A vingança nunca tarda...



- Ah, Potter! Desculpe minha recepção pouco calorosa... - Voldemort foi tão sarcástico que Harry deu um sorriso falso. - É que você me atrapalhou em uma tarefa que julgo ser muito importante...

Harry sentiu a cicatriz latejar na cabeça, e caiu de joelhos no chão, pressionando com força a cicatriz e dando pequenos gemidos. Voldemort deu uma risada irônica, deixando Harry cheio de ódio. O garoto lembrou da tarefa a cumprir. Ainda com uma mão sobre a cicatriz, deixou a outra chegar ao bolso e puxar os dois cordões mágicos. Examinou os pingentes de cada um e pôs o seu no pescoço, sentindo o poder dele fluir nas suas veias. A cicatriz parou de doer abruptamente, e Harry levantou, com ar de triunfo.

- Olhe, Bridge... sabe, até pensei que você estivesse errada em dizer que o Potter viria... mas confesso que fiquei satisfeito com você... mostrou-se uma garota confiante. Mas sabe o que foi que você conseguiu, Bridge? Sabe? - Voldemort aproximou seu rosto desfigurado ao de Tatyanna, e esta cuspiu em sua cara. - Você é mesmo uma nojenta, Bridge! Crucio!

A garota torcia-se como uma cobra entre as cordas que a prendiam ao pé da mesa. Harry, incrédulo, não sabia o que fazer. Foi quando uma cobra se aproximou de seus calcanhares. O garoto deu um pulo pra trás, onde se desequilibrou e caiu. Isso chamou a atenção de Voldemort, que até àquele momento se divertia ao ver Tatyanna contorcer-se de dor à sua frente. Ele olhou para a cobra e abriu um sorriso demente.

- Ah, Nagini! Você nunca me abandona, não é, minha querida? Você está com fome? - Voldemort percebeu o olhar faminto da cobra em direção a Harry. (A cobra tinha uns 2 metros, gente!) - Calma, Nagini. Logo você poderá comê-los. Mas antes me dê a honra de matá-los!

Harry saiu correndo em direção ao lugar onde Tatyanna estava, mas foi picado por Nagini, na perna. O garoto caiu novamente, sentindo a perna latejar de dor, ao que o veneno da cobra se espalhava por seu corpo. Ele se aproximou de Tatyanna, que agora mal conseguia manter os olhos abertos.

Os momentos seguintes foram de tremendo horror. A cobra fazia círculos em torno de Tatyanna e Harry, sendo que o garoto apertava a perna machucada, e suava frio. Voldemort apontava a varinha para os dois, ameaçando a toda hora soltar um feitiço irreversível aos dois garotos.

Harry, por alguns segundos, esqueceu o porquê de estar ali. O veneno da cobra já havia afetado seu cérebro, estava tendo alucinações. Tatyanna, quase morrendo, pois Voldemort a havia feito muitos feitiços Cruciatus. Mas por alguns minutos, Harry voltara ao estado normal, e lembrara-se de sua missão. Pegou o cordão de Tatyanna e colocou no seu pescoço. Faltava apenas juntá-lo, mas Voldemort foi mais rápido:

- Crucio!

Dessa vez foi Harry quem sofreu o feitiço, e como estava fraco pelo veneno da cobra, aquilo foi quase que fatal. O garoto teve acessos de alucinações, umas seguidas das outras, seu cérebro não queria mais voltar à realidade. Foi quando Fawkes adentrou ao cômodo em que ocorria todo aquele terror. Voldemort olhou a fênix de Dombledore e achou inútil; O quê uma fênix poderia fazer numa hora daquelas? Nada.

Então, a bela Fawkes, a mesma que salvou Harry da morte pelo veneno do Basilisco no ano anterior, pousou ao lado de Harry. O garoto, desolado, no meio de uma alucinação, imundo e fraco, nem percebeu que a fênix estava a mirá-lo. Num segundo de sensatez que teve pensou que aquele fosse seu fim, e o fim de sua amada. Uma lágrima escorreu por seus olhos, mas Harry nem teve tempo de senti-la. Mais uma alucinação tomou conta dele.

Voldemort ria de felicidade; matara dois coelhos com uma cajadada só; chamou Nagini para perto de si e sussurrou:

- Agora você tem comida pra dois dias, Nagini... hahahahahaha! - A risada foi diabólica.

Fawkes, vendo aquela cena, se emocionou, e algumas lágrimas caíram sobre o machucado feito por Nagini; o ferimento foi curado, e Harry voltou à sanidade; olhou para o lado e viu sua amiga quase morta, os olhos entreabertos, o corpo mole e sem sustentação. Num impulso descontrolado, pegou o seu pingente e juntou ao pingente de Tatyanna.

Um brilho ofuscante saiu de dentro dos pingentes unidos; um unicórnio prateado saiu de dentro dele, e passou por um Voldemort que protegia as vistas para não machucar sua visão. De repente, ele tirou as mãos de sua vistas e pôde ver o que se passava: uma tela mágica estava na frente dos três espectadores, e toda a história de Voldemort, na época chamado Tom Riddle, passara ali; Voldemort olhava incrédulo para a tela, quando ouviu a parte mais importante do vídeo mágico:

- Pode falar... - Leonardo percebeu o semblante carregado da amiga. - Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa entre você e o Voldemort?

- Eu terminei com ele, e quero saber se casas comigo. - O rosto do amigo se iluminou. Porém sabia o quanto a amiga amava Voldemort...

- Eu... não devo...você ama a ele...

- Eu estou grávida! Preciso de um pai para o meu filho! -Ela enraiveceu. Nisso ela desatou a chorar.

Voldemort quase caiu quando ouviu a última frase do vídeo mágico. Seus olhos estavam fora das órbitas, a boca entreaberta... ele saiu desembestado pela floresta proibida, e sumiu. Harry olhou para o Lorde saindo que nem um louco porta afora. Fawkes soltou um som parecido com "ele não vai voltar", e Harry pediu à fênix que fosse pedir ajuda a Dombledore, que ele trouxesse Madame Pomfrey para a cabana, que os guiassem até ali, pois Tatyanna estava quase morrendo.

Harry pegou algo pontiagudo e começou a cortar as cordas que prendiam Tatyanna ao pé da mesa. A garota caiu molemente em seus braços, e o garoto a sacudia desesperado:

- Tatyanna! Tatyanna, meu amor, acorde, pelo amor de Merlin! Merlin, me ajude! Tatyanna! - A garota mexeu um pouco a cabeça e Harry pôde respirar aliviado. - Acabou, meu amor, acabou...

- Ha...harry... você me salvou... - Tatyanna possuía o semblante caído, parecia que ia desmaiar a qualquer momento.

- Não fale, querida! Você precisa descansar! Logo Madame Pomfrey estará aqui para nos levar sãos e salvos para a Ala Hospitalar!

- Eu... eu sei... que eu... vou... mo...morrer... - Harry a olhou, incrédulo; ia falar algo, mas percebendo que a garota não havia terminado, resolveu continuar calado. O garoto fazia carinho nos cabelos empoeirados da garota. - Mas... saiba... que eu... eu nunca... dei...deixei de te... a-amar... de-desculpe-me... - A garota desmaiou, e Harry se desesperou. Sacudia a garota sem parar.

- Não! Não! Você não vai morrer, meu amor! Você vai continuar viva! Nós vamos continuar sendo amigos, tudo irá ser como era antes! Não, não! - Uma mão encostou no braço de Harry, que gritava desesperado; era Dombledore.

- Queira se afastar, Harry, e tire o cordão de seu pescoço, ele agora é único. Fique com ele. - Harry tirou o cordão do pescoço, mas continuava a gritar o nome da garota que amava incessantemente. - Calma, Harry, ela vai ficar bem! Só está desmaiada, não é Madame Pomfrey?

- É sim, senhor Dombledore. Vou conduzi-la à Ala Hospitalar. E você também vai, Harry. Mobilicorpus! - Tatyanna levitou e seguia a direção que Madame Pomfrey indicava na sua varinha. Harry olhou para o lado e viu duas pessoas desconhecidas chorarem sem parar.

- Oh, Paul, olhe nossa afilhada! Estou tão preocupada! Ela poderia ter morrido, Paul! - Uma mulher de cabelos loiros e crespos, e que parecia ter uns quarenta anos falava para um homem gordo, quase careca, que limpava o nariz em um lenço.

- Caroline, eu acho que devemos colocá-la em outra escola, essa aqui não é mais segura para ela! O que você acha da escola da Polônia? Meu irmão fez seis anos de escola lá e ia ficar muito feliz de ter sua filha estudando lá também.

- Eu acho que devíamos colocá-la em Beauxbatons, fica mais perto da gente. Assim, qualquer coisa que aconteça, fica mais perto dela para a gente resolver qualquer problema...

- Depois discutimos isso, querida. Vamos seguir Madame Pomfrey, ela está com nossa menininha. Hei, garoto! - Paul, padrinho de Tatty, chamou Harry, que estava mais à frente e não pôde ouvir os últimos trechos da conversa.

Harry virou o corpo para trás, espantado. Estava em outro planeta naquele momento. Apenas mirava Tatyanna com peso na consciência, não conseguira protegê-la como prometera. Escutou apenas um eco em sua mente, mas isso foi o bastante para se virar e olhar quem estava a chamá-lo. O homem gordo abriu um sorriso entre as lágrimas que rolaram minutos antes em seu rosto rechonchudo.

- O senhor está me chamando? - Harry passou seu olhar pelo homem, e depois pela mulher, que vinha de mãos dadas com ele.

- Estou sim, garoto, venha cá, por favor.

Harry foi em direção ao casal, e Paul fez um cafuné nos cabelos sujos do garoto. Harry olhou espantado para o homem, que deu novamente um sorriso paternal.

- Não sei como lhe agradecer por tudo que fez pela minha afilhada. - Harry na hora descobriu o porquê do casal ali naquele lugar.

- Não precisa agradecer, senhor, fiz apenas minha obrigação de amigo. - O garoto ficou a olhá-lo com atenção. Senhor Paul era muito parecido com seu Tio Válter, faltava apenas o bigode.

- Devo lhe agradecer sim. E em prova de minha gratidão, convido você para passar as férias de verão conosco. Aceita?

- Não sei o que dizer, senhor... Paul? - Harry não sabia ao certo o nome do padrinho de Tatyanna, pois ela havia falado pouco deles. E naquele momento, lembrou-se de seu padrinho Sirius.

- Sabe, sim, senhor... - Paul examinou o rosto do garoto e viu a cicatriz lendária. - Harry Potter. Diga apenas que aceita nosso convite.

- Ah, senhor... acho que não posso aceitar. Meus tios não deixariam... - O garoto ficou triste só de pensar que teria de aturar os tios durante toda a sua temporada longe de Hogwarts.

- Tudo bem, então. Já que nós não conseguimos convencer você, quando Tatyanna melhorar, ela convence. Mas vamos, ou então ficaremos perdidos na floresta!

Os três aceleraram o passo e alcançaram Dombledore e Madame Pomfrey mais à frente, e foram rezando para que mais nada daquele tipo voltasse a ocorrer em suas vidas.

***

O tempo, apesar de tudo que acontece, não pára. Foi o que os alunos da escola de Bruxaria de Hogwarts pensaram quando chegavam as férias de verão, e as aulas estavam próximas do fim. As festas haviam passado. Natal, Páscoa... tudo se passou com rapidez. Várias coisas aconteceram nesse meio tempo, nesse tempo que passou rapidamente. Entre elas, a notícia da transferência de Tatyanna para outra Escola de Bruxaria da Europa.

Ela ainda não havia contado para Harry, doía saber que nunca mais o veria. Os padrinhos não perdoaram o último acontecimento grave que aconteceu na escola, e não queriam mais deixar Tatyanna ali. Julgavam ser uma escola pouco segura.

Tatyanna chorava sem parar em seu quarto, pensando no que seria sua vida longe de seus amigos. Novamente a tristeza havia pairado em seu coração. Iria para a Academia de Beauxbatons, na França, onde ficaria mais perto de seus padrinhos.

Em todo esse tempo, Harry havia insistido muito para Tatyanna ficar com ele, mas ela sempre inventava uma desculpa para não o fazê-lo. Queria esquecê-lo, sabia desde que saíra da Ala Hospitalar, em Janeiro, que iria para outra escola.

Ela resolvera que iria contar a ele. Aprontou-se e desceu as escadas circulares com pressa.

***

Draco e Gina continuavam firmes e fortes. Gina estava louca para contar a Hermione que estava namorando Draco. Mas era perigoso, Hermione era amiga de seu irmão, e com certeza, do jeito que seu irmão era corneteiro, se ele soubesse da notícia, além de não concordar, contaria para a escola inteira, e em conseqüência, os pais de Draco iriam ficar sabendo do acontecido. Resolveu deixar para mais tarde.

A garota estava em seu dormitório se vestindo para mais um dia de aulas. Aquela época de estudos era extremamente importante, por ser revisão da matéria do ano todo. No quinto ano, haveria os N.O.M.s, e ela sabia muito bem que não era igual a Hermione, inteligente como ela. Aliás, não sabia o porquê de Hermione ter caído na Grifindória. Devia ter caído na Corvinal. Mas Gina sabia o quanto a amiga era corajosa, e isto bastava para Hermione ficar na Grifindória.

Draco continuava apaixonadíssimo pela namorada, e ainda se surpreendia ao pensar que namorava uma Weasley. Não conseguia entender o que os uniu. Só sabia que a amava mais do que a si próprio. A meiguice, a simpatia, o sorriso, tudo naquela ruiva o atraía.

Mas sempre imaginava a reação dos pais quando soubessem. Seu pai se casou com sua mãe pela família e riqueza de sua mãe, cuja família era Black, sendo ela prima de Sirius Black. Sua mãe casou com seu pai pelo mesmo motivo. Não houve amor, e ele também não foi criado com amor. Só descobriu o que era um amor verdadeiro quando conheceu Gina. E sendo que seus pais nunca se amaram, aliás, amavam o dinheiro e o prestígio um do outro, nunca entenderiam que o filho havia se apaixonado por uma garota pobre. Mas um dia eles iam acabar sabendo, e quando esse dia chegasse, ele os enfrentaria para ficar com ela e estava acabado.

Gina precisava muito ver Draco, e não conseguiria agüentar esperar pelo próximo encontro marcado na sala que Draco decorou para os dois. Resolveu falar com ele nas masmorras, sabia que o namorado tinha dois tempos de poções com a Grifindória, então foi o que fez. Mas pouco sabia ela que se arrependeria amargamente.

Antes de ir para sua aula de História da Magia com o professor Binns, desceu as escadarias de pedra e encontrou Draco conversando com seus capangas, Crabbe e Goyle. Localizou-os ao longe, e quando foi ao encontro deles, cruzou com Sabrina Lancy, que conversava animada com Pansy Parkinson e fingiu não ver a ruiva.

Gina havia esquecido que aquela abusada da Soserina existia. O que foi um grande erro, devia sempre lembrar que a garota não hesitaria em fazer coisas sujas para ter Draco de volta. E era o que estava planejando fazer, e olhou para a cara de buldogue de Pansy, dando um sorrisinho maroto, no qual Pansy entendeu na hora o que significava e correspondeu, olhando para Gina, e dando um sorriso desdenhoso.

Gina puxou o namorado a um canto e lhe perguntou:

- Será que nós podemos nos encontrar depois das aulas? - Gina falava, e Sabrina, escondida atrás de um vaso de plantas, escutava tudo.

- Claro, meu amor, mas pode ser na hora do almoço? Assim ficaremos mais à vontade. - Os dois sussurravam, mas mesmo assim Sabrina ouvia.

- Pode, sim. Então a gente se vê. - Gina foi subindo as escadas da masmorra, e deu uma última olhada para Draco, que deu um sorriso discreto. A ruiva foi-se, correndo, para sua aula de História da Magia, e Snape chegou na sua sala, sob um tremendo mal-humor.

- Entrem! Andem, não temos o dia todo! - Snape estava com cara de poucos amigos.

Os alunos entraram, e Snape fechou a porta num baque estrondoso.

- Silêncio. - A ordem nem precisava ser dada. Os alunos estavam num silêncio total e olhavam para o professor, quase sem piscar. - A poção a ser preparada hoje é a poção revigorante. As instruções estão na lousa. Comecem. - Snape tocou a varinha no quadro negro e as instruções surgiram, perfeitas, em letra legível, para todos poderem enxergar.

Os alunos tiraram seu caldeirão da mochila, e todos os ingredientes necessários para a poção. Sabrina e Pansy sentaram juntas, e conversavam sussurrando, o que despertou a suspeita de Hermione.

- Essas duas juntas... não sei não... acho que vão aprontar algo. - Hermione olhava com censura para as duas, que nem haviam começado a fazer suas respectivas poções.

- Deixa elas lá... melhor não ficarmos conversando, ou o Snape vai acabar descontando sua raiva em alguém, e com certeza será na gente, se ele nos pegar conversando. - Rony advertiu Hermione, que concordou plenamente.

- Mas antes me deixe falar uma coisa com Harry. Harry, você está colocando o ingrediente errado! Agora não são os rabos de salamandra! São as raízes de bubotúberas!

- Ah... é.

As aulas terminaram, e a implicância de Snape com Harry continuava. A poção do dia tinha dado certo, mas Snape derrubou-a, e Harry ficou com mais um zero em poções. A raiva que Harry tinha por Snape só era superada pela raiva que sentiu de Malfoy na hora que recebeu o zero. As piadas foram as piores que já ouvira. "Deve estar apaixonado, professor!". Que ódio que ele sentia de Draco! Mas fazer o quê. Se começasse a brigar com ele era pior. Deixou assim mesmo.

Gina saiu da aula de História da Magia entediada. A capacidade do professor Binns de fazer os alunos ficarem com vontade de dormir era impressionante. Sua voz fantasmagórica era como um sonífero: era ouvi-la para as pálpebras começarem a fechar. Mas o tédio foi-se quando lembrou-se do encontro com Draco. Passou os dedos pelos cabelos flamejantes e foi para o saguão de entrada da escola.

Esperou alguns minutos e Draco apareceu. Estava cansado, e com a mão enfaixada.

- O que aconteceu, Draco? O que houve com a sua mão? - Gina pegou na mão de Draco e examinou-a cuidadosamente. O garoto deu um gemido de dor.

- Hoje a gente teve de fazer a poção revigorante, e um dos ingredientes era raiz de bubotúberas.

- Ah... mas você não colocou luvas, Draco? Você sabe que as bubotúberas soltam um líquido amarelo que faz com que a parte afetada fique cheia de bolhas, não sabe? - Gina e Draco iam caminhando em direção aos Jardins, e Pansy e Sabrina os seguiam.

- Sei, mas na hora eu não estava nem prestando atenção nas aulas... tava pensando em outras coisas, como no nosso encontro.

- Draco! Você tem que prestar atenção nas aulas! Mas deixe pra lá, agora que acabou e estamos juntos, não vou ficar aqui dando sermão.

- Vamos sentar aqui, embaixo dessa árvore? - Draco segurava a mão com ataduras e dava alguns gemidinhos.

- Vamos, mas deixe-me ver novamente essa sua mão. - Gina pegou na mão de Draco, e enquanto isso, Sabrina e Pansy, que segurava uma bolsa com algo rígido dentro, se esconderam atrás de uma moita ali perto, que dava maior visibilidade para as duas.

- Aiiiiii! Toma cuidado com a minha mão! - Draco apertou os olhos acinzentados, sentia muita dor.

- Ontem, a professora Sprout trabalhou na aula de Herbologia do segundo ano com Murtisco, e é muito bom para ferimentos. Sorte sua que tenho um aqui. Só preciso fazer o óleo, ela nos ensinou a fazer também. Só um minutinho. - Gina mexia e remexia na bolsa tentando achar o Murtisco. Sabrina e Pansy cochichavam.

- Você trouxe o que eu pedi? - Sabrina olhava sem parar para a bolsa que Pansy carregava.

- Consegui com a Rita Skeeter. Ela falou com alguém do Profeta Diário e me emprestou. Tá aqui. - Pansy tirou a máquina fotográfica bruxa de dentro da bolsa e entregou a Sabrina.

- Isso vai ser ótimo! Eu sei que esses dois estão namorando, mas aposto que os pais de Draco não sabem. Só preciso que eles se beijem, e aí eu quero ver o que os pais dele vão pensar! - Sabrina deu um sorriso demente. O que sentia por Draco já estava levando Sabrina à insanidade. Não sentia mais amor por ele. Era apenas uma obsessão.

Gina finalmente localizou o Murtisco e o tirou de dentro da mochila.

- Draco, você me empresta seu caldeirão? Sei que teve Poções hoje, então ele deve estar aí, não é?

- Está sim, mas você vai ter que pegar. Eu não posso. - Gina pegou a mochila de Draco e retirou o caldeirão.

Ela colocou o caldeirão apoiado num monte de folhas que havia ali perto e colocou o Murtisco dentro. Com um gesto da varinha fez fogo, e o Murtisco começou a derreter. Passados cinco minutos, o Murtisco se dissolveu completamente, formando um óleo amarelado e um tanto mal-cheiroso. Gina pegou uma pequena vasilha que sempre levava para emergências e depositou o conteúdo do caldeirão dentro. Depositou a vasilha no chão ao seu lado.

- Deixe-me tirar suas ataduras, Draco. - O garoto estendeu a mão a Gina. Ela desenrolou com cuidado as bandagens do namorado, e pegou a vasilha. Introduziu a mão dele dentro da vasilha, e Draco teve uma sensação de alívio incrível.

- Ah, Gina, muito obrigado! Não sei nem como retribuir... - Draco sorriu para a namorada com sinceridade.

- Sabe sim senhor! - E olhou para os dois lados para ver se vinha alguém. Sabrina preparou a máquina.

Draco a beijou com ternura. Sabrina tirou três, quatro, cinco fotos dos dois de posições diferentes. Enquanto Sabrina tirava as fotos, Pansy sorria com entusiasmo. Só de pensar que tiraria a pobretona do salto já sentia um prazer imenso. Então, Draco parou de beijar Gina e continuou a repousar a mão machucada no óleo de Murtisco. Sabrina parou de tirar fotos e guardou a máquina bruxa novamente dentro da bolsa de Pansy. As duas saíram sorrateiramente de trás da moita e dos Jardins, sem fazer com que Draco e Gina as vissem.

Quando entraram para o castelo, Sabrina falou, seu ar triunfal:

- Quero ver o que seus pais vão achar disso, Draco!

Pansy, com sua cara de buldogue, gargalhou desdenhosamente, sendo acompanhada por Sabrina, que pensava ter vencido a guerra, mas venceu apenas uma batalha.

***

- Harry, eu preciso falar com você, é muito importante. - Tatyanna estava ofegante. Havia corrido a escola inteira procurando Harry e o encontrou no lugar que ela nunca imaginaria que ele estivesse: na biblioteca.

- Fala, o que foi? Parece nervosa! - Harry franziu a testa.

- Eu vou sair de Hogwarts. - Tatyanna falou, de supetão.

- QUÊ?????? - Harry olhou incrédulo para a amiga.

- Eu vou para Beauxbatons. - Tatyanna sentiu os olhos começarem a molhar. - Achei que você deveria ser o primeiro a saber.

- Mas...? - Harry estava sem palavras.

- Desde aquela vez que Voldemort me aprisionou, meus padrinhos estavam pensando em me trocar de escola. Agora, com esse ataque que meu pai me fez, foi a gota d'água. Não tem mais jeito. Tentei de todas as formas convencer meus padrinhos a me deixarem aqui, mas não. No ano que vem serei mais uma aluna da Academia de Beauxbatons.

- Não pode ser... mas você... você vai sentir falta daqui! - Harry não queria acreditar no que estava ouvindo.

- Desculpe, Harry, mas creio que nós nunca mais nos veremos. Não há como evitar o que está por vir. Mas eu escreverei cartas, pode deixar.

- Eu não vou deixar você ir!

- E desde quando você manda nos meus padrinhos? Eles decidiram e não se fala mais nisso, senão irei sofrer mais ainda.

Tatyanna saiu da biblioteca aos estardalhaços, e segurando o choro. Chegou em seu quarto e todas as lágrimas foram libertadas. Chorou como uma criança sem pais, o que na vida dela mudava apenas para adolescente sem pais.

Por que tinha de se mudar? Por quê? Estava tão feliz ali, ao lado de seus amigos... ela adorava Hogwarts... era um lugar que ela se identificava... tudo o que estava acontecendo era uma tristeza sem tamanho. Viveu tantos momentos marcantes ali... seu primeiro beijo fora ali, e com Harry, seu primeiro ano de magia fora ali... ah... tudo era tristeza. Lembranças de momentos felizes deixadas para trás para recomeçar em outro lugar... não. Ela não queria isso para ela. Não mesmo.

Mas o que poderia fazer? Seus padrinhos, pelo que conhecia deles, não voltariam atrás sua palavra. Harry não poderia fazer nada, apesar de os padrinhos serem eternamente gratos a ele. Ela se tentasse falar algo, poderia ir para um lugar ainda mais distante. Não tinha jeito. O que tinha de fazer era se acostumar com a idéia e esquecer dos amigos e de seu primeiro amor. Mas Harry gostava muito dela para deixá-la ir para Beauxbatons. Seria capaz até de fazer uma loucura... e se ela tentasse impedir, seria pior ainda. Ele pensaria que ela quer mesmo ir embora. Mas o que ela mais queria era ficar ali.

***

Faltava apenas uma semana para o término das aulas, e Dombledore já havia avisado o horário do baile de encerramento das aulas. Os alunos estavam felizes, e com saudade dos pais. Precisavam de descanso, depois de um longo ano, e com muitos fatos marcantes. A história do seqüestro de Tatty rendeu semanas, Lilá e Parvati fizeram questão de continuar a perguntar a Harry do ocorrido. Mas, em um dia de aula de adivinhação, Harry deu um basta para as fofocas das duas, que soltaram gritinhos histéricos.

Rony, que por sinal, havia crescido muito naqueles meses, mostrava-se nervoso naquela última semana de aulas. Tatyanna havia contado que se mudaria para Beauxbatons para ele, Mione e Gina, e todos ficaram tristes, mas sabiam que não podiam fazer nada para impedir. Mas o que preocupava Rony não era a transferência de Tatyanna, e sim o que devia fazer para se declarar para Mione.

O garoto simplesmente não sabia o que fazer. Hermione vivia implicando com ele vinte e quatro horas por dia, parecia odiá-lo. Mas em alguns momentos, que eram poucos, a garota se mostrava cordial e educada, não implicava com ele, e parecia gostar muito da amizade que mantinham.

O ruivo amava Quadribol, e ela não ligava. A garota amava os livros, e ele não queria nem saber. Totalmente diferentes! Mas as diferenças se encaixaram perfeitamente, fazendo Rony se apaixonar por Mione. Mas não sabia se Mione gostava tanto dele como ele gostava dela. Era arriscar a amizade, mas não se arrepender de ter tentado! Era o que ia fazer.

Era uma segunda-feira, e as aulas terminariam na sexta. Os alunos iam apressados pelos corredores, buscando livros, deixando cair pergaminhos, esbarrando nos alunos.

Luna Lovegood, aérea como sempre, e com seu olhar sonhador, passeava pelos corredores. Parecia ser a única, pois em volta dela as pessoas se apressavam em falar com Madame Pince, e conseguir livros mais do que ansiados pelos alunos naquela época. Ela, agarrada aos livros e pergaminhos, admirava o nada, quando um garoto de estatura alta, com muita pressa, que vinha esbarrando em todo mundo, esbarrou em Luna também.

A garota olhou assustada para o moço, e deixou cair tudo o que carregava. O garoto nem olhou para seu rosto e se ocupou de juntar as suas coisas. Luna, estática por alguns segundos, também se abaixou, e no que eles juntavam os papéis, o garoto, sem querer, encostou sua mão grande e com unhas bem feitas na mão de Luna, pequenina e delicada. Eles se olharam por alguns segundos, o bastante para o moço perguntar:

- Qual o seu nome? - O garoto a fitava, com um pouco de sedução no olhar.

Era alto, tinha cabelos ondulados e loiros na altura dos ombros, e olhos castanho-esverdeados, tinha um porte atlético, certamente de algum esporte que praticava.

- Lu-luna Lovegood, segundo ano, Lufa-lufa... - Os olhos azuis da garota nem piscavam.

- Prazer, meu nome é Edward Pfützenreuter, quarto ano, Corvinal. - Foi quando Luna lembrou que o garoto jogava na equipe de quadribol da Corvinal.

- Por acaso você é batedor da Corvinal? - Os dois se levantaram, com os materiais mal arrumados nos braços, e um interrogando o outro.

- Sou, sim. Você é filha do editor do Pasquim? - Enquanto falava, o garoto gesticulava muito.

- Sou. Você lê? - Luna iluminava-se com cada palavra de Edward.

E eles foram se conhecendo à medida que caminhavam em direção à biblioteca, e se descobrindo, passando a serem amigos, mas com um certo interesse no olhar.

***

Dois dias haviam passado, e Pansy e Sabrina planejavam sua ida à mansão dos Malfoy, sem que Dombledore soubesse.

- Vai ser difícil, Pansy. Temos de arranjar um jeito que não desperte nenhuma suspeita de Dombledore e Mc'Gonagall. - Sabrina levou a mão à testa, que estava enrugada.

- A gente podia usar a vassoura do Montague pra sair voando de Hogwarts. E assim a gente também chegava rápido.

- Deixe de ser idiota, Parkinson! Vamos usar Pó-de-Flu! Com certeza a rede não está vigiada!

- Mas como vamos encontrar Pó-de-Flu? Aqui em Hogwarts não há!

- Claro que há, sua burra! Todo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas tem que ter! E eu não preciso ser tão inteligente quanto aquela sangue-ruim da Granger pra saber disso!

- Então vamos falar com Lupin!

- Parkinson, você não tem neurônios? Falar não! Vamos pegar sem pedir! Você acha que Lupin vai fazer o que quando a gente falar que quer Pó-de-Flu?

- Tá, é que hoje eu não tô com cabeça pra pensar.

- Tô vendo. Mas vamos agora, acabou a aula, e a gente pode entrar escondido lá e pegar. E aí, a gente pode ir para a mansão dos Malfoy hoje ainda!

- Isso! Vamos nessa!

As garotas saíram de onde estavam, e foram direto para a sala de Lupin. Verificaram o corredor. Estava deserto, todos deviam estar almoçando. Entraram na sala de Lupin, e procuraram como umas loucas por tudo quanto é parte da sala, mas não encontravam de jeito nenhum o pote de Pó-de-Flu. Foi quando Sabrina localizou uma falha na parede ao lado do quadro de um auror com muito prestígio e constatou que ali havia uma fechadura muito pequena.

- Alohomorra! - murmurou.

O pote de Pó-de-Flu voou na mão de Parkinson, que estava analisando uma cesta de frutas que falava, e se perguntava o que ela fazia ali naquela sala.

- Pansy! Achamos, agora vamos sair daqui!

As duas se dirigiram à porta e saíram correndo, passando pelo Saguão de Entrada e descendo as escadas em direção às masmorras. Entraram no dormitório de Pansy, e foram em direção à lareira.

- Você primeiro. - Sabrina entregou o pote de Pó-de-Flu a Pansy. A garota pegou um punhado, entrou na lareira e disse com clareza, atirando o Pó de encontro ao chão.

- Mansão dos Malfoy! - A garota sumiu em meio a chamas crepitantes de cor esverdeada da lareira. Sabrina fez o mesmo, e as duas surgiram no meio da sala dos Malfoy, mas não havia ninguém ali.

As garotas limparam a sujeira da roupa e se levantaram. Olharam uma para a outra, então Sabrina disse:

- Pelo que conheço do Sr Malfoy, ele deve estar em seu escritório.

- Mas a mãe de Draco também precisa saber!

- O mais importante é o Sr Malfoy! É ele quem manda aqui nessa Mansão e em Draco.

As duas subiram as escadarias em caracol da casa e entre muitas portas, certamente de quartos de visitas, localizaram o escritório do Sr Malfoy. As portas que o ocultavam das garotas eram de Mármore, com um grande "M" nas formas das maçanetas. As duas bateram levemente na porta e entraram.

Continua...

Coments da autora: Bein, genti! Como recebi um comentário pedindo para eu escrever o que acontece com os personagens depois da fic, vou esclarecer que, para as pessoas que gostaram dessa fic, ela tem continuação! Aguardem. Logo essa fic estará no fim, e aí iniciarei a próxima. Desculpem a demora, final de bimestre, falta de inspiração também! E eu já queria há tempos postar esse capítulo, mas o site estava fora do ar. Espero que eu tenha agradado com este capítulo. Bjocks e agradecimentos especiais aos coments de Mortícia. Continue comentando kirida! E está esclarecido pra você que haverá outra fic como continuação dessa neh???? Bjockinhas especiais para você!

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