Morrendo de Ciúmes



Harry acordou de má vontade, não queria sair da cama. Por ele, continuaria dormindo para não ter que conviver com mais decepções. Cada dia que passava, mais ele sentia que ia pirar. Sentindo-se covarde por esse pensamento, levantou-se e se arrastou até a cozinha, onde viu Draco sentado à mesa com um largo sorriso e ouvir Sirius dizendo:

- Pois é engomadinho! Ela soube e quis vir imediatamente!
- Jura? – Draco sorria como uma criança que ganhara sua primeira vassoura – Eu nem acredito! Estou com tantas saudades!

- Bom dia – Harry falou com voz baixa, sentando à mesa, como se quisesse chamar a atenção para sua pessoa no recinto.

- Bom dia Harry! – Sirius respondeu sorrindo.
- Potter! Ela vem hoje! – Draco ainda sorria bobamente e falava como se Harry fosse seu melhor amigo – Gina vem me ver hoje!~

Harry ficou em silêncio, olhava Draco com olhar de “vem cá, eu te conheço?”. Jurava que ele estava fazendo isso para provocá-lo, mas o tom na voz de Malfoy não sugeria provocação e, pelo contrário, lembrara de Rony quando contava seus progressos em quadribol ou Hermione se orgulhando de um novo feitiço conjurado com êxito. Não entendeu, por tanto, por que Malfoy, seu inimigo assumido, estava falando com ele como se fossem melhores amigos de infância. Draco reparou seu constrangimento e rapidamente mudou de assunto, desviando o olhar para Sirius.

- Tem notícias da minha mãe, Sirius?

- Ah, sim, ela está bem, Draco. Fique tranqüilo. Estávamos pensando se seria bom trazê-la para aqui, mas Igor nos disse que ela está realmente feliz e que não seria necessário confundi-la de novo.

- Igor? – Harry despertou de seu silêncio fúnebre – Karkaroff? Onde a mãe dele está?

- Ele mesmo, Harry – Sirius balançou a cabeça positivamente.
- Minha mãe foi obliviada e confundida Harry – novamente Draco falou como se contasse um segredo ao seu confidente – Ela agora pensa que é professora de feitiços em Durmstrang.
- A Ordem achou por bem separá-la de Draco – explicou Sirius – Narcisa correria mais riscos se estivesse aqui, talvez.

- Obliviada e confundida? – Harry tentava entender o fundamento de tal coisa.

- É, retiramos suas lembranças e apagamos algumas, como por exemplo, ela acha que é da Alemanha, solteira e não tem filho. Depois confundimos para que ela acreditasse que era a nova professora de feitiços em Durmstrang. Igor nos deu a idéia e ofereceu asilo para ela.

Harry estava certo, não deveria ter levantado. Não estava nem a 1 hora acordado e já recebera duas notícias de difícil digestão. Ficou esperando o próximo baque, se preparando para ouvir algo bem terrível, mas isso não aconteceu. Ao invés disso, Draco e Sirius conversavam sobre Narcisa Malfoy. Harry ficou imaginando como aquela mulher soberba e ignorante poderia ser professora.

- Eu já terminei meu café – Draco se levantou da mesa – vou subir, quando Gina chegar me avisem?

Harry revirou os olhos e não o respondeu, Sirius balançou a cabeça positivamente e sorriu. Esperou vê-lo sumindo escada a cima, para questionar Sirius.

- Ficaram amigos? Que comovente...
- Draco e eu? – Sirius olhava Harry cinicamente – somos os melhores amigos! Estamos até combinando de irmos ao Três Vassouras tomar umas cervejas amanteigadas...
- Que patético... – Harry disse com desdém – pensei que você o detestasse.

Sirius começou a rir, irritando Harry.

- Qual o motivo da graça? Me conta porque eu também quero rir
- Você está com ciúmes dele, Harry! Morrendo de ciúmes!
- Eu? Não viaja, Sirius...
- Escuta só, precisamos manter um clima amistoso aqui, entendeu? Draco está desesperado por apoio se você ainda não reparou.
- Ele me odeia, Sirius, assim como eu o odeio. Devo eu me oferecer ainda assim para massagear seus pés antes de dormir?
- Eu estou falando de apoio no sentido de conversar com ele, se mostrar interessado por ele, fazer com que ele se sinta a vontade para se abrir conosco!
- Não conte comigo para isso.
- Você é quem sabe – Sirius disse se levantando – Se você quer tornar essa convivência com Draco o pior possível, o problema é seu.

- Ah... O problema é meu? – Harry arregalou os olhos, incrédulo - Escuta, Sirius, esse garoto me detesta, sempre me odiou e sempre me desafiou, roubou a minha namorada, me fez brigar com os meus amigos... Eu tenho realmente muitos motivos para amá-lo, não é?

- É o perdão e a compaixão que nos difere de nossos inimigos e nos faz sermos melhores que eles, Harry. – Sirius olhou para Harry com um olhar quase sonhador – Sua mãe me dizia isso sempre.

Harry ficou mudo. Falar de seus pais sempre o deixava desconcertado e Sirius sabia que esse era seu ponto fraco. Ficou ali, olhando o padrinho sair da cozinha, pensando na frase que acabara de falar. Imaginou como sua mãe falaria tal coisa, será que com um sorriso doce de incentivo, ou num momento de decepção com o amigo... Acordou de seus pensamentos ao ouvir vozes na sala. Levantou-se rapidamente e dirigiu-se para a sala, ficando escondido para observar as pessoas que acabavam de chegar.

- Chegaram cedo! – Sirius falava animado.
- Por Gina, tínhamos vindo ontem mesmo! – Sra. Weasley falava enquanto cumprimentava Sirius. – Menina afobada essa minha filha!

- Olá Sirius... – Harry gelou ao Gina apertando as mãos em sinal de nervosismo – Onde Draco está?
- Ele está lá em cima, no quanto de hóspedes. Pode ir!

- Quer que eu vá com você, amiga? – Harry não conseguia ver a pessoa que falara, mas reconheceu a voz de Hermione imediatamente.
- Não, Mione, obrigada pelo apoio, mas eu prefiro ir sozinha... – Gina sorriu nervosamente e saiu em disparada pelas escadas.

Harry se espremeu na parede para não ter que encarar Gina, mas sentiu que nem precisava fazer força para não ser notado, pois ela passara praticamente correndo sem olhar para os lados. Esperou a menina sumir pelas escadas, ouviu um barulho de porta abrindo e subiu logo atrás, se esforçando para não ser percebido.

Ao alcançar o corredor do 2º andar, se deparou com a porta do quarto de hóspedes escancarada e Draco e Gina num beijo de tirar o fôlego. Se segurou para não desabar, respirou fundo e levou um susto quando uma mão leve lhe tocou o ombro. Olhou para trás e viu Hermione numa tentativa frustrada de sorrir. A amiga o abraçou e começou a chorar.

- Harry! Por Merlin! Estava com tantas saudades! – Hermione soluçava chamando a atenção de Draco e Gina, que saíram do quarto imediatamente, parando ambos próximos aos dois amigos.

- Eu sei, Hermione... – Harry disse ironicamente – li nas cartas que você tem me mandado.

- Não seja idiota, garoto! – Gina estava com os braços cruzados e lembrava sua mãe quando estava aborrecida – Você não sabe de nada mesmo... Nunca muda!

- Eu não sei de nada? – Harry encarou Gina com raiva – Nunca mudo?
- Não mesmo! Você pensa que sabe, seu estúpido, mas você não passa de um egoísta! Só pensa no que é melhor para você! Que espécie de amigo é você? Aff... Vem Draco, antes que eu me aborreça! Eu vim pra te ver, não para discutir com o “Sr. sou-auto-suficiente” aí... – Gina puxou Draco pela mão para dentro do quarto novamente e dessa vez a porta se fechou.

Harry estava boquiaberto, nunca antes Gina havia falado com ele naquele tom. Voltou a fitar Hermione que chorava copiosamente.

- O que houve? Por que não me escreveram?
- Você ainda pergunta, Harry? – Hermione secava as lágrimas. –Não seja hipócrita!
- Sabia que Rony tinha feito sua cabeça...

- Eu não preciso de ninguém para fazer minha cabeça, Harry! Não me subestime! – Hermione mudou de semblante rapidamente, de chorosa para ofendida – Eu sei muito bem diferenciar o que é certo do que é errado sozinha, e você errou, errou muito feio!

- Então me faz um favor? Se veio me passar um sermão, vá embora, eu não preciso de mais chateação, já estou cheio disso.

- Eu estou tentando mudar essa situação, seu trasgo! – Hermione aumentou seu tom de voz nitidamente – Vim tentar conversar com você numa boa! Gina está certa, você é tão egoísta, Harry! Só vê o seu lado na história! Mas não foi você que ficou com cicatrizes horríveis, foi o Rony...

- Como, Hermione? – Sra. Weasley apareceu como se viesse do nada atrás de Hermione.

Harry e Hermione olharam para Molly com olhar de culpados. Harry supôs naquele momento que Rony não havia contado nada sobre o que aconteceu entre eles para a mãe.

- É modo de expressão, Sra. Weasley! – Hermione ria sem graça – Digo no sentido de que Rony está magoado por Harry ter brigado com ele, por causa da relação de Draco com Gina. Harry achou que Rony deveria impedir os dois de ficarem juntos... Mas Rony não pensa assim...

- Ah... Entendo... – Sra. Weasley fingiu que havia acreditado na história – Diga a Gina que não podemos demorar. Estou lá embaixo com Sirius e partiremos em meia hora.

- Pode deixar comigo, eu a aviso. – disse a menina sorrindo, agora mais convincentemente. Esperando Molly descer, virou-se para Harry rapidamente e disse –Vamos parar de brigar agora! Eu tenho uma idéia e quero te falar, vamos pro seu quarto, temos muito pouco tempo!

Os dois entraram no quarto imediatamente. Harry olhava para Hermione esperando que ela falasse, mas a menina andava de um lado para outro, mordendo os lábios e pensando. Harry a viu meter a mão dentro da bolsa que segurava e somente agora ele vira. Retirou um frasco com um líquido que Harry reconheceu ser poção polissuco ainda incompleta, somente faltando o ingrediente principal: uma parte da pessoa na qual se quer transformar.

- Harry, eu tenho um plano! Você e Rony precisam conversar, mas ele não quer te ver nem pintado de vermelho e dourado. Então... Ele se abrirá comigo!

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