O pergaminho suspeito



- Capítulo doze -
O pergaminho suspeito



O Expresso de Hogwarts parou, quando a chuva começou a martelar as janelas; altura em que Harry já trocara as roupas de trouxa por vestes da escola, e já se preparava para o regresso.
- Que chuva! - exclamou Hermione, se encolhendo em sua capa.
Harry a abraçou, os óculos embaçados pela forte tempestade.
Ele divisou o gigante Rúbeo Hagrid, conduzindo os aluninhos do primeiro ano, as barbas e cabelos ensopados.
As carruagens puxadas por Testrálios levou Harry, Hermione, Gina e Lilá para a Escola. Rony devia ter pego outra carruagem, ao que Harry entendeu, o amigo ainda estava bravo por saber da novidade que era ele e Hermione juntos. No entanto, a primeira oportunidade que Harry teve de falar com Rony sem Luna nem Hermione, foi quando eles entraram na Escola.
- Qual o seu problema? - ralhou Harry, puxando o amigo para o canto, para não ser atropelado pelos alunos que, encharcados, se uniam ali dentro. - Por que esse desprezo com eu e a Mione? Está nervosinho porque eu e ela namoramos, é?
- Não me perturbe, Potter - sussurrou Rony, evitando o olhar dele.
- Quem devia estar nervoso era eu, após o soco que você me deu - lembrou Harry. - Mas eu não estou, porque você é o meu melhor amigo, está sendo um cabeça dura, mas gosto de você.
Rony não disse nada.
- Eu vi a "festa" que você e Luna fizeram na Ordem, ontem - disse Harry, baixinho. - E aí, como é? É bom?
- O que é bom? - retrucou Rony.
- Não finja, porque pelo o que eu percebi, você transou com ela na cama que eu durmo na Ordem, só para se vingar, se vingar de mim.
- Bisbilhoteiro - Rony olhou zangado para ele, o que Harry achou um absurdo, já que Rony e Luna fizeram o maior barulho na noite anterior, que se alguém não os ouvisse, seria uma sorte.
- Olha, quer saber, esquece - disse Harry. - Só quero te dizer que graças a este seu comportamento estúpido, você poderá acabar perdendo dois dos seus melhores amigos: eu e a Hermione, porque nada do que você fizer vai adiantar; nada do que ninguém disser vai adiantar, porque eu e a Mione estamos apaixonados. Mas eu acho que levar nosso namoro numa boa não é ruim, já que você está se dando tão bem com Luna. Pense nisso, Ronald, não jogue seis anos de amizade fora por um ciúmes bobo. Pense que aquela ali - e apontou para Luna, que conversava distraída com uma amiga da Corvinal - pode ser a garota de sua vida.
Harry estranhou um pouco as palavras que de sua boca saíram, mas olhou para a expressão confusa do amigo.
- Ora, ora, quem diria: Potter e Weasley - caçoou uma voz fria e arrastada, atrás deles: era Draco Malfoy. - Ué, Potter, pensei que o seu negócio fosse com a Granger Sangue-Ruim... mas com o Weasley.
Harry deduziu que Draco soubera do namoro dele com Hermione através do jornal idiota de fofocas.
- Vá passear, Malfoy - retrucou Harry.
- Que faz aí, Rony? - disse Hermione, ao longe, alarmada, com um bando de aluninhos atropelando-a. - Somos monitores, pelo amor de Deus, temos de orientá-los.
Rony lançou um olhar vingativo ao sonserino Malfoy, antes de seguir Hermione e orientar os alunos.
- Olha só, a Weasley - disse Draco.
Harry olhou, e para a sua surpresa, Gina vinha de mãos dadas com Lilá. Ele se animou, ao ver que Gina seguira o seu conselho.
- Que é isso, Weasley? - disse Draco, os olhos cinzentos registrando a intimidade que Lilá e Gina tinham. - Tú gosta é de "aranha"?
- O que faz aqui com ele, Harry? - disse Gina, sem olhar para Malfoy. - Vamos, a Seleção das Casas vai começar.
- A Gina é lésbica - falou Draco alto.
- Cala a boca, Malfoy - mandou Harry.
- Gina desistiu do sorvete do Potter, e agora chupa a Brown - anunciou Malfoy.
- Fecha a porra desse bico - sussurou Harry.
- A Weasley come bacalhau - continuou ele, não dando ouvidos a Harry. - A Weasley curte uma xoxota!
Gina, em um movimento rápido, soltou a mão de Lilá e avançou um soco em Malfoy.
- Eu te avisei - disse Harry, feliz ao ver que muita gente à volta ria.
- Vamos, Gina - chamou Lilá, pegando a mão da namorada e a levando embora.
- Ela tem classe - disse uma voz fina atrás de Harry.
Era Neville Longbottom.
- E aí, Harry, beleza?
- Longbottom, ainda caçando sapos? - disse Draco, massageando a área em que Gina bateu.
- Vá para o inferno, Malfoy - disse Neville, sem olhar para o sonserino. - Vamos, estou faminto - acrescentou a Harry, deixando Draco para trás.
Harry viu , ao atravessar as portas de mármore, o incrível Salão Principal. Quatro mesas repleta de alunos, mais uma de professores e funcionários, tudo embaixo de um teto encantado, onde mostrava, no momento, a chuva violenta que caía fora do castelo.
- Por que demorou, 'morzinho? - perguntou Hermione, quando Harry se sentava na mesa da Grifinória, ao lado dela. - A Seleção das Casas já começou.
Harry viu o Chapéu Seletor, selecionando os alunos novos para as Casas.
Então, desconfortávelmente, ele se lembrou que teria de agir em poucas horas, tanto que bebia pouco das palavras de Dumbledore.
- ... que a partir deste ano, eles decidiram fornecer à Escola, aulas sexuais e prevenções, tudo dos conhecimentos trouxas à carismática e sensata nova professora: Sra. Lucinda Mclagan!
Na mesa dos professores, uma mulher muito bonita de cabelos longos, e corpo escultural, se levantou, sendo recebida por muitos aplausos de alunos excitados.
- Francamente - sussurrou Hermione.
Em seguida veio o banquete de início do ano, e Harry sabia que a qualquer momento, ele receberia os horários das aulas, e ainda uma declaração de que ele foi selecionado como capitão do time de quadribol da Grifinória... Ele sabia de tudo isso por ter visto no Livro Sexual da Sexualidade.
Acabou-se o banquete, e Harry viu Gina e Draco discutindo, antes de Snape levá-los para a masmorra. E ele recebeu o horário.
- Duas aulas de sexualidade por semana... - resmungou Hermione. - E... Harry, capitão?
- Pois é - disse Harry, distraído.
- Parabéns - Hermione beijou a bochecha dele.
- E, agora que estamos de bucho cheio, está na hora de irmos para a cama - anunciou Dumbledore.
Todos se dirigiram para as suas Casas, e Harry e Hermione foram os únicos que sobraram no aconchegante Salão Comunal da Grifinória, onde haviam poltronas confortáveis, e uma lareira, que deixava o clima mais romântico.
- Viu, enfim encontramos um lugar onde podemos namorar em paz - disse Hermione, pegando nas mãos de Harry.
Ele estava suando frio. Teria de despistar a namorada. Rony chegaria a qualquer momento.
- Olha, meu doce de abóbora, eu estou meio cansado - disse Harry, se espreguiçando. - Porque não deixamos para outra hora, hein?
- Tudo bem, então - Hermione disse, parecendo decepcionada. - Então seu docinho vai deitar. Boa noite, gatinho.
Harry a beijou tão apaixonadamente, como se quisesse mostrar que preferia mil vezes ficar com ela do que ter de beijar Rony; mas não tinha opção. Hermione subiu para o dormitório das meninas, enquanto Harry, só para se distrair, relia a proposta para capitão. Seria o máximo, pensou ele.
Harry se sobressaltou ao ver o retrato se abrir. Rony entrou à passos largos e se sentou na poltrona frente à ele. Harry logo percebeu que o que ele viu no Livro Sexual com Gina, realmente não passara de uma simulação, pois é verdade, que ele foi até Rony, hesitante, e o beijou, enojado, mas em seguida levantou a varinha e disse:
- Expecto ejaculous!
Rony passou por um avançado estágio de prazer, saído da varinha de Harry.
- Harry - ofegou Rony. - O que você...?
Mas ele se adiantou com a varinha em punho novamente.
- Obliviate! - exclamou Harry, alterando a memória do amigo.
Uma expressão de incompreensão passou pelo rosto de Rony, antes de se recuperar e dizer:
- Eu acho que você e a Mione têm todo o direito de ficarem juntos.
- Está falando sério? - perguntou Harry, sorridente.
- Pois é - disse Rony. - Se você é feliz assim, com a Hermione... que seja com ela. Foi um ciúmes bobo meu, mas já passou.
- Obrigado por compreender - Harry estava felicíssimo, não que não tivesse sido horrível e nojento beijar Rony, mas já passara, e além do mais estava em paz com o amigo.
Rony apertou a mão de Harry e subiu para o dormitório. Ele se jogou na poltrona, pensando se Gina teria conseguido enganar Draco e Snape ao mesmo tempo. E foi quando o retrato se abriu novamente que ele se levantou.
- E aí, conseguiu? - perguntou Harry para Gina, que entrou, parecendo aliviadíssima.
- Foi horrível - comentou Gina. - E difícil foi segurar os dois até meia-noite... mas consegui. E você?
- Positivo - falou o garoto. - Claro que talvez eu precise escovar os dentes, agora.
- Sei - Gina sorriu.
- Mas e agora? - perguntou Harry. - Como vamos saber se funcionará? Como sabemos se esse procedimento nos livrará da maldição?
- Só poderemos saber no final - disse Gina, pensativa. - Só depois de revertemos a maldição em dez pessoas, ou melhor, nove para você, e oito para mim.
- Então pode serem simultâneos - disse Harry. - Quero dizer, o Snape e o Malfoy valeram dois para você. O que significa que é como se você já tivesse se livrado de duas das dez "vítimas". E para mim ainda faltam nove - acrescentou, infeliz.
- Exato - respondeu Gina.
Harry e Gina ficaram um bom tempo conversando, até pegarem no sono e dormirem ali mesmo.
O sonho em que ele e Hermione se encontravam numa espécie de ilha repetira, ao que Harry acordou, novamente suando frio.
O céu pálido pela janela iluminava a torre da Grifinória. Era de manhã. Harry viu Gina, que também parecia ter despertado há pouco, já que a garota estava com cara de quem acabara de acordar.
- Tive o mesmo sonho na Ordem - falou ele. - Eu e Hermione em uma ilha no oceano.
- Sonhos como este podem ter algum significado, Harry - disse Gina. - Porque não pergunta para a Trelawney ou ao Firenze?
Ele considerou a idéia da amiga, enquanto revirava os bolsos. Achou um pergaminho que não o horário das aulas, e sim o que Cho lhe dera no Expresso de Hogwarts.
- Como essa droga veio parar aqui? - Harry o jogou imediatamente para o lado.
- Que é isso? - Gina apanhou o pergaminho, e aproximando-o dos olhos o leu.
- A Cho Chang queria que recomeçassemos - disse Harry, fazendo pouco caso.
Mas, ao olhar Gina, ele percebeu que a garota não lia o pergaminho, e sim o cheirava.
- Qual o problema? - perguntou Harry.
Gina pareceu mudar de personalidade repentinamente, ela jogou o papel no chão e olhou para os lados.
- Preciso ver a Cho - anunciou Gina, parecendo ansiosa.
- Ver a Cho? - perguntou Harry, sem entender. - Pra que é que você quer vê-la?
- Eu preciso dela - falou Gina, se encaminhando para o retrato, decidida. - Preciso da Cho Chang.
Gina sumiu pelo buraco no retrato, enquanto Harry franzia a testa.
- Bom-dia, Harry!
Harry viu Hermione descendo a escada do dormitório.
- Que cara é essa? - perguntou, ao dar um beijo nele.
- A Gina... - falou Harry. - Está estranha.
- Estranha? - disse Hermione, sentando-se na poltrona defronte ao namorado.
- Lembra daquele pergaminho que eu lhe disse? - perguntou Harry. - Aquele que a Cho me deu no capítulo anterior?
- Lembro - disse Hermione. - Aquele que a safada te convidou para a cabine das amigas. Mas o que é que tem?
- Gina o leu... e meio que começou a farejá-lo - disse Harry. - Aí ela ficou estranhíssima, e saiu procurando pela Cho.
Hermione franziu a testa para ele, e então avistou o pergaminho no chão, se adiantou a pegá-lo, mas Harry a impediu.
- Pirou? - disse ele, segurando o braço dela.
- Eu não vou cheirá-lo - disse Hermione. - Só vou investigá-lo
Ela se agachou e apanhou o pergaminho, mantendo-o longe do rosto.
- A Gina simplesmente saiu dizendo que precisava ver a Cho de qualquer jeito? - perguntou Hermione. - Eu acho que sei do que se trata.
- Do quê? - disse Harry, satisfeito pela sabedoria da namorada, de compreender tudo tão rápido.
- Primeiro vamos procurar por Gina para eu ter certeza.
Eles saíram do Salão Comunal. Encontrar Gina não foi nada difícil, pois o primeiro indício que eles tiveram da garota foi quando estavam entrando no Salão Principal.
Lilá Brown chorava, arrasada.
- Que foi, Lilá? - perguntou Hermione, segurando o braço dela, impedindo-a de subir a escadaria.
Lilá olhou de Harry para Hermione, parecendo confusa se diria alguma coisa.
- Sua amiga é uma traidora - choramingou Lilá, finalmente, se desvencilhando do braço de Hermione e sumindo de vista.
- Será que ela está falando de quem eu acho que está? - perguntou Harry.
- Não há dúvida - disse Hermione, olhando para a mesa da Corvinal, ao entrarem no Salão.
Gina falava com Cho Chang.
- Não resta a menor dúvida - sussurrou Hermione, se aproximando das garotas, Harry no encalço.
- Algum problema aqui? - perguntou Hermione.
- Você - resmungou Cho, enojada, se desvencilhando do braço de Gina. - Sim, há um problema aqui! Sua amiga não para de me perturbar.
- Mas eu te amo, Cho - suplicou Gina.
- Que há com você? - perguntou Harry, surpreso.
- Como eu suspeitei - disse Hermione, triunfante.
- Podem me dizer o que está acontecendo? - pediu Harry, olhando de Cho, que se esquivava dos braços de Gina; esta parecia apaixonada; enquanto Hermione tinha a compreensão espalhada pelo rosto.
- Vou chamar a Profa. Mcgonagall imediatamente - disse Hermione. - Você quebrou o regulamento da Escola, Chang. As Poções e Perfumes do Amor são totalmente proibidos aqui.
Cho a olhou, horrorizada.
- Quê? Você está dizendo que eu fiz esta garota se apaixonar por mim? Nem vem!
- Talvez, a sua intenção não fosse com Gina - Hermione falou, enquanto muita gente curiosa os observava. - Você fez este pergaminho - e estendeu ele, longe do rosto - chegar às mãos de Harry no Expresso de Hogwarts. Você pretendia enfeitiçá-lo.
- Mas Hermione, eu não fiquei como a Gina está - lembrou Harry, apontando para Gina, que agora se enroscava nas pernas de Cho.
- Pode ser que você não o tenha cheirado - disse Hermione.
- É claro - compreendeu Harry -, Rony me acertou o nariz uns minutos antes, eu não poderia sentir o Perfume por causa do sangue.
Hermione se dirigiu até a Profa. Mcgonagall, que estava na mesa dos professores. Cho parecia arruinada em seus pensamentos, enquanto evitava os lábios de Gina.
- Que golpe baixo - disse Harry, sorrindo para ela. - Eu jamais poderia me apaixonar por você, a não ser que me enfeitiçasse, não?
- Essa Granger me paga - Cho disse, à beira de lágrimas.
- O que me admira, Cho: - comentou Harry. - Como uma pessoa com tão pouca inteligência como você foi capaz de preparar o Perfume?
Cho lançou um olhar frio e vingativo à ele.
- Eu não desisti...

A fama de sabe-tudo que Hermione possuía na Escola, aumentou-se naquela tarde, quando todos no Salão viram a facilidade com que ela procesasse as coisas e desvendasse o mistério de Gina estar se arrastando aos pés de Cho. Gina foi levada à ala hospitalar para tomar uma contra-poção. Cho, por ter quebrado a regra da Escola, estava a dois fios de ser expulsa. Ao que Harry descobriu, ela estava com a ficha tão limpa quanto ele e Rony. Mas Cho também alcançou a fama naquele dia, pois vários alunos não paravam de perseguí-la, pedindo-na para preparar um Perfume do Amor, infelizmente Mcgonagall e Snape os enquadraram, o que para Harry foi bem feito, pois dois deles eram os comparsas de Malfoy, Crabbe e Goyle.
- Eles querem usar Poções do Amor naquela professora, a Mclagan - comentou Hermione para Harry, na primeira aula do ano, Herbologia.
Harry, sem querer, decapitou um lagarto que por acaso se escondia em seu visco.
- O que você acha dela? - perguntou Hermione, fazendo uma careta, ao ver o lagarto se debater pela metade.
- De quem? - disse Harry, distraído.
- Da professora de Sexualidade.
- Ela é atraente - respondeu ele, fazendo a cabeça do largato desaparecer com a varinha, em vez de dar sumiço por completo.
Hermione cortou o visco com a lâmina afiada, parecendo irritada.
- Eu disse que ela é atraente - disse Harry, depressa, olhando para a faca, preocupado. - Mas ela não chega aos seus pés.
- Sei!

À noite, após o jantar, Harry e Hermione se despediram, mas, cinco minutos depois, Harry estava de volta no Salão Comunal, porque marcara com Gina (esta se recuperara do Perfume do Amor).
- Você primeiro?
- O.k. - Harry pegou a mão da amiga, o Livro Sexual na outra mão. - Veremos quem vai ser o próximo...
- Se não for outro garoto - riu Gina.
- Vira essa boca pra lá - pediu Harry. - Não quero ter de beijar o Rony outra vez...
- Alerta-me, ó maldição... - começou Gina.
- ... De minha vida sexualmente amadiçoada quero uma visão - completou Harry.

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C-O-M-E-N-T-E-M!!!
Anderson Gryffindor

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