O flagra de Hermione



- Oi, Harry... – Tatty falou, tímida. – Desculpe não ter vindo antes...tive alguns acontecimentos que me impediram de chegar na hora certa. Você me perdoa?

- Posso até pensar no seu caso se você me disser o motivo do atraso. – Harry falou, num tom suave, brincando.

- Pelo jeito, você voltou do hospital igualzinho como era antes! Mas eu não vou mentir pra você sobre o motivo de meu atraso. É o seguinte... – ela ficou pálida e séria.

- O que foi? É muito sério esse motivo? Ficou pálida de repente...

- Vou lhe explicar somente o necessário. Queria lhe pedir um favor. Será que pode atendê-lo?

- Claro! Pode falar. Seu desejo é uma ordem!

- Me desculpe a grosseria, mas, brincadeira agora, não. O favor que quero lhe pedir é o seguinte: não me faça perguntas; apenas me escute. Se você não entender o motivo de tudo o que vou lhe contar, na hora que eu achar devida, lhe revelarei o porque de tudo isso...

- Você é mesmo misteriosa...

- Não mais do que você, Harry...mas eu me atrasei porque peguei no sono, e acabei sonhando com o bruxo que matou meus pais. E de alguma forma eu estou ligada a você, mas não gostaria de revelar agora isso tudo. É uma história muito longa...além de ser um segredo muito...digamos assim...pavoroso...que guardo.

- Tudo bem, eu respeito sua privacidade. Não farei perguntas. Mas vamos sair desse clima pesado. O que você está achando de Hogwarts?

- Estou aprendendo muito, e gostei bastante dos professores. A minha aula predileta é a de poções...é muito legal! Mas percebo que as pessoas daqui se afastam de mim. E sei exatamente por qual motivo.

- Claro que não se afastam. É impressão sua.

- Todos te veneram aqui, Harry. Por quê? Porque você é filho de bruxos de puro sangue, e muito famosos, por sinal. Quando minha mãe era viva... – ela parecia buscar lembranças lá do fundo da memória... – falava muito de seus pais. Mas meu caso é totalmente diferente do seu. Eu não nasci na Inglaterra, muito menos em berço de ouro. Eu nasci no Brasil, e de uma família de classe-média, e aqui, todos já sabem que sou brasileira, e me tratam friamente, só porque vim de um país subdesenvolvido...

- São uns preconceituosos, isso sim!

- Fiquei amiga de você, porque não se afastou de mim quando soube que eu era brasileira...Hermione é minha amiga, mas não sabe que vim do Brasil. Talvez seja por isso que continue minha amiga.

- Claro que não, ela não é preconceituosa...ela é uma pessoa sensata, e muito inteligente, e sabe perfeitamente que não há diferença nenhuma nas pessoas que nasceram em países ricos ou pobres...

- As únicas pessoas que são minhas amigas de verdade são você e a Mione. O resto das pessoas me olha de jeito frio. Mas eu gostaria de trocar de assunto. Ele me deprime muito.

- Tudo bem. O que você acha de a gente dançar um pouco?

- Mas você já está recuperado totalmente? Você devia descansar e...

- Que nada! Vem! A música é boa! E, inclusive, você está muito bonita.

- Ai. Não fala assim que eu fico toda envergonhada! Mas tudo bem. Eu danço com você.

A música era lenta e romântica. Eles dançavam juntinhos um do outro, e o mesmo calor gostoso que os dois haviam sentido no último encontro a sós tornou a ser sentido naquele momento...a cena do último encontro se repetiu...o beijo foi dado...os dois pareciam não saber que o mundo existia naquele momento...porém, as palmas de Hermione os fizeram voltar a si. Olharam para ela espantados...os olhos de Hermione afogueados de tanto ódio...

- Parabéns! Aplausos para vocês! Conseguiram me enganar direitinho!

- Pera aí, Mione... – Tatty se sentia muito mal.

- Mione, não, entendeu? Você, sua brasileirinha nojenta, me traiu! Não tem o direito de me chamar assim!

- Antes que você seja mais ignorante do que já está sendo, eu vou embora! Eu sabia que você, quando descobrisse que eu era brasileira, iria me tratar desse jeito.– Tatty seguiu em direção à porta, mas Hermione a segurou. – Dá pra fazer o favor de me soltar?

- Não vai querer me convencer de que está certa, vai? Brasileirinha falsa...

- Você é mesmo uma preconceituosa, Hermione... – Harry estava começando a ficar irritado... – Até entendo seu sofrimento, inclusive, me perdoe...mas você já está extrapolando, ofendendo Tatyanna dessa maneira. Você sabe muito bem que não há diferença entre as pessoas, não sabe, Hermione?

- Quem dera ela fosse diferente daquelas pessoas que habitam aquele país imundo!

- Agora chega, Hermione Granger! Você foi longe demais! Foi realmente um erro eu ter me tornado sua amiga! Eu entendo que errei, você tem todo o direito de ficar brava comigo. Mas eu não vou ouvir tudo e ficar calada, você me ouviu? Antes de ofender minha pátria, pense duas vezes, entendeu?

- Ai, que medo! – Hermione foi altamente sarcástica. – Ora, você pensa que é quem pra me ameaçar?

- Um dia você saberá quem eu sou, mas eu sei que você vai se arrepender de ter me ofendido dessa maneira! Irá me pedir desculpas, mas não as aceitarei! Só porque estudas aqui à três anos pensas que é melhor do que eu? Engana-se. Mas agora chega! Eu vou embora, e nem pense em interceptar minha passagem, porque aí, eu solto o verbo!

- Já vai tarde, traidora!

Tatty saiu do quarto com raiva, mas a raiva acabou se transformando em tristeza e ela começou a chorar, seguindo em direção ao seu dormitório.


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