O hóspede indesejado



Harry esticou a cabeça para enxergar de onde vinha tal voz, ao passo que Sra. Weasley virava todo seu corpo para fitar a pessoa.

- E como você poderia me explicar? – Molly encarou a pessoa, colocando as mãos nos quadris. Fosse quem quer que fosse,Harry sabia que essa pessoa deveria ir se preparando para escutar um bocado.
- Eu posso e devo, afinal, faço parte dela, se não lhe informaram.

O tom pedante na fala fez Harry gelar. Levantou rapidamente e estancou na porta, olhando com ódio para o dono da voz.

- Eu posso saber o que você está fazendo aqui, seu... Seu... – era tanta sua raiva que Harry não tinha palavras para expressar. Não se importando em completar a frase, sacou sua varinha apontando diretamente para a figura pálida no corredor.

-Abaixa a varinha, "Cicatriz". Não queremos nosso Eleito estampado na 1ª página do Profeta Diário com uma legenda de “matou um Malfoy por inveja” – Draco sorria ironicamente para Harry, que apertava com tanta força sua varinha que podia sentir uma dor imensa na palma da mão.

- Se ele te matasse, garoto Malfoy, com certeza não seria por inveja, seria em contribuição a limpeza do mundo. – Harry viu Sirius aparecer no corredor – Espero que não se esqueça de que está aqui de favor, por que senão eu posso me esquecer de ser legal com você também.

Surgiu um grande ponto de interrogação na cabeça de Harry. Ele mirou o padrinho em busca de esclarecimentos e viu Sirius piscar para seu lado, com a expressão de “tudo sobre controle”. Voltou a fitar Draco, que olhava Sirius com sua cara de nojo e superioridade, sem se mover do lugar onde estava.

-Eu acho que não é tanto favor assim, afinal, essa mansão de certa forma também é da minha família. Se você não sabe ser um Black... –Draco media Sirius com os olhos, de cima a baixo -... Eu te lembro da sua origem se quiser.

Harry pensou em protestar, mas preferiu dar essa honra a Sirius. Ele podia se irritar às vezes, mas não podia negar, se existia uma pessoa no mundo de quem se orgulhava, era de seu padrinho. Além de ser sua referência de família, sempre sabia o que dizer e como deixar uma pessoa desconcertada.

- Se você não sabe ser humilde, engomadinho, eu te ensino a apodrecer em Azkaban junto com seu amantíssimo pai e sua linda mãezinha – Sirius repetiu o gesto do garoto e Harry poderia o beijar naquele momento pelo tom de indiferença que pairava em sua voz. – Acho que você seria uma ótima diversão para os Comensais da Morte daquele recinto, anda mais depois do seu vacilo no plano de matar Dumbledore e do desastre do seu detestável paizinho no ministério.
- Veja como fala de meu Pai, seu traidor do sangue! – Draco tremeu a voz, mas anda assim conseguia ser impertinente.

- Veja você, mocinho, como fala com o dono da casa. – Sra. Weasley batia o pé freneticamente - Acho melhor você começar a entender que está aqui para salvar sua pele, seu moleque insuportável!

Harry poderia jurar que a última frase dita pela sra. Weasley foi inspirada nas conversas de Snape com ele. Aliás, esse era um dos nomes que Harry mais escutava ultimamente. Depois que ele impedira a morte de Dumbledore por Draco, Harry estava começando a sentir certa simpatia por ele. Voltou a se concentrar na cena, e viu Draco se virando lentamente para mirar Sra. Weasley, logo seguido com o olhar por um Sirius sorrindo desdenhoso. Draco ia falar alguma coisa, mas logo foi interrompido.

- Fala um ai com minha mãe, seu filhote de capeta, e eu sirvo você como prato principal no jantar desta noite... Aliás, Sirius, estamos pensando em preparar um prato delicioso para nós – Harry reconheceu imediatamente Jorge subindo as escadas e parando de fronte a Sirius – Malfoy à moda dos gêmeos, que tal? É um prato meio indigesto, mas a satisfação é garantida! Depois a gente se vira com a dor de barriga, aqui tem mais de um banheiro, não é?

- Claro, Fred! Eu adoraria experimentar um prato exótico desses. – Sirius respondeu olhando de lado para encarar o rosto pálido e irado de Draco.

- Tsk, tsk, tks... Muda meu nome, mas não muda meu sexo, Sirius! – Uma nova cabeça ruiva surgia da escada, e Harry viu Fred encenando decepção. – Faça-me um favor, como ousa dar o meu nome a esse tomate seco aí? Eu pensei que você fosse legal, Sirius, mas vejo que me equivoquei. – Fred falou pausadamente a última palavra.

- Gente, palmas para Fred, ele merece! Ele aprendeu essa palavra ontem, estava louco para usá-la numa frase que fizesse sentido, como se algo que ele fala fizesse sentido, mas isso não vem ao caso, e hoje ele ta realizado, não é, maninho bonitão? – Jorge cutucou Fred com uma força desnecessária.

- Claro, seu ruivo galante! Eu adoro fazer o uso correto da nossa língua, senão “nós estuda” pra que, né? – Fred retribuiu a cutucada, em seguida apontou com a cabeça para Draco – e então, já resolveu se vai ao forno ou o fritamos? Eu sinceramente prefiro assado, fritura me dá gases, eu odiaria peidar odor de Malfoda por aí, isso acabaria com a minha reputação – Harry viu o rosto de Draco se contorcer de raiva e abafou uma risada ao perceber que a Sra. Weasley o fitava seriamente.

- Garotos, deixem Draco em paz. Ele já entendeu que o lugar dele nessa casa é o de acolhido, por tanto, ele terá que ser muito humilde, não é mesmo, Draco? – Sra. Weasley fez uma cara tão severa que Harry quase respondeu “sim” no lugar de Draco.

Draco não respodeu a Sra. Weasley, virou-se relutante para Sirius e questionou sobre seu quarto. Sirius o apontou o cômodo e sua cabeça loira sumiu assim que a porta se fechou estupidamente. Harry olhava os quatro presentes no corredor com uma cara de “não estou entendo” nítida, e Sirius se antecipou.

- Eu vou explicar, não quis incomodar seu momento “fossa total” antes, mas agora acho que você pode descer e conversar com os demais.

Harry ainda olhava o padrinho com indagação, mas saiu do quarto encorajado por sra. Weasley, descendo as escadas logo atrás de Sirius, Fred e Jorge. Sra. Weasley ficou no corredor, olhando para o quarto no qual Draco entrara, dando uma leve batida na porta. Antes de chegar à sala, Harry escutou Draco gritando lá dentro um “entra” repleto de má vontade.

- Sirius, desculpa, mas “Jred” e eu temos que voltar para a loja de logros – Jorge dava palmadinhas insistentes nas costas de Sirius – Se o pivetinho das trevas der trabalho, manda um coruja e nós teremos imenso prazer de ajudar na criação dele, não é mesmo, Robin?

-Você cismou com esses heróis trouxas! E eu já disse que eu sou o Batman, você é o Robin! Eu não sou veado, “Forge”... – Fred balançou a cabeça negativamente e também começou a dar palmadinhas nas costas de Sirius, que agora era irritado pelos dois Weasleys, um de cada lado – Pior é que realmente agora temos que ir, pois estamos com uma funcionária nova na loja...
- Diga-se de passagem, uma princesinha francesa, prima da Fleur, linda que só vendo...
- ...E ela está meio enrolada, tadinha... Forge e eu temos dado muito apoio a ela, se você me entende – Fred olhou Harry e fez uma careta. Então, vamos, "Forge"?
- Vamos, "Jred". – Jorge ainda batia nas costas de Sirius – Então, até mais!
- E nos mantenha informados, por favor – Fred também dava seus tapinhas em Sirius – Detestaria saber por terceiros que vocês mataram o pequeno malfodinha sem a nossa ajuda.

- Claro, meninos, eu aviso qualquer novidade – Sirius olhou para os gêmeos com as sobrancelhas franzidas – Agora, por favor, parem com os tapinhas, senão eu mordo vocês. E não duvidem, porque eu mordo mesmo.
- Falou, cachorrão! – os gêmeos falaram em coro e se encaminharam até a porta.

- Ah, Harry – Jorge se virou para mirar o garoto – Roniquito mandou lembranças...
- ... e mandou você fazer outra coisa também que nós não podemos falar porque nossa religião não nos permite repetir – Fred completou.
- Digam que o desejo o mesmo! – Harry falou entre os dentes.

Harry viu Fred e Jorge sumirem. Olhou para Sirius, que acenou com a cabeça para a cozinha. Harry o seguiu em silêncio, entrando na cozinha, se deparou com Remo Lupin e Severo Snape sentados, sem se olharem ou conversarem, nitidamente só estavam ali esperando a boa vontade de Sirius aparecer.

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