Jurado de Morte



A vontade de Harry era voar em cima de Snape, claro, se aquilo não fosse um pensamento de Sirius. Pensou como Sirius, por baixo daquela capa, estava louco para sair e estuporar o miserável do Snape, que além de praticamente jurar seu pai de morte, ainda agredia sua mãe. Pensou que a vontade de Tiago era sair de baixo da capa e enfrentar Snape tete-à-tete e não pensou de novo, só assistiu ao seu pai erguendo a varinha a sua frente.

- Larga a Lílian agora e duele com um homem, seu covarde!

- De onde você saiu, seu moleque atrevido? – Snape largou Lílian confuso e sacou a sua varinha também – Espionando os outros, Potter?
- Então... Você vai me matar, não é? – Tiago riu-se ironicamente – Por que não tenta a sorte...

- Com muito prazer... – Snape ergueu a varinha rapidamente
- NÃO SEVERO! – Lílian gritou e se colocou à frente de Tiago – Ninguém vai duelar aqui, e não se esqueçam que eu sou monitora e posso tirar pontos por isso! – e segurou o braço de Tiago o levando para longe – Obrigada por me defender, mas acho melhor não provocá-lo...

- Eu não tenho medo daquele ranhoso, Lílian... – Tiago estava vermelho de raiva e ainda estava com varinha em mão – Ele te agrediu!
- Ele está fora do juízo dele, Tiago, não perca o seu também!
- Como não perder? Como você ainda consegue falar com ele! Ele é um estúpido, Lílian, ele é perigoso!

- Tiago... Meu pai sempre me ensinou que o perdão e a compaixão que nos difere de nossos inimigos e nos faz sermos melhores que eles. – Lílian suspirou olhando Snape, que saía do local cabisbaixo – Eu acredito que pessoas possam mudar, e se não mudarem, um dia aprenderam pela dor. Eu não quero aprender pela dor, mas eu sei que Severo aprenderá.

Harry assistiu aquela cena tão confuso que nem lembrou que Sirius ainda estava coberto pela capa de invisibilidade. Imaginou que Tiago, ao se libertar da capa, tenha o segurado ali, pois sabia que era muito mais estourado e poderia causar um estrago enorme. Seus pais sumiram de sua frente, envoltos por uma leve névoa, dando espaço para a visão do dormitório masculino da Grifinória. Sirius dava o nó em uma gravata de seda muito bonita e fina. Estava trajando uma elegante veste de gala. Tiago chegou ajeitando os punhos da blusa.

- Hum... – Sirius riu ironicamente – Penteou os cabelos! Lílian está te fazendo muito bem, nossa...

- Ai, que engraçado! – Tiago riu – É, eu tenho que estar bem, não é mesmo? Não é qualquer um que leva Lílian Evans no baile de natal. – Tiago olhou para Remo deitado na cama, lendo um livro – Tem certeza que você não vai, Remo?

- Tenho, Tiago... – Remo tirou os olhos do livro – Eu não tenho vontade nem roupa para a ocasião.
- Que pena... – Tiago fez cara de desiludido – Vai perder a cena patética de Sirius dançando apaixonadamente com Amanda Stonebreaker – E olhou cinicamente para o amigo.

- De onde você tirou isso, Tiago? – Sirius olhou para o amigo boquiaberto. Harry imaginou que seu coração estava disparado.

- Ai, você pensa que eu sou burro, não é? – Tiago riu ironicamente – Eu sei que você e Amanda estão ficando, e não é de hoje.
- Isso não tem cab...
- Não negue, Sirius. Eu sei que você gosta dela. – Tiago deixou de sorrir e Remo parara imediatamente de ler.
- E se eu gostar, Tiago? O que você tem a ver com isso? – Sirius se aborreceu.
- O que eu tenho a ver? Nada... Só que meu melhor amigo, meu irmão, está se envolvendo com uma futura Comensal da Morte!
- ELA NÃO É COMENSAL!- Sirius estava com muita raiva – NÃO FALE ISSO!
- Você é tão esperto Sirius, como se deixou cegar por ela...

- Sirius – Remo se pronunciou – Amanda é uma garota extremamente perversa. Franco me contou que ela azarou uma menina da Lufa-Lufa na frente de todos no Grande Salão, só porque a menina pisou acidentalmente em seu pé...
- E Tiago Potter... – Sirius olhou com raiva para Tiago – Que azarou Severo Snape só pelo fato dele existir? Tiago então é mal também, não é?

- Não tem comparação! – Tiago se ofendeu – Não me compare àquela vaca!
Sirius se movimentou rápido e pegou Tiago pelos braços. Remo deu um pulo na cama e se pôs de pé na frente dos dois amigos.

- Nunca mais chame Amanda de vaca, Tiago, senão eu vou me aborrecer seriamente com você.
- Essa garota está tirando seu juízo, Sirius... – Tiago encarara o amigo – Está te colocando contra os seus amigos!

Harry viu Sirius dar um bufo de raiva, largar Tiago e sair do dormitório esbarrando em Lupin, sem olhar para trás. Harry ficou e observou Tiago e Remo se entreolhando confusos.

- Ele gosta dela Tiago... – Remo comentou – Ele está cego, não podemos perder a cabeça com ele, temo que mostrar de um jeito mais sereno que ela o engana...
- Ele não fala mais comigo se ficar com ela... – Tiago estava vermelho – Ele vai escolher entre ser o namorado dela e ser meu amigo.

A imagem de Remo e Tiago se dissolveu, dando espaço à visão de Sirius em um canto escondido da multidão que dançava animada no Grande Salão, com Amanda Stonebreaker, que chorava copiosamente.

- Você me ama, Sirius! Isso não é justo! Eu odeio o Tiago Potter! Ele me paga!
- Não é por causa dele, Mandy – Sirius segurava a menina que estava o esmurrando de raiva – É por mim! Eu não posso ficar com você! Somos muito diferentes!
- MENTIRA! MENTIROSO! – Amanda esmurrava com raiva o peitoral de Sirius – É POR CAUSA DELE! É SEMPRE O TIAGO POTTER! - E saiu correndo, com os longos e belos cabelos loiros esvoaçando.

Sirius voltou ao Grande Salão com cara de derrota. Mas Harry não foi atrás dele. Ficou curioso e resolveu seguir Amanda. A menina se dirigiu aos jardins, e escondeu o rosto por entre as mãos e chorava muito. Harry ficou ali a observando. Ela murmurava sozinha e Harry precisou chegar mais perto para ouvir.

- Eu odeio você, Potter... Sirius escolheu você, mas eu não aceito isso...

E Harry foi interrompido por Snape, que chegara ali também. Harry rapidamente lembrou do que Draco o havia contado, sobre o primeiro beijo de seus pais. Snape estava pálido, mas sua expressão era enigmática. Não chorava e tão pouco parecia triste. Estava com ódio no olhar. Chegou perto de Amanda e a olhou profundamente.

- Que foi, idiota! Está olhando o que? – Amanda o olhou com raiva.
- Potter... – Snape falou sem desespero – Você também quer ele fora do jogo, não é?
- O que eu mais quero! – Amanda ainda chorava
- Então, acho melhor que nos unamos.

A visão ficou embaçada e agora Remo, Sirius e Tiago estavam aos berros no que Harry pensou ser a Sala Precisa, pois não conseguia identificar outro lugar parecido em Hogwarts.

- EU SABIA! EU AVISEI! – Tiago gritava encarando Sirius revoltado – VOCÊ CONFIOU NELA, ESTÚPIDO!
- Tiago, calma...
- CALMA? – Tiago se virou para Remo – NÃO ME PEDE CALMA! O ranhoso está todo desconfiado de você ser um lobisomem, Remo, e esse irresponsável do Sirius conta a história para aquela lá...

- Escuta, dono da verdade, você nunca errou na vida? – Sirius estava vermelho – Eu errei, e estou assumindo o erro, pode ser?

- Não! Não pode ser nada! – Tiago bradou – Você colocou o sigilo e a segurança de Sirius em xeque, colocou nosso segredo de animagos em risco! Tudo por quem? Pela vaca da Amanda Stonebreaker...
-NÃO FALA DELA ASSIM! – Sirius perdeu a aparente calma.

- Eu falo como EU QUISER! COMO EU QUISER!

Harry estava tonto com tantas visões estranhas. Aquela briga continuou e a cada nova agressão verbal que Harry ouvia, mais ele ficava confuso. Nunca pensara em seu pai e Sirius brigando desse jeito. Ele não estava disposto a ficar ouvindo aquela briga, fazia seu coração ficar cada vez mais apertado. Agradeceu quando a visão mudou. Não era mais Hogwarts. Agora estava no Largo Grimmauld, em frente a Sirius adulto.

- Eu não sei porque eu ainda quero ouvir você – Sirius falava duramente.
- Por que você me ama, Sirius – Amanda estava olhando para ele com carinho – E porque eu vim me despedir.

- Você vai embora? Para onde?

- Não quero contar... – Amanda tinha os olhos úmidos. – Eu preciso tirar você do meu pensamento, Sirius. Eu não te esqueço e isso está me consumando... Soube que o Potter casou-se com a Evans, não é? Ele agiu a vida dele, e você, heim?

- Sim, se casaram, e o que você tem a ver com isso? – Sirius estava com a cara amarrada e falava de má vontade – Se você precisa me esquecer, então, por que veio?
- Sirius... – A bela mulher se aproximou de Sirius, passando suavemente a mão pelo seu rosto – Eu vou te esquecer, mas eu quero que me atenda um pedido... Um último pedido, em nome de tudo o que já vivemos, em nome do nosso amor que era tão lindo...

- O quê?
- Uma noite... Uma última noite, Sirius, e eu te deixo em paz pelo resto de sua vida...

Harry viu o padrinho abraçar e beijar apaixonadamente aquela mulher, que Harry agora não tinha dúvidas que era a de sua visão. Eles se entregaram aquele momento e Harry ficou meio constrangido, implorando para que a visão mudasse. E mudou. Sirius entrava em uma casa, Harry não conhecia o lugar, mas imaginou ser a casa de seus pais. Teve certeza disso quando viu seus pais também entrarem felizes pela porta. E mais um detalhe fez Harry se emocionar: Ele estava no colo de sua mãe.

- Chegamos, filho! – Tiago brincou com a criança no colo de Lílian – Bem vindo, pequeno Harry, esse é seu lar...

- Olha filho... – Lílian acariciava com o dedo o nariz minúsculo de Harry – Isso é tudo seu... Não é lindo? – E abriu a porta de um quarto de bebê, sentando-se com o pequeno Harry numa poltrona para amamentá-lo. O coração de Harry batia descompassado com aquela cena. Era emocionante demais para ele.

- Ele é perfeito... – Sirius sorriu para Tiago. Estavam parados à porta observando Lílian e o pequeno menino. – Eu nem acredito que Tiago Potter é pai!
- É... Como Lílian diz, pessoas mudam... – Tiago riu. – E já está na hora de casar-se também, não acha?

Harry estava tão entretido vendo sua mãe que nem prestava atenção na conversa de Sirius e Tiago. Lílian o acariciava gentilmente, murmurando uma canção de ninar.

Os olhos de Harry não suportaram o peso das lágrimas e ele começou a chorar. Enxergava tudo embaçado no momento em que presenciou a visão de Sirius consolando Lílian.

- Ele está tão mudado, Sirius! Eu não o conheço mais! Tiago não sorri, não tem aquela vontade de viver! Ele está se sentindo preso, perdido!
- Ele está com preocupado com você e Harry, Lílian. – Sirius acariciava os cabelos de Lílian – Eu estou preocupado com todos vocês.

- Eu sei! Eu também temo pela vida deles! – Lílian chorava – Sirius, eu preciso que me ajude, preciso encontrar alguém que talvez nos ajude, mas eu não posso contar para Tiago, senão ele enlouquece...

Harry os viu parar de falar quando seu pai entrou na sala com uma expressão cansada e melancólica.

- Ele dormiu... – Tiago tentou sorrir – Acho que de tédio, porque pela centésima vez eu contei o mesmo conto dos três irmãos... Não estou muito criativo nesses dias... – E olhou para Lílian tentando esconder o choro, e dela para Sirius – Posso falar com você?

-Claro... – Sirius se levantou solícito e esperou Tiago dar um beijo na testa de Lílian para indicar onde queria lhe falar.

Harry olhou para sua mãe. Ela chorava... Harry chorava. Sua vontade era abraçá-la agora e dizer “Está tudo bem, mãe, eu estou aqui! Eu sobrevivi...” mas não podia. Era muito doloroso ver aquela cena e ele seguiu seu pai e Sirius por um corredor, até um pequeno quarto. Tiago fechou a porta e encarou Sirius.

- Eu quero que me prometa uma coisa, Sirius.
- O que você quiser...
- Se algo... – Tiago engasgou – Se algo me acontecer...
- Não comece com isso! – Sirius cortou o amigo.
- Se algo me acontecer... – Tiago continuou – Eu quero que se mude daqui com Lílian e Harry. Eu não confio em outro, senão você para isso.

- Nada vai acontecer com você! – Sirius estava desesperado – Você tem um filho para criar! Vai ver Harry crescendo, vai ensiná-lo a jogar quadribol, vai embarcá-lo no expresso de Hogwarts quando ele fizer 11 anos...

- Sirius... – Tiago tinha lágrimas nos olhos, ao passo que Harry já estava chorando há muito tempo – Eu quero muito, Merlin sabe o quanto eu quero, mas não sei se vou ensinar Harry a jogar quadribol. E se eu não puder, quero que você o faça... Eu tenho planos para meu filho, planos lindos, Harry é a criança mais amada do mundo, ele e Lílian foram os tesouros mais preciosos da minha vida... Mas eu sinto que não vou conseguir educar meu filho, eu não vou poder assistir os jogos dele, eu não poderei cuidar dele quando ele ficar doente, não poderei falar sobre garotas com ele, ensiná-lo a ser um homem de bem...

- Não fala isso! Não! – Sirius abraçou o amigo, se debulhando em lágrimas. – Você não desiste facilmente, lembra? Você é Tiago Potter...

Uma névoa longa embaçou os olhos úmidos de Harry e ele pousou ao de Lílian. Sirius era o enorme cachorro ao seu lado. Estavam num lugar muito estranho e Harry gelou ao ver do que se tratava.

- Você veio...
- Não se aproxime – Lílian ergueu a varinha para Snape – Fique aí mesmo, ou eu esqueço os meus pudores.
- Você sabe que eu seria incapaz de fazer mal a você... – Snape falava com cara de cão arrependido.

- Não? Imagina... Só colocou minha família inteira em risco, seu cretino! – Lílian não chorava, e apertava a varinha contra a mão – Eu não sei o que vim fazer aqui, mas aproveitando que aqui estou... Se você fizer algo contra Tiago e Harry, eu mesma te mato, Severo, está ouvindo? EU MESMA TE MATO!

- Não... – Snape tinha lágrimas nos olhos – Não fale assim... Tenho boa notícias... Eu queria te dizer que o Lord das Trevas sabe ser piedoso... Se vocês entregarem o menino, ele poupará você...

Lílian arregalou os olhos, mirando Snape incrédula. Deixando escorrer duas lágrimas pelo seu rosto, ela reagiu ao absurdo que ele falara.

- SEU MONSTRO! – Lílian ergueu a varinha num momento de ódio – QUEM É VOCÊ, SEU DESALMADO! – E sem pensar duas vezes bradou – ESTUPEFAÇA!

Snape não se defendeu e o feitiço de Lílian era de uma força descomunal, que o fez voar metros de sua posição atual. Harry viu Sirius assumir suas formas humanas e agarrar o braço de Lílian, nervoso.

- Eu disse que não era para termos vindo! O que você esperava dele? – Sirius tentava consolar Lílian que chorava desesperada – Vamos sair daqui, antes que ele se levante...

No momento em que Sirius aparatou com Lílian, uma grande e interminável névoa cobriu os olhos de Harry. Ele percebeu que as memórias estavam passando muito rapidamente a sua frente, mas ele não conseguia ver nenhuma delas com detalhes. Também, imaginou que Sirius as modificou, por serem da época em que estava preso em Azcabam. De repente. Os pés de Harry tocaram novamente o chão e ele viu Sirius correndo como o cachorro apelidado por ele mesmo de Snuffles. Harry olhou adiante e viu Snape andando em passos largos. Sirius se posicionou à frente dele e assumiu as suas formas humanas.

- Que foi, Sevinho? Magoou seu coração de pedra olhar para aquela menina tão parecida com Lílian? Se lembrou da sua maldade entregando sua amada nas mãos do Lord das Trevas? Se lembrou que ela preferiu Tiago a você naquele baile, em que eles se beijaram pela primeira vez?

- Não me atormente, Sirius...
- Eu queria na verdade te matar... – Sirius ria ironicamente – mas não sei se vale a pena voltar para Azcabam por um ser tão insignificante como você, que nunca amou ninguém, e quando amou, entregou–a a morte...

Harry viu Snape desaparatar deixando Sirius ali sozinho. O padrinho tinha brilho nos olhos, como se esperasse aquele momento de desabafo há algum tempo. Sirius levou um susto com a mão de Daniel o tocando no ombro.

- Que susto você me deu, Dan...
- Eu sou quem estou em pânico! – Daniel olhou Sirius nervoso – O que você faz aqui? Enlouqueceu?
- Não... Eu vim como cachorro...
- Então, volte a ser cachorro, por favor, e venha comigo...

Harry seguiu Daniel e Sirius até um Pub no final da rua. Olharam pelo vidro e lá estava sentada em uma mesa Amanda Stonebreaker. Harry percebeu que a mulher estava disfarçada, com um echarpe que cobria seus cabelos e óculos simulando óculos de grau.

- Fique e me espere aqui, eu vou conversar rápido com ela e tentarei a trazer para fora.

Harry viu o grande cachorro preto sentar-se sem tirar os olhos da mulher sentada à mesa. Daniel entrou e Harry o acompanhou.

- Dan... – A mulher se ajeitou na cadeira – Por Merlin, obrigada por ter vindo!
- Por nada... Eu disse que a ajudaria. – Daniel sentou-se em uma cadeira ao seu lado – Então, o que houve?

- Ele... – Amanda tinha lágrimas nos olhos – Depois da morte do meu marido, ele está me pressionando, ele me persegue, Dan! Ameaça minha família! Eu não consigo sequer sair da Inglaterra! Tentei sair e uns comensais me encurralaram! Eu fui torturada!

- Calma Mandy... – Dan tentava consolar a bela mulher – Eu vou conversar com a Ordem, eu tenho certeza que eles não se negaram a prestar asilo a você, como fizeram por mim e pelo menino Malfoy...

Mas Harry não viu mais nada. Sentiu um puxão estúpido que fez seu corpo voar pela névoa de pensamentos e quando se deu por conta, voltara ao sótão entulhado e Sirius o olhava com raiva.

- Posso saber o que você está procurando ai, rapazinho?

Harry não sabia o que dizer. Sirius estava com uma expressão que misturava nervosismo com raiva, e depois de tantas provas de que o padrinho era muito estourado, Harry pensou no mínimo 30 vezes antes de falar alguma coisa. E ainda assim, não falou nada. Viu Daniel. Rony e Hermione subirem para o sótão, tão desesperados que parecia que estava havendo uma guerra lá fora. Harry por um momento achou mesmo que era possível essa hipótese.

- Ai, graças a Merlin, Harry! – Hermione, para variar, estava chorosa – Você nos deu um susto! Procuramos você feito loucos!

- Cara, não faz mais isso! – Rony estava pálido e tinha os olhos arregalados – Pensamos que você tivesse sumido, fugido... Sei lá o que pensamos!

- E você aqui o tempo todo! – Sirius ainda segurava o braço de Harry, apertando sem o menor cuidado – Posso saber o que estava bisbilhotando aí?

- Sirius... – Daniel acenou pedindo calma ao ver que Harry estava empalidecendo cada vez mais.

- Ótimo! – Sirius largou Harry com estupidez – Espero que tenha visto coisas que façam você pensar antes de dar outro susto desses na gente! Passou a noite inteira aqui! Ainda bem que Daniel comentou que você tinha acordado de madrugada e escutado a conversa na cozinha, aí eu pensei em abrir o sótão!

- Desculpem, eu não queria causar transtorno... – Harry esfregava o braço. Sirius era violento – Eu fiquei meio... Meio curioso quando te vi descer do sótão, Sirius, mas eu não sabia que era...

- E aí, você tropeçou acidentalmente e caiu dentro da penseira? – Sirius comentou em tom irônico.

- Não! Eu vi o que era e quis entrar. – Harry respondeu sem medo – Eu pensei que assim veria os meus pais! Já que não os tenho comigo, queria vê-los de perto! Será que é errado?

Ninguém falou mais nada. Olhavam para Harry com pena e ele os odiou por um momento, odiava que sentissem pena dele, mas ele mesmo estava sentindo pena de si. Sirius o olhou e sua expressão mudou de raiva para ternura. Abraçou Harry ternamente, e o garoto chorou.

- Eles sabiam que iam morrer... – Harry falava entre lágrimas – Por que não me entregaram? Por que não acabaram com aquele sofrimento!

- Por que eles te amavam, Harry... – Sirius também tinha os olhos úmidos – Eles pensaram em você até o último minuto... E eu falhei com eles... Eu não te ensinei Quadribol, eu não te dei conselhos sobre garotas... Mas agora, Harry, estamos juntos, como seu pai queria.

Hermione chorava com a cena, e Rony tinha um quê de melancolia no olhar. Daniel os chamou a atenção para que descessem, aquele momento era somente de Harry e Sirius. Os três deixaram padrinho e afilhado se consolarem um ao outro.




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