Hogsmead



O dia estava ensolarado, e não iria chover tão cedo. O céu estava limpíssimo, sem nenhuma nuvem. Havia uma pequena brisa, mas não chegava a revirar os cabelos, e nem a ser fria. Draco acordou, feliz...afinal, o grande dia havia chegado: o passeio com Gina. Colocou sua melhor roupa, pegou algum dinheiro, pois não iria sair sem nenhum tostão. Além de ser deselegante, não podia deixar Gina pagar as coisas que quisesse. Queria ser cavalheiro, impressioná-la.

Gina, mais feliz não podia estar: o que iria acontecer dali a pouco era inédito; iria passear com um amigo, não importando quem fosse. Colocou um vestido, não muito curto, com o emblema de Grifindória, e desceu até a sala comunal. Depois que os líderes fizeram uma reunião para inovar os uniformes, cada um se vestia de um jeito diferente.

Eles, Draco e Gina, não eram o único casal de amigos que iria a Hogsmead. Harry e Tatyanna também iriam até lá, já que Tatyanna não conhecia Hogsmead.

Harry estava se arrumando, quando lembrou de sua amiga...como ela era bonita! E ainda tinha várias qualidades: era atenciosa, sincera, companheira. Não poderia existir alguém melhor do que ela. Desceu as escadas rumo à sala comunal e deu com Gina olhando as chamas da lareira. Espantou-se de ela estar acordada tão cedo.

-Oi, Gina! O que faz acordada tão cedo? - Harry a fitava, curioso.

-Oi, Harry! - Ela pensou que iria ter um ataque de nervos, por Harry tê-la notado, mas enganou-se. - Eu estou esperando o relógio bater sete horas...hoje eu vou a Hogsmead com o Draco!

-Oh, claro! Eu também vou a Hogsmead com a Tatty. Mas eu já vou indo para a estação. Até breve.

-Até.

Tatty arrumava-se com entusiasmo. Seu melhor amigo não merecia vê-la mal vestida. Colocou uma saia plissada e uma camisa gola pólo de Grifindória, sapatinhos boneca, e desceu até o refeitório. Tomou um rápido café e foi para a estação.

O relógio dava sete badaladas...era hora de Gina seguir para a estação. Draco a devia estar esperando, pensou ela. E ainda tinha que devolver o casaco para Draco. Afinal, não era dela, e era muito deselegante ele ter que pedir a ela para devolvê-lo.O mais difícil seria localizá-lo no meio de toda aquela gente que sempre vai a Hogsmead. Num dia como aquele, ensolarado, ia tantos alunos até Hogsmead, que eram necessárias muitas viagens até todos estarem lá.

Chegou lá na estação, e já havia conseguido localizar Tatyanna. Estavam faltando Harry e Draco, que ainda não sabia que teria de aturar Harry em Hogsmead.

-Gina, você viu o Harry? Eu não o estou vendo...ele prometeu ir comigo até Hogsmead hoje...

-Eu falei com ele hoje cedo, na sala comunal, e ele disse que estava vindo pra cá...que estranho...

-Ah! Lá está ele. Harry! - Tatty gritou, e Harry a olhou, surpreso, e notando como estava bem vestida e alegre. - Vem cá!

-Tatty, você já achou Harry, então eu vou procurar o Draco...eu marquei de encontrá-lo aqui na estação, e até agora ele não chegou... - Gina havia estranhado o atraso.

-Tudo bem, só não vá perder a carruagem! - Harry ouviu ela falar que iria em busca de Draco.

-Claro que não vou perder! Eu adoro Hogsmead, e não vou perder esse passeio de jeito nenhum! Mas então, a gente se encontra lá! Tchau...

-Tchau... - disseram os dois juntos.

Gina saiu, cortando caminho entre as pessoas. Nunca pensou que talvez Draco pudesse dar um bolo nela. Procurou muito por ele, mas perdeu as esperanças. Ele realmente a havia dado um bolo. Justamente no dia mais feliz que imaginara ser para ela. Voltou ao seu lugar de origem, um tanto triste, mas não poderia aparentar sua frustração.

-Achou ele, Gina? - Tatty a fitava, e percebeu que Gina estava um pouco abatida. - O que foi? Ele não veio?

- Não...mas deixa pra lá...eu quero me divertir muito lá em Hogsmead. Vamos, a carruagem já chegou.

Harry, que havia ficado um pouco à parte, tentou consolá-la, porém foi um pouco rude.

- Não liga, Gina! Bem que eu te disse que ele não prestava...

- Por favor, Harry, não se aproveite da situação em que me encontro para dar sermão. E agora, vamos logo, que eu não quero perder a carruagem.

Gina queria que o chão abrisse a seus pés. Nunca havia estado daquele modo em que se encontrava. Nem mesmo quando Harry beijava Hermione na sua frente. Ela estava começando a sentir por Draco algo mais do que uma simples amizade.

Estavam os três na carruagem, Harry, Tatty e Gina. Harry e Tatty conversavam animados. Ela, ansiosa, ele completamente feliz. Gina parecia que estava indo às masmorras. Aquilo era muito triste. Justo quando havia encontrado um amigo, ele fazia isso com ela? Até o que ela mais gostava havia se tornado uma coisa sem sentido. Maior erro ela não podia ter feito: Confiar num Malfoy? Sabia muito bem que eles não prestavam. Que loucura!

Chegaram em Hogsmead. Para Gina, faltava vontade até para descer da carruagem. Tatty e Harry saíram completamente excitados com a situação, quando ocorreu um fato inusitado para os dois. Chamaram Gina, que com muito pouca vontade olhou pela janelinha da carruagem e quase teve um ataque do coração com o que viu: era Draco, com um ramalhete de rosas brancas, que eram as flores favoritas de Gina, que estava lá fora, a esperá-la. Ela ficou relutante. Ele a havia feito entristecer. Mas, o que importava era que ele estava ali, e cumprira sua promessa. Desceu o mais rápido que pôde, chegando até a bater a cabeça na porta, e correu até ele.

- Draco! Pensei que não viesse! Pensei que havia se esquecido de mim...

- Toma, são pra você! - Ele estendeu o ramalhete de flores a Gina. - Espero que eu tenha acertado o tipo de flor que você mais gosta.

Gina, emocionada, começou a chorar. As soserinas acharam aquilo ridículo...
"Manteiga derretida", era o que pensavam. Começaram então os cochichos maldosos em relação a eles, mas Tatyanna tomou as dores de Gina e falou, muito discretamente:

- Suas malditas soserinas...não têm nada mais pra fazer não? Vão passear, e deixem os dois em paz, façam o favor!

Ouvindo aquilo, as soserinas partiram, e todos os outros que ali estavam também. Não iriam perder o tempo que dispunham com fofocas sobre a vida dos outros. Iriam aproveitar o passeio, era o melhor que faziam.

- Ai Draco! Eu amei! - Enquanto falava, o rostinho cheio de sardas de Gina encharcava-se de lágrimas. - São as minhas flores preferidas!

- Que bom que gostou! Eu quis lhe fazer uma surpresa. Então ela não foi em vão.

- Claro que não! - Ela abraçou Draco e beijou-lhe uma das faces, deixando-o ruborizado. - Mas vamos nos divertir, e aproveitar o nosso sábado! Você pegou a carruagem das seis e meia?

- Peguei sim. Vamos nessa! Vamos nos divertir!

* * *

Enquanto isso, Tatty e Harry conversavam, olhando as vitrines das pequenas lojas.

- Puxa, Harry! Tudo aqui é tão bonito! Olha só aquele gatinho de pelúcia, que fofo!

- Vamos entrar nessa loja?

- Vamos! - Eles entraram, e ela apaixonou-se pelo gatinho pardo de pelúcia, que havia visto anteriormente. - Olha, Harry, que fofo! Realmente, esse é o bichinho de pelúcia mais lindo que eu já vi!

- Eu te dou ele de presente!

- Jura? Não precisa, Harry...eu trouxe dinheiro! Eu mesma pago!

- Não. Você não vai pagar. Esse é de presente.

- Ai, Harry! Obrigada, obrigada, obrigada! - Ela deu vários beijos na face de Harry, e a cada beijo recebido, suas pernas bambeavam.

* * *

O dia estava perfeito para Gina e Draco. Os dois haviam se divertido de todas as maneiras possíveis. Estavam cansados, e então resolveram ir tomar um café no Três Vassouras. Escolheram uma mesa e sentaram-se.

- E aí Gina...está gostando da minha companhia?

- Claro que sim! Você é uma pessoa muito divertida, apesar de ser um pouco amargurada.

- Eu sei disso. Mas eu quero mudar! Quero ser uma pessoa melhor...por você.

- Por mim? Mas em primeiro lugar você tem que pensar em você! Isso vai ser bom. Depois, se você quiser pensar em mim...

Eles ficaram ali conversando animadamente até a chegada de Tatty e Harry na mesma lanchonete em que se encontravam.

- Eu não acredito que o garoto-cicatriz veio tomar café no mesmo lugar que eu. E ainda por cima, trouxe aquela...peraí, aquela não é a Tatyanna? - Draco falou, enraivecido.

- É sim, mas por quê? - Gina estava espantada em relação à atitude de Draco.

- Ela me enganou, dizendo que odiava o Potter! Ela está lá, rindo e conversando com ele!

- Deixa pra lá, Draco! Nada pode estragar nosso passeio. Nem mesmo Harry.

Enquanto isso, Tatty e Harry conversavam animadamente, quando Tatty sentiu uma forte dor de cabeça, fazendo-a agarrar a toalha de mesa com fúria. Sabia que Voldemort estava por perto.

- Tatty, está tudo bem com você?

- Tudo...já vai passar.

Aquela frase parecia familiar a Harry, pois quando sentia dor na sua cicatriz, também falava isso. Estava temendo que fosse Voldemort o bruxo que matou os pais dela e que a estava perseguindo. O que ele jamais podia imaginar, é que era verdade o que deduzia, mas Tatty ainda não o havia contado.

- Tem certeza de que está tudo bem?

- Sim, já passou.

Mas aí, foi a vez de Harry sentir dor na sua cicatriz. A dor de cabeça de Tatty havia voltado. Eles estavam ligados pelo Voldemort. O mesmo destino os aguardava. Harry resolveu tirar a dúvida que o atormentava.

- Tatty, eu queria saber uma coisa de você, será que pode me contar?

- Depende. O que você quer...ai...saber? - A dor ficava cada vez mais forte...

- Quem matou seus pais? Foi...ele?

- Sim. Foi o Lorde das Trevas. Foi o Voldemort.

- E por que...?

- Desculpe...não posso contar...na hora cer...

De repente, tudo ficou escuro...velas foram se acendendo, e todos dos Três Vassouras foram cercados por Comensais da Morte. Gina gritava em desespero, mas Draco colocou a mão em sua boca, fazendo-a calar, e murmurou em seu ouvido:

- Fique quieta, Gina...se eles virem que nós dois estamos aqui, iremos morrer! Vamos sair daqui...bem devagar, pela porta...assim não sentirão nossa presença...

Conseguiram escapar, e foram avisar, correndo, que Comensais da Morte estavam no Três Vassouras. Os guardas saíram correndo até lá.

- Viemos em nome de nosso Lorde das trevas, e a iremos levar, Harry Potter! Nosso Lorde diz que ainda não chegou sua vez de morrer...mas chegou a vez dela... - um dos Comensais falou, com sua voz fria, e já seguia em direção a Tatty.

- Por que a querem levar? Ela não fez nada a vocês!

- Mas sua família fez um grande mal a nosso Lorde! E ela vai pagar também! Para nossa profecia se concretizar, e a vingança de Voldemort terminar, ela deve morrer, assim como seu pai, sua mãe, e sua irmã!

- Não a vão levar! Eu não vou deixar que façam nenhum mal a ela! - Harry se colocou em frente a Tatyanna.

- Está me irritando, Potter! Impér...

- Pare agora mesmo! Avada Kevada! - um dos guardas, que havia estudado em soserina fez a magia.

O Comensal caiu duro, no chão. Harry sacou a varinha do bolso e começou a acertar um por um dos Comensais, com a ajuda dos guardas. Depois, saíram dali ventando, e foram direto para a carruagem, onde Draco e Gina já se encontravam. Os guardas avisaram Dumbledore do ocorrido, e ele suspendeu as idas a Hogsmead. Esse lugar havia deixado de ser seguro.

- Está tudo bem com vocês? - Gina estava preocupada. - Os Comensais fizeram alguma coisa?

- Não...ainda estamos inteiros.

- Eles vieram pegar você, Harry?

- Não...vieram pegar a Tatty.

- Ãh?! Não estou entendendo! O que...?

- Eu também não entendi. - Finalmente Malfoy falou alguma coisa, pois estava emburrado em um canto, por estar na mesma carruagem do garoto-cicatriz. - O que ela tem a ver com o nosso Lorde? Desculpe, Gina... - Gina o havia olhado com modo reprovador.

- Somente ela sabe, e não quer me contar... - disse Harry. Ele estava confuso. Estavam marcados para o mesmo destino: a morte. - Os Comensais falaram que os pais dela fizeram a Voldemort um mal muito grande, e por isso ela tem que morrer, para que a vingança dele se complete. E falaram de uma profecia...

- Eu não posso falar nada...por favor, não insistam! - Por mais que Tatyanna tentasse esconder o destino tenebroso que teria, ela sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria de contar seu mais profundo segredo a Harry. - Um dia, quem sabe, quando eu souber que nada mais há de se fazer para me salvar, eu conto...

- Por que você não quer me contar? - Harry preocupava-se com a amiga.

- No dia em que eu achar que estou preparada, eu lhe conto...mas vamos parar com isso! Eu estou cheia dessas perguntas! - Tatty falou, encerrando o assunto. Depois de algum tempo, Gina falou para Draco:

- Toma, Draco, seu casaco! Eu esqueci de devolvê-lo, depois dessa confusão toda!

- Não faz mal...

Chegaram a Hogwarts, cada um mergulhado em seus pensamentos. Mas Harry estava profundamente triste. Sua melhor amiga estava destinada a morrer! Não. Ele não iria deixar. Ele decidiu que sua missão, dali para frente, seria protegê-la. Porém não entendia toda essa raiva que Voldemort tinha pela família dela...aquilo estava muito estranho...queria esclarecer toda aquela história, mas percebia que Tatyanna fugia do assunto...parecia sofrer com tudo aquilo. Resolveu esquecer daquela história. Afinal, o baile de Inverno já estava próximo, e devia pensar em como iria convidar Tatyanna a esse baile, sabendo do estado em que se encontrava.

Tatyanna, depois de quase ter morrido, descobriu que chegava a hora de contar a sua profecia a Harry. Não queria envolvê-lo nessa história, e também não agüentava mais guardar aquele segredo a sete chaves. A única pessoa que sabia dele era Dombledore.

"Eu tenho que contar! Harry não merece o que vai ouvir de mim, mas eu vou contar! Só preciso de coragem! Desculpe, Harry, eu não queria te magoar, muito menos ter te enganado, mas eu tenho que te contar!" pensou Tatyanna, sentindo o peso na consciência.

Comentário da autora: Mistério...logo o segredo da brasileira será revelado...eu não sei se vocês irão gostar do segredo, mas, fiz o que pude! Comentem, por favor, e continuem lendo!

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