O Segredo de Hermione



Olá pessoas. Desculpem a demora. Até pensei em postar separado as duas primeiras partes do cap, mas senti que devia terminar LHP3 sem terminar (a partir do quarto livro vou passar a dividir alguns capítulos). Demorei porque, honestamente, detesto esse capítulo. Acho que ele o capítulo que mais odeio em todos os livros, acho ele muito viajado e enrolado. Então, estava super desmotivada para fazer esse.


Enfim, como tá as férias de vocês? Aproveitando bastante?
Izabella Bella Black~~> Obrigada. Aquele capítulo é chatinho mesmo, mas acho esse muito pior. Detesto esse do fundo do meu coração. Eu acho melhor dividir em dois mesmo, agora não vão ser todos. Obrigada pelo comentário. Beijos!




Capítulo 21 - O segredo de Hermione




— Uma história chocante...


- A história da sua vida? – questionou Frank – Também acho.


Harry balançou a cabeça.


Chocante...


- Você já disse – Alex revirou os olhos.


Milagre que ninguém tenha morrido...


- Não fale de mortes, por favor – Lily pediu.


Nunca ouvi nada igual...


- Igual a quê? – Lene perguntou impaciente.


Pelo trovão, foi uma sorte você estar lá, Snape...


- Tá, agora já sei que tem algo de errado – Sirius falou.


Snape se virou ofendido para ele.


- Eu estava lá para ajudar Potter! – Pelo menos, ele esperava que sim.


Sirius sorriu sarcástico.


- Claro que você não queria se vingar de mim – zombou.


— Muito obrigado, ministro.


- Não acredito que esse idiota voltou – Lyssi revirou os olhos.


- Tem algum adulto responsável em Hogwarts? Fora Remus, claro – Lily perguntou indignada.


- E eu? – reclamou Sirius.


- Você e Snape estão agindo mais como crianças – ela reclamou.


Snape sentiu-se mal de ser repreendido por Lily.


— Ordem de Merlim, Segunda Classe, eu diria. Primeira Classe, se eu puder convencê-los.


- Para quem? – disse James com as sobrancelhas levantadas.


- Você vai ver – Harry deu de ombros.


— Muito obrigado mesmo, ministro.


- Não vá aumentar o ego desse inútil – murmurou Jorge.


— Que corte feio você tem aí... Obra do Black, suponho?


- Sempre pensam o pior de mim – reclamou Sirius.


- Você é um foragido, Sirius – o irmão apontou, revirando os olhos.


- Verdade, Regulus – Sirius disse emburrado.


— Na realidade, foram Potter, Weasley e Granger,


- Mais conhecidos como Trio de Ouro – murmurou Gina.


- Esse apelido é ridículo – murmurou Rony, embora ele gostasse dele no fundo.


ministro...


- Não precisa repetir o titulo dele em dois e dois segundos – Lene reclamou.


Black havia enfeitiçado os garotos, vi imediatamente.


- Você viu isso, mas eu nem senti o feitiço – falou Harry irônico.


Um feitiço Confundus, a julgar pelo comportamento deles.


- Meu comportamento estava perfeitamente normal – protestou Hermione.


Pareciam acreditar que havia possibilidade de o homem ser inocente.


- Porque é a verdade.


- Se você ao menos tivesse ouvido... – Harry começou a falar, mas se interrompeu. Não podia pensar assim.


- Black nunca me fez nada para me convencer que não era assim – Snape deu de ombros.


Não foram responsáveis por seus atos.


- Pelo menos você não está colocando a culpa neles – disse Alice.


Lily sorriu. Era bom saber que Snape era uma pessoa boa ainda, mesmo que não quisesse demonstrar.


Por outro lado, a interferência deles talvez tivesse permitido a Black fugir...


- Esquece. Falei cedo demais – falou Alice irritada. Isso que dava acreditar na bondade das pessoas.


O próprio Snape não acreditava que ele tinha falado isso. Ele tinha passado dos limites.


Os garotos obviamente pensaram que iam capturá-lo sozinhos.


- Não somos arrogantes – disse Rony, embora ele tivesse que admitir que eles tentariam, se Sirius realmente fosse culpado. Mas eles não teriam escolha.


Têm-se livrado de muitas situações de perigo até agora...


- Isso é um eufemismo – murmurou Frank.


Receio que isso os tenha feito se acharem superiores...


- Nós sabemos que não somos superiores a ninguém – murmurou Harry, indignado.


E, naturalmente, Potter sempre recebeu uma extraordinária indulgência do diretor...


Harry corou. Ele tinha que admitir que Dumbledore sempre o tratou de modo diferente, embora nem sempre intervisse por Harry (os Dursleys eram uma boa prova disso).


— Ah, bom, Snape... Harry Potter, sabe... Todos somos um pouco cegos quando se trata dele.


- Bem que eu gostaria – murmurou Harry. Pelo menos o deixariam em paz, algo que o mundo mágico não parecia ser capaz de fazer.


— Contudo... Será que é bom para ele receber tanto tratamento especial?


- Eu não recebo tratamento especial – Harry falou.


Rony o olhou incrédulo, mas não falou nada.


Por mim, procuro tratá-lo como qualquer outro aluno.


- Acho que não é exatamente isso que você faz – comentou Hermione. Snape tratava Harry como seu pesadelo pessoal. Não havia nada de comum nisso.


- Eu posso exagerar no meu tratamento a Harry – concedeu Snape, de mal grado. Ele sabia bem as razões que causavam esse tratamento. Lily trocou olhares com ele, mas rapidamente olhou para outro lugar.


E qualquer outro aluno seria suspenso, no mínimo, por colocar seus amigos em situação tão perigosa.


- Talvez com outro diretor, mas não com Dumbledore – murmurou Regulus. Dumbledore era muito compreensivo com os estudantes.


Considere, ministro: contrariando todas as regras da escola...


- Não foram todas – Harry reclamou – Eu não quebrei todas as regras de Filch. Eu não conseguiria nem se tentasse.


- Claro que conseguiria! – retrucou James, aparentemente achando um novo objetivo de vida – Eu vou te ajudar...


Gina observou divertida enquanto James dava instrução para Harry quebrar as regras da escola. James não era exatamente um bom modelo de pai, mas ninguém se importava.


Depois de todas as precauções que tomamos para sua proteção...


- Para proteção de todos – corrigiu Neville, sabendo como isso faria o amigo se sentir. Harry sorriu grato para ele.


Fora dos limites da escola, à noite, em companhia de um lobisomem e de um assassino...


- Eu tive minhas razões – retrucou Harry.


E tenho razões para acreditar que ele andou visitando Hogsmeade ilegalmente, também...


- Você tem algo para fazer da vida? – questionou Dorcas – Ou você só fica observando Harry mesmo.


Snape deu de ombros. Não sabia por que se interessava tanto pela vida de Potter. Não fazia sentido.


— Bem, bem... Veremos, Snape, veremos... O garoto sem dúvida foi tolo...


- Não acredito que você me chamou de tolo – falou Harry, ofendido.


Mas Regulus tinha que concordar que Harry parecia tolo do ponto de vista do ministro. Não que ele estivesse certo, claro.


Harry estava deitado com os olhos bem fechados. Sentia-se muito tonto.


- Achei que você estivesse melhor – murmurou Lene, preocupada.


- Onde você está exatamente? – perguntou Lily, nervosa.


- Na enfermaria – ele a tranquilizou.


As palavras que ouvia pareciam viajar muito lentamente dos ouvidos para o cérebro,


- Sempre disse que você era lerdo.


- Cala a boca, Rony.


por isso estava difícil compreender. Suas pernas e braços pareciam feitos de chumbo; as pálpebras demasiado pesadas para abri-las...


Hermione estremeceu. Parecia muito com a descrição do que ela se lembrava de ter sentido quando estava em coma.


Ele queria ficar deitado ali, naquela cama confortável, para sempre...


- Você devia fazer isso – disse Lily. Por que era sempre Harry que tinha que fazer alguma coisa?


— O que mais me surpreende é o comportamento dos dementadores...


- De quem era aquele patrono? – perguntou Frank, curioso.


Você realmente não tem ideia do que os fez se retirar, Snape?


- Vocês sabem que só tem uma coisa que pode fazê-los se retirarem – Alex revirou os olhos.


— Não, ministro... Quando recuperei os sentidos eles estavam voltando aos seus postos na entrada...


Lily mordeu os lábios, nervoso. Não estava gostando nada disso.


— Extraordinário. E, no entanto, Black, Harry e a garota...


- É só isso que você tem a dizer? - Remus estava incrédulo. Ele não ia fazer nenhuma tentativa do que aconteceu com os dementadores que estavam sobre o comando dele?


- Já foi muito – disse Rony, dando de ombros.


— Todos inconscientes quando cheguei.


- Isso foi verdade, pelo menos – murmurou Hermione.


Amarrei e amordacei Black, naturalmente,


- Naturalmente nada. Você só conseguiu fazer isso porque eu estava inconsciente – murmurou Sirius.


Snape não se deu ao trabalho de responder.


conjurei macas e os trouxe diretamente para o castelo.


- E agora quer uma Ordem de Merlim por isso.


Houve uma pausa. O cérebro de Harry parecia estar trabalhando um pouco mais rápido


- Você está ficando melhor – disse Gina aliviada. Sabia que Harry estava bem, mas não podia deixar de se preocupar.


e, quando isso aconteceu, surgiu uma sensação desagradável na boca do seu estômago...


- Não me diga que você vai vomitar – disse Alice com nojo. Já era horrível ver, não precisa ouvir sobre isso também.


O garoto abriu os olhos.


- Agora eles vão saber que você acordou – reclamou Neville. Ele estava curioso para ouvir o que mais eles diriam.


Harry deu de ombros.


Tudo estava levemente embaçado.


- Achei que você estivesse normal – comentou Sirius.


- Quase – replicou Harry.


Alguém tirara seus óculos.


- Ou você perdeu – sugeriu James. Ele mesmo tinha perdido mais de um óculos, para o desgosto da sua mãe.


Ele estava deitado na escura ala hospitalar.


- Nada como voltar para casa – brincou Harry. Ele realmente já estava acostumado a acordar lá.


James e Lily trocaram olhares. Eles tinham noções bem diferentes do que seria casa para Harry.


Em um extremo da enfermaria, avistou Madame Pomfrey


- A melhor enfermeira do mundo – elogiou Harry. Adorava a mulher por tudo que ela já tinha feito para ele; ela era uma excelente profissional.


de costas para ele, curvada sobre um leito. Harry apertou os olhos. Os cabelos ruivos de Rony estavam visíveis por baixo do braço de Madame Pomfrey.


- As vantagens de ser ruivo: seu cabelo se destaca em qualquer lugar – ironizou Rony.


- É ótimo mesmo – defendeu Gina. Ela estava muito feliz com o seu cabelo.


Lily fez uma careta, lembrando-se de todos os apelidos e comentários que Petúnia já fizera sobre o seu cabelo.


Harry virou a cabeça no travesseiro. Na cama à sua direita estava Hermione.


- Os três amigos juntos. Não tinha um lugar melhor para se encontrar não? – perguntou Lene.


- Os outros lugares já estavam ocupados – brincou Rony.


O luar banhava a cama. Os olhos dela também estavam abertos.


- Você demorou a acordar – disse Hermione.


- Bem, você desmaiou primeiro.


Parecia petrificada


- Desculpe – falou Harry, ao olhar a cara de Hermione. Sabia que a tinha feito lembrar-se do segundo ano.


- Está tudo bem – ela assegurou.


e, quando viu que Harry estava acordado, levou o dedo aos lábios e apontou para a porta da enfermaria.


- Espero que seja os amigos de vocês indo visitar e não mais problemas – disse Lily.


- Não exatamente – falou Hermione.


Claro que não. Era esperar demais. Lily concluiu.


Estava entreaberta, e entravam por ela as vozes de Cornélio Fudge e Snape, vindas do corredor.


- Então parece que iremos ouvir o que eles falarão, afinal – falou Neville.


Madame Pomfrey agora vinha andando com passos enérgicos pela enfermaria escura até a cama de Harry. O garoto se virou para olhá-la.


- Não se esforce tanto!


- Não exagera, mãe.


- Desculpe.


A enfermeira trazia a maior barra de chocolate que ele já vira na vida.


Remus começou a babar pelo chocolate. Por que ele não tinha um desses?


- Remus vai para enfermaria mais vezes agora – brincou James – Esperando que seja tratado assim.


Parecia um pedregulho.


- Não trate chocolate assim!


— Ah, você acordou! — disse ela com animação.


- Ela estava me esperando para conversar – brincou Harry. Mas sabia que Pomfrey se importava muito com ele e estava aliviada de vê-lo acordado.


Pousou o chocolate na mesa-de-cabeceira de Harry


Remus olhou para Harry invejoso.


- Calma, cara, eu compro um para você – Harry levantou as mãos, se rendendo.


Remus sorriu satisfeito.


e começou a parti-lo em pedaços com um martelinho.


Remus fez uma careta. O chocolate não merecia ser tratado assim.


— Como está o Rony?


- Bom saber que se lembraram de mim.


- Nunca esquecemos.


— perguntaram Harry e Hermione, juntos.


- Ei, falar juntos é coisa nossa – falaram Fred e Jorge ofendidos. Essas crianças de hoje em dia.


— Vai sobreviver — respondeu Madame Pomfrey de cara feia.


- O que eu fiz para ela? – perguntou Rony.


- Deu mais trabalho.


- Mas Harry faz isso o tempo todo.


- Bem, então ela podia estar preocupada com você – sugeriu Gina.


— Quanto a vocês dois... Vão continuar aqui até eu me convencer que...


- Estamos saudáveis o suficiente para sair – sugeriu Harry – Ou seja, nunca.


Potter o que é que você acha que está fazendo?


- Tentando escapar antes que seja tarde demais – falou Harry dramaticamente.


O garoto estava se sentando, colocando os óculos e apanhando a varinha.


- Você está se arrumando para sair – afirmou Lily, de braços cruzados.


- Sim.


- Mas...


- Eu precisava fazer isso. E eu estou feliz que eu fiz – murmurou Harry.


— Preciso ver o diretor — disse.


Não que Dumbledore tenha sido extremamente útil, pensou Harry.


— Potter — disse Madame Pomfrey, acalmando-o — está tudo bem.


Nunca está tudo bem na vida de Harry, pensou Regulus.


Apanharam Black.


Regulus sorriu ironicamente. Sempre pensou que se alguém dissesse essa frase estaria falando sobre ele.


Ele está trancado lá em cima.


Lene xingou baixinho. Não tinha pensando antes que eles provavelmente encontraram Sirius também quando acharam Harry.


James suspirou aliviado. Era horrível saber que o amigo estava preso de novo, mas era melhor do que achar que ele estava morto.


- Não é que conseguiriam me trancar? – Sirius sorriu friamente.


Os dementadores vão-lhe dar o beijo a qualquer momento...


Diversas reclamações surgiram ao redor da sala. Não podiam fazer isso. Sirius não merecia o beijo.


Sirius fechou os olhos. Parece que ele encontrara seu fim. E não seria nada bonito. Só esperava se lembrar dos amigos e Lene nos seus últimos segundos.


- O crime dele não justifica o beijo! – Reclamou Frank, que tinha estudado um pouco das leis mágicas por curiosidade. O tratamento dado a Sirius estava todo errado.


— O QUÊ?


- Entendo por que você não acredita no que ouviu – resmungou Alex.


Harry saltou da cama; Hermione fizera o mesmo.


- Não podíamos ficar parados e deixar isso acontecer a Sirius – falou Hermione.


- Mas como vocês conseguiriam impedir? - Perguntou Neville, interessado. Sabia que nada era impossível para o trio, mas...


- Vocês vão ver – Hermione deu um sorriso travesso.


- Então vocês conseguiriam parar? – Perguntou Dorcas aliviada.


Sirius sorriu levemente. Era bom saber que Harry e Hermione o tinham ajudado a escapar do beijo, mesmo que ele ainda fosse para a prisão.


Mas o seu grito fora ouvido no corredor lá fora;


- Eu te disse que seu grito é alto – murmurou Fred, num tom de eu venci.


Harry balançou a cabeça.


no segundo seguinte, Cornélio Fudge e Snape entraram na enfermaria.


Não sei quem é mais idiota, pensou James, mas para evitar problemas com Lily ficou quieto.


— Harry, Harry que foi que houve? — perguntou Fudge,


- Eu não sei por que você me pergunta qualquer coisa, não é como se você fosse ouvir – Harry resmungou.


Gina e Hermione trocaram olhares.


parecendo agitado. — Você devia estar na cama,


- Todo mundo vive me dizendo isso – reclamou Hary – É um saco.


- Talvez seja porque você viva na enfermaria – rebateu Lily – Você tem que ouvir os outros também, Harry Potter.


Harry sorriu levemente, apesar da bronca da mãe. Ainda achava fantástico saber como era a sensação de ter sua mãe brigando com ele.


ele já comeu o chocolate? — perguntou, ansioso, o ministro a Madame Pomfrey.


- Não é como se eu pudesse ouvir mesmo, sabe – ironizou Harry – Eu só estava do lado dele.


— Ministro, ouça! — pediu Harry.


- Não vai adiantar – murmurou Gina.


- Agora eu sei disso.


— Sirius Black é inocente!


- Desses crimes, não de outras coisas – repetiu James.


Peter Pettigrew fingiu a própria morte!


- Talvez você devesse ter explicado desde o começo – falou Lene, preocupada. Sabia como isso soaria.


Nós o vimos hoje à noite.


- Ainda não acredito que aquele rato fugiu de novo – murmurou Alice. Mesmo que fosse uma pessoa doce, não podia gostar de Peter depois do que ele fizera.


O senhor não pode deixar os dementadores fazerem aquilo com Sirius,


- Eu sou muito bonito para virar um dementador – afirmou Sirius rindo, mas Lene conseguiu ver o medo nos olhos dele.


ele...


- Talvez você devesse falar mais de fatos – sugeriu Regulus.


Mas Fudge estava sacudindo a cabeça com um sorrisinho no rosto.


- Ele não está escutando nada do que você fala – murmurou Lily, preocupada.


— Harry, Harry você está muito confuso,


- Nunca estive menos confuso – rebateu Harry irritado. As pessoas sempre assumiam como ele se sentia ou devia sentir.


passou por uma provação terrível,


- Mais do que qualquer uma que você passou, com certeza – murmurou Lyssi.


deite-se, agora, temos tudo sob controle...


- O Ministério com o controle de algo? – Jorge soltou uma risada de deboche. Eles não estavam fazendo nada para ajudar na guerra, só atrapalhar.


— O SENHOR NÃO TEM, NÃO! — berrou Harry.


- Muito bem, Harry, diga o que todos sabemos – falou Neville.


- E Harry começou a perder a calma.


Harry deu de ombros. Não ia se desculpar; era uma questão de vida ou morte.


— O SENHOR PEGOU O HOMEM ERRADO!


- Pela segunda vez – acrescentou Rony.


- Não acho que isso irá convencer o ministro a ouvir – falou Josh.


— Ministro, por favor, ouça — disse Hermione; ela correra para o lado de Harry e olhava, suplicante, o rosto de Fudge.


- Eu tinha que tentar.


- Obrigado, Hermione – falou Sirius, sorrindo genuinamente para a menina.


— Eu também o vi.


- Melhor que uma pessoa só – murmurou Dorcas. Mas sabia que não seria o suficiente.


Era o rato de Rony,


- E agora ele irá parar de considerar totalmente o que você está falando – murmurou Lene, agitada.


ele é um Animago.


- Não sei por que as pessoas esquecem que existem animagos – falou Hermione, curiosa.


Rony deu de ombros.


- Eles são raros.


O Pettigrew, quero dizer e...


— O senhor está vendo, ministro — disse Snape. — Confusos, os dois...


Lily encarou Snape, tentando determinar se ele estava tentando ajudar os dois ou se livrar mais rapidamente de Sirius. Ela realmente esperava que fosse o primeiro caso.


Black fez um bom serviço...


- Admitindo que eu fiz algo bom, Snape?


- Não. Você não fez nada. Devia ter até desconfiado, Black.


— NÃO ESTAMOS CONFUSOS! — berrou Harry.


- Gritar talvez não seja o melhor jeito de anunciar o seu ponto – disse Gina.


— Ministro! Professor! — disse Madame Pomfrey aborrecida. — Devo insistir que os senhores saiam.


- Vocês só estão atrapalhando mesmo.


Potter é meu paciente e não deve ser angustiado!


- É por isso que eu amo essa mulher – falou Lily – Ela faz com que até o ministro saia se isso estiver atrapalhando o seu trabalho.


— Não estou angustiado,


- Bem, eu estava – admitiu Harry – Mas principalmente nervoso.


estou tentando contar o que aconteceu! — disse Harry furioso.


- Essa é uma visão que dá medo – comentou Fred, sorrindo.


— Se eles ao menos me escutassem...


- Ninguém nunca me escuta quando é algo importante – falou Harry – Agora tudo que eu faço sai no profeta.


- Acho que o Ministro não quis admitir ouvir a história de uma criança sobre a inocência de um dos mais famosos prisioneiros da história bruxa – falou Lyssi.


Mas Madame Pomfrey, de repente, meteu um pedaço de chocolate na boca de Harry;


- Não sei do que você está reclamando – falou Remus.


- Ele precisa de tratamento – sussurrou Dorcas para Lene, que riu.


ele se engasgou, e a enfermeira aproveitou a oportunidade para forçá-lo a voltar para a cama.


- Pomfrey joga sujo – reclamou Harry.


- Ela que devia estar reclamando. Ela tem muito mais trabalho por sua causa – falou Lily.


— Agora, por favor, ministro, essas crianças precisam de cuidados médicos.


- Não acho que ele entenda o que é isso.


Por favor, saiam...


- Acho que já ficou claro que ele não tem escolha.


A porta tornou a se abrir.


- Eu acho que hoje foi um dia para todos se reunirem, só pode – murmurou Alice.


Era Dumbledore.


Regulus fez uma careta.


- Eu espero que ele pelo menos ouça o que vocês têm a dizer – disse Lily, esperançosa. Dumbledore era um sábio e influente homem, talvez eles conseguissem salvar Sirius com a ajuda dele.


Harry engoliu o bocado de chocolate com grande dificuldade


Gina fez uma careta.


e se levantou outra vez.


- Você realmente não consegue ficar quieto! – Josh murmurou impaciente.


— Prof. Dumbledore, Sirius Black...


— Pelo amor de Deus!


- Eu sei que eu sou perfeito, mas não precisa reagir assim quando ouvir o meu nome – murmurou Sirius.


— exclamou Madame Pomfrey, histérica.


- Vocês estão enlouquecendo a pobre mulher – disse Lene.


— Isto é ou não é uma ala hospitalar?


- No momento, está mais para não – comentou Neville.


Diretor, eu devo insistir...


- Que os pacientes possam respirar por um segundo – completou Liy irritada. Harry, Rony e Hermione mereciam o descanso. Deviam contar a Dumbledore o que aconteceu e voltarem a dormir, enquanto o diretor cuidava disso.


— Eu peço desculpas,


- Um mínimo de educação.


Papoula, mas preciso dar uma palavra com o Sr. Potter e a Srta. Granger


- Espero que ele escute o que vocês têm a dizer sobre Sirius – murmurou Neville, esperançoso.


— disse Dumbledore calmamente. — Acabei de falar com Sirius Black...


- É bom saber que você foi conversar comigo, diretor – falou Sirius. Pelo menos, teria algo para lembrar quando os dementadores estivessem perto. Uma última tentativa de esperança.


— Suponho que ele tenha lhe narrado o mesmo conto de fadas que implantou na mente de Potter?


- Não é um conto de fadas e você sabe muito bem disso – Sirius falou. Snape deu de ombros.


— bufou Snape. — A história de um rato e de Pettigrew ter sobrevivido...


- São as mesmas e de fato fazem sentido – falou Fred.


— Esta, de fato, é a história de Black — disse Dumbledore, examinando Snape atentamente através dos seus óculos de meia-lua.


Harry pensou que ele devia estar lendo ou tentando ler a mente de Snape. Não que Snape fosse um adversário fácil.


— E o meu testemunho não vale nada? — rosnou Snape.


- Não quando o destino da vida de um homem está em jogo. Ele deve ter a chance de se explicar, pelo menos – falou Lily fortemente.


Snape chegou à conclusão que o seu eu futuro acreditava que Sirius era mesmo um assassino e estava determinado ao não deixa-lo escapar de novo.


— Peter Pettigrew não estava na Casa dos Gritos,


- Que você tenha visto – falou Rony.


nem vi qualquer sinal dele nos terrenos da escola.


- Porque Hogwarts é um colégio realmente pequeno – ironizou Lene.


— Isto foi porque o senhor foi nocauteado, professor!


- Snape não vai gostar nada disso – previu Dorcas.


— disse Hermione com convicção. — O senhor não chegou em tempo de ouvir...


- Não fale assim na frente do ministro – falou James, divertido.


— Srta. Granger, CALE A BOCA!


- Você não tem o direito de dizer isso – Rony defendeu a namorada.


- Eu estava estressado.


— Ora, Snape — disse Fudge, espantado


- Nunca deve ter imaginado que um professor pudesse tratar uma aluna assim – disse James com desprezo.


- Porque você sabe tudo sobre tratamento adequados, não Potter? – zombou Snape.


— a mocinha está perturbada,


- Eu não estou perturbada – Hermione se defendeu.


precisamos dar o devido desconto...


- Do mesmo jeito que eu dou um desconto para você por... bem, ser você? – sugeriu Fred. Os outros riram.


— Eu gostaria de falar com Harry e Hermione a sós — disse Dumbledore bruscamente.


Regulus revirou os olhos. Dumbledore estava muito acostumado a dar ordens.


— Cornélio, Severo, Papoula – por favor, nos deixem.


- Acho engraçado quando a pessoa pede por favor, mas você é obrigado a fazer isso de qualquer jeito mesmo – murmurou Frank.


— Diretor! — repetiu Madame Pomfrey com veemência.


Lily sorriu. Ela tinha que se lembrar de um dia fazer algo para a enfermeira, nunca seria capaz de retribuir tudo que ela fez por Harry, mas devia tentar algo.


— Eles precisam de tratamento,


- Estávamos bem – protestou Hermione.


Snape revirou os olhos. Da última vez que tinha checado, Granger não tinha diploma na área de medi bruxaria.


eles precisam de descanso...


- Descanso – Harry repetiu a palavra em tom zombador. Nunca tivera descanso na vida inteira.


— Isto não pode esperar — disse Dumbledore. — Devo insistir.


Lene suspirou aliviada. Sabia que era sobre Sirius então e acreditava que Dumbledore realmente seria capaz de ajudar o Black.


Madame Pomfrey mordeu os lábios e saiu em direção à sua sala, na extremidade da enfermaria, batendo a porta ao passar.


- Ela me lembra Lily – comentou Sirius.


- O que você quis dizer?


Mas Sirius se recusou a responder, deixando Lily mais irritada ainda.


Fudge consultou o grande relógio de ouro


- Desnecessário.


que trazia pendurado no colete.


- Está implorando para ser roubado – murmurou Frank.


— A esta hora os dementadores já devem ter chegado — disse.


- Será que dementadores são pontuais? – questionou Dorcas. Todos a ignoraram.


— Vou ao encontro deles.


- Já está indo tarde.


Dumbledore, vejo você lá em cima.


- Isso não soou amigável.


O ministro se dirigiu à porta e a segurou aberta para Snape passar,


- Que gesto cavalheiro – murmurou Lene.


- Algumas pessoas tem educação – Snape rebateu, seu temperamento finalmente se manifestando.


mas o professor não se mexeu.


Sirius revirou os olhos. Claro que Snape ficaria parado no lugar quando ele precisasse sair.


— O senhor certamente não acredita em uma palavra da história de Black?


- Você devia acreditar também – falou Lily, suavemente. Snape a encarou e os dois tiveram uma conversa silenciosa sobre todos os anos que Potter e Black implicaram com Severus. Lily então assentiu, derrotada. Era esperar demais que o amigo visse Sirius como mais do que o menino idiota que ele foi.


— sussurrou Snape, os olhos fixos no rosto de Dumbledore.


- Não sei por que você ainda está perguntando isso – falou Frank – É claro que ele acredita ou então não mandaria todos os outros saírem.


— Eu gostaria de falar com Harry e Hermione a sós — repetiu Dumbledore.


Uma pena que nem sempre a gente tem tudo o que quer, pensou Snape acidamente.


- E eu acho que isso deixou claro o que diretor pensa – disse Rony, vitorioso.


Snape deu um passo em direção ao diretor.


- Severus...


- Está tudo bem, Lily.


James olhou a conversa dos dois, incomodado. Não gostava de Lily falando com Snape.


— Sirius Black demonstrou que era capaz de matar com a idade de dezesseis anos.


Sirius empalideceu, enquanto as memórias daquele dia voltavam a sua mente. Ele tinha sido tão estúpido, tão fora de controle...


Remus e James também assumiram expressões culpadas. Eles tinham sido responsáveis por tudo que acontecera também.


- O que aconteceu? – Perguntou Lene, tentando não tirar conclusões precipitadas. Mas as palavras a estavam afetando.


Snape sorriu maldosamente. Queria ver o que Black diria.


- Foi um acidente...


Snape o lançou um olhar incrédulo.


- Eu não queria machucar ninguém. Não de verdade. Eu não estava pensando – sussurrou Sirius.


Regulus assistiu o irmão com uma expressão distante. Estava curioso para saber o que acontecera, mas não tinha certeza se iria querer saber depois. Queria dizer a Sirius que estava tudo bem, porém não podia dizer isso sem saber o que irmão fez. Preferiu não fazer nada.


- Okay, se falarmos sobre isso agora nunca iremos terminar a leitura – interrompeu Harry – O importante é saber que ninguém se machucou no final.


Lene suspirou mais aliviada.


- Você está certo – falou James, querendo evitar o assunto o máximo o possível.


Todos ainda encaravam Sirius quando a leitura começou novamente.


O senhor se esqueceu disto, diretor?


Snape quase riu. Como pudera ser tão estúpido? Dumbledore nunca fizera nada, se limitara a dar detenções e sorrir para os quatro.


O senhor se esqueceu que no passado ele tentou me matar?


Lily olhou preocupada para Severus, mas esse estava muito concentrado olhando um ponto vazio para olhá-la.


James sentiu um aperto no peito ao ver a cena.


Os outros decidiram não falar nada até saber mais da história. Estava tudo muito mal explicado ainda.


— Minha memória continua boa como sempre, Severo — disse Dumbledore, em voz baixa.


- O que é algo incrível, considerando a idade de Dumbledore – falou Gina.


Snape girou nos calcanhares e saiu decidido pela porta que Fudge ainda segurava aberta.


- Não acredito que ele ficou lá esse tempo todo – Jorge teve que rir da imagem mental ridícula que foi formada.


A porta se fechou à passagem dos dois


- Espero que não chegue mais ninguém – murmurou Lene.


e o diretor se virou para Harry e Hermione. Os dois desataram a falar ao mesmo tempo.


- Nem acredito que vocês conseguiriam se segurar esse tempo todo – falou Rony, divertido.


- Ninguém vai entender nada do que vocês disserem – comentou Lene.


— Professor, Black está dizendo a verdade, nós vimos Pettigrew...


Alguém que eu nunca esquecerei, pensou Harry.


— Ele fugiu quando o Prof. Lupin virou lobisomem...


- Vocês não são os melhores de guardarem segredos – comentou Remus, levemente irritado.


- Dumbledore já sabia.


- Ainda bem.


— Ele é um rato...


- Não só na forma animaga – murmurou Lene.


— A pata dianteira de Pettigrew, quero dizer, o dedo, ele cortou fora...


Dorcas estremeceu. Não podia nem imaginar a dor do ato.


— Pettigrew atacou Rony, não foi Sirius...


- Claro que não fui eu– resmungou Sirius.


Mas Dumbledore ergueu a mão para interromper o dilúvio de explicações.


- Ainda bem, porque até eu estava ficando confuso com essas informações – disse Neville.


— É a vez de vocês ouvirem,


- Sempre ouvimos.


- Sei.


e peço que não me interrompam, porque o tempo é muito curto — disse Dumbledore em voz baixa.


- Agora ficou importante.


— Não existe a mínima evidência para sustentar a história de Black,


Sirius fechou os olhos. Então Dumbledore tinha desistido dele também? Magnífico.


exceto a palavra de vocês... E a palavra de dois bruxos de treze anos não irá convencer ninguém.


- Talvez convencesse – falou Hermione pensativa. Sabia da influência que o amigo tinha, mesmo que ele preferisse a ignorar. Será que teria sido o suficiente?


Uma rua cheia de testemunhas jurou que viu Sirius matar Pettigrew.


- Uma rua cheia de trouxas – corrigiu Harry.


Eu mesmo prestei depoimento ao ministério que Sirius era o fiel do segredo dos Potter.


Harry se perguntou se Dumbledore realmente não soubera que Sirius era o fiel do segredo. Algo sempre parecera estranho nisso.


— O Prof. Lupin pode lhe contar... — falou Harry, incapaz de se refrear.


- Você pegou isso do seu pai – disse Lily.


- Não, da sua mãe – James retrucou.


Os dois começaram a discutir.


- Você pegou dos dois - Sirius sussurrou para Harry. O Potter riu.


— O Prof. Lupin no momento está embrenhado na floresta, incapaz de contar o que quer que seja a alguém.


Remus sentiu-se culpado. Ele não podia nem provar que seu melhor amigo era inocente graças a seu problema peludo.


Quando voltar à forma humana, será tarde demais, Sirius estará mais do que morto.


Sirius deu um sorriso triste. Não teria nem a dignidade de morrer.


E eu poderia acrescentar que a maioria do nosso povo desconfia tanto de lobisomens que o apoio dele contará muito pouco...


Remus destetou ser o que era mais que tudo naquele momento.


- Ei, não é sua culpa – disse Sirius, adivinhando o que amigo estava pensando – Eu nunca deveria ter ido atrás de Peter naquela noite. O erro foi meu.


Remus somente balançou a cabeça. Isso não afastava a culpa que sentia.


E o fato de que ele e Sirius são velhos amigos...


- Mais que amigos... – falou Remus.


-... Irmãos – concordou Sirius. Não sabia o que faria sem Remus e James na vida.


— Mas...


— Ouça, Harry.


- Você está pedindo demais – brincou Regulus.


Harry bateu de leve no ombro dele.


É tarde demais,


- Nunca é tarde demais – falou Lily firmemente. Era um lema que acreditava.


você entende? Você precisa admitir que a versão do Prof. Snape sobre os acontecimentos é muito mais convincente do que a sua.


- É triste como a verdade nem sempre é convincente – murmurou Frank.


— Ele odeia Sirius — disse Hermione, desesperada.


- Não foi difícil chegar nessa conclusão.


— Tudo por causa de uma peça idiota que Sirius pregou nele...


- Não foi uma peça idiota – disse Snape.


— Sirius não agiu como um homem inocente.


- Você sempre foi um inconsequente – James o acusou.


Sirius se irritou. Claro, ele podia ter agido diferente. Mas não era culpa dele se o sistema judicial do mundo bruxo era uma porcaria.


O ataque à Mulher Gorda... A entrada na Torre da Grifinória com uma faca...


Sirius olhou para baixo envergonhado. Estava com vergonha de admitir que fizera todas essas coisas.


Sem Pettigrew, vivo ou morto, não temos chance de derrubar a sentença de Sirius.


Lene olhou para preocupada para Sirius. Se até Dumbledore admitia que eles não tinham chances, as coisas estavam bem ruins.


— Mas o senhor acredita em nós.


- Ele nunca disse isso – comentou Dorcas, recebendo um olhar assassino de Lene de volta.


— Acredito — respondeu Dumbledore em voz baixa.


Sirius suspirou aliviado. Pelo menos alguém acreditava nele.


— Mas não tenho o poder de fazer os outros verem a verdade,


- Seria bom se tivesse – comentou Rony.


- A verdade é sempre algo relativo – replicou Frank.


nem de passar por cima do Ministro da Magia...


Regulus fez uma careta. Dumbledore conseguiria muito bem passar por cima do Ministro se quisesse. Ele também podia pedir um favor ou dois e bastaria para salvar Sirius.


Lily olhou agoniada para Sirius. Como fariam para salvá-lo se nem Dumbledore conseguia?


Harry encarou seu rosto sério


- Ver Dumbledore sério é algo estranho – comentou Remus. Ele estava quase sempre sorrindo.


e sentiu como se o chão estivesse se abrindo debaixo dos seus pés.


- Também me senti assim – confessou Hermione. Tinha ficado tão aliviada quando tinha visto Dumbledore. Mas quando ele falara que não podia convencer o Ministro...


Acostumara-se à ideia de que Dumbledore podia resolver qualquer coisa.


- É um erro comum – disse Snape. Não gostava de como todos os bruxos pareciam idolatrar o diretor.


Esperara que o diretor tirasse alguma solução surpreendente do nada.


Harry sorriu ao se lembrar de que fora isso que o diretor fizera.


Mas não... A última esperança dos garotos desaparecera.


- Harry... – falou Lily. Ele não podia desistir; senão Sirius estaria condenado.


Harry não respondeu, somente sorriu.


— Precisamos — disse Dumbledore lentamente, e seus claros olhos azuis correram de Harry para Hermione


- Dumbledore sempre parece que está vendo sua alma quando ele olha para você – estremeceu Lene.


— é de mais tempo.


- Sim, e como eles vão conseguir isso? – perguntou Gina, impaciente. Nunca soubera realmente o que acontecera.


Frank sorriu. Isso confirmava as suspeitas dele.


— Mas... — começou Hermione. Então seus olhos se arregalaram.


Lene olhou desconfiada para a menina.


— AH!


— Agora, prestem atenção


- Eles já estavam prestando atenção – murmurou Regulus.


— continuou o diretor, falando muito baixo


- Isso vai ser importante.


e muito claramente. — Sirius está preso na sala do Prof. Flitwick no sétimo andar.


- Essa segurança não é nada para quem escapou de Azkaban – James sorriu levemente para Sirius. Ele ainda conseguiria fugir.


Sirius, entretanto, sabia que a segurança física de Azkaban não era tão boa assim. Eles confiavam que os dementadores não deixariam ninguém sair, o resto não era especial.


A décima terceira janela a contar da direita da Torre Oeste.


- Até parece que Dumbledore quer que vocês encontrem Sirius – disse Neville sorrindo.


- Jamais – disse Harry exageradamente.


Se tudo der certo, vocês poderão salvar mais de uma vida inocente hoje à noite.


- Como assim mais de uma vida inocente? – perguntou Lyssi confusa.


Mas lembrem-se de uma coisa, os dois: vocês não podem ser vistos.


- Vistos por quem? – Alice está confusa, assim como os outros.


Srta. Granger, a senhorita conhece as leis,


- Estranho seria se Hermione não conhecesse – murmurou Rony – Ela sabe tudo.


- Eu não sei tudo – Hermione revirou os olhos.


- Claro.


sabe o que está em jogo...


- E o que está em jogo? – perguntou Lily, desconfiada. Sentia que isso era mais complicado do que tirar Sirius de onde ele estava.


Vocês... Não... Podem... Ser... Vistos.


- Entendemos da primeira vez que você falou – disse Harry.


Harry não tinha a menor ideia do que estava acontecendo.


- Sabemos como você se sente – falou Alice.


Dumbledore deu as costas aos garotos


- Essa é a única explicação que ele dará? – perguntou Neville incrédulo.


- Ele não precisava dizer mais nada – Hermione disse simplesmente.


e virou-se para olhá-los ao chegar à porta.


- Pelo menos ele não vai sair sem se despedir.


— Vou trancá-los. Faltam... — ele consultou o relógio — cinco minutos para a meia-noite.


- Essa é uma despedida estranha.


- Não é uma despedida.


- Então...


Srta. Granger, três voltas devem bastar.


- Três voltas de quê? – Remus perguntou impaciente.


Boa sorte.


- Com a quantidade de informação que você deu, ele irá precisar – resmungou Fred.


— Boa sorte? — repetiu Harry


- De tantas coisas, essa é a primeira que você fala?


Harry deu de ombros.


quando a porta se fechou atrás de Dumbledore. — Três voltas? Do que é que ele está falando? Que é que ele espera que a gente faça?


- Salvar Sirius? – sugeriu Remus.


Frank preferiu não comentar como era errado que um diretor deixasse que os alunos lidassem com isso. Se Dumbledore realmente acreditava na inocência de Sirius, ele devia ir salvá-lo.


Mas Hermione estava mexendo no decote das vestes,


- Uau – falou Sirius, sorrindo malicioso.


- SIRIUS! – brigou Rony.


- Não é o que você pensa – Hermione disse corada.


- Hermione, eu tenho que dizer que eu não esperava isso de você – disse James.


puxando de dentro dele uma corrente de ouro muito longa e fina.


Frank sorriu largamente ao ver suspeitas totalmente confirmadas.


Regulus começou a ficar desconfiado. Parecia um vira-tempo, mas como a garota teria um?


— Harry, vem aqui — disse ela com urgência.


- Você tem um plano – adivinhou Lene, interessada. Qualquer ideia para salvar Sirius seria uma benção.


— Depressa!


- Para mandar Harry se apressar é porque é urgente mesmo – comentou Gina. Ele já andava rápido normalmente.


Harry foi até a garota, completamente confuso.


- Agora você sabe como é conviver com vocês – disse Neville vingativo.


Ela estendia a corrente.


- E você quer que ele faça o quer com ela? – perguntou James. Sem resposta.


E o garoto viu que havia pendurada nela uma minúscula ampulheta.


- Já sei o que é – disse Lily triunfante.


— Tome... — Hermione atirara a corrente em torno do pescoço dele também.


- Você devia ficar com ciúme, Rony – perturbou Sirius.


Harry e Rony trocaram um olhar estranho, se lembrando de algumas ocasiões em que Rony suspeitara que Hermione gostasse de Harry ou que ele gostava dela. Tinha sido esquisito o suficiente.


- SIRIUS! – Lene repreendeu.


— Pronto? — disse Hermione ofegante.


- Mas você nem estava correndo agora.


- Estava ofegante por antecipação.


- Isso não é possível


- Agora é.


— Que é que estamos fazendo? — perguntou Harry completamente perdido.


- Sinta como é estar no meu lugar – murmurou Neville.


- Desculpe – pediu Harry, sorrindo amarelo. Sabia que Neville não era sempre incluído nas coisas.


Hermione girou a ampulheta três vezes.


A mente de Frank já estava calculando o tempo que Hermione voltaria.


A enfermaria escura desapareceu.


- Como assim? – Dorcas olhou desconfiada para Harry. Será que ele estava usando drogas?


Harry teve a sensação de que estava voando muito rápido, para trás.


- Então não é algo ruim? – Lily perguntou confusa.


James e Harry trocaram olhares.


Um borrão de cores e formas passou veloz por ele, seus ouvidos latejaram, ele tentou gritar, mas não conseguiu ouvir a própria voz...


- Okay, entendi – falou Lily, envergonhada. Desistia de tentar entender qualquer coisa sobre voo.


E então sentiu que havia um chão firme sob seus pés,


- Isso é bom – falou Lene animada.


Regulus riu irônico. Eles chegaram ao ponto de comemorar quando Harry estava no chão.


e todas as coisas tornaram a entrar em foco...


- Foi como ver um vídeo em 144 e depois em 1080 – brincou Alex. Somente Lyssi riu. Eles receberam olhares estranhos.


Ele se achava parado ao lado de Hermione


- Então não deve acontecer nada – Gina brincou – Hermione te salva.


no saguão deserto do castelo


- Como vocês foram parar aí? – Lene perguntou confusa.


e um feixe de raios dourados de sol que entrava pelas portas de carvalho abertas incidia sobre o piso de pedra. 


- Mas... Eu achava que estava mais tarde – disse Gina, incerta.


Rony, Hermione e Harry trocaram olhares.


Harry olhou agitado para os lados à procura de Hermione, a corrente da ampulheta machucando seu pescoço.


- Nem venha – ralhou Hermione – Isso não foi nada.


Harry resmungou alguma coisa de volta.


— Hermione, que...?


— Aqui! — a garota agarrou o braço de Harry


- É por isso que eu não sinto até hoje.


e arrastou-o pelo saguão até a porta do armário de vassouras;


Sirius sorriu malicioso sofrendo um olhar assassino de Lene, que queria evitar confusões.


abriu o armário, empurrou o garoto para o meio dos baldes e esfregões,


- Não sei como eu não caí.


- Você consegue se virar – Hermione revirou os olhos.


e fechou a porta depois de entrar.


- Se for sem magia, não adianta nada – James disse.


— Quê... Como... Hermione, que foi que aconteceu?


- O que foi que não aconteceu - suspirou Lene. Muitas coisas aconteceram.


— Voltamos no tempo


Todos que não sabiam ainda da aventura trocaram olhares. Isso era brilhante. Agora eles já sabiam a verdade e podiam salvar Sirius.


— sussurrou ela, tirando a corrente do pescoço de Harry no escuro.


- Isso que é habilidade.


- Nem todos são desastrados como você, James – murmurou Lily.


— Três horas...


Frank sorriu. Ele acertara a hora.


Harry procurou a própria perna e se deu um beliscão com muita força.


Fred olhou para Harry sem conter o riso. O menino era muito esquisito mesmo!


Doeu para valer, o que pelo visto eliminava a possibilidade de estar tendo um sonho muito esquisito.


- Mas e se você sonhar que sentiu a dor? – perguntou Dorcas pensativa.


Harry ia responder, mas parou de repente.


- Não sei – disse por fim, pensativo também.


— Mas...


— Psiu! Ouça! Tem alguém vindo!


- Mais gente? – Sirius levantou uma sobrancelha. Quem faltava aparecer nessa noite? Até houve uma reunião de animais!


Acho... Acho que deve ser a gente!


Lily arregalou os olhos.


- Vocês tem que se esconder rápido! – disse apressada. Alice, Frank, Remus, Regulus e James acenaram com a cabeça, concordando. Sabiam bem as regras do uso de um vira-tempo.


Hermione tinha o ouvido encostado na porta do armário.


- Existem feitiços para isso – murmurou Regulus, com desprezo.


Hermione o encarou friamente.


- O modo trouxa funciona do mesmo jeito – disse. Gostava de Regulus, principalmente porque sabia que ele tinha se tornado alguém muito importante para Harry. E sabia que ele tinha crescido de acordo com as tradições antigas, mas não toleraria qualquer comentário que pudesse conter um pouco de preconceito.


Regulus a encarou de volta.


- O importante é que você conseguiu – interrompeu Harry, nervoso. Não queria que os amigos brigassem.


— Passos pelo saguão... É, acho que somos nós indo para a casa de Hagrid!


- É melhor ter certeza – murmurou Frank.


— Você está me dizendo — cochichou Harry — que estamos aqui dentro do armário e estamos lá fora também?


- Um pouco confuso – comentou Lyssi.


— É — confirmou Hermione, o ouvido ainda colado à porta.


Regulus fez uma careta, mas não disse mais nada.


— Tenho certeza de que somos nós.


- Agora sim – disse Frank.


Pelo eco não devem ser mais de três pessoas...


- Sempre o trio – Gina revirou os olhos.


E estamos andando devagar por causa da Capa da Invisibilidade...


- A melhor coisa já inventada – acrescentou James.


Ela parou de falar,


- Finalmente – falou Sirius.


- Olha quem fala – retrucou Harry.


mas continuou a prestar atenção.


Regulus acenou a cabeça de forma aprovadora para Harry.


— Descemos os degraus da entrada...


Hermione se sentou em um balde virado de boca para baixo,


- Hogwarts realmente decaiu da nossa época para a de vocês – brincou Remus.


parecendo aflitíssima,


- Talvez porque a vida de Sirius está em perigo – ela falou.


mas Harry queria respostas para algumas perguntas.


- Justo – murmurou Lene.


— Onde foi que você arranjou essa coisa feito uma ampulheta?


- Essa coisa – imitou Frank com um tom irritado – Tem um nome.


- Que eu não sabia ainda – retrucou Harry.


— Chama-se Vira-Tempo


Frank sorriu convencido. Sabia que era um vira-tempo.


- Sempre quis um! – falou Sirius animado – Mas são muito raros e nem mesmo os Blacks têm muitos.


Regulus sorriu friamente, pensando no fato que somente agora o irmão parecia se lembrar da origem familiar dele.


- Ainda bem que ninguém nunca te deixou tocar neles – Lily resmungou.


— sussurrou Hermione — ganhei da Profª. McGonagall no primeiro dia depois das férias.


- Um bom presente de volta a aulas.


Estou usando desde o início do ano para assistir a todas as minhas aulas.


- Então é assim que você assiste tudo – falou Gina, satisfeita.


- Não acredito que você o usa para isso – falou Jorge desanimado. Tantas coisas podiam ser feitas com isto!


A professora me fez jurar que não contaria a ninguém.


- Mas ela devia saber que alguma hora Harry e Rony acabariam descobrindo.


Ela teve que escrever um monte de cartas ao Ministério da Magia para eu poder usar isso.


Lily sorriu. Isso era bem a cara da professora. Por isso que ela gostava dela; apesar de todo o trabalho que um aluno poderia causar, McGonagall não reclamaria, contanto que ele aprendesse.


Teve que dizer que eu era uma aluna modelo,


- Vai aumentar seu ego assim – brincou Gina.


e que nunca, nunca mesmo usaria o Vira-Tempo para nada a não ser para estudar...


- Não acredito que você conseguiu manter essa promessa por um ano! – Disse Neville espantado.


- Eu sei me controlar – Hermione deu de ombros.


Eu o tenho usado para voltar no tempo e poder reviver as horas, e é assim que assisto a mais de uma aula ao mesmo tempo, entende?


- Agora sim.


Mas... Harry eu não estou entendendo o que é que Dumbledore quer que a gente faça.


- Salvar Sirius? – sugeriu Alice.


- Sim, mas como... – falou Alex.


Frank ficou pensando nas possibilidades.


Por que ele mandou a gente voltar três horas no tempo? Como é que isso vai ajudar o Sirius?


Harry sorriu. Tinham conseguido salvar a vida dele, mesmo que não o inocentando.


Harry encarou de frente o rosto escuro da garota.


- Mas nada de dar ideias – resmungou Hermione.


— Deve ter alguma coisa que aconteceu por volta de agora que ele quer que a gente mude


- Mas como Dumbledore poderia saber disso? – questionou Rony.


Harry e Hermione trocaram olhares.


— disse Harry lentamente. — Que foi que aconteceu? Estávamos indo à casa de Hagrid três horas atrás...


- Isso foi páginas atrás – reclamou Fred.


— Agora estamos atrasados três horas e estamos indo à casa de Hagrid — disse Hermione. — Acabamos de ouvir a gente sair...


- Bem, essa é uma frase totalmente normal – comentou Dorcas, irônica.


Harry franziu a testa; tinha a sensação de que estava franzindo o cérebro todo para se concentrar.


- Já te disse que tentar pensar não dá futuro – falou Fred.


Harry revirou os olhos.


— Dumbledore acabou de dizer... Acabou de dizer que a gente poderia salvar mais de uma vida inocente...


- Daqui a pouco vocês já vão virar super heróis – falou James.


Então fez-se a luz no cérebro de Harry.


- Pela primeira vez – brincou Rony.


— Hermione, nós vamos salvar Bicuço!


Alice comemorou.


- Não era exatamente isso que eu tinha imaginado – disse Lene, hesitante.


— Mas... Como é que isso vai ajudar Sirius?


- Uma boa pergunta – falou Sirius.


— Dumbledore disse... Acabou de nos dizer onde fica a janela...


- Dumbledore pensa em tudo mesmo – murmurou Hermione.


A janela da sala de Flitwick! Onde prenderam Sirius! Temos que voar no Bicuço até a janela e salvar Sirius! Ele pode fugir no hipogrifo... Eles podem fugir juntos!


- Isso pode até dar certo – admitiu Lily.


Pelo que Harry pôde enxergar no rosto de Hermione, ela estava aterrorizada.


- Eu estava mesmo.


- Não te culpo – disse Lyssi.


— Se conseguirmos fazer isso sem ninguém nos ver, vai ser um milagre!


- Não seria o primeiro que vocês realizaram – disse Neville.


— Bom, vamos ter que tentar, não é? — disse Harry. Ele se levantou e encostou o ouvido à porta.


- Adoro como você tentou pensar antes de agir – bufou Lily.


— Parece que não tem ninguém aí fora...


- Existem feitiços para isso – lembrou Regulus novamente.


Harry sorriu envergonhado para ele.


Vamos, anda...


Harry abriu a porta do armário. O saguão estava deserto.


- Melhor assim.


O mais silenciosa e rapidamente possível eles saíram correndo do armário e desceram os degraus de pedra. As sombras já estavam se alongando, os topos das árvores na Floresta Proibida mais uma vez iam se tingindo de ouro.


- É estranho voltar no tempo por isso – comentou Harry.


— Se alguém estiver olhando pela janela...


- Bem, vocês vão ter que torcer para que não – disse Alice.


— falou Hermione com a voz esganiçada,


- Foi meio irritante.


- Desculpe.


virando-se para espiar o castelo.


— Vamos correr o mais depressa possível — disse Harry decidido.


- Decidido de mais para quem não tem um plano direito – observou Gina, preocupada.


- Eu fiquei bem.


— Direto para a floresta, está bem? Teremos que nos esconder atrás de uma árvore ou de outra coisa para poder vigiar...


- Nem um pouco estranho – murmurou Neville.


— Está bem, mas vamos dar a volta pelas estufas!


- Não façam nada nas estufas – disse Neville, ameaçador.


- Não vamos nem entrar – prometeu Hermione.


— sugeriu Hermione sem fôlego. — Temos que evitar que nos vejam da porta de entrada de Hagrid! Já devemos estar quase na casa dele agora!


- Podia causar um pouco de confusão – concordou Frank.


Ainda tentando entender o que a amiga queria dizer,


- Se junte ao clube - resmungou Sirius.


Harry saiu disparado com Hermione logo atrás.


- Ela corre rápido também, porque não é fácil acompanhar Harry - murmurou Rony.


Os dois transpuseram as hortas em direção às estufas, pararam por um instante ocultos por elas,


Frank acenou aprovadoramente. Qualquer noção que eles estivessem de lugar seria melhor que nada.


depois recomeçaram a correr, a toda velocidade, contornando o Salgueiro Lutador


Remus fez uma expressão culpada. Essa árvore só estava em Hogwarts para protegê-lo.


e, ainda desabalados, em direção à floresta para se esconderem.


- É nessas horas que a Capa de Invisibilidade faz falta - disse James com um olhar repressor para Harry.


Seguro sob a sombra das árvores, Harry se virou; segundos depois, Hermione, o alcançou, ofegante.


- Harry realmente corre rápido.


- Eu tenho prática - Harry deu de ombros.


— Certo — disse ela sem ar. — Precisamos chegar sem ser vistos à casa de Hagrid.


- Não é como se vocês nunca tivessem feito isso - murmurou Gina.


Procure ficar escondido, Harry…


Harry deu um sorriso irônico. Isso ele sabia fazer muito bem; tinha feito a vida toda com os Dursleys.


Os dois caminharam em silêncio


- Essa é a vantagem de não levar Rony - murmurou Fred.


Rony olhou indignado para o irmão.


entre as árvores, acompanhando a orla da floresta. Então, quando avistaram a frente da cabana, ouviram uma batida na porta.


- Vocês - deduziu Alice.


Eles se ocultaram depressa atrás de um grosso carvalho e espiaram pelos lados. Hagrid, trêmulo e pálido, aparecera à porta procurando ver quem batera. E Harry ouviu a própria voz.


- Nem um pouco esquisito - comentou Alex.


- Eu sempre quis fazer isso! - falou Dorcas, empolgada.


- Eu também! - falou Josh, sorrindo.


— Somos nós.


- Não era mais fácil dizer o nome?


- Mas vai que alguém estava ouvindo - falou Rony.


Estamos usando a Capa da Invisibilidade.


- A melhor do universo - falou James.


Rony, Harry e Hermione trocaram olhares.


Deixe a gente entrar para poder tirar a capa.


- Ela faz muito calor, se você não sabe - disse Rony.


— Vocês não deviam ter vindo! — sussurrou Hagrid, mas se afastou para os garotos poderem entrar.


- Isso é a mesma coisa que agradecer pela visita - Lily revirou os olhos.


— Esta foi a coisa mais estranha que já fizemos — disse Harry com veemência.


- Imagine passar um ano fazendo isso e sem poder conversar com ninguém.


— Vamos continuar — cochichou Hermione. — Precisamos chegar mais perto de Bicuço!


Alice sorriu. Esperava que eles realmente conseguissem salvar Bicuço.


Eles avançaram cautelosamente entre as árvores até verem o hipogrifo nervoso, amarrado à cerca em volta do canteiro de abóboras de Hagrid.


- Eu não ficaria surpreso se ele fugisse, considerando a inteligência dos seus animais - murmurou Lene.


— Agora? — sussurrou Harry.


- Gritar é que não iria.


— Não! — exclamou Hermione. — Se o roubarmos agora, o pessoal da Comissão vai pensar que Hagrid soltou o bicho!


- Bem pensado - concordou Frank.


Temos que esperar até verem que Bicuço está amarrado do lado de fora!


- Adoro como você é inteligente - falou Rony e beijou a namorada.


— Isso vai nos dar uns sessenta segundos — disse Harry.


- Harry, o relógio humano - zoou Jorge.


A coisa estava começando a parecer impossível.


- Somente agora? - questionou Lene, incrédula. Desde o começo ela temia que eles não fossem conseguir salvar Sirius.


Naquele instante, os garotos ouviram louça se partindo na cabana de Hagrid.


- Então, já está perto - disse Regulus.


— É o Hagrid quebrando a leiteira — cochichou a garota. — Vou encontrar Perebas agora mesmo…


- Não vou nem comentar como é estranho você narrar as coisas que irá fazer - murmurou Lyssi.


Não deu outra, alguns minutos depois, eles ouviram Hermione dar um grito agudo de surpresa.


- Meu grito não foi agudo! - ela protestou.


Harry a encarou incrédulo. Rony riu.


- Querida, você está parecendo o Harry quando nega que grita com as pessoas.


Hermione corou.


— Mione — disse Harry de repente — e se nós... Nós entrarmos lá e agarrarmos Pettigrew…


- Tinha ser filho de James - resmungou Lily.


- Ele é o seu filho também!


- Essa ideia veio do seu gene, não do meu! - ela falou decidida.


James abriu a boca para protestar, mas vendo o gesto com a cabeça de não de Alice resolveu ficar calado.


— Não! — exclamou Hermione num sussurro aterrorizado. — Você não compreende?


- Na verdade, não. Eu tinha acabado de descobrir que era possível viajar no tempo. Eu estava um pouco desnorteado.


Estamos violando uma das leis mais importantes da magia!


Harry ficou pensativo. Se eles realmente tinham feito isso, como não haviam tido consequências?


Ninguém pode mudar o tempo!


- Na verdade pode - corrigiu Josh com um sorriso arrogante.


Você ouviu o que Dumbledore falou, se formos vistos…


Harry balançou a cabeça. Ele devia ter corrido o risco. Talvez assim Sirius não estivesse morto.


— Mas só seríamos vistos por nós mesmos e por Hagrid!


- E isso é péssimo! - murmurou Neville.


— Harry, que é que você faria se visse você mesmo entrando pela casa de Hagrid? — perguntou Hermione.


- Uma boa pergunta - admitiu Remus - Eu ficaria chocado. Não reagiria por causa do choque.


- Mas alguma hora você sairia do choque - lembrou Hermione.


Remus deu de ombros. Provavelmente esperaria uma explicação do que estava acontecendo.


— Eu acharia... Acharia que tinha ficado maluco — respondeu Harry — ou acharia que estava usando magia negra…


Sirius lançou um olhar para Regulus. Por mais que odiasse admitir, sabia um pouco sobre magia negra. O suficiente para não querer saber mais.


Regulus, por sua vez, encarava Snape. Sabia que o rapaz estava todo metido nessas artes negras, em uma tentativa de se destacar. Tolo. Magia negra não era algo para se saber e sim usar.


— Exatamente! Você não entenderia, você poderia até se atacar! Você não entende?


- Acho que agora sim. Nem Harry é tão lerdo assim - comentou Fred.


Harry revirou os olhos. Por que gostava dos gêmeos mesmo?


A Profª. McGonagall me contou as coisas horríveis que aconteceram quando bruxos mexeram com o tempo...


- Minnie sempre faz discursos impressionantes - falou Sirius alegremente.


Montes deles acabaram matando os "eus" passados ou futuros por engano!


- Tá, talvez seja melhor não arriscar - falou Dorcas.


— Ok! — concordou Harry. — Foi só uma ideia.


- Desculpe, eu estava meio empolgada em poder falar sobre isso - disse Hermione.


- Tudo bem.


Pensei…


- Sempre tem uma primeira vez para tudo na vida, não Harry?


Mas Hermione cutucou-o e apontou para o castelo.


- Foi só para te interromper mesmo - brincou ela.


Harry espiou pelo lado para ter uma visão mais clara das portas de entrada.


- Não sei como você não ficou vesgo - resmungou Lily.


Harry revirou os olhos. Zero exagero.


Dumbledore, Fudge, o velhote da Comissão e Macnair, o carrasco, vinham descendo os degraus.


- Tá, tá. Pode pular para a parte que acontece algo que não sabemos? - falou Sirius entediado.


Dorcas o lançou um olhar repressor.


— Já estamos de saída! — sussurrou Hermione.


E assim foi, momentos depois a porta dos fundos da cabana se abriu e Harry viu a si mesmo, Rony e Hermione saírem com Hagrid.


- Foi mais estranho ainda do que ouvir minha própria voz - comentou.


Foi, sem dúvida, a sensação mais esquisita de sua vida,


- Isso quer dizer algo quando estamos falando de Harry Potter.


- Minha vida não é tão estranha assim - disse Harry e até Neville o encarou incrédulo.


parado ali atrás da árvore, observando a si mesmo no canteiro de abóboras.


- Pelo menos eu percebi como eu sou lindo - brincou Harry.


- Não seja feito o seu pai - pediu Lily.


- Mas você me ama - protestou James.


Lily o encarou divertida.


- Talvez sim, talvez não.


James estreitou os olhos e então começou a realizar o seu plano maligno: fazer cócegas até Lily se render. Harry assistiu a cena divertido, assim como os outros, menos Snape.


- Tudo bem! Tudo bem! Eu me rendo! - Lily falou dramaticamente - Eu te amo, James Potter.


- Eu sei - respondeu James arrogante e riu ao ver a cara indignada de Lily - Estou brincando, amor. Também te amo.


— Tudo bem, Bicucinho, tudo bem... — disse Hagrid ao bicho. Então se virou para os três garotos. — Vão. Andem logo.


- Isso mesmo, vão - apoiou Sirius.


— Hagrid, não podemos...


- Vocês podem fazer tudo - brincou Gina.


- Bem que eu queria - retrucou Harry.


— Vamos contar a eles o que realmente aconteceu...


- Ninguém vai ouvir.


— Não podem matar Bicuço...


- E não vão.


— Vão! Já está bastante ruim sem vocês se meterem em confusão!


- Essa frase foi bem problemática - falou Regulus - Depois disso não tinha como o Harry não se meter em confusão.


Harry sorriu envergonhado.


Harry observou Hermione jogar a Capa da Invisibilidade sobre ele e Rony no canteiro de abóboras.


- Assistir você mesmo desaparecer deve ser algo bem normal também - ironizou Frank.


— Vão depressa. Não fiquem ouvindo...


- Até Hagrid sabe que vocês são curiosos - falou Jorge "envergonhado".


Ouviu-se uma batida na porta de entrada da cabana. A comissão de execução chegara.


Sirius revirou os olhos. É sério que ele teria que ouvir tudo de novo? Já não gostava de livros. Isso era pedir demais.


Hagrid se virou para entrar em casa, deixando a porta dos fundos entreaberta.


- Isso é um erro que você nunca deveria cometer em Hogwarts - falou Sirius com um sorriso enorme.


Harry observou a grama se achatar em certos pontos a toda volta da cabana de Hagrid e ouviu três pares de pés recuarem.


- Harry, você é realmente estranho - concluiu Lene. Ele somente deu de ombros.


Ele, Rony e Hermione tinham ido embora...


- Ou não. Depende do jeito que você olha para isso - falou Neville, pensativo.


Mas o Harry e a Hermione escondidos no meio das árvores escutavam, pela porta dos fundos, o que estava acontecendo no interior da cabana.


- Sempre soube que vocês voltaram no tempo só para ouvir o que Hagrid tinha a dizer já que ele disse para não escutar - provocou Rony.


- Como você descobriu nosso plano? - ironizou Hermione.


— Onde está o animal? — disse a voz fria de Macnair.


Harry fez uma careta. Odiava esse Comensal.


— Lá... Lá fora — respondeu Hagrid, rouco.


Harry escondeu a cabeça quando o rosto de Macnair apareceu à janela da cabana,


- Você não pode deixar que ele te veja - murmurou Lily, nervosa. Macnair não era uma pessoa boa.


para espiar Bicuço. Então os garotos ouviram a voz de Fudge.


- Uma voz muito irritante por sinal - murmurou Rony.


— Nós... Hum... Temos que ler para você a notificação oficial da execução, Hagrid. Vou ser rápido. Depois, você e Macnair precisarão assiná-la. Macnair, você precisa escutar também, é a praxe...


Snape revirou os olhos. Fudge é muito enrolado. Não dava para acreditar que um homem como aquele erao ministro da magia.


O rosto do carrasco desapareceu da janela. Era agora ou nunca.


- Vamos ficar com o agora - sugeriu Sirius.


— Espera aqui — cochichou Harry para Hermione. — Eu faço.


- Isso que é providência.


Quando a voz de Fudge recomeçou, Harry saiu correndo


- Uma sábia decisão - falou Fred.


do seu esconderijo atrás da árvore,


- Você é muito óbvio - resmungou Jorge, desapontado.


saltou a cerca para o canteiro de abóboras e se aproximou de Bicuço.


- Não esqueça de fazer a reverência - avisou Lily.


- Claro, mãe - Harry revirou os olhos.


— Por decisão da Comissão para Eliminação de Criaturas Perigosas o hipogrifo Bicuço, doravante chamado condenado, será executado no dia seis de junho ao pôr-do-sol...


- Ainda não acredito que eles iam fazer isso! - Alice disse revoltada. O pobre animal não tinha culpa de Malfoy ser um frouxo.


Com cuidado para não piscar, Harry encarou os ferozes olhos cor de laranja de Bicuço


- Deve ser tão lindo - Dorcas suspirou. Remus sorriu.


mais uma vez e fez uma reverência,


- Tá vendo, mãe? Consegui lembrar sozinho.


- Isso foi só porque eu te lembrei.


Harry revirou os olhos novamente.


O hipogrifo dobrou os joelhos escamosos e em seguida tornou a se levantar. Harry começou a desamarrar a corda que prendia o hipogrifo à cerca.


- Isso, o liberte! - encorajou James.


... Por decapitação, a ser executada pelo carrasco nomeado pela Comissão, Walden Macnair...


— Vamos Bicuço — murmurou Harry — vamos, nós vamos te ajudar. Quietinho... Quietinho...


... Conforme testemunham abaixo. Hagrid, você assina aqui...


Deve ter sido o mais contato legal que Hagrid teve na vida, pensou Snape.


Harry jogou todo o seu peso contra a corda, mas Bicuço cravara as patas dianteiras na terra.


Regulus revirou os olhos. Animal burro. Não percebia que se ficasse lá iria morrer?


— Bem, vamos acabar com isso — disse a voz aguda do velhote da Comissão dentro da cabana. — Hagrid, talvez seja melhor você ficar aqui dentro...


- Ver a morte de um animal nunca é fácil - falou Lily, suavemente.


— Não, eu... Eu quero ficar com ele... Não quero que ele fique sozinho...


- Oh, Hagrid - Lily suspirou.


- É uma altitude muito bonito dele - falou Alice.


- E também muito triste - completou Neville.


Soaram passos dentro da cabana.


- Bem, pelo menos vocês sabem que não são fantasmas que estão lá dentro - comentou Josh. Alex o encarou com a maior expressão de WTF?


— Bicuço, anda! — sibilou Harry.


- Alguém está perdendo a paciência.


- Só me diga que você não gritou com o hipogrifo - pediu Rony.


- Claro que não - falou Harry, indignado.


- Espera, você não grita com o hipogrifo, mas grita com a gente? - perguntou Jorge, incrédulo.


- É, bem... - Harry falou envergonhado.


- Você percebe que está colocando um hipogrifo acima de nós, certo? - perguntou Fred.


Harry puxou com mais força a corda presa ao pescoço dele.


Alice olhou para Harry desconfiada.


O hipogrifo começou a andar, farfalhando as asas com irritação.


- Estou surpreso que ele tenha andando, mesmo que um pouco - falou Regulus.


Ele e Harry ainda estavam a três metros da floresta, bem à vista da porta dos fundos da cabana.


- Vocês tem que sair dai - falou Lene.


- É o que estou tentando fazer - resmungou Harry.


— Um momento, por favor, Macnair — ouviram a voz de Dumbledore. — Você precisa assinar também.


- Dumbledore sempre ajudando vocês, mesmo sem saber - Neville balançou a cabeça. Sentia falta do diretor. Especialmente considerando que tinha entrado no lugar dele.


Os passos pararam. Harry puxou a corda com força.


- Harry...


-... Não com tanta força, Alice.


Bicuço deu um estalo com o bico e andou um pouco mais rápido.


Regulus suspirou aliviado. Não faria nem um pouco de bem para Harry ser pego soltando um hipogrifo condenado a morte.


O rosto pálido de Hermione aparecia pelo lado do tronco da árvore.


- Nada como ver sua melhor amiga sob um novo ângulo, não é mesmo?


— Harry, depressa! — murmurou ela.


- Por que eu já não estava indo o mais rápido que eu podia.


- Seu rápido é devagar então.


- Queria ver como você conseguiria andar rápido e tomar conta de um hipogrifo.


O garoto ainda ouvia a voz de Dumbledore dentro da cabana.


- É uma voz reconhecível.


Deu outro puxão na corda. Bicuço começou a trotar de má vontade. Alcançaram as árvores...


- Finalmente - murmurou Sirius.


— Depressa! Depressa! — gemia Hermione, que saiu de trás da arvore, agarrou também a corda e acrescentou seu peso para fazer Bicuço andar mais depressa.


- Viu que eu tenho ideias melhores? - Hermione disse para Harry. Ele revirou os olhos.


Harry espiou por cima do ombro; agora tinham desaparecido de vista; mas também não podiam ver a horta de Hagrid.


- Ainda está melhor que antes.


— Pare! — disse ele a Hermione. — Poderiam nos ouvir...


- Vocês deviam fazer feitiços silenciadores - sugeriu Regulus.


- Muito complicado - Harry deu de ombros. Era mais simples somente ficar quietos.


A porta dos fundos da cabana se abriu com violência. Harry, Hermione e Bicuço ficaram muito quietos; até o hipogrifo parecia estar prestando atenção.


- Claro que ele está. Ele é um dos animais mais inteligentes do mundo - afirmou Alice.


— Silêncio... então...


— Onde está ele? — perguntou a voz fraquinha do velhote da Comissão.


- Harry! - repreendeu Lily.


- Ele estava prestes a matar um animal inocente - Harry argumentou - Merece coisa pior que velhote.


— Onde está o bicho?


— Estava amarrado aqui! — disse o carrasco, furioso. — Eu o vi! Bem aqui!


- Alguém está ficando doido - brincou Fred, sorrindo amplamente.


— Que extraordinário! — exclamou Albus Dumbledore.


- Por que eu tenho a sensação que ele gostou disso?


Havia um tom de riso em sua voz.


- Talvez por isso.


- Dumbledore nunca ficaria feliz em ver a condenação desnecessária de um animal - afirmou Dorcas.


— Bicuço! — exclamou Hagrid, rouco.


Ouviu-se o ruído de uma lâmina cortando o ar e a pancada de um machado.


- Mas não tem nada ai - falou Josh, confuso.


O carrasco, enraivecido, aparentemente brandira o machado contra a cerca.


- Então foi isso que aconteceu - falou Lyssi aliviada.


- Isso é que é um cara nervoso.


Então, ouviu-se um berreiro e desta vez eles distinguiram as palavras de Hagrid entre os soluços.


- Vantagens de estar mais perto.


- Honestamente, eu não achava que ele estava falando algo com sentido - admitiu James.


— Foi-se! Foi-se! Abençoado seja ele, foi embora! Deve ter se soltado! Bicucinho, que garoto inteligente!


- Ele devia comemorar mentalmente - falou Snape. Claro que assim suspeitariam ainda mais de Hagrid.


Bicuço começou a puxar a corda com força, tentando voltar para Hagrid.


- O que você estava dizendo sobre ele ser um dos animais mais inteligente do mundo, mãe? - falou Neville.


Alice corou.


- Eles são leais ao dono também.


Harry e Hermione seguraram a corda com firmeza e enterraram os saltos no chão da floresta para reter o bicho.


- Espero que vocês sejam suficientes - observou Sirius - Vocês não são exatamente fortes.


Harry olhou ofendido para ele, enquanto Hermione simplesmente deu de ombros.


— Alguém o desamarrou! — rosnou o carrasco. — Devíamos revistar a propriedade, a floresta...


- O ministério realmente não tem o que fazer - observou Alex.


— Macnair, se Bicuço foi realmente roubado, você acha que o ladrão o levou a pé?


- Na verdade, sim.


— perguntou Dumbledore, ainda em tom divertido.


Regulus olhou para o livro de forma suspeito. Esse tom divertido de Dumbledore não parecia ser nada inocente.


— Procurem nos céus, se quiserem... Hagrid, uma xícara de chá me cairia bem. Ou um bom cálice de conhaque.


- Não sabia que Dumbledore bebia.


- Todos bebem - afirmou James e trocou olhares divertidos com Sirius.


— C... Claro, professor — disse Hagrid, que parecia fraco de tanta felicidade.


- Ele é muito fofo - falou Alice.


— Entre, entre...


Harry e Hermione apuraram os ouvidos.


Regulus ia falar que existia um feitiço para isso, mas desistiu. Eles pareciam querer fazer tudo do modo trouxa mesmo.


Ouviram passos, o carrasco xingando baixinho, o clique da porta e, então, mais uma vez o silêncio.


- Nada melhor que o silêncio nessa hora.


— E agora? — sussurrou Harry, olhando para os lados.


- Tinha que verificar se tinha alguém ali.


— Vamos ter que nos esconder aqui — disse Hermione, que parecia muito abalada.


- Eu estava. Não foi exatamente um dia de moleza.


- Melhor que estudar - replicou Rony e Hermione o encarou como se ele fosse louco.


— Precisamos esperar até eles voltarem para o castelo. Depois esperamos até poder voar com Bicuço em segurança até a janela de Sirius. Ele vai demorar lá mais duas horas... Ah, isso vai ser difícil...


- Mas a pior parte já passou - falou Lene, otimista.


A garota espiou, nervosa, por cima do ombro as profundezas da floresta. O sol ia se pondo.


- O tempo está acabando - murmurou James e olhou para Sirius preocupado. O Black o ignorou.


— Vamos ter que mudar de lugar — disse Harry se concentrando. — Temos que poder ver o Salgueiro Lutador ou não vamos saber o que está acontecendo.


- Muito cuidado para não ser visto, então - alertou Frank.


— Ok — concordou Hermione, segurando a corda de Bicuço com mais firmeza. — Mas temos que ficar onde ninguém possa nos ver Harry, lembre-se...


Frank e Hermione trocaram sorrisos. Era engraçado quando pensavam de forma similar.


Os dois saíram pela orla da floresta, à noite escurecendo tudo à volta, até poderem se esconder atrás de um grupo de árvores, entre as quais eles podiam avistar o salgueiro.


- Não é uma segurança perfeita, mas espero que seja o suficiente - murmurou James.


— Olha lá o Rony! — exclamou Harry de repente.


- Deve ser a primeira vez na vida que alguém ficou feliz de ver Rony - brincou Gina, dando um empurrão de leve no irmão. Rony fez uma careta para ela.


Um vulto escuro ia correndo pelos jardins e seu grito ecoava pelo ar parado da noite.


- Eu não pareço nada legal.


— Fique longe dele... Fique longe... Perebas, volta aqui...


Então os garotos viram mais dois vultos se materializarem do nada.


- Não do nada - corrigiu Remus - Não é possível algo surgir "do nada", até mesmo a aparatção...


- Tá bom, Hermione 2.0 - interrompeu Harry - Entendi que eu estava errado.


- Harry devia ter puxado a Lily e não a você, James - Remus falou desapontado.


James sorriu para o filho enquanto Lily concordava com Remus.


Harry observou ele próprio e Hermione correrem atrás de Rony. Depois viram Rony mergulhar.


- Rony radical.


- Não era como se eu tivesse escolha...


— Te peguei! Dá o fora, seu gato fedorento...


- Não chama meu gato de fedorento! - falou Hermione.


— Olha lá o Sirius! — exclamou Harry. A forma enorme de um cão saltou das raízes do salgueiro.


- Um cão muito folgado - acrescentou James.


- Você tem inveja que eu sou um cão enquanto você é um veado - disse Sirius.


- Eu sou um cervo! - James protestou - C-E-R-V-O.


- V-E-A-D-O.


E eles continuaram a discutir até que Lily perdeu a paciência e mandou eles calarem a boca.


Eles o viram derrubar Harry, depois agarrar Rony... — Parece ainda pior visto daqui, não é? — comentou Harry, observando o cão puxar Rony para baixo das raízes.


- É como assistir um filme da sua vida - comentou Harry - É esquisito.


- Se bem que estamos lendo um livro sobre a sua vida...


- A viagem no tempo consegue se pior, mais... real.


— Ai... Olha, acabei de levar uma baita lambada da árvore... E você também...


- Os maiores guerreiros do mundo bruxo... que não conseguem lutar contra uma árvore.


- Queria ver você tentar, Nev.


- Precisa não. ‘To bem aqui.


Que coisa esquisita...


O Salgueiro Lutador rangia e dava golpes com os ramos mais baixos;


- Que golpe baixo - falou Sirius e até Lene o encarou sem rir.


- Essa foi péssima, querido - ela comentou, dividida entre preocupação e divertimento.


os garotos se viam correndo para cá e para lá, tentando chegar até o tronco.


- Missão impossível. Íamos ficar tentando para sempre - comentou Harry.


E então a árvore se imobilizou.


— Isso foi o Bichento apertando o nó — disse Hermione.


- Seu gato é estranhamente inteligente - disse Neville - Meio assustador.


— E lá vamos nós... — murmurou Harry — Entramos.


- Depende do ponto de vista - comentou Lyssi.


No momento em que eles desapareceram, a árvore recomeçou a se agitar.


- Essa árvore também é assustadoramente inteligente para algo que não devia ter inteligencia nenhuma - falou Josh.


Segundos depois, os garotos ouviram passos muito próximos. Dumbledore, Macnair, Fudge e o velhote da Comissão estavam regressando ao castelo.


Harry olhou para Lily, mas ela não o repreendeu novamente, o que ele considerou uma vitória.


— Logo depois de termos descido pela passagem! — exclamou Hermione. — Se ao menos Dumbledore tivesse ido conosco...


- Não teria mudado nada - afirmou Sirius com convicção. Não poderia começar a pensar nos "e se..." naquele momento.


— Macnair e Fudge teriam ido também — disse Harry amargurado. — Aposto o que você quiser como Fudge teria mandado Macnair matar Sirius na hora...


- Ninguém duvida disso.


- Até porque Macnair não gosta de mim - Sirius disse com um sorriso travesso.


- O que você fez para ele? - perguntou Frank, desconfiado.


Regulus riu, lembrando do acontecimento de anos atrás. Sirius era um louco mesmo.


Sirius riu também, deixando os detalhes do evento entrarem em sua mente novamente.


Era época de feriado escolar, então Sirius retornou de Hogwarts para casa e estava entediado nesse momento. James ainda não tinha respondido a sua última carta, Peter estava viajando e Remus estava estudado (mesmo que Sirius nunca fosse entender isso). Sirius queria fazer alguma coisa, detestava ficar preso naquela casa, sendo obrigado a ver retratos de bruxos das trevas e objetos malignos por todo canto. Claro que o fato do seu irmão, Regulus, não estar falando com ele não ajudava em nada.


- Sirius! - sua mãe gritou da sala. Ele revirou os olhos, considerando seriamente não ir até lá. Mas sabia que se arrependeria depois se não fosse.


Desceu as escadas lentamente e encontrou a mãe já impaciente dando ordens para o elfo-doméstico.


- Teremos visitas hoje. Eles já estão chegando - ela comunicou seriamente - Vista uma roupa arrumada e fique de boca fechada.


- Quem vem?


- Macnair, um amigo do seu pai, e a mulher dele, Elesandre.


Sirius não tinha a menor ideia de que eram aquelas pessoas então imaginou que deveriam ser funcionários mais velhos do ministério. Escolheu uma roupa "adequada" com desinteresse. Desceu as escadas novamente e olhou para Regulus, que estava impecavelmente vestido. Aquele garoto sabia como causar uma boa primeira impressão.


- Tente ser educado, Sirius - alertou Regulus em um tom frio.


- Eu sempre sou - replicou Sirius irritado. Quem Regulus achava que era para querer mandar nele?


Então eles ouviram o som de aparatação e foram se apresentar ao casal. Como Sirius supôs, Elesandre é bem velha, mas Macnair nem tanto. Um casamento por interesse, provavelmente. Eles agiam como parceiros de um negócio e não um par apaixonado.


Sirius ouvia sem prestar atenção a conversa que acontecia a mesa. Política, para variar. Nada interessante. Ele resolveu se divertir então e, discretamente, trouxe um dado que estava no seu quarto. Começou a bater o dado no Macnair, que ficou rígido, mas nada disse. Sirius começou a bater com mais força, se perguntando quanto tempo levaria para Macnair reagir. Sabia que era algo irritante. Ele devia realmente estar precisando de apoio político de Orion para ficar calado.


Sirius viu divertido, Macnair aperta com mais força o garfo e depois baixar a mão, procurando o que estava atacando. Mas Sirius afastou o dado com cuidado, o escondendo atrás da cadeira. Macnair desistiu de procurar e olhou em volta. Sirius ficou sério. E depois voltou a bater o dado.


- PARE - Macnair gritou, por fim, não aguentando mais. Sirius soltou um risinho. Foi a hora perfeita de Macnair reclamar; seu pai estava no meio de um discurso.


- Com licença? - perguntou Orion, mal disfarçando a sua raiva.


Sirius discretamente jogou o dado longe, com o uso da varinha.


Macnair olhou em volta, procurando uma saída da situação.


- Eu não estava falando com você... Mas... - ele pareceu ficar sem palavras.


- Querido, você está bem? - Elesandre perguntou, preocupada.


- Você parece meio nervoso - observou Sirius, em um tom sério, mesmo que estivesse rindo internamente.


- Eu estou bem! - respondeu Macnair nervoso, o que causou Walburga a o encarar irritada.


Orion então retomou o seu discurso e Sirius aproveitou para mudar de tática. Fez um feitiço que fazia com que o atingido visse diversas coisas sem sentido, como se estivesse influenciando por uma droga. Claro que Macnair não aguentou e um tempo depois começou a gritar e falar coisas sem sentidos. Elesandre pareceu morrer de vergonha e aceitou a ajuda de Sirius para descobrir o que estava errado. Ele começou a falar de uma falsa doença e prometeu tratar Macnair. Ele cessou o feitiço então.


- Você é um vergonha. Um adulto incapaz de se defender do feitiço de uma criança? - sussurrou no ouvido de Macnair quando ele estava lúcido. O outro arregalou os olhos, irritado. Parecia pronto para bater em Sirius - Acredito que ele já esteja bem agora - falou Sirius, satisfeito.


Elesandre agradeceu o Black e o beijou na bochecha, pedindo desculpas pelo jantar e prometendo marcar algo novamente.


Assim que Elesandre e Macnair saíram, Orion e Walburga começaram a falar mal do casal e eliminar qualquer possibilidade de aliança política. Sirius passou a mão no rosto, limpando onde Elesandre tinha o beijado. Sorriu vitorioso, sendo observado por Regulus que tinha uma feição descrente.


- Você fez com que Orion e Walburga perdessem uma aliança - falou Regulus, balançando a cabeça.


- Eu não gostei deles e eu estava bem entediado. Não podia permitir os Blacks a aumentaram o seu poder, podia? - perguntou Sirius, rindo.


Harry olhou curioso para os dois, mas resolveu não interferir. Era bom que tivesse um momento a sós.


Os garotos observaram os quatro homens subirem os degraus do castelo e desaparecer de vista. Durante alguns minutos os jardins ficaram desertos.


- Mas não vai ficar por muito tempo - comentou Frank, lembrando da quantidade de pessoas que surgiram no local.


Então...


- Eu falei.


- E nós ouvimos, agora quietinho, Frank - disse Alice.


— Aí vem Lupin! — disse Harry ao ver outro vulto descer correndo os degraus de pedra e se dirigir ao salgueiro. Harry olhou para o céu. As nuvens estavam obscurecendo completamente a luz.


- Um céu poético.


Os dois acompanharam Lupin apanhar um galho seco do chão e empurrar com ele o nó do tronco.


- Tive um pouco de prática nisso - comentou Remus.


A árvore parou de lutar, e o professor, também, desapareceu no buraco entre as raízes.


- Quase feito um ninja.


- Sem exageros, Sirius.


- Mas James...


Alice mandou os dois ficarem quietos, recebendo o apoio de Lily.


— Se ao menos ele tivesse apanhado a capa — lamentou Harry.


- Nada adiantaria.


— Está caída bem ali...


- A capa não devia ficar jogada assim - brigou James.


E, virando-se para Hermione.


— Se eu desse uma corrida agora e apanhasse a capa, Snape nunca poderia se apoderar dela e...


- Tudo mudaria. Não faça isso - disse Lily, alarmada.


- Por mais que eu queira que Snape nunca toque na minha capa... - James disse. Snape revirou os olhos -...É tarde demais para isso.


— Harry, não podemos ser vistos!


- Acho que ele não entendeu isso ainda.


— Como é que você aguenta isso? — perguntou ele a Hermione impetuosamente.


- Harry é meio impulsivo.


- Meio? - questionou Gina.


— Ficar parada aqui olhando a coisa acontecer?


- É uma boa pergunta - disse Remus.


- É porque eu entendo as consequências.


— Ele hesitou. — Vou apanhar a capa!


- Deixe de ser teimoso - brigou Lily, o que foi muito irônico.


- Desculpe - pediu Harry.


— Harry, não!


- Isso é o mesmo que ouvir um sim.


Hermione agarrou Harry pelas costas das vestes bem na hora.


- Muito bem, Hermione - falou Frank - Você evitou grandes problemas.


Naquele instante, ouviu-se uma cantoria. Era Hagrid, ligeiramente trôpego, a caminho do castelo, cantando a plenos pulmões.


- Nem deve ter bebido.


Um garrafão balançava em suas mãos.


- Eu me pergunto quantas bebidas Hagrid tem em casa - comentou Dorcas.


- Parece que ele está sempre bebendo - concordou Lene.


— Viu? — sussurrou Hermione. — Viu o que teria acontecido? Temos que ficar escondidos! Não, Bicuço!


- Porque uma criança só não era o suficiente - murmurou Hermione - Tinha que cuidar de duas.


O hipogrifo fazia tentativas frenéticas para chegar até Hagrid;


Alice sorriu. Isso era fofo, mesmo que não fosse dar certo.


Harry agarrou a corda também, fazendo força para manter o animal parado.


- Pelo menos agora vocês tem o mesmo objetivo - murmurou Rony.


Os garotos observaram Hagrid caminhar, bêbado, até o castelo.


- Hagrid tem que aprender a quando parar de beber.


Bicuço parou de brigar para ir embora.


- Ele deve realmente amar Hagrid - comentou Alice, tocada.


Deixou a cabeça pender tristemente.


Regulus revirou os olhos impaciente. Muito triste que o hipogrifo está inclinando a cabeça de forma triste, mas mais triste ainda seria se ele não tivesse uma cabeça para pender.


Não havia se passado nem dois minutos e as portas do castelo tornaram a se escancarar, era Snape que saía decidido,


- O único que faltava para a reunião estar completa - murmurou Alex.


e rumava para o salgueiro.


- Ainda quero saber como você sabia como fazer isso - murmurou Lene.


- Isso se deve ao seu querido namorado - Snape falou com ironia. Nunca iria esquecer da noite em quase morrera.


Os punhos de Harry se fecharam quando eles viram Snape parar derrapando próximo à árvore,


Lily suspirou irritada. Era tão difícil que seu filho e seu antigo melhor amigo se dessem bem?


olhando para os lados. Depois, apanhou a capa e levantou-a.


- Não acredito que você teve coragem de pegar a minha capa - James resmungou, irritado.


- Eu nem tinha certeza que era sua - replicou Snape.


— Tira suas mãos imundas daí — rosnou Harry para si mesmo.


James sorriu. Era bom saber que o seu filho compartilhava a mesma opinião que ele.


— Psiu!


Snape apanhou o galho seco que Lupin usara para imobilizar a árvore,


- Sempre soube que Snape iria seguir meus passos - brincou Remus.


- Pois foi uma surpresa para mim - Snape falou.


cutucou o nó e desapareceu de vista ao se cobrir com a capa.


- É bom saber que aquela capa tem alguma função, porque para moda é que não - comentou Gina.


Lily a encarou friamente.


— Então é isso — disse Hermione baixinho. — Estamos todos lá embaixo... E agora temos que esperar até voltarmos da passagem...


- Parece uma boa hora para bater um papo - comentou Neville.


- Melhor do que normalmente temos.


A garota pegou a ponta da corda de Bicuço e amarrou-a bem segura na árvore mais próxima, então, sentou-se no chão seco, os braços em torno dos joelhos.


- Você parecia uma criança assim - comentou Harry, sorrindo levemente.


— Harry, tem uma coisa que eu não entendo... Por que os dementadores não pegaram Sirius?


Harry corou de vergonha ao se lembrar do que tinha sido.


Eu me lembro deles chegando, aí acho que desmaiei...


- Você desmaiou sim - afirmou Harry.


Havia tantos...


James fechou os olhos. Não queria lembrar do fato que seu filho fora obrigado a enfrentar um bando de dementadores.


Harry se sentou também.


- Foi um bom descanso numa noite interminável - comentou Harry.


E explicou o que vira; que na hora em que o dementador mais próximo chegou a boca junto à de Harry, uma coisa grande e prateada viera galopando do lago e forçara os dementadores a se retirarem.


-O patrono - comentou Frank - Será que finalmente descobriremos quem o conjurou?


A boca de Hermione estava ligeiramente aberta quando Harry terminou.


- Parabéns, nunca achei que algo seria capaz de chocar Hermione - brincou Rony.


— Mas o que era a coisa?


- Um patrono, duh - brincou Lyssi.


— Só tem uma coisa que podia ter sido, para fazer os dementadores irem embora — disse Harry. — Um Patrono de verdade. Bem poderoso.


Harry riu. Era tão engraçado descobrir que a pessoa que ele tinha elogiado, no final tinha sido ele mesmo.


— Mas quem o conjurou?


- Essa é a pergunta de um milhão de galeões - comentou Gina.


Harry não respondeu nada.


- Então Harry não é mistério só conosco - murmurou Lene.


Estava relembrando a pessoa que vira na outra margem do lago.


- Então, você de fato viu alguém - falou Sirius triunfante.


Sabia quem ele pensara que era... Mas como seria possível?


- Não sei, me diz quem é e eu te digo como é possível - ofereceu Remus, "inocentemente".


- Eu estava enganado de qualquer jeito - Harry deu de ombros. Claro que isso somente aumentou a curiosidade dos outros.


— Você não viu com quem se parecia?


- Claro que vi.


— perguntou Hermione ansiosa. — Foi um dos professores?


- Definitivamente não - Harry respondeu rindo.


- Quem sabe no futuro? - Hermione sugeriu - A pessoa leva jeito.


- Você estão me matando de curiosidade - Lene choramingou.


— Não — disse Harry. — Não era um professor.


- Claro que não, nesses tempos os professores não parecem saber de nada que acontece em Hogwarts - Dorcas revirou os olhos. Todos concordaram com o ponto dela.


— Mas deve ter sido um bruxo realmente poderoso, para fazer todos aqueles dementadores irem embora...


- Eu não diria isso - falou Harry.


- Eu diria - replicou Hermione, suavemente.


Harry sorriu para a amiga.


Se o Patrono era tão brilhante, a luz não iluminava ele?


- Iluminava - Frank respondeu sem hesitar.


Você não pôde ver...?


- Eu estava sem óculos, ai não deu - brincou Harry.


— Claro que vi — disse Harry lentamente. — Mas talvez... Eu tenha imaginado que vi... Eu não estava pensando direito...


- Com tudo isso, estou começando a ficar assustada - murmurou Lily - Quem você viu?


- Achei que tinha visto um herói, mas não era isso - disse Harry, confundido ainda mais as pessoas.


Desmaiei logo em seguida...


- Sim, mas isso não causa alucinações.


— Quem foi que você pensou que viu?


- Estou até tensa aqui, esperando a resposta - murmurou Lene.


Harry ficou envergonhado. O que eles diriam quando soubessem que ele tinha achado que foi o pai dele?


— Acho... — Harry engoliu em seco, sabendo como era estranho o que ia dizer.


- Se é estranho para Harry é preocupante para todos - disse Fred.


— Acho que foi o meu pai.


Na mesma hora todos olharam de James para Harry, tentando processar o que aquilo queria dizer. James, por sua vez, olhava para Harry, preocupado. Como o filho poderia acreditar numa coisa dessas? Por mais que James quisesse, nunca poderia ajudar o filho. Mas ele também sentiu-se honrado; de todas as pessoas que Harry podia ter acreditado que tivesse o salvado, ele acreditou nele.


- Harry... Não tem como ser James - Alice falou o mais docemente que podia.


- Eu sei - Harry falou.


Harry olhou para Hermione e viu que a boca da menina se abrira de vez. Ela o olhava com uma mistura de susto e piedade.


- Desculpe, eu só não esperava ouvir isso - ela murmurou.


- Estava tudo bem.


— Harry, seu pai está... Bem... Morto — disse ela baixinho.


- Isso não foi nada delicado - Hermione falou com raiva dela mesma. Não precisava ter falado assim.


— Eu sei — respondeu Harry depressa.


- Não queria que você pensasse que eu estava enlouquecendo.


- Acredite, se fosse para pensar isso, ela já tinha pensado faz tempo - falou Jorge.


— Você acha que viu o fantasma dele?


- Não! - James reagiu a informação imediatamente - Eu não seria um fantasma. De jeito nenhum - odiaria esse tipo de "vida". Seria deprimente.


Sirius concordou com a cabeça. Por mais que quisesse que James vivesse para sempre, a resposta não era uma vida como fantasma. Isso não seria certo; James seria reduzido a quase nada.


- James jamais poderia ser um fantasma - afirmou Remus com convicção.


- E ele não era - prometeu Harry, para tranquilizar todos.


- Mas... o que você viu? - perguntou Frank curioso.


— Não sei... Não... Parecia sólido...


- Definitivamente não, então - falou Neville, estremecendo com a lembrança dos fantasmas o atravessando.


— Mas então...


— Vai ver eu andei vendo coisas — disse Harry.


- Você pode já ter desmaiado e sonhado com isso - falou Dorcas.


- Não, isso não é possível - discordou Frank.


- Mas talvez você tenha visto algo que seu cérebro não pode processar então pulou para explicação lógica mais perto disso - sugeriu Lene.


— Mas... Pelo que pude ver... Parecia ele... Tenho fotos dele...


- Você é muito mais bonito pessoalmente - Harry acrescentou.


- Claro. A câmera não pode captar tanta beleza - James falou. Lily revirou os olhos.


Hermione continuava a mirá-lo como se estivesse preocupada com a sanidade do amigo.


- Eu sabia - murmurou Harry.


- Desculpe.


— Sei que parece doideira — falou Harry, sem animação.


- Eu estava começando a me convencer que eu estava doido também.


E se virou para olhar Bicuço, que enterrava o bico no chão, aparentemente à procura de vermes.


- Eca! - reclamaram Alice, Lene e Gina juntas.


Mas na realidade o garoto não estava olhando para Bicuço.


- Os problemas de visão estão nesse nível? - perguntou Fred, falsamente preocupado.


Estava pensando no pai e nos três amigos mais antigos do pai...


James sorriu para Remus e Sirius.


Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas...


- O melhor grupo de todos - afirmou Sirius com convicção.


- Menos por Peter - falou Remus, baixinho. Ainda não acreditava que o amigo tinha o traído.


Será que os quatro tinham estado em Hogwarts esta noite?


- Isso seria demais, mas não - falou James.


Rabicho reaparecera quando todos pensavam que estivesse morto...


- Mas isso é só porque ele é um rato covarde - falou Lene.


- James nunca abandonaria o próprio filho para viver com os Dursleys, não importa onde ele tivesse - falou Lily, triste. Teria sido ótimo se pelo menos James estivesse lá para Harry.


Seria tão impossível que o mesmo acontecesse com o seu pai?


- Sim. O mundo bruxo todo sabe tudo sobre a queda de Voldemort - afirmou Gina, mas estava triste também. Queria que Harry tivesse tido uma infância e vida perfeita.


Será que andara vendo coisas no lago?


- Aquele lago é muito estranho - comentou Sirius, aleatoriamente.


O vulto estava demasiado longe para vê-lo com clareza...


Ainda bem, pensou Harry, ou as coisas teriam sido desastrosas.


Contudo, Harry tivera uma certeza momentânea antes de perder a consciência...


- Mas você sempre tem certeza de tudo, é por isso que você é tão teimoso.


A folhagem no alto rumorejava baixinho à brisa. A lua aparecia e desaparecia por trás das nuvens que deslizavam pelo céu. Hermione, sentada com o rosto virado para o salgueiro, aguardava.


- Não tinha mais nada que pudêssemos fazer.


- Deve ter sido enlouquecedor - murmurou Lene, se colocando no lugar deles.


- Um pouco.


Então, finalmente, passada uma hora...


- Muito mais que Sirius já esperou na vida por qualquer coisa - brincou Remus.


- É verdade - concordou Sirius.


— Aí vêm eles! — sussurrou Hermione.


Ela e Harry se levantaram. Bicuço ergueu a cabeça. Então os garotos viram Lupin, Rony e Pettigrew saindo desajeitados do buraco nas raízes. Depois veio Hermione... O inconsciente Snape, flutuando estranhamente.


- Essa é uma cena que eu queria ter visto - falou James, sorrindo amplamente. Lily bateu nele em seguida. Snape só revirou os olhos.


Em seguida subiram Harry e Black.


Harry olhou para baixo, com um sorriso triste. Ele estava tão feliz naquela hora. Tinha esperanças de que tudo fosse mudar. Como tinha sido estúpido.


Todos saíram caminhando em direção ao castelo.


É quase poético, pensou Sirius, o lugar onde tudo começou, ser o lugar onde tudo terminou.


O coração de Harry começou a bater muito depressa. Ele olhou para o céu. A qualquer momento agora, aquela nuvem ia se afastar e mostrar a lua...


- Então cadê o salvador misterioso? - perguntou Alice.


Harry e Hermione se entreolharam e riram.


— Harry — murmurou Hermione como se soubesse exatamente o que ele estava pensando — temos que ficar parados.


- Eu te conheço muito bem.


- Bem demais.


- Sou sua melhor amiga por isso.


Não podemos ser vistos. Não tem nada que a gente possa fazer...


Neville olhou para Harry ansioso. Se nem ele podia fazer algo...


— Então vamos deixar Pettigrew escapar outra vez... — protestou Harry baixinho.


Harry começou a se perguntar como sua vida teria sido diferente se Pettigrew não tivesse escapado. Mas depois balançou a cabeça. Não adiantava pensar nisso.


— Como é que você espera encontrar um rato no escuro? — retrucou Hermione irritada. — Não tem nada que a gente possa fazer! Voltamos para ajudar Sirius; não é para fazer mais nada!


- Bem, isso ajudaria Sirius - Rony murmurou baixinho.


— Está bem!


A lua deslizou para fora da cobertura de nuvens. Os dois viram os pequenos vultos que atravessavam os jardins pararem. Então perceberam um movimento...


- O que foi isso? - Lily perguntou, ansiosa.


- Nada que não tivesse acontecido antes - falou Harry.


— Lá vai Lupin — cochichou Hermione. — Ele está se transformando...


Remus só esperava que não machucasse Harry e Hermione.


— Hermione! — disse Harry de repente. — Temos que mudar de lugar!


- Lá vem Harry e suas ideias - murmurou Neville.


— Já disse que não podemos...


— Não podemos interferir!


- Eu também te conheço bem - brincou Harry.


- Essa foi fácil demais. Eu já tinha dito mil vezes isso!


- Mesmo assim, eu ainda sabia o que você iria falar.


Mas Lupin vai correr para dentro da floresta, bem por onde estamos!


- Eu apoio a ideia de vocês saírem daí - concordou Remus.


Hermione prendeu a respiração.


- Não prenda a respiração, só mude de lugar - falou Regulus, preocupado. Harry não podia ficar perto de um lobisomem na lua-cheia!


— Depressa! — gemeu ela, correndo para soltar Bicuço.


- Ainda bem que vocês não esquecerem dele - falou Alice. Frank olhou culpado para ela; sabia que ele teria esquecido do pobre animal. Frank não era uma pessoa muito cuidadosa com bichos.


— Depressa! Aonde é que nós vamos? Onde é que vamos nos esconder?


- Atrás de uma árvore - sugeriu Lily.


Os dementadores vão chegar a qualquer momento...


- Então corram - falou James, ansioso.


— Vamos voltar para a cabana de Hagrid!


- Ótima ideia!


— disse Harry. — Está vazia agora...


- Melhor ainda.


Vamos!


Os garotos correram a toda velocidade, Bicuço atrás deles.


- Ainda bem que ele não está lutando para ficar dessa vez - disse Rony.


Ouviam o lobisomem uivando em sua cola...


Remus olhou preocupado para Harry e Hermione. Nada poderia acontecer com eles; Remus jamais se perdoaria se algo acontecesse.


Avistaram a cabana; Harry derrapou diante da porta, escancarou-a, e Hermione e Bicuço passaram como relâmpagos por ele; o garoto se atirou para dentro e trancou a porta.


- Com um feitiço, espero - falou Regulus.


Harry concordou com a cabeça.


Canino, o cão de caçar javalis, latiu com força.


- Péssima hora - resmungou Dorcas.


— Psiu, Canino, somos nós! — disse Hermione, correndo a coçar atrás das orelhas do cão para sossegá-lo.


- Ainda bem que vocês conhecem Canino já - disse Alice.


— Essa foi por pouco! — disse ela a Harry.


- Vocês sempre fazem coisas assim - falou Lily - Acho que é para me dar um ataque do coração.


- Claro que não, mãe - falou Harry.


Lily sorriu para ele. Era muito bom ser chamada assim.


— Acho melhor sair, sabe


- O quê? Mas vocês acabaram de entrar - protestou Gina, confusa.


— disse Harry lentamente.— Não consigo ver o que está acontecendo...


- Você não sabe ficar por fora das coisas, não é? - Neville perguntou, suspeitando.


Harry confirmou com a cabeça.


Não vamos saber quando for a hora...


- Bem, isso é verdade - concordou Lily, de má vontade. Eles estavam seguros ali. Mas claro que eles teriam que sair.


Hermione ergueu a cabeça. Tinha uma expressão desconfiada.


- Você sabe que pode confiar em mim, certo?


- Não - Hermione respondeu duramente.


Harry deu de ombros.


— Não vou tentar interferir — disse Harry depressa. — Mas se não virmos o que está acontecendo, como é que vamos saber quando temos que salvar Sirius?


- É uma boa pergunta e eu considero importante me salvar - ressaltou Sirius.


— Bem... Ok, então... Fico esperando aqui com o Bicuço... Mas Harry, tenha cuidado, tem um lobisomem solto lá fora... E os dementadores...


Gina olhou para Hermione incrédula. Sério que ela tinha deixado Harry ir sozinho para enfrentar os dementadores e um lobisomem?


Hermione percebeu o que a amiga estava pensando e sentiu-se culpada, mas não podia mudar o passado.


Harry saiu e contornou a cabana. Ouvia latidos ao longe. Isto significava que os dementadores estavam fechando o cerco sobre Sirius...


Sirius estremeceu. Não queria nem imaginar.


Ele e Hermione iriam correr para Sirius a qualquer instante...


- Não superei ainda como isso é estranho - murmurou Lyssi.


Harry espiou para as bandas do lago, seu coração produzindo uma espécie de batuque no seu peito... Quem quer que tivesse mandado o Patrono iria aparecer a qualquer momento...


- Finalmente - falou Frank, ansioso.


Por uma fração de segundo ele parou, indeciso, diante da porta da cabana. "Você não pode ser visto". Mas ele não queria ser visto.


- O importante é o que você faz, não o que você quer, Potter - murmurou Snape.


- Eu sei.


Queria ver... Tinha que saber...


- Harry, você tem que trabalhar essa sua ansiedade - murmurou Lily.


E lá estavam os dementadores. Emergiam da noite,


- Do dia é que não ia ser - murmurou Rony.


vindos de todas as direções, deslizando pela orla do lago... Estavam se distanciando do ponto em que Harry se encontrava, em direção à margem oposta... Ele não teria que se aproximar deles...


Lily suspirou aliviada. Pelo menos, isso.


Harry começou a correr. Não tinha outro pensamento na cabeça senão o pai... Se fosse ele... Se fosse realmente ele... Harry precisava saber, precisava descobrir...


- Mas não era - Harry falou, antes que qualquer pessoa pudesse comentar algo.


O lago estava cada vez mais próximo, mas não havia sinal de ninguém. Na margem oposta, Harry vislumbrou minúsculos pontos prateados, suas próprias tentativas de produzir um Patrono...


Harry sorriu para Regulus.


- Está vendo que eu também era ruim nisso? - sussurrou- E você é muito melhor que eu.


Regulus riu baixinho.


Havia uma moita bem na beirinha da água. Harry se atirou atrás dela, e espiou desesperado entre as folhas. Na margem oposta, os reflexos prateados de repente se extinguiram. Uma mescla de terror e excitação percorreu seu corpo,


- Essa é uma combinação perigosa - murmurou Frank.


a qualquer momento agora...


— Vamos! — murmurou, olhando com atenção para os lados. — Onde é que você está! Papai, anda...


James sentiu seu coração partir ao escutar essas palavras. Ele olhou tristemente para Harry. Queria tanto poder responder ao pedido do filho. Ele merecia uma resposta. Mas nunca teria uma vinda dele.


- Eu sinto muito, filho - falou para Harry.


- Está tudo bem - Harry prometeu, embora ainda se lembrasse da dor que foi esperar o pai que nunca veio.


Mas não veio ninguém.


- Como assim? - Lene perguntou chocada e nervosa. Quem salvaria Sirius?


Harry ergueu a cabeça para olhar o círculo de dementadores do outro lado do lago. Um deles estava despindo o capuz. Estava na hora do salvador aparecer, mas ninguém ia aparecer para ajudar desta vez...


Harry deu um sorriso pequeno. Foi nessa hora que ele aprendeu uma das lições mais difíceis da vida; ás vezes ninguém viria ao seu resgaste exceto você mesmo.


E então a explicação lhe ocorreu, ele compreendeu.


- Você é muito mais inteligente que nós então - murmurou Sirius, impaciente.


- Sabemos tudo que você sabe e ainda não entendemos - murmurou Alice.


Não vira o pai, vira a si mesmo...


Todos ficaram em silêncio, processando a informação. Tentando entender.


- Tudo faz sentido agora - murmurou Lily, por fim.


- Você... você derrotou todos aqueles dementadores? - Regulus perguntou, impressionado.


Harry acenou, um pouco envergonhado.


- Então estou com o melhor professor - o Black sussurrou baixinho e então sorriu.


Harry sorriu de volta.


- Não achava que era possível alguém da sua idade fazer isso - falou Frank impressionado. Harry devia ter uma quantidade de poder maior que o normal, não podia ser possível.


- É algo incrível mesmo - falou Alex com um sorriso orgulhoso. Os outros concordaram com ele.


Harry se precipitou para fora da moita e puxou a varinha.


- Agora sim - Sirius sorriu vingativo.


— EXPECTO PATRONUM! — berrou.


- Até eu senti a confiança agora - disse James, orgulhoso.


E da ponta de sua varinha irrompeu, não uma nuvem disforme, mas um animal prateado, deslumbrante,


- Ouvi falar que patronos são lindos - suspirou Lily.


ofuscante. Ele apertou os olhos tentando ver o que era.


- Eu estou curioso também - admitiu James. Um patrono dizia muito sobre quem a pessoa era.


Harry sorriu para o pai.


Parecia um cavalo.


- Um animal de grande porte então?


Harry balançou a cabeça.


Galopava silenciosamente se afastando dele, atravessando a superfície escura do lago. Ele viu o animal abaixar a cabeça e investir contra o enxame de dementadores...


- Deve ser algo espetacular - disse Josh.


- É - Harry sorriu.


Agora, a galope, ele cercava os vultos escuros no chão, e os dementadores recuavam, se dispersavam, batiam em retirada na noite... Desapareciam.


Regulus sorriu para Harry. O Potter era mesmo muito talentoso.


O Patrono deu meia-volta. Veio em direção a Harry atravessando a superfície parada das águas.


- É tão legal o fato deles poderem atravessar a água.


Não era um cavalo. Não era um unicórnio, tampouco.


- Se fosse um unicórnio, eu nunca iria me esquecer disso - garantiu Jorge, rindo.


Era um cervo.


- Então não é muito melhor que isso - falou Sirius, rindo - Parece que é maldição de família.


- Eu não diria bem assim - defendeu Harry, com um sorriso.


Reluzia intensamente ao luar... Estava retornando a ele...


- Retornando ao dono.


Parou na margem. Seus cascos não deixaram pegadas no chão macio quando ele encarou Harry com os grandes olhos prateados.


Alice suspirou. O Patrono parecia tão lindo que ela queria que fosse um animal de verdade.


Lentamente, ele curvou a cabeça cheia de galhos.


- Um gesto de respeito.


- Um respeito que você merece - murmurou Lily.


E Harry percebeu...


— Pontas — sussurrou.


James e Harry trocaram sorrisos, sabendo bem o que aquilo significava.


Mas quando os dedos trêmulos de Harry se estenderam para o bicho, ele desapareceu.


Alice mexeu a cabeça para o lado, triste com a perda.


Harry continuou parado ali, a mão estendida.


- Parecia um sonho - afirmou.


Então com um grande salto no coração, ele ouviu o ruído de cascos às suas costas – virou-se e viu Hermione correndo para ele, arrastando Bicuço.


Gina deu um sorriso. Então Hermione não abandonara Harry, afinal.


— Que foi que você fez? — perguntou ela com raiva. — Você disse que ia ficar vigiando!


- E eu fiquei, de um jeito - disse Harry, rindo, mas parou sob o olhar mortal de Hermione.


— Acabei de salvar as nossas vidas... — disse Harry.


- É uma boa maneira de pedir desculpas - disse Hermione.


— Vem aqui para trás, atrás dessa moita,


- Essa foi uma frase um pouco suspeita - murmurou Sirius.


eu explico.


- Assim eu espero - disse Sirius.


Hermione ouviu o relato do que acabava de acontecer, outra vez boquiaberta.


- Você conseguiu chocar Mione duas vezes na mesma noite - falou Neville impressionado.


— Alguém viu você?


- Ninguém - prometeu Harry.


— Está vendo, você não ouviu nada!


- Mulheres são assim, filho. Elas sempre reclamam que nós não ouvimos, mas elas que ouvem nada - disse James, causando um discurso extremamente irritado de Lily.


Eu me vi e achei que era o meu pai! Tudo bem!


- Fico feliz que você tenha achado isso - falou James.


— Harry, nem posso acreditar... Você conjurou um Patrono que espantou todos aqueles dementadores! Isto é magia muito adiantada, mas muito mesmo...


Finalmente um pouco de admiração, pensou Regulus.


— Eu sabia que podia fazer isso desta vez — disse Harry — porque já tinha feito antes... Faz sentido?


- Acho que não - falou Alice - Mas nada na sua vida faz sentido.


— Não sei... Harry, olha o Snape!


Snape só esperava que não houvesse mais xingamentos.


Juntos eles olharam para a outra margem. Snape recuperara os sentidos. Estava conjurando macas e erguendo as formas inertes de Harry, Hermione e Black para cima delas.


- Obrigado, aliás - falou Harry.


- Muito obrigada mesmo - Hermione falou.


- De nada - disse Snape.


Uma quarta maca, sem dúvida carregando Rony, já estava flutuando ao seu lado.


- Obrigado também - pediu o ruivo.


- De nada - repetiu Snape.


Então, com a varinha segura à frente, ele os transportou para o castelo.


- Não podia deixar vocês ali - murmurou Snape.


— Certo, está quase na hora — disse Hermione olhando, tensa, para o relógio. — Temos uns quarenta e cinco minutos até Dumbledore fechar a porta da ala hospitalar. Temos que salvar Sirius e voltar à enfermaria antes que alguém perceba que estamos ausentes...


- Ainda dá tempo - falou Lene otimista.


Os dois esperaram, observando o reflexo das nuvens que se moviam sobre o lago, enquanto a moita ao lado sussurrava à brisa.


- Harry e seus comentários estranhos estão de volta.


Bicuço, entediado, estava novamente bicando a terra à procura de vermes.


- Coitado dos vermes - comentou Remus.


— Você acha que ele já está lá em cima? — perguntou Harry, consultando o relógio. Em seguida olhou para o castelo e começou a contar as janelas à direita da Torre Oeste.


- Isso é que é tédio - murmurou Neville.


— Olha! — sussurrou Hermione. — Quem é aquele? Alguém está saindo do castelo!


- Muito suspeito.


Harry olhou para o escuro. O homem estava correndo pelos jardins, em direção a uma das entradas.


- Tentando fugir?


- Acho que não.


Uma coisa reluzente faiscava em seu cinto.


- Não gostei dessa frase - disse Lyssi.


— Macnair! — exclamou Harry. — O carrasco! Ele foi chamar os dementadores! É agora, Mione...


- Vão - disse Lene. Nada podia acontecer a Sirius.


Hermione pôs as mãos nas costas de Bicuço e Harry a ajudou a montar.


- Um cavalheiro - murmurou Lily, feliz.


Então ele apoiou o pé em um dos galhos mais baixos da moita e montou à frente da garota.


- Você até que tem talento para isso - comentou Hermione.


- É parecido com Quadribol, de um jeito.


Depois puxou a corda de Bicuço por cima do pescoço e amarrou-a como se fossem rédeas.


- Foi um improviso, mas até que deu certo.


— Pronta? — cochichou para Hermione. — É melhor você se segurar em mim...


- Não precisava dizer duas vezes.


E bateu os calcanhares nos lados de Bicuço.


- Isso não é para cavalos?


- Funciona com hipogrifos também.


O bicho saiu voando pela noite. Harry comprimiu os flancos de Bicuço com os joelhos, sentindo as grandes asas erguerem-se com força por baixo deles. Hermione segurava Harry muito apertado, pela cintura; ele a ouvia reclamar baixinho.


Hermione corou. Jurava até hoje que Harry não tinha escutado.


— Ah, não... Não estou gostando disso... Ah, não estou gostando nem um pouco disso...


Harry incitou Bicuço para fazê-lo avançar.


- Você só queria fazer com que eu ficasse mais nervosa - acusou Hermione.


- Não, eu queria que acabasse logo - falou Harry.


Eles começaram a voar silenciosamente em direção aos andares superiores do castelo. Harry puxou com força o lado esquerdo da corda e Bicuço virou para aquele lado.


- Parece ser fácil montar em Bicuço.


- Ainda assim, não quero repetir - disse Hermione.


O garoto tentava contar as janelas que passavam velozes...


- Você vai ficar tonto - comentou Regulus.


— Ôôo! — comandou puxando a corda para si com toda a força que pôde.


- Não que seja muito - brincou Fred.


O hipogrifo reduziu a velocidade e eles pararam, salvo se considerarmos o fato de que continuavam a subir e descer quase um metro de cada vez, quando o bicho batia as asas para se manter no ar.


- Deve ser uma visão engraçada - comentou Dorcas.


— Ele está ali! — disse Harry apontando para Sirius quando emparelharam com uma janela.


- Finalmente - murmurou Regulus. Já estava nervoso pensando no que aconteceria ao irmão.


O garoto estendeu a mão e, quando as asas de Bicuço baixaram, conseguiu dar umas pancadinhas na vidraça.


- Quebrava logo que chamava mais a atenção.


Black olhou. Harry viu o queixo dele cair de espanto.


- Harry estava chocando muitas pessoas nessa noite.


O homem saltou da cadeira, correu à janela e tentou abri-la, mas estava trancada.


- Tente um feitiço - Regulus revirou os olhos. Como seu irmão podia agir de forma tão trouxa ás vezes mesmo tendo nascido em uma família bruxa?


— Se afaste! — pediu Hermione tirando a varinha, ainda agarrando as vestes de Harry com a mão esquerda.


- Eu ainda estava com medo - murmurou ela quando viu a cara de Rony.


— Alorromora!


A janela se escancarou.


- Eu disse - resmungou Regulus.


— Como... Como...? — exclamou Black com a voz fraca, olhando para o hipogrifo.


- Supere essa - falou James.


— Sobe, não temos muito tempo — disse Harry, segurando Bicuço com firmeza pelos lados do pescoço escorregadio para mantê-lo parado.


- Foi só para ver se apressava Sirius, tenho certeza - falou James.


— Você tem que sair daqui, os dementadores estão chegando, Macnair foi buscar eles.


- Sair, tipo, agora - concordou Lene.


Black colocou as mãos dos lados da janela e ergueu a cabeça e os ombros para fora.


- Tenho muita prática em escapar de lugares que não devia - falou sorrindo.


Foi uma sorte estar tão magro.


- Sempre disse que regimes serve para algo.


Em segundos, ele conseguiu passar uma perna por cima do lombo de Bicuço e montar o bicho atrás de Hermione.


- Não que isso dê muita confiança para alguém no moemnto - disse Gina.


— Ok, Bicuço, para cima! — disse Harry sacudindo a corda. — Para a torre, anda!


- Espero que ele saiba o que é torre - falou Rony.


O hipogrifo bateu uma vez as asas possantes e eles recomeçaram a voar para o alto, até o topo da Torre Oeste. Bicuço pousou com um ruído de cascos nas ameias do castelo e os garotos escorregaram para o chão.


- Foi a melhor hora da minha vida - afirmou Hermione.


— Sirius, é melhor você ir depressa — ofegou Harry. — Eles vão chegar à sala do Flitwick a qualquer momento, e vão descobrir que você fugiu.


James olhou para Sirius com pena. Sirius agora teria que viver com um foragido. Isso não era certo. Ele merecia mais.


Bicuço pateou o chão, sacudindo a cabeça pontuda.


- Isso quer dizer que ele concorda? - perguntou Frank, confuso. Harry deu de ombros.


— Que aconteceu com o outro garoto? Rony! — perguntou Sirius rouco.


- Estou magoado. Sou só um o outro garoto... - falou Rony, falsamente ofendido.


- Desculpe, mas você não é relevante para mim - brincou Sirius.


— Ele vai ficar bom. Ainda está desacordado, mas Madame Pomfrey diz que vai dar um jeito nele.


- Ela é a melhor - disse Harry, sorrindo. Ele tinha um carinho especial por ela e por todas as vezes que ela cuidara dele.


Depressa, vai...


- Harry está te expulsando.


- Você devia ter educado melhor o seu filho - falou Sirius.


- Ele saiu bem o suficiente sem mim, como você está vendo - James falou com um sorriso, meio sério e meio brincando.


Mas Black continuava a olhar para Harry.


- Sirius não se toca - Lene disse - Ninguém queria ele lá.


- Ele é assim - concordou James.


Sirius só sorria.


— Como é que vou poder lhe agradecer...


- Você não precisa me agradecer - disse Harry.


— VAI! — gritaram ao mesmo tempo Harry e Hermione.


Black fez Bicuço virar para o céu aberto.


- Todos parecem saber automaticamente como montar em um hipogrifo - observou Frank.


— Nós vamos nos ver outra vez — disse ele.


- Espero que sim - ameaçou James.


— Você é bem filho do seu pai, Harry...


- Eu sei - Harry disse sorrindo.


E, então, apertou os flancos de Bicuço com os calcanhares. Harry e Hermione deram um salto para trás quando as enormes asas se ergueram mais uma vez...


- O pobre hipogrifo deve estar cansado - falou Alice.


- Que nada.


O hipogrifo saiu voando pelos ares... Ele e seu cavaleiro foram ficando cada vez menores enquanto Harry os observava... Então uma nuvem encobriu a lua... E eles desapareceram.


- Espero que tenham ido para um lugar bom - disse Lene.


Harry não respondeu.


- Último capítulo do terceiro livro - anunciou Gina - Vamos ler?


Todos concordaram.




Nota final: Finalmente acabei esse capítulo! Sei que ninguém acreditava mais, mas aqui está! E o próximo já é o último de LHP3... Estou empolgada demais!


Quem ai consegue não amar Regulus e Harry? Só essa cena me faz amá-los:


- Você... você derrotou todos aqueles dementadores? - Regulus perguntou, impressionado.


Harry acenou, um pouco envergonhado.


- Então estou com o melhor professor - o Black sussurrou baixinho e então sorriu.


Harry sorriu de volta.


Eu quero adotar os dois. Mas então lembro que não é possível. Enfim, estou só abrindo meu coração e falando um pouco da minha depressão por não ter esses dois na minha vida, então me ignorem a vontade.

PS: Se tiver algum leitor do Rio de Janeiro, a hora de falar é agora.  

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

  • Izabella Bella Black

    Olá, achei que tinha desistido, mais fico muito feliz em saber que não. Já estava com saudades da fic.Eu não sei explicar mais eu gosto desse capitulo, pois ele é uma explicação de certa forma dos capitulos anteriores.Eu também quero adotar os dois, mais infelizmente não é possivel.Sobre o que Sirius fez para Snape, todos já sabem, pois quanto Remo e Sirius estão na Casa dos Gritos eles contando a historia para Harry, Hermione e Rony, porem nesse capitulo eles agem como se não soubessem da historia.Macnair não é tão velho, pois ele foi amigo de Snape em Hogwarts. Mas gostei muito da lembrança de Sirius sobre ele.Minhas ferias vão indo bem, voltei a pouco tempo da casa da minha vó. E as suas ferias como estão indo?Beijos... 

    2016-07-20
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.