Preconceitos...



No dia seguinte, Rony acordou confuso...Gina o havia decepcionado muito, quando ficou amiga do seu maior inimigo. Harry agiu estranho, deixando ela fazer o que quisesse. "Ah! Como pode essa amizade dar certo? Impossível!" Isso era tudo o que Rony conseguia pensar naquele momento.

As palavras ditas no dia anterior mexeram com suas estruturas. Como Malfoy podia ser mais amigo de Gina do que seu próprio irmão? Não. Tudo o que ele menos queria estava acontecendo. Ele não queria aceitar o que estava ocorrendo, mas achou melhor ela aprender com os próprios erros. Porém, continuaria a repreendê-la.

Tatyanna já havia descido para o refeitório, com o rosto amassado de sono. Foi quando Harry surgiu na sua frente, pulando de felicidade:

- Tatty, você não acredita: eu descobri minha futura profissão! Eu quero ser auror!

- Ah...parabéns... - Tatty estava evitando falar com Harry. Ela ainda estava triste com o ocorrido da Hermione. - eu tô com um pouco de sono...deixa-me ir tomar um café...- e dizendo isso ela colocou a mão na boca, tapando o bocejo.

- Por acaso estás me ignorando? - Ele estava com medo da resposta que podia vir.

- Olha, eu não quero falar sobre isso...porque...eu não quero me lembrar das ofensas que eu ouvi...você me disse que a Hermione Granger era sensata...não me pareceu nada disso, dias atrás.

- Ela veio lhe pedir desculpas, não veio?

- Veio sim. Mas eu havia dito que não a perdoaria, e eu não volto minha palavra! Ofendeu minha pátria, ofendeu fundo! Todo mundo aqui é preconceituoso!

Ela nem percebeu que já estava gritando, e todos a estavam olhando, com as bocas abertas, e olhos afogueados de ódio. Ela, que já era excluída, naquele momento, passou a ser ainda mais. As únicas pessoas que conversavam com ela, eram Harry e Rony, que estava se aproximando novamente de sua turma.

Saiu correndo, vermelha de vergonha, um misto de ódio e tristeza, e chegou a um canto isolado, no corredor. Começou a chorar. Isso era novo na vida dela, pois havia aprendido com a vida a ser forte, e a não chorar. Harry a seguiu, e a abraçou, pela cintura, fraternalmente:

- Não chora, minha querida amiga! Você não está sozinha! Tem a mim e a Rony, que te quer muito bem. A gente não liga para esse negócio de nacionalidade. Somos todos iguais, não somos?

- Que...bo-bom...que você...pensa...assim... - Ela estava nervosa, falando em meio de soluços.

- Calma...você tem que ficar calma...não liga pro que os outros dizem. Tem um exemplo disso aqui na escola, mas eu não vou lhe contar, porque logo você vai saber. Isso vai se tornar o assunto da escola. Mas voltando ao que eu estava falando...eu quero ver um sorriso nesse rosto tão bonito e diferente! Sorria!

- Ai, Harry...você sim é quem merece minha amizade, e muito mais... - Ela deu um sorriso triste. - Eu gosto tanto de você...mas minha tristeza tem motivos de sobra...eu não gosto de gente falando mal de mim pelas costas...

- Você sabe que eu também estou triste por ter terminado meu romance com Hermione...mas a gente tem que se animar! Você quer ir a Hogsmead nesse fim de semana? Assim a gente se anima um pouco...

- Eu nunca fui lá, mas me falaram que é legal! Tem chocolate branco pra vender?

- Não sei...eu nunca ouvi falar nesse tipo de chocolate...é chocolate trouxa?

- É...mas eu acho que os bruxos também comem...

- Ah é? Então eu também quero provar...você já tomou cerveja amanteigada? Depois que eu fizer dezoito, eu vou provar uma pra ver se é boa. Disseram-me que não tem álcool.

- Que legal! Quando você for provar, me leva junto?

- Levo, claro! Iremos ser amigos pra sempre! E que bom que você já se animou! A gente se consolou, aqui abraçados! Mas vamos tomar café, para depois irmos para sua aula predileta!

- É! Aula de Poções! Vamos nessa! E me desculpe por misturar as coisas...ignorar-te, entende? A Hermione que me ofendeu...eu não tinha nada que...

- Shiit...esquece! Já tá perdoada!

- Mas agora me conte sobre essa história de ser auror...

- Vamos! No caminho eu te conto!

Saíram os dois, de mãos dadas, rumo ao refeitório.

Draco e Gina chegaram no refeitório, um tempo depois de Harry e Tatty. Como haviam chegado rindo e conversando, foram recebidos com olhares reprovadores e cochichos maldosos.

- Draco, eu te falei que a sociedade não aceitaria...estão todos falando de nós pelas costas! E você sabe que eu não tenho freio na língua quando falam mal de mim! Essas suas amigas soserinas não têm vergonha? Acabei de ouvir uma me chamando de pobretona!

- Não liga, Gina! São todos uns invejosos por não terem amigos verdadeiros, em que se possa confiar! Agora vamos tomar café. Nos encontramos às onze horas no jardim da primavera, onde ficamos amigos.

- Claro! Nunca irei me esquecer do lugar em que nos tornamos grandes amigos! - Ela deu um beijo no rosto de Malfoy e o rosto pálido pareceu ruborizar-se. - A gente se vê depois!

- Até!

Chegou na mesa de refeição grifinória e sentiu o olhar reprovador de Rony, e Hermione também a olhava, completamente espantada. Aquilo tinha sido a gota de água para Hermione. "A Gina está louca? Ou eu é que estou louca, tendo alucinações?"

- Gina Weasley! Está louca? Você está amiga daquele Malfoy? Por favor! Ele está a enganar-te!

- Hermione, só porque sofreu uma decepção amorosa, fica querendo melar minha amizade com Malfoy? Vê se me dá um tempo! Eu já não agüento mais essa encheção!

- Peraí...Conta-me essa história direito... - Tatty sentou-se junto de Hermione a contra-gosto, porque Harry a obrigou. - Você tá amiga dele mesmo?

- Tô sim, e daí, Tatyanna? Vai me encher também? Pelo menos eu não tô apaixonada por Harry e finjo que não tô! Minha filha, só não vê quem não quer!

Tatyanna ficou vermelha de vergonha, como um tomate. Aquilo foi muito constrangedor. Ela nem sabia ao certo o que sentia por Harry! Que loucura! Harry também havia ficado constrangido. Para quebrar o gelo, Rony exclamou:

- Escuta aqui, Virgínia Weasley! Você está maluca mesmo! Além de ser amiga daquele filho de Comensal da Morte, ainda fica falando do que não sabe?

- Meu irmão, o pior cego, é aquele que não quer ver! Eles estão apaixonados, droga! Ninguém me entende, mesmo! E vocês dois, pensem no que eu falei! O pior cego, é mesmo aquele que não quer ver, e vocês estão se comportando exatamente assim! Aproveitem, antes que seja tarde! - Gina disse sua última frase a Tatty e Harry e saiu da mesa, aliviada, por ter desabafado.

- Desculpem a minha irmã...ela, além de estar louca de andar com aquele Malfoy, fica incluindo vocês dois na loucura dela! Não liguem!

- Deixa pra lá...a gente não liga! Pelo menos eu não, né Harry? E você, liga? - Tatty falou, ainda com um rubor nas bochechas.

- Não...quer dizer, fiquei um pouco incomodado...mas deixa...ela desabafou o que ela achava que via... - as palavras de Gina pareciam ter algum sentido pra ele.

- Gente, eu não quero levar detenção! Vamos logo pra aula, pois também não quero perder pontos pra Grifindória! - Tatty falou, já meio que se levantando.

- Espera, Tatyanna...eu preciso falar com você... - Hermione se referia ao acontecimento de dias atrás.

Tatty fingiu não ouvir, e saiu, conversando com Rony e Harry, em meio a piadas trouxas e risadas. Hermione ficou pra trás, completamente sem graça.

-Tatty, a Hermione queria falar com você, eu acho você não a escutou chamar... - Rony falou para Tatty, sem saber que as duas estavam brigadas.

- Ah, Rony...você não soube do segundo assunto mais falado aqui na escola? Ela me pegou com o Harry, e me ofendeu de todas as maneiras possíveis, e agora quer me pedir desculpas.

- Harry, você terminou com Hermione?

- Terminei, mas ainda estou um pouquinho triste...

Rony hesitou um pouco, mas falou:

- Poxa, foi o melhor que vocês fizeram! Vocês mal se viam...mas Tatty, por que você não aceitou as desculpas dela?

- Porque eu disse a ela que não a perdoaria, e não volto atrás!

- Todos devem saber perdoar uns aos outros...você não deve ser assim, fechada e isolada! Creio que ela está realmente arrependida...

- Rony...você gosta dela, não gosta?

Dessa vez foi Rony quem se sentiu constrangido, e ficou vermelho como um tomate.

- Gosto...mas só como amiga... - Essa foi a maior mentira que já tinha falado durante todos seus anos de existência.

Rony, desde seu primeiro ano em Hogwarts, amou sua companheira de aventuras. Apesar de brigarem muito, sempre tinha o amor guardado no coração. Ela nunca percebeu seu sentimento, e o medo da rejeição era muito grande em Rony. Não queria sofrer, era seu primeiro amor de adolescente. Mas ele acreditava que aquela paixão que tinha por ela não duraria pouco. Já era o terceiro ano que a amava, e nunca tinha coragem de declarar-se. Mas um de seus planos, nesse ano, era declarar-se a ela no baile de encerramento das aulas. O problema era a falta de coragem. A pouca que tinha, não era ainda o suficiente.

- Ei, vocês três! Entrem logo na sala, ou tirarei 100 pontos de cada um para Grifindória, e ainda levarão detenção!

Professor Snape não havia acordado muito bem naquela manhã. A aula prometia ser um grande problema.

As aulas passaram rápido, e já eram dez para as onze. Malfoy estava ansioso. Finalmente havia conquistado a confiança de sua amada ruivinha. Às onze ela estaria ali, no jardim da primavera, onde se encontrava naquele momento, e poderiam conversar, se divertir. Naquela sexta-feira, que parecia igual às outras, havia uma essência diferente. Faltava um dia para eles irem passear em Hogsmead. Era sua chance de tentar conquistar o coração de sua amada, com a mais pura verdade. Não iria declarar-se a ela, isso ficaria para mais tarde. Mas pelo menos fazer com que ela sentisse, nem que fosse um milésimo de amor por ele.

Harry estava estranho. Depois do desabafo de Gina, o garoto havia mudado completamente de personalidade. Naquele momento, nem os gritos de Snape o fizeram acordar de seu transe.

- Harry Potter! Eu estou falando com você! Quero um duelo entre você e Ronald Weasley! Quero saber se estudaram as lições.

- Sim, professor Snape...já estou me levantando, e daqui a um segundo, estarei aí! - Harry respondeu aos gritos de Snape, ainda meio fora de órbita.

Harry também estava sem paciência. Estava louco para dar um corte naquele professor. Mas, isso só lhe traria desvantagens. Além de perder pontos para Grifindória, iria levar suspensão de uma semana.

Antes de fazer a demonstração, o sinal de término das aulas soou, e não deu tempo de eles fazerem a lição exigida por Snape.

Draco estava sentado embaixo de uma árvore, no jardim da primavera, quando Gina chegou, carregada de livros, e deixando cair papéis por todos os lados.

- Deixe-me ajudá-la, Gina! Você devia ter me mandado um bilhete, me pedindo para ajudá-la com os materiais!

- Por favor, Draco, me ajude. Sinceramente, eu não pensei em te dar trabalho.

- Nada a ver! Eu ia adorar te ajudar, Gina! Posso botar seus livros aqui? - Draco falou, referindo-se a um monte de folhas secas que haviam ali perto.

- Claro! Eu não tenho muito ciúme desses livros. Pode botar onde quiser. Minha mais odiada matéria: Poções. Ui, que coisa irritante!

- Nisso eu não posso concordar com você. É a minha matéria predileta.

- Desculpe...não foi minha intenção te magoar...

- Não foi nada...mas senta aí! Você deve estar cansada das aulas de Snape.

- Estou mesmo...mas me conta! Como foram suas aulas?

- Foram um saco. Eu odeio estudar...a única matéria que eu curto são Poções.

- Foi mal, aí...mas trocando de assunto...a gente vai pra Hogsmead amanhã?

- Só depende de você...

Naquele momento, começou a ventar forte...ficou frio...o inverno estava chegando. Logo, os flocos de neve iriam invadir o cenário de Hogwarts, deixando-a totalmente branca. Daí, ninguém mais poderia ir aos jardins sem um cachecol, luvas e um bom casaco de peles.

O baile de inverno também estava perto...faltavam apenas duas semanas para o inverno começar realmente. Nesse dia seria o baile.

- Está frio... - Gina estava encolhida, com os braços arrepiados.

- Toma o meu casaco... - Malfoy tirou seu casaco e o colocou sobre os ombros de Gina. - Melhorou?

- Sim...mas você ficará com frio, somente de camisa... - ela estava preocupada com Draco. - Você vai acabar pegando um resfriado...

- Que nada...

- Chega mais perto de mim...assim...abraça-me...assim a gente fica mais quentinho...

Ele a abraçou, e assim se aqueceram, conversando, e nem percebendo a passagem das horas. Porém, foram incomodados por uma garota de estatura alta, cabelos negros até os ombros, e olhos castanho-mel.

- Draco! O que você está fazendo aí com essa coitada? - O tom de voz da garota não era nada amistoso.

- Ora, Sabrina, eu é que pergunto: O que VOCÊ está fazendo aqui? E eu não te devo satisfações. Afinal, eu sou seu EX-FICANTE, entendeu? Eu posso andar com quem eu quiser! E não chame minha amiga de coitada! Ela tem nome, e se chama Gina!

- Ora sua... - Sabrina estava louca de ciúmes de Draco.

- Ora sua o quê? Anda, diz, se você é uma soserina mesmo! - Gina começou a se irritar...

- Por favor, Gina, não se irrite, afinal, Sabrina já está de saída, não é, Sabrina?

- Estou, sim...mas não pense que aceito essa amizade de vocês...

- Ninguém, aqui em Hogwarts, tem que aceitar algo, entendeu? Eu fico amigo de quem eu quiser, e você não tem nada a ver com isso! Agora saia daqui e me deixe em paz! - Sabrina saiu correndo, em prantos.

- Draco, você ficou mesmo com ela? - Gina parecia ter uma pontinha de ciúmes de Draco.

- Fiquei, porém me arrependo. Mas do que a gente tava falando antes de ela chegar?

- Do Baile de Inverno.

- Ah, claro! Eu queria saber se você quer ir comigo a esse baile.

- Eu adoraria! Sempre que chegam esses bailes, eu fico triste, por nunca ter um parceiro.

- Desta vez terá! Mas o tempo passou rápido! Eu tenho que ir ao treino de quadribol!

- Claro! Então a gente se encontra amanhã na estação, para pegarmos a carruagem para Hogsmead.

- Então você vai comigo até lá?

- Claro que sim! Mas então...até! - Gina deu um beijinho no rosto de Draco.

- Até amanhã!

Gina estava entrando no castelo, e deu uma última olhada para Draco. Um breve aceno foi o que ela viu ele dar. Chegou em seu dormitório, e percebeu que ainda estava com o casaco de Draco.

Estava tão feliz naquele dia! No sábado, iria a Hogsmead com seu melhor amigo, e iria ao baile de Inverno com ele também! O baile era dali a duas semanas...já iria começar a pensar em um vestido...sua vida solitária, nos últimos dias, havia mudado para melhor.

Continua...Só pra não perder o costume...comentem!

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