O Lado Negro de Harry



Harry deu de cara com Hermione, Sirius e Draco sentados na sala, às gargalhadas. Olhou com cara feia para a amiga, mas ela se antecipou.

- Mione, você já voltou! – Hermione sorria espontaneamente – aproveita e senta aí, Sirius está contando cada coisa tão engraçada!
- Ah, eu vou adorar participar dessa algazarra... – Harry sorriu sem vontade para a amiga.
- Granger, você não imagina como Sirius era terrível na época de escola! – Draco estava com as mãos comprimindo o estômago – acho que vou morrer de tanto rir!

Harry revirou os olhos ao ouvir Draco e olhou em seguida para Sirius. Seu padrinho parecia uns 10 anos mais novo, tinha o rosto reluzente e lembrava o Almofadinhas no 6º ano de Hogwarts da foto dos Marotos que estava no seu quarto. Harry quase não via o padrinho tão feliz como ele estava naquele momento, e esqueceu da raiva que sentia por Malfoy por um momento, afinal, eles estavam se entendendo, por mais difícil que fosse para ele aceitar isso.

- Sirius, eu sempre quis saber uma coisa: como vocês conseguiram virar animagos? E ainda, permanecerem anônimos! – Harry arregalou os olhos para Hermione, esse era um tipo de pergunta que nunca ocorreu a ele fazer ao padrinho.

- Ah, Harry... – Sirius piscou para a menina – Seu pai e eu, nós sempre fomos do tipo que não desiste facilmente. Pesquisamos muito, queimamos a mufa e conseguimos!
- Mas eu não achei isso em nenhum livro! Sério, pesquisei em todos sobre transfiguração – Hermione estava curiosa e Harry sentiu vontade de arrancá-la da sala à força. Desde quando ele lia livros assim?

- Harry, eu não quero ser chata... – Harry interrompeu a conversa antes que Sirius desconfiasse do súbito interesse dele pela transfiguração - ...mas eu tenho que voltar logo para a Toca! Garanto que Sirius vai te explicar isso em outro momento, não é mesmo, Sirius? – Harry sorriu para o padrinho – Mas agora, eu preciso falar com você. Podemos?

- Certo Mione... – Hermione olhou Harry sem graça – Nos dêem licença, já voltamos!

Hermione saltou da poltrona onde esteve estatelada até o momento e Harry saiu atrás dela. Os risos de Draco estavam ecoando pela casa, enquanto chegavam ao quarto. A menina ainda ia rindo pelo caminho, mas desfez o sorriso ao olhar para Harry e perceber que ele estava extremamente irritado.

- E então, Harry, conseguiu alguma informação?
- Hermione, Rony não tinha contado o que aconteceu para a mãe. Ele contou hoje, Sra. Weasley praticamente o obrigou a falar.
- Não fala... – Hermione tampou a boca com a mão em sinal de espanto – Coitado do Rony... Deve ter ficado tão arrasado relembrando essa história! Ah... Antes que eu esqueça...– Hermione sacou a varinha e apontou para Harry – Finite incantatem! – e Harry assumiu novamente sua forma, só que nas roupas de Hermione.

- Finite Incantatem desfaz o efeito da poção polissuco?* – Harry estava confuso – eu sempre pensei que era o Homorfo ou o Homenum Revelio, sei lá.

- Finite incatatem acaba com o efeito de um feitiço, lembra? A poção polissuco não deixa de ser um feitiço ilusório. Ao passo Homorfo somente é usado para objetos transfigurados ou em casos de animagos. O Homenum Revelio revela presença humana além das que se deseja que estejam no recinto. Talvez se você lesse mais, você saberia... – Hermione balançou a cabeça negativamente e entregou os óculos que usava para Harry.

- Tudo bem... Voltando ao assunto... – Harry pensava que havia feito um comentário, e não pedido uma aula sobre o assunto.

- Espera! Vai ficar olhando para sua própria cara e me deixar cega aqui ou vai usar o Finite Incatatem em mim também?
- Opa! Desculpa! É que eu sempre sonhei ter um irmão gêmeo!

Harry sorriu, encaixou os óculos no rosto e apontando a varinha para a amiga e conjurando o feitiço. Logo, Hermione era novamente ela mesma, com a calça caindo. Ela ia tirando a blusa quando Harry a interrompeu.
- Pelo Amor de Merlin, Mione...Faz isso no banheiro! – Harry tirou a blusa que vestia e deu para ela – Toma... E espera que eu já te entrego a saia...
- Aff... Está bem, Harry... – Hermione pegou a blusa com má vontade. – Pode ir falando enquanto isso?

- Ah, claro... – Harry vestiu uma outra blusa e procurava um short no seu armário – Estou passado, Mione... Sabe, ouvir o Rony contar a história... – Harry tentava colocar o short por baixo das saias que ainda vestia - ... Eu não sabia como eu havia sido cruel!
- Como não sabia? – Hermione arregalou os olhos enquanto Harry entregava sua saia.

- Eu não sei ao certo, mas... É como se não fosse eu... – Ele tirava as saias por cima do short.

- HARRY! –Hermione gritou e Harry se assustou, tropeçando na saia e caindo no chão – CLARO! Como eu não pensei nisso antes!
- Pensou em quê? – Disse ele com tom irritado se levantando.
- Lembra quando você destruiu o diário de Riddle? E o medalhão? As outras horcruxes que Dumbledore contou? Aquela parte da alma do você-sabe-quem... Reagiu!
- E? – Harry não entendeu nada.

- Foi isso! Essa parte da alma dele em você... Está fazendo você brigar com seus amigos, se afastar da sua meta, se sentir sozinho...Ele quer te deixar vulnerável!

- Será?
- A menos que você queira de fato matar Rony...
- Claro que não quero! Acabei de dizer que não entendi porque fiz aquilo!
- Então, essa é a explicação!

- Hermione... – Harry sentou na cama com a boca aberta – Draco ter dado em cima de Gina... Será que ele fez isso para provocar isso em mim? Tipo, um plano para que eu ficasse irado e tal?
- Não, esquece... – Hermione balançava a cabeça rapidamente – não tenta enfiar os dois nessa história, eles não têm nada a ver. Até por que Gina já estava chateada com você há muito mais tempo e não foi de uma hora para outra, aliás, Draco nem deu em cima dela exatamente...

- Não? Ela acabou de me dizer que ele era um cara de atitude...
- Ah... – Hermione deu um risinho – isso é, mas o começo do namoro deles foi algo muito espontâneo... Gina é muito esperta, Harry, você nem sabe quanto. Está para nascer uma pessoa que a engane.

- Eu sei... É, acho que estou tentando criar esperanças que não existem...Mas, se for verdade a sua hipótese, o que eu vou fazer? Eu não sei controlar isso!
- Snape não está te ajudando? – Hermione encarava Harry com cara de mandona – De algum modo, Dumbledore esperava por isso quando pediu as aulas de oclumência. Você não está se esforçando, não é? Então, esforce-se mais!

Harry não revidou. Desviou o olhar, levantou-se e caminhou até a janela. Ela estava certa, ele não dava a mínima para as aulas de oclumência. Ficou ali, olhando pra fora durante alguns minutos pensando nas besteiras que havia feito e como nem se lembrava direito do que acontecera. Lembrou daquelas cicatrizes em Rony... De como Gina o tratara, agora ele entendia o motivo...Como ele foi deixar isso acontecer? Se odiou por um momento, teve vontade de se matar... Faria um grande favor à humanidade, liquidaria a ele mesmo e a parte de Voldermort que carregava consigo. Ele se odiava por isso, sua mãe morreu para que ele vivesse e ele se tornou aquilo... Despertou dos seus pensamentos ao ver Hermione voltando ao quarto com sua roupa trocada, na verdade, ele nem havia percebido que ela tinha saído. Tentou disfarçar sua preocupação, mas sentiu-se incompetente ao ver a expressão de pena que Hermione tinha no rosto.

- Não se preocupe, Harry... Eu vou contar essa tese ao Rony e ele vai entender! E outra coisa, não esqueça: você é melhor que você-sabe-quem, ele não vai conseguir te enfraquecer de novo, ao menos que você se entregue. Por isso, não se renda. Se esforce mais e lembre-se que você tem amigos que sempre estarão prontos para lutar por e com você!

Harry não falou nada, caminhou até a amiga e a abraçou. Chorou como uma criança. Hermione também, como era de se esperar, chorava e soluçava. Draco subiu as escadas silenciosamente, ia entrando em seu quarto, mas ao ouvir o berreiro no quarto ao lado, resolveu verificar se havia algum problema. Parou na porta do quarto de Harry e observou a cena. Harry largou Hermione e o encarou. Draco deu um pulo assustado.

- Desculpem! Eu ouvi o choro e... Finjam que eu não estou aqui... – Draco corou e deu meia volta.
- Não, Draco... – Harry secava as lágrimas – ...Volta, eu quero te contar uma coisa.

Hermione olhou para Harry e sorriu. O amigo lhe respondeu com uma piscadela. Hermione se despediu dos meninos e partiu de volta para a Toca, deixando Harry e Draco conversarem a sós. Harry apontou uma poltrona para Draco se sentar, mas ele próprio permaneceu em pé. Encarou o menino, que nitidamente estava constrangido.

- Eu sei que você está pactuado com a Ordem, mas você seria capaz de guardar um segredo que nem a Ordem sabe?
- Um segredo seu? – Draco estava boquiaberto – Por que você me contaria?
- Por que eu preciso de amigos de confiança. – Harry sorriu meio que de má vontade – Está disposto?

Draco olhava para Harry sem alterar sua expressão. Por fim, sorriu.

- Claro que sim, Potter!
- Ótimo... E saiba que eu estou confiando em você, afinal... Se você me trair, você estará traindo a Ordem também.
- Eu sei, Snape deixou muito claro esse lance do pacto... – Draco engoliu seco ao falar do tal pacto sinistro.
- Certo. Se prepare então, a história é longa...
- Não tenho pressa! – Draco sorriu e se ajeitou na poltrona, interessado.

Então, Harry contou toda a história que até agora somente Dumbledore, Rony, Hermione e ele sabiam. Contou sobre as Horcruxes de Voldermort, sobre sua caça às mesmas, sobre seus êxitos, sobre as outras duas que ainda faltavam serem descobertas e destruídas... Contou sobre ele próprio ser uma Horcrux. Contou o que ocorreu entre ele e Rony e por fim, contou a tese de Hermione. Ao terminar, depois de muito tempo, Draco parecia refletir sobre tudo o que ouvira, mantendo ainda um certo silêncio. Em seguida, bradou:

- A Nagini e a Taça de Helga HufflePuff! – Draco sorria como se ele fosse o descobridor da pólvora.

- O que? – Harry fez cara de quem não entendeu nada.

- As duas últimas Horcruxes, Harry! São essas! Agora eu entendo! Agora faz sentido!

Nota:
Em pesquisa realizada para escrever essa fic, não foi encontrado qualquer outro feitiço que anulasse o efeito da poção polissuco, então o "finite incatatem" foi utilizado para dar continuidade a trama, certo?

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