O Grande Amor de Sirius



Sirius fitou Harry seriamente. O menino ainda chorava, mas isso não pareceu comovê-lo. Ficou imaginando tudo o que Harry viu naquela penseira e seu coração congelou ao pensar que descobrira sobre seu relacionamento com Amanda Stonebreaker.

- O que você viu lá, Harry? – Sirius foi direto.
- O suficiente – Harry disse secando as lágrimas, meio constrangido com a falta de sensibilidade do padrinho.
- Era ela a mulher da sua visão, Harry?

- Era.

Tudo o que Sirius queria ouvir era um “não”. Harry o fitou seriamente, tentando não derramar mais lágrimas. Sirius encarou o afilhado. Tentou não vacilar, mas não sabia o que pensar. Ainda não esquecera Amanda e revê-la foi uma fatalidade, como se despertasse toda aquela paixão da época de adolescentes.

- Harry, entenda... Seu pai era contra, mas eu não o ouvia, estava apaixonado...
- Eu não vou contestar isso, Sirius – Harry surpreendeu o padrinho com a colocação – Eu entendo que você era novo e estava apaixonado, mas agora, você sabe que ela não é confiável.

- Mas... Eu não entendo, como ela enganou a todos, sendo Auror? Não faz sentido!
- Claro que faz, Sirius! Ela sendo Auror seria acima de qualquer suspeita! Não vê? Até Daniel não acredita!

- Eu conheci Amanda como ninguém, Harry... – Sirius abaixou a cabeça pesaroso – Ela se fazia de má, mas não era... Era como eu, odiava o sobrenome que a conferia perversidade, a ligava com as Trevas...

- Não era o que parecia, Sirius! É diferente! Você foi escolhido para Grifinória, ela não, por aí você vê que ela não renegava a família não! – Harry falava quase desesperado, pois não acreditava que o padrinho ainda tentava defendê-la.

- Sabe... Você fala como seu pai falava – Sirius encarou Harry – Mas sua mãe me dava razão. Por ela, eu deveria parar de escutar Tiago e Remo e assumir meu namoro com Amanda. Quem será que estava certo? Mas... Eu não quis... Renunciei aos meus sentimentos.

Harry não queria mais discutir aquilo. Era nítido que Sirius a defenderia sempre. Afinal, falavam do grande amor que ele teve na adolescência. Mas ainda queria tirar a limpo a história da briga que tivera com Remo e seu pai.

- Sirius, o que aconteceu naquele dia do baile? – Harry estava confuso – Snape e Amanda armaram algo contra meu pai? Foi isso? Por que você contou uma história diferente... A Draco... – Harry lembrou que ele estava lá também, não ele, mas Hermione – E a mim...

- Ah... – Sirius suspirou – Não exatamente. Até onde eu sei, Amanda e Snape decidiram provar que Remo era um lobisomem e que nós quatro explorávamos os territórios de Hogwarts ilegalmente. E... Eu contei isso para ela. Ela só precisava provar.

- Você contou? – Harry arregalou os olhos – Mas... Era segredo entre amigos!
- Isso foi exatamente o que seu pai falou quando ficou sabendo...
- E esse foi o motivo da tal briga feia?
- Exatamente – Sirius tinha expressão de vergonha – Sabe Harry, eu nunca fui muito certinho, e Pedro soube muito bem se utilizar disso quando me incriminou pela morte de Tiago e Lílian.

- Mas, foi aí que Snape quase foi quebrado pelo Salgueiro Lutador?
- Foi... Mas Tiago o salvou. Na verdade... Eu preferia que ele o deixasse por lá. – Sirius falou friamente – Tenho Severo engasgado desde o dia em que ele jurou Tiago de morte se Lílian e ele ficassem juntos.

- Eu vi isso... – Harry comentou inocentemente.
- Eu até hoje me sinto um covarde por não ter saído debaixo daquela capa e acabado com a raça dele, mas Tiago me segurou lá, e ele poderia perceber a capa se eu também aparecesse do nada...

- Você odeia o Snape até hoje e eu concordo com você... Mas tem algo que eu não entendo! – Harry estava engasgado – Como ele e minha mãe se conheciam antes de Hogwarts? E mais, ele a xingou de sangue ruim! Eu sei, porque essa eu vi na penseira do Snape!

- Você tem mania de cair nas penseiras alheias? – Sirius fitou Harry sem rir.
- É o que parece... – Harry deu um risinho sem graça - Mas na do Snape só deu tempo para ver isso... Meu pai, você, Remo e aquele rato asqueroso implicando com ele, e minha mãe vindo em sua ajuda, e ele dizendo “eu não preciso da ajuda de uma sujeitinha sangue-ruim”.

- Aquele idiota... – Sirius seu um guincho de raiva – Lílian o conhecia desde criança. Pelo que ela contou, ele morava nas redondezas da casa trouxa dela, e a observava porque sabia que era bruxa. Ele que ensinou tudo sobre Hogwarts a ela...
- Eu não acredito... – Harry estava boquiaberto – Snape é desprezível! Ele era amigo dela! Como pôde fazer isso?
- Ele propôs que Lílian te entregasse para que poupasse a vida, mas ela respondeu estuporando ele. Ela era um perigo quando mexiam com aqueles que ela amava.
- Eu vi isso também! – Harry comentou ainda irritado – Ele é um... Ai, eu tenho ódio dele, e agora vou ter mais ainda! Meus pais morreram por causa dele, Sirius! Por causa dele!

- E você acha que eu o odeio por quê? Porque ele tem o nariz grande e torto? Bom, também por isso, mas não é o motivo principal. Severo se pudesse, teria matado Tiago ainda em Hogwarts, ele não admitia perder Lílian para ele.
- Que miserável... – Harry estava tremendo de raiva.
- Mas... Harry, Dumbledore diz que confia naquele imbecil. Esse é o problema. Eu não contesto a autoridade dele...

Uma súbita idéia ocorreu a Harry e só por imaginar essa hipótese, seu coração acelerou e ele empalideceu. Sirius notou e o fitou preocupado, mas antes que perguntasse qual era o problema, Harry desabafou seu pensamento horrível.

- Sirius... Um oclumente consegue interferir no pensamento de outra pessoa? Tipo, confundir sem uso do “confundus” e tal?
- Até onde eu sei, sim... Nunca fui bom em oclumência – Sirius deu um risinho – Eu sou o desgosto da família Black...

- E se Snape for agente duplo? Estiver fazendo Dumbledore de otário? Enganando a Ordem? E se Amanda estiver unida a ele?

Sirius ia escutando as colocações de Harry e a cada nova frase que o menino dizia, ele arregalava mais os olhos, incrédulo.

- Eu adoraria acreditar que Severo é um vilão, mas temos provas de sua fidelidade a Dumbledore, Harry. E você mesmo disse que na sua visão, o Lord das Trevas citou a traição dele.

Harry sentiu sua alma voltar ao corpo. Realmente, Voldemort estava irado com a traição de Snape, Dumbledore continuava vivo graças à sua ação. Não faria sentido que estivesse ao lado dos comensais. E ainda, Draco havia certificado a Ordem quanto a “caçada” que os comensais faziam a Snape depois de tal fato.

- É, eu acho que estou preocupado demais com isso, tanto que tento ver chifres na cabeça de cavalo. – Harry balançou a cabeça – E falando em chifres... – Ele olhou para Sirius rindo – Coitado do meu pai... Você era terrível!

- Eu não tenho culpa dele ser um Veado... – Sirius riu – Ele quem escolheu.
- Não é veado! É Cervo!
- Que seja... Não era muito masculino de qualquer jeito! Agora, vamos tomar o café da manhã? Acho que deve estar com fome depois de ver tantas lembranças inúteis e tristes...

Sirius andou em direção à escada, mas Harry não se moveu. Desfez o sorriso do rosto e olhava o padrinho. Sirius parou ao topo da escada e o mirou confuso.

- Vamos, rapaz! Todos estão nos esperando na cozinha.
-Sirius... Eu... Eu sinto muito.
- Sente muito pelo quê? – Sirius estava curioso.
- Você amava a Amanda Stonebreaker... E não pôde ficar com ela. Imagino que tenha sido algo horrível. Eu queria poder te dizer que não era ela naquela visão, mas eu não posso deixar que você se iluda com ela mais uma vez.

- Eu a amava sim – Sirius tinha ar sonhador ao falar – Mas eu amava mais os meus amigos, e eu não os ouvi quando me envolvi com ela. Tanto que acabei traindo a confiança deles, confiando a ela um segredo que não lhe dizia respeito.
- A culpa não é sua, você confiava nela, porque a amava.

- Engraçado... – Sirius riu melancolicamente – Sua mãe me disse a mesma coisa certa vez.
- Ela estava certa... – Harry abaixou a cabeça – Minha mãe era a melhor mãe do mundo... Eu vi. Pena que eu não consigo me lembrar. E meu pai...
Harry começou a chorar de novo. Era extremamente doloroso lembrar do que vira e pior que isso, lembrar que sua família foi destruída por causa de uma traição e por uma vingança. Sirius o viu chorar e voltou das escadas para ampará-lo. Não tinha muito a dizer, pois também era doloroso para ele esse pensamento. Talvez Sirius tenha sofrido tanto quanto Harry, pois além de perder seus melhores amigos, ainda foi acusado pelas mortes e perdeu grande parte de sua vida preso em Azcabam.

- Meu pai seria o melhor pai do mundo, Sirius... – Harry falava entre lágrimas – Ele tinha planos, me amava...

- É verdade... Tiago era tão orgulhoso de você, e eu sei que ele é orgulhoso de você. Ele e Lílian com certeza estão orgulhosos, Harry, porque mesmo que eles não estivessem aqui para te educar, para te guiar, você se tornou um homem de bem... Não escolheu o caminho mais fácil, escolheu o caminho da justiça.

- Eu penso isso e é exatamente o que me dá impulso para continuar – Harry disse secando as lágrimas – Eu vou vingar a morte dos meus pais, Sirius, esse é meu objetivo, nem que eu morra por isso. E assim, eu evito que outras famílias sejam destruídas, como a minha foi.
- E eu estarei lá com você. Sempre. – Sirius sorriu.

Finalmente, Harry e Sirius saíram daquele sótão empoeirado e se dirigiram à cozinha. Lá, os presentes já tomavam o café, e quando eles chegaram, todos disfarçaram e agiram como se nada tivesse acontecido. Sentaram-se e se serviram, e um silêncio sepulcral tomava conta do ambiente, irritando profundamente Harry.

- O papo acabou por quê? Por que o papo chegou?

- Estávamos conversando sobre voltar a Hogwarts – Draco respondeu imediatamente, como se também estivesse constrangido com o silêncio – Já estamos em agosto, falta um mês. Passa rápido.

- Vai ser tão estranho Hogwarts sem Dumbledore, não acham? – Hermione tentou manter a conversa – Não que Minerva não seja maravilhosa, mas Dumbledore...
- Ele não abandonou Hogwarts, só se afastou para segurança dos alunos – Daniel fez sua colocação sabiamente – Ele estará a par de tudo, administrará de longe, entendem?

- Com Dumbledore, sem Dumbledore, com Minerva... Hogwarts estará em risco – Harry comentou revoltado – Porque Harry Potter estará lá... Eu não deveria voltar.

- Está louco? – Hermione estava boquiaberta, como se ouvisse o pior absurdo de sua vida – E vai ficar sem formação?
- É melhor que eu fique sem formação do que pessoas ficarem sem suas vidas, não acha?

- Harry, estaremos mais seguros em Hogwarts do que estaremos em qualquer outro lugar! – Rony se pronunciou – Nem pense em não voltar! Você vai voltar nem que tenhamos que te levar a força.

- Rony está certo, Harry – Daniel concordou – E tem mais, o corpo de professores foi reformulado depois da saída de Snape e Dumbledore. Eu não falei antes, porque não estava nada certo, mas acho que já posso contar: Tonks será professora de transfiguração. Ela é exímia Auror, por isso, está estrategicamente posicionada como professora, no caso de um ataque.

- Sério? – Gina sorriu – Adoro a Dorinha... Vai ser um barato ter aula com ela!
- Tudo a ver com ela, transfiguração – Hermione riu.
- Mas, se colocarem um auror como professor, não estarão assumindo que há algo errado? – Harry se preocupou.

- Não exatamente, Harry – Sirius respondeu – Pois Dora é tão qualificada para lecionar quanto qualquer outra pessoa. Eu não acredito que pensem por outro lado.

- É verdade, e eu também estarei em Hogwarts, sabiam? – Daniel sorriu.
- Vai lecionar o quê? – Rony perguntou curioso.

- Nada, serei tão aluno quanto vocês.

Todos, com exceção de Sirius, que também sorria, fizeram cara de “como assim”. Mas Daniel, ao reparar na expressão assustada de todos, resolveu se explicar.

- Bom, como eu sou muito novo... E conservado – Daniel dizia rindo – Achei que poderia me colocar ao lado dos alunos. Assim, caso haja necessidade, estarei por perto.
- Mas, eu não entendo... – Harry estava confuso.
- Não há o que entender! Estou na Inglaterra para ajudar, e em Hogwarts estarei ajudando muito mais do que aqui fora. E caso precise sair, bom... será fácil
- Mas... – Harry não estava convencido – O que você vai dizer? Que é transferido?

- Ah, sim... Bom, temos Draco, ou melhor, Kurt Andriev, que será aluno de intercâmbio de Durmstrang; temos a Sophie, que veio de Beauxbatons, e eu, Daniel Carter em pessoa, serei aluno de intercâmbio da Southeast Academy of Magic and Witchcraft, Escola de Magia pela qual me formei, nos Estados Unidos. Entenderam?

Todos ainda estavam atônitos com tal declaração, mas resolveram não contestar. Daniel era realmente muito novo e passaria tranqüilamente por um aluno. O que Harry não entendia era essa necessidade toda de encher Hogwarts com Aurores. Afinal, o que Voldemort queria em Hogwarts já havia sido destruído, o diadema de Revenclaw. Contudo, lembrou que ele mesmo era uma Horcrux, e estaria em Hogwarts. Então, quis pensar que todo esse esquema de proteção era por sua causa, e ficou extremamente depressivo em pensar que sua vida mexia com a vida de todos em sua volta. Direta ou indiretamente.

Enquanto tomavam o café, outros papos vieram a tona, mas Harry não participou de nenhum deles. Pela primeira vez em seis anos, ele pensou que deixaria Hogwarts. Se formaria naquele ano e depois, vida que segue. Hogwarts era o lar de Harry, é claro que o Largo Grimmauld também o era, mas em Hogwarts foi que Harry fez amigos, descobriu tudo sobre magia e passou os melhores e piores momentos de sua vida. Veio um súbito pensamento de que não sabia o que queria ser.

Que carreira seguir depois de Hogwarts? Sempre pensou em ser Auror, mas para isso, deveria se dar bem nos N.I.E.Ms e não sabia se teria cabeça para tal coisa. Preferiu não pensar. Estava mais preocupado com o presente.

Terminado o café, Harry se levantou ainda pensativo e seguiu rumo ao seu quarto, sem dar maiores justificativas. Não tinha dormido nada, passou a madrugada inteira por entre aquelas lembranças de Sirius. E como aquilo mexeu com ele: ver seus pais, ficar com mais ódio de Snape, descobrir que Sirius teve um grande amor...

- Caramba... - Harry falou sozinho deitado em sua cama – Eu sempre quis perguntar se Sirius tinha namorada... E essa agora...

Sentiu pena do padrinho, embora odiasse esse sentimento de pena, mas não tinha outro para descrever o que sentia em relação à situação de Sirius. Mal ou bem, Tiago casou-se e viveu seu grande amor até “que a morte os separe”; Remo estava feliz agora com Tonks e Sirius não tinha ninguém... Era complicado pensar que um cara tão bem apessoado como ele não tinha alguém em vista naquela época de escola, mas agora a situação dele era outra, e Harry entendeu que não teria muitas possibilidades de encontrar uma garota enfurnado no Largo Grimmauld.

Estava extremamente cansado. Era a segunda noite consecutiva que ele não conseguira dormir e acabou por cochilar. Viu que Hermione e Rony abriram a porta lentamente, tentando talvez saber o que Harry vira naquela penseira, contudo fingiu dormir, não estava com a menor vontade de discutir como ele estava triste por tudo o que viu e ficou sabendo.

Enquanto Harry dormia o sono dos justos, Rony, Hermione, Draco e Gina conversavam sobre assuntos sem muita importância, lembrando que eram quatro jovens que precisavam de mais que problemas. Chegaram até a brincar de verdade ou desafio, mas depois que Gina perguntou a Hermione com quantos garotos ela já tinha ficado, a menina se aborreceu e decidiu não mais brincar, deixando Rony com uma pulga atrás da orelha e Gina com um sorriso malicioso de uma ponta a outra da orelha.Sirius estava pensativo e distante. Daniel reparou e resolveu tentar ajudar de alguma forma.

- Harry viu algo que não deveria, Sirius? – Daniel puxou assunto.
- Viu... Mas não digo que não deveria, digo que eu deveria ter contado a ele antes. Saber assim não é bom.
- Ele é esperto, não? – Daniel estava admirado com Harry – Você disse que ele não sabia como entrar no sótão, nunca comentou com ele, e ele conseguiu... E ele não te viu subir, pois quando você saiu da sala, eu estava com ele lá conversando. Ele descobriu sozinho.

- Harry é tão esperto quanto o pai dele o era – Sirius sorriu – Tiago não sossegava enquanto não conseguisse o que queria, isso em todos os aspectos. Harry é igual a ele, só que em proporção menor.

- Ele viu os pais... Deve ter sido horrível para ele, não?
- E foi. – Sirius suspirou – Até para mim essas lembranças são dolorosas, imagina para ele. Dan... Eu preciso te contar uma coisa. Acho que devo ser sincero, pois Harry já soube.

- O que foi? – Daniel ficou curioso.
- Amanda... – Sirius o encarou – Ela e eu éramos namorados em Hogwarts. Ela era o grande amor da minha vida.

- Não diz... – Daniel estava pasmo.
- Digo... Harry viu isso, e viu que eu confiava nela, mesmo que seu pai e Remo fossem contra e vivessem tentando me avisar. E ele agora tem certeza que ela é a mulher da visão.
- Merlin... Eu não consigo acreditar... Mandy! Eu nunca desconfiei dela!

- Pois é, nem eu. Até que ela tentou nos ferrar em Hogwarts.
- Como é? – Daniel arregalou os olhos.

- Ela tinha raiva do Tiago, pois ele não concordava com nosso namoro, e tentou provar, junto com o severo, que Remo era um lobisomem e eu e Tiago acobertávamos isso, além de termos controle de todo o território de Hogwarts.

- Nossa... Mas... Se ela realmente está do lado do Lord das Trevas, como ela é Auror? – Daniel estava confuso.
- Está aí uma pergunta que eu queria te fazer. Ela nunca se enrolou? Nunca desconfiaram dela?
- Não, nunca! Amanda é ótima! Eu já disse, trabalhei ao seu lado e ela nunca me deixou na mão ou a qualquer outro Auror!

- Desde quando ela é Auror? Sabe me dizer?
- Eu não sei ao certo, ela nunca falou, mas ela já estava no Ministério Americano quando eu me tornei Auror. Então, há pelo menos três, quatro anos ela é Auror.

- Podemos imaginar então que ela é Auror somente agora, antes não temos noção do que ela fazia, pois ela sumiu da Inglaterra. – Sirius estava ligando os pontos da história.
- Faz sentido... – Daniel acompanhou o raciocínio – Eu vou conversar com ela sobre isso...
- É uma boa idéia.
- Você quer vê-la, Sirius? – Daniel o encarou.
- Não... – Sirius ficou constrangido – Eu não me responsabilizo pelos meus sentimentos, tenho medo de confundir tudo e acabar causando transtornos maiores. Vá você, ela nem pensa em mim, tenho certeza.

- Eu não teria tanta certeza – Daniel sorriu – Amanda certa vez me contou que teve um amor na adolescência, do qual ela nunca esqueceu. Acabei de descobrir que esse amor era você.
- Ela disse isso? – Sirius sorriu, embora não quisesse.
- Disse. Ela já foi casada, mas nunca esqueceu esse tal amor.

- Ela casou?
- Ela é viúva. Foi terrível... Seu marido também era Auror, e foi morto por um comensal. Nesse dia, Amanda não estava conosco e até hoje se culpa pela sua morte.

- Imagino... Mas, ela continua linda como sempre. Logo encontrará alguém. – Sirius tentou parecer indiferente.
- E por que não você? – Daniel provocou.
- Porque eu não sei se ela é confiável, Dan.
- E se for?
- Eu não sei. Já faz muito tempo...
- Isso foi um sim – Daniel sorriu.

Sirius sorriu sem graça para Daniel, mas o rapaz em sinal de positividade lhe deu um tapinha no ombro.

Daniel saiu, deixando Sirius sozinho com seus pensamentos. Enquanto isso, Harry ainda dormia, e Rony tentava conversar com Hermione no quarto de hóspedes.

- Eu não entendo, Mione... – Rony contestava irritado – Se eu gosto de você e você de mim, por que não podemos ficar juntos?
- Eu já disse, Rony! Não temos tempo para isso!
- Mentira! Você não quer ficar comigo porque me acha um estúpido, um burro!
- Não diz isso, Rony... – Hermione tinha lágrimas nos olhos – Você é o garoto mais sensacional que eu conheço... É bonito, engraçado... E é esperto sim.
- Então, eu não te entendo, Mione... E desisto de te entender! Era mais fácil dizer que me ama como amigo e viveríamos muito melhor!

- Mas eu não te amo só como amigo, Ronald! Eu estou sendo sincera! Eu te amo com todo meu coração, eu quero ficar com você, mas não nessa situação de horror, de perseguição! – Hermione chorava.

- Mione, eu te amo... Não faz isso comigo... Seremos mais fortes juntos.Eu prometo, mas fica comigo... Demorei tanto tempo para te dizer isso, não ignora o que eu sinto por você.

Rony se aproximou de Hermione e abraçou a menina, que chorava copiosamente. Hermione o abraçou tão forte que era possível sentir seu coração acelerado. Rony levantou seu rosto, enxugou suas lágrimas e passando uma das mãos por entre seus cabelos e trazendo seu rosto para perto do seu, a beijou. Mesmo que ela o empurrasse, ele tinha que fazer aquilo. Mas Hermione não o empurrou, ao contrário, ela também o beijou. E se beijaram tão apaixonadamente, que por um momento ambos esqueceram de todo aquele clima de terror do qual falavam anteriormente. Talvez entendessem que juntos de fato, seriam melhores. Para os dois, naquele momento, só eles existiam e importavam. Rony acariciava o rosto de Hermione, trazia cada vez mais a menina para junto dele, e Hermione estava completamente entregue àquele momento, como se tivesse desistido de lutar contra o que sentia pelo amigo.

Harry acordou assustado. Nem lembrava de ter dormido, de tão confuso que estava. Viu que já era um tanto tarde e levantou num pulo, coçando a cabeça, tentando reorganizar os pensamentos. Saiu do quarto meio tonto e se deparou com Sirius subindo as escadas, indo em direção ao seu quarto.

- Ah, acordou, belo adormecido? – Sirius sorriu – Eu já ia te chamar para o almoço.
- Eu nem sei como dormi... Estava tão cansado que nem vi.
- Eu imagino... Vamos almoçar? Rony e Hermione parecem que dormiram também, pois não estão lá embaixo...
- Eles devem estar conversando no quarto, eu vou chamá-los...
- Ótimo, chame-os e desçam rápido, estamos com fome! – Sirius voltou às escadas, descendo para a cozinha.

Harry se dirigiu ao quarto de hóspedes, batendo à porta devagar. Ninguém atendeu. Bateu novamente e dessa vez resolveu abrir a porta lentamente, tentando enxergar o interior do quarto. Arregalou os olhos ao ver que Rony e Hermione estavam deitados juntos, num breve cochilo, abraçados. Harry ficou tão constrangido que nem olhou muito. Fechou a porta imediatamente e desceu as escadas como se não tivesse visto nada.

- Onde estão Rony e Hermione, Harry? – Sirius perguntou assim que o menino apareceu na cozinha.

- Ah, eles... Eles Já vêm... – Harry abafou um risinho e sentou-se a mesa para almoçar.

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