Traição Dupla



Harry se levantou de pressa ao ouvir Draco. Fechava os punhos e a raiva estava dominando todos os seus pensamentos. Não imaginava como Malfoy, o inimigo nº 1 dos traidores do sangue, estaria com Gina.

Gina, a sua princesinha, com seu inimigo! A frase de que sua vida não poderia piorar estava errada, pois agora ele sentia como se nada mais fizesse sentido. Veio em mente aquela cena patética que o fez perder a cabeça na semana final de aulas.Tudo bem que Harry se desentendia com Gina há algum tempo. Ele de fato era ciumento, mas Gina também... Não sabia cortar os garotos! Como eles ousavam dar em cima da namorada dele! Hogwarts inteira sabia que Gina era sua, e sempre tinha um engraçadinho cantando ela.

“Depois que Gina pediu um tempo, pois se sentia irritada com os ciúmes de Harry, ficou mal durante dias, até que um dia de jogo Sonserina x Grifinória, ao passar em frente ao vestiário da Sonserina, ele ouviu a voz de Gina:"

"- Draco, eu acho que pirei por estar aqui. Nem sei o que eu vim fazer, mas pensei no que você disse ontem.
Olhou para dentro do vestiário e viu Gina e Draco um de frente para o outro, com menos de um palmo de distância. Ambos trajavam a roupa dos seus respectivos times.
- Pensou? Eu reforço a afirmação de que eu não menti.
- eu sei... Na verdade... Não sei! Não sei se devo acreditar em você...
- Você ainda gosta do Cicatriz?
- Do Harry você quer dizer, né? Tem medo de dizer o nome dele? – Gina deu uma risada gostosa.
- Desse indiota? Até parece!... Você ainda gosta dele? Responde!
- Não, Harry era meu amor platônico. Me apaixonei por ele desde a 1ª vez que o vi, mas agora eu vejo que isso não tem futuro. Eu não sou eu mesma quando estou com ele, ele espera que eu seja alguém diferente.
- Que retardado! – Malfoy sorriu – Eu gosto de você como você é, Gina.
- Uma Weasley como sou? Traidora do sangue? Você odeia minha família!
- Seja o que você for... Eu nunca fui tão sincero em toda minha vida. Eu não sei como aconteceu, mas... Eu me apaixonei mesmo por você. Eu acho que você deve me odiar, mas você tem sido tão importante para mim nesses dias, eu vi que eu não tenho amigos, e você estava lá...
- Eu espero que não me arrependa...
- Se arrepender de que?
- Disso... – Gina chapou um beijo em Draco e Harry assistiu a tudo.”

Enquanto Harry relembrava a cena patética, houve um silêncio sombrio. Ele estava de pé, fitando Draco, punhos fechados e com muita raiva nos olhos. Malfoy também o encarava, esperando alguma palavra.

- Sem palavras, Cicatriz?
- O que você está dizendo, Malfoy! Duvido que Gina esteja de fato com você! Ela só te beijou por... Por... Sei lá porque! Ela surtou!
- Duvida? – Malfoy deu uma gargalhada – eu sabia que você duvidaria, por isso... Para não restar dúvidas nessa sua testa rachada... – Draco andou até uma mesa de cabeceira e pegou um pergaminho – eu trouxe comigo isso aqui. – estendeu o pergaminho para Harry, que pegou de má vontade, sem tirar os olhos dele. – leia e assuma que perdeu. Estou aqui esperando ver sua decadência.

Draco sentou-se na cama vitorioso, enquanto Harry abria a carta. Reconheceu imediatamente a grafia de Gina, estremeceu um pouco ao se certificar da veracidade da carta que tinha em mãos e ajeitou os óculos para disfarçar o baque.


“Querido Draco,

Estou muito chateada de não poder te ver nessas férias. Eu sempre te avisei que não se metesse com Dumbledore e Snape! Parasse com esse plano, se abrisse com Dumbldore! Sinceramente, foi muito bem feito Snape ter te parado a tempo, eu não sei o que eu faria se você matasse Dumbledore, mesmo conhecendo seus motivos.

Temo que você não possa voltar para Hogwarts. Ouvi uma conversa de que você está asilado em algum lugar e eu não tenho idéia de onde esteja. Não responda essa carta por corujas, pelo amor de Merlin!Faça como eu, mande por alguém de confiança, de preferência o Snape mesmo.

Eu achei que estava louca quando eu me aproximei de você, Draco, mas agora eu entendo o que é destino. Estou ansiosa que tudo se resolva, para podermos ficar juntos de vez. Eu sei que minha família vai me deserdar por estar com um Malfoy e a sua, por estar com uma Weasley, mas eu adoro correr riscos! Sempre me apaixono pelos problemáticos! Eu quero poder contar pra todo mundo que eu e você estamos apaixonados.

Cuide-se e pense em mim como eu penso em você.
Com amor,
Ginevra M. Weasley
Sua Gina.”

Quando Harry terminou de ler, sentiu o chão sumir. Então... Era verdade! Não bastasse tê-lo traído, Gina ainda o traiu com seu inimigo! Ela estava de fato apaixonada por ele! Estava tão cego de raiva que esquecera que não era bem uma traição, já que Gina e ele não estavam namorando na ocasião, mas era pior que isso, Se sentia traído duplamente. Suspirou profundamente e encarou Malfoy.

- Esquece! A família dela nunca deixaria você se envolver com ela.
- Isso é o que você pensa... – Draco falou cantarolando – não foi isso que a Weasley mãe me disse!
- Como? – Harry deixou escapar um gemido de incredulidade.
- Eu contei a história para ela. Ela me perguntou se esse foi o motivo por você, Rony e a Granger se afastarem e eu disse que talvez sim. Mas ela me disse que aprova essa proximidade com Gina, porque eu preciso de pessoas que me apóiem como ela faz. Perguntei se poderia vê-la, combinamos que ela viesse aqui.
- Aqui? – Harry arregalou os olhos.
- Não... Na travessa do Tranco... Claro que é aqui! Eu não posso sair sem algum membro da Ordem e a sra. Weasley propôs isso. Ela vai contar a Gina onde estou, mandei uma resposta por ela também.
- A Sra. Weasley propôs isso? – Harry arregalou ainda mais os olhos.
- Difícil acreditar, não é mesmo? Talvez você não seja o único queridinho dela.
- Inacreditável... E quando ela virá?
- Isso eu não sei.
- Você gosta mesmo dela, Malfoy? – Harry encarou novamente Draco com raiva no olhar – Porque se você estiver brincando com ela...
- Calma aí, Potter! Minha vida amorosa não é da sua conta!
- Claro que é! A família Weasley é como minha família!

Draco não revidou. Ao contrário, desfez a ruga de raiva da testa e olhos Harry com um olhar que Harry pensou, sendo vindo de Draco, ser um pedido de socorro.

- Eu não sei como, Harry, mas a Gina me faz ser uma pessoa melhor. Quando eu comecei a tramar o plano de morte de Dumbledore, eu vi que todos aqueles que se diziam meus amigos se afastaram. Ninguém acreditava em mim e não queriam ver a fúria do Lord das Trevas. Mas... – Draco esboçou um sorriso – Gina estava lá. Brigamos tanto, mas um dia ela me viu chorar. Ninguém nunca me viu chorar, Potter! Mas ela viu! E eu senti vontade de desabafar... Desde aquele dia, ela se tornou minha confidente.
- Incrível Draco... Difícil de acreditar nisso... – Harry não sabia porque, mas pela 1º vez acho que Draco era sincero, e ainda mais: estava desabafando com ele.
- Eu sei. Mas a Weasley mãe disse uma coisa muito certa: A ajuda no momento de dificuldade vem de onde menos se espera.
- Você fez isso pelos seus pais, não foi? – Harry olhava curioso para o menino.
- Foi. Eu não posso perder minha família... – os olhos de Draco se encheram de lágrimas e Harry viu que ele se esforçava para não chorar.
- Eu acho que te entendo, talvez fizesse o mesmo se fosse para ter meus pais de volta.

Draco sorriu para Harry. Era uma cena incomum, na verdade, nunca havia ocorrido antes e Harry sentiu-se constrangido de estar ali escutando seu inimigo falando de sua garota. Não retribui o sorriso, ao invés disso, se levantou e saio do quarto. Estava exausto, seu dia tinha sido péssimo e tudo o que ele queria era poder dormir e esquecer de tudo. Sentia como se fosse o fim dos tempos, tudo o que ele nunca pensara que fosse um dia acontecer antes acontecia ao mesmo tempo. Sua cabeça estava cheia, mas devido ao seu cansaço, deitou-se na cama e dormiu imediatamente.

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