonita? Então... – Apontou sua varinha com decisão e conjurou - Disocactus Ackermannii Instar!

A feia estátua deu lugar a um grande cacto florido. Os alunos aplaudiram a tranformação. Logo, Tonks pediu que todos abrissem seus livros e localizassem a lista dos nomes em latim de possíveis animais e plantas, e que depois formassem duplas para treinar o feitiço. Foi incrivelmente engraçada a aula, ainda mais depois que Luna virara uma bela lebre, transfigurada por Padma, e Neville, depois de Rony se negar a servir novamente de cobaia para Hermione pela décima vez, virou um pato branco. Harry somente depois de três tentativas, transformara Sophie em uma gata persa, e a menina, o transformara em um cahorro, um leão e um cavalo. Ela dava um show na transfiguração, e isso rendeu pontos para Corvinal, assim como Hermione abocanhara uns 20 para Grifinória. Quando a aula acabou, todos reclamaram. Harry ouvia os alunos comentando como Tonks era divertida e como Minerva não fazia falta nenhuma. Sophie e Harry saíram de mãos dadas, mas não antes de Harry dar um sorriso de vitória para o lado de Miguel. Também viu Neville e Luna juntos, e desejou que o amigo tivesse tomado alguma atitude. Luna era inteligente ao extremo, mas era muito lerda no quesito namoro. Neville, então, sem comentários.

- Nossa, estou com fome! – Harry comentou, enquanto caminhava com Sophie.
- Eu também! Mas essa aula foi tão divertida que eu nem senti!
- Ah, depois do almoço, Chris pediu para encontrá-lo na clareira... Quer ir também?
- Claro! – Sophie deu um beijo na bochecha de Harry – Que bom que são amigos!

Harry sorriu ao sentir o beijo e virou rapidamente o rosto, fazendo com que a menina o desse um beijo nos lábios. Ela sorriu também, mas Harry foi desfazendo o seu sorriso, ao passo que sentia suas pernas bambearem e sua cicatriz romper em dor...

... E de repente... Não estava ali com Sophie... Mas sim com Pedro Pettigrew.

- Já sabe o que fazer, Pettigrew? – Harry perguntava, com raiva
- Sim, sim... – Pedro tremia perante Harry – Eu...eu sei, Milorde... Harry Potter estará em seu poder logo!
- Acho bom mesmo, senão terei que tomar providências tão dolorosas quanto as que tomei com Lucio... Que triste fim para um servo tão fiel...

Harry olhou em volta, vendo as formas de um homem caído, que gemia como se suplicasse por socorro. Era Lucio Malfoy, sangrando, com os cabelos antes tão bem presos e brilhosos, embaraçados e jogados pelo rosto, manchados de sangue. Sentiu um prazer imenso ao vê-lo ali, agonizante, e ergueu a varinha com toda sua fúria ao passo que Lucio cerrara os olhos, esperando a morte, mas Harry recuou.

- Não, Malfoy... – Disse se aproximando e comprimindo o rosto fino do homem contra o chão com o pé – Você ainda pode ser muito útil... Não o matarei, não depois do trabalho que nos deu te tirar daquele pardieiro de Azcaban... Ainda temos os dementadores do nosso lado e isso nos ajudou... Tenho planos mais nobres para seu fim, cretino...

- HARRY POR MERLIN!

Sophie gritava desesperada, sentada no chão do corredor, com a cabeça de Harry em seu colo, tentando o reanimar. Ao seu redor, alunos curiosos o miravam. Rony e Hermione vieram correndo e se juntaram a Sophie na tentativa de acordá-lo, mas parecia inútil. Christian surgiu correndo com Daniel, ao mesmo tempo que Minerva chegou, atraída pelo aglomerado de alunos.

- O que acontece...?
- DIRETORA! – Sophie soluçava – Harry! Harry está passando mal!
- Céus! Vamos, vamos levá-lo para Madame Pomfrey! – Minerva se assustou ao ver Harry desacordado.

Mas Harry abriu os olhos, com certa dificuldade. Olhou para todos, fixou os olhos nos olhos verdes lacrimejantes de Sophie, e levou instintivamente a mão à testa. Sua cicatriz estava o enlouquecendo de dor.

- Meu amor... Meu amor... Você está bem? Fala comigo! – Sophie o acariciava os cabelos, nervosa e trêmula.
- Harry! – Rony tentou chamar a atenção do amigo – Cara, vamos levá-lo para a Ala Hospitalar...

- Eu... – Harry falava devagar e muito baixo – Eu...
- Eu nada! – Hermione protestou – Não tenta nem dizer que está bem! Estamos vendo que não está! Anda! Rony! Ajuda!

- Deixa comigo, eu o ajudo, Weasley! – Christian se antecipou e foi ajudar Rony e erguer o amigo.

Os garotos levaram Harry para a Ala Hospitalar, o deitando em uma maca, e o deixando aos cuidados de Madame Pomfrey, que os enxotou dali rapidamente, com o argumento que Harry precisava descansar. Deu ao menino algo para comer e uma poção azul-prateada, recomendando que ele tentasse dormir um pouco, para esperar o efeito da mesma. Harry, no entanto, não conseguia nem pensar de tanta dor, mas estava aflito com a situação de Lucio e o que estaria Pedro planejando dessa vez. Minerva adentrou no local, sentando-se serenamente ao lado de Harry. O garoto ainda estava grogue, mas tentava falar.

- Malfoy... Torturado! Ele está... com Lucio... Malfoy!
- Oh, não... – Minerva fechou os olhos, em sinal de desespero – Não agora, Merlin...
- E Pettigrew... – Harry balbuciava – Ele... Planeja... Algo!
- Descanse, filho... Vou falar com os membros da Ordem... Mas descanse agora... Deixe comigo.

Minerva levantou prontamente, saindo apressada da Ala Hospitalar. Harry fechou os olhos cedendo a dor que ainda sentia, tentando não pensar em nada. Mas...

- Eu sei como pegar Harry Potter... É uma pena que tenhamos que sacrificar uma pobre menina que não tinha nada a ver com a história... – Harry gargalhou maleficamente ao dizer isso, e Pedro o acompanhou, mesmo que sem a menor vontade de rir. – Garoto estúpido... Achei que me divertiria fazendo a caçula traidora do sangue sofrer... Mas ele é tão vulnerável, não é mesmo? Será que se apaixona por qualquer uma? - Seu tom irônico ia dando lugar ao desespero que sentia.

Harry entrou em pânico. Sophie estava em perigo. Christian e Daniel tinham razão: Ele estava fazendo tudo errado, e agora, colocava em risco a vida da garota dos seus sonhos.

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