A Câmara Secreta



Gente, desculpa a demora.
Juro que demorei em todas as minhas fics e não só em LHP2.  E estou até com a consciência pesada por causa disso...
Julia Weasley~~>
Muito obrigada! Desculpe a demora!
Fernanda Gusman~~> Muito obrigada :D Estamos aqui de novo e já estou discustindo algumas coisa da fic com Mila. 
Anne Grace~~~> Oi, fiquei muito feliz com o seu comentário. E acho que talvez você esteja certa mesmo. Gina é forte, mas talvez nem tanto... Mas acho que o está dando forças para ela reviver isso é que é só em forma de leitura e ela está em um ambiente seguro com as pessoas que ama e sabe que é importante que todos sabiam o que ela passou... E ela, assim como Lene, não gosta de demonstrar que também é frágil. Que não consegue ser forte o tempo todo. Eu acho que ela está sofrendo, mas que entende para que é isso, então fica quieta. 

Capítulo 16 - A câmara secreta
 


— Tantas vezes estivemos naquele banheiro,


Sirius fez uma cara maliciosa.


 e ela ali a apenas três boxes de distância — comentou Rony amargurado à mesa do café, na manha seguinte —, e poderíamos ter perguntado a ela, e agora...


- Mas não tinham como vocês adivinharem – falou Regulus, quietamente.
Fora bastante difícil encontrar as aranhas. Fugir dos professores o tempo suficiente para entrar escondido em um banheiro de meninas, e ainda por cima o banheiro de meninas bem ao lado da cena do primeiro ataque, ia ser quase impossível.


- Isso não é nada – falaram os Marotos juntos.
Mas aconteceu uma coisa logo na primeira aula, Transfiguração, que varreu a Câmara Secreta para longe dos pensamentos dos dois garotos pela primeira vez em semanas.


- Mas o que pode ser tão importante assim?


Minutos depois de entrarem em sala, a Profª. McGonagall avisou que os exames começariam no dia primeiro de junho, dali a uma semana.


- E quem liga para os exames? – perguntaram James e Sirius juntos.


- Eu ligo – falaram Lily, Remus, Frank e Hermione juntos.
— Exames? — gritou Simas Finnigan. — E vamos ter exames?
Ouviram um estrondo atrás de Harry quando a varinha de Neville escapuliu e fez desaparecer um pé de sua carteira.


Neville corou.


 A professora restaurou-a com um aceno da própria varinha e se virou de cara amarrada para Simas.
— A razão de se manter a escola aberta neste momento é vocês receberem educação


- Não acho que eles estão aprendendo muito agora – falou Josh.


— disse ela severamente. — Portanto, os exames vão se realizar normalmente, e confio que vocês estejam estudando a sério.


- Bem, ás vezes você confia nas pessoas erradas – brincou Alex.
Estudando a sério! Jamais ocorrera a Harry que haveria exames com o castelo naquela situação. Houve muitos murmúrios de protesto na sala que fizeram a professora amarrar ainda mais a cara.
- Simpática – murmurou Lyssi.


— As instruções que recebi do Profº. Dumbledore foram no sentido de manter a escola funcionando o mais normalmente possível.


- Bem, ele não está lá agora está – falou Snape.


E isto, não preciso dizer, significa descobrir o quanto os senhores aprenderam neste ano.


- Nada?
Harry olhou para os dois coelhos que devia transformar em chinelos. Que é que ele aprendera até ali naquele ano? Não conseguia lembrar nada que lhe pudesse ser útil


- Estou orgulho, filho – sorriu James e Lily bateu nele e brigou como filho.


em um exame.
Rony parecia que tinha acabado de ser informado de que seria obrigado a ir viver na Floresta Proibida.


Os Weasleys, Hermione e Regulus riram.
— Você pode me imaginar fazendo exames com isso? — perguntou ele a Harry, mostrando a varinha,


- Boa sorte – falou Gina pro irmão.


que começara a assobiar alto.
Três dias antes do primeiro exame, a Profª. McGonagall deu outro aviso no café da manhã.
— Tenho boas notícias — disse, e os alunos no Salão, ao invés de se calarem, desataram a falar.


- Claro.
— Dumbledore vai voltar! — exclamaram de alegria vários alunos.
— Apanharam o herdeiro de Slytherin — gritou, esganiçada, uma menina na mesa da Corvinal.
— Os jogos de Quadribol vão recomeçar!


- Eu aposto que foi Olivio que falou – murmurou Fred.


 — berrou Olivio excitado.


- Não disse?
Quando o vozerio diminuiu, a professora disse:
— A Profª. Sprout me informou que finalmente as mandrágoras estão prontas para serem colhidas. Hoje à noite, poderemos ressuscitar os alunos que foram petrificados.


Todos sorriram aliviados.


Não será preciso lembrar a todos que um deles talvez possa nos dizer quem ou o que os atacou.


- Mas isso seria muita sorte para o trio – murmurou Neville.


Tenho esperanças que este ano tenebroso terminará com a captura do culpado.


- Terminou – sorriu Harry.
Houve uma explosão de vivas. Harry olhou para a mesa da Sonserina e não ficou nem um pouco surpreso ao ver que Draco Malfoy não se alegrara. Rony, porém, parecia mais feliz do que nos últimos dias.
— Então, não vai fazer diferença nunca termos perguntado nada à Murta! — disse a Harry. — Mione provavelmente terá todas as respostas quando a acordarem!


- Como sempre – falou Lyssi.


- Na realidade, eu não sabia – respondeu Hermione, meio irritada.


A loira ficou calada.


E mais, vai endoidar quando descobrir que vamos ter exames dentro de três dias. Ela não estudou. Seria mais caridoso que a deixassem onde está até os exames terminarem.


Hermione bateu no namorado.
Nesse instante Gina Weasley
Todos se viraram para Gina.
se aproximou e se sentou ao lado de Rony. Parecia tensa e nervosa e Harry reparou que torcia as mãos no colo.


Gina sorriu triste.
— Que foi que aconteceu? — perguntou Rony, servindo-se de mais mingau.
Gina não disse nada, mas olhava de uma ponta a outra da mesa da Grifinória com uma expressão apavorada no rosto, que lembrou a Harry alguém, embora ele não conseguisse atinar quem.


Todos olharam para Harry, que deu de ombros.


- Eu esqueci de novo.


- Tua memória é horrível – falou Lene.


- Foi há anos! – reclamou.
— Desembucha logo — disse Rony, observando-a. Harry de repente percebeu com quem Gina parecia. Estava se balançando para frente e para trás na cadeira, exatamente como Dobby fazia quando estava hesitando, pouco antes de revelar a informação proibida.


- Obrigada por me comparar com um elfo doméstico, Harry – falou Gina, irritada e Hermione a encarou – Não que eles tenham algum problema - completou.
— Tenho que lhe contar uma coisa — murmurou Gina, tomando cuidado para não olhar para Harry.
- Eu fico feliz que você tenha ido me contar - falou Harry, abraçando Gina.
- Que bom porque foi difícil ir contar - admitiu baixinho. 
— O quê? — perguntou Harry. 


- Assim você estraga tudo – falou Neville.
Gina fez cara de quem não consegue encontrar as palavras certas.


- Tem uma cara para isso? – perguntou Jorge.
— Que é?— perguntou Rony.
Gina abriu a boca, mas não saiu som algum. Harry se curvou para frente e falou baixinho, de modo que somente Gina e Rony pudessem ouvir.
— É uma coisa sobre a Câmara Secreta? Você viu alguma coisa? Alguém se comportando estranhamente?


Gina olhou para baixo.
Gina tomou fôlego e, naquele exato momento, Percy Weasley apareceu, com a cara cansada e pálida.


- Sempre estragando tudo - resmungou Fred, ainda irritado com o irmão.


Todos que não sabiam da briga o encararam confusos. Mas ele não explicou.
— Se você já terminou de comer, fico com o seu lugar, Gina.


- Que grosso.


Estou morto de fome. Acabei de ser liberado do serviço de vigilância.
Gina deu um pulo como se sua cadeira estivesse eletrificada, lançou a Percy um olhar rápido e amedrontado e saiu correndo, Percy se sentou e pegou uma caneca no meio da mesa.


- Isso não é algo que se faca com a irmã – disse Marlene olhando para Gina com pena.
— Percy! — disse Rony aborrecido. — Ela ia começar a nos contar uma coisa importante!
A meio caminho de beber um gole de chá, Percy se engasgou.
— Que tipo de coisa? — perguntou tossindo.


- Ele sabe alguma coisa que não quer que ela diga.
— Acabei de perguntar se tinha visto alguma coisa estranha e ela começou a dizer...
— Ah, isso, não tem nada a ver com a Câmara Secreta — disse Percy na mesma hora.
- Na verdade, tinha - murmurou. 
— Como é que você sabe? — perguntou Rony erguendo as sobrancelhas.
— Bem, se você faz questão de saber, Gina, hum, esbarrou comigo no outro dia quando eu estava... Bem, não importa, a questão é que ela me viu fazendo uma coisa e eu, hum, pedi a ela para não contar a ninguém. Devo dizer que achei que ela ia cumprir a promessa. Não é nada, verdade, só que eu preferia...


- Ótima explicação – disse Regulus, cruzando os braços.
Harry nunca vira Percy tão constrangido.
— Que é que você estava fazendo, Percy — perguntou Rony rindo. — Vamos, conte para a gente, não vamos rir.


 - Ninguém nunca cumpre essa promessa – falou Remus.
Percy não retribuiu o sorriso.
— Me passa esses pães, Harry, estou morto de fome.
Harry sabia que o mistério todo poderia ser resolvido no dia seguinte sem ajuda deles, mas não ia deixar passar uma oportunidade de falar com Murta se aparecesse uma — e para sua alegria apareceu, no meio da manhã, quando a turma estava sendo levada para a aula de História da Magia por Gilderoy Lockhart.


- Não aguento nem mais ouvir esse nome – disse Alex.
Lockhart, que tantas vezes os tranquilizara dizendo que o perigo passara, para em seguida provar-se o contrário, agora estava inteiramente convencido de que nem valia a pena levá-los em segurança pelos corredores.


- Covarde – resmungou Rony.


Seus cabelos não estavam tão sedosos quanto de costume; parecia que estivera acordado a maior parte da noite, vigiando o quarto andar.
— Marquem minhas palavras — disse, contornando um canto com os alunos. — As primeiras palavras que aqueles coitados petrificados vão dizer serão "Foi Hagrid”.


- Ele pode ser preso por falsa acusação – murmurou Lily, irritada.


Francamente, estou pasmo que a Profª. McGonagall continue achando que todas essas medidas de segurança são necessárias.


- Ninguém se importa.
— Concordo professor — disse Harry,


- Bem inesperado – falou Frank chocado.


 fazendo Rony derrubar os livros de surpresa.


- Aceitável.
— Obrigado, Harry — disse Lockhart, gentilmente, enquanto esperavam uma longa fila de alunos da Lufa-Lufa passar. — Quero dizer, nós, professores, já temos muito o que fazer sem ter que acompanhar alunos às aulas e ficar de guarda a noite inteira...


- Se preocupando com a vida de outras pessoas.
— Tem razão — disse Rony, percebendo a jogada. — Por que o senhor não nos deixa aqui, só temos mais um corredor pela frente...
— Sabe, Weasley, acho que vou fazer isso.


Regulus não acreditava na estupidez do outro.


Preciso mesmo preparar a minha próxima aula...


- Ele prepara a aula?- perguntou James, incrédulo.
E se afastou depressa.
— Preparar a aula — Rony caçoou quando o professor se foi. — É mais provável que vá é enrolar os cabelos.


A sala riu.
Os dois amigos deixaram o resto dos colegas da Grifinória seguirem em frente, dispararam por uma passagem lateral e correram para o banheiro da Murta Que Geme. Mas quando estavam se parabenizando pela jogada genial...


- Lá vem.
— Potter! Weasley! Que é que os senhores estão fazendo?
Era a Profª. McGonagall, e sua boca parecia um fio de linha de tão fina.
— Íamos... Íamos... — gaguejou Rony. — Íamos... Ver...
— Mione — disse Harry. Rony e a professora olharam para ele. — Não a vemos há séculos, professora —, continuou Harry depressa, pisando o pé de Rony,


- Doeu - murmurou.


Harry revirou os olhos.


 — e pensamos em entrar sem sermos vistos na ala hospitalar, sabe, e contar a ela que as mandrágoras já estão quase prontas e... Para não se preocupar... — A Profª. McGonagall continuou a olhar fixo para ele e por um instante Harry achou que ela ia explodir,


- Ok...


mas quando falou, tinha a voz estranhamente rouca.
— Claro — disse, e Harry, espantado, viu uma lágrima brilhar nos seus olhos de contas.


Lily e Hermione sorriram.


— Claro, compreendo que isto tenha sido mais duro para os amigos dos que foram... Compreendo bem.


- Tem certeza? – falou Gina.


Está bem, Potter, é claro que os senhores podem ir visitar a Srta. Granger.


- Inacreditável – murmurou Neville.


Vou informar ao Profº. Binns onde foram. Diga a Madame Pomfrey que têm a minha permissão.
Harry e Rony se afastaram, mal ousando acreditar que tinham evitado uma detenção.


- Não é sempre que isso acontece – concordou James.


Quando dobraram o canto do corredor, ouviram distintamente a professora assoar o nariz.
— Essa — disse Rony entusiasmado — foi a melhor história que você já inventou.


Harry sorriu.


- Obrigado.
Não havia escolha agora senão ir à ala hospitalar e dizer à Madame Pomfrey que tinham permissão da Profª. McGonagall para visitar Mione.


Hermione encarou os dois.


- Vocês foram só porque não tinham escolha?


- Não - responderam na mesma hora.


Hermione os encarou.


- Vou acreditar dessa vez.
Madame Pomfrey os deixou entrar, com relutância.
— Não tem sentido conversar com uma pessoa petrificada


- Não precisa ter – disse Dorcas.


 — disse ela, e os garotos tiveram que admitir que estava certa,


 - Mesmo assim, obrigada por terem ido – falou Hermione, suavamente.


depois de se sentarem ao lado de Mione. Era evidente que Mione nem imaginava que tinha visitas, e que tanto fazia dizerem ao armário de cabeceira para não se preocupar, tal era o bem que a conversa poderia produzir.


Hermione riu.
— Mas eu me pergunto se ela terá visto o atacante


- Não – falou Hermione antes que perguntassem.


 — disse Rony, contemplando com tristeza o rosto rígido de Mione. — Porque se ele chegou sem ser visto, ninguém nunca vai saber...


- Alguém sabia. Murta – falou Harry.
Mas Harry não estava olhando para o rosto de Mione. Estava mais interessado na mão direita da amiga.


- Como uma mão pode ser interessante?- perguntou Dorcas, incrédula.


 Estava fechada por cima das cobertas e ao chegar mais perto ele viu que havia um pedaço de papel amarrotado dentro dela.


- E nenhum professor nem Promfrey notaram isso – murmurou Lene, irritada.
Verificando antes se Madame Pomfrey andava por perto, ele apontou o papel para Rony.
— Tente tirar — cochichou Rony, mudando a posição da cadeira de modo a esconder Harry da vista de Madame Pomfrey.


Os Marotos sorriram, já tinham dado cobertura um pro outro várias vezes. Mas claro que em situações mais diferentes
Não foi nada fácil. A mão de Mione segurava o papel com tanta força que Harry teve certeza de que ia rasgá-lo. Enquanto Rony vigiava, ele puxou e torceu e, finalmente, depois de alguns minutos tensos,


- Por causa de um papel? – perguntou Sirius.


- Foi importante – falou Rony.


o papel saiu.
Era uma página rasgada de um livro muito velho da biblioteca.


Remus e Lily a encaram como se ele tivesse cometido um crime.


- Foi horrível rasga uma página de um livro – murmurou Hermione, culpada.


Harry alisou-a ansioso, e Rony se curvou mais para ler também.
Das muitas feras e monstros medonhos que vagam pela nossa terra não há nenhum mais curioso ou mortal do que o basilisco,


Todos arregalaram os olhos, menos o trio de ouro e Gina, já entendendo.


- O monstro é um basilisco? – perguntou Lily em choque. 


- Sim – estremeceu Harry. Ele ainda se lembrava bem do monstro.


- Como é possível que exista um basilisco dentro de uma escola? – perguntou Frank, chocado.


- Hogwarts não é tão segura assim – falou Neville.


- Como alguém conseguiu deter um basilisco? – perguntou Regulus, inquieto.


- Vocês vão ler – respondeu Harry, sem encarar ninguém.


também conhecido como rei das serpentes.
Esta cobra, que pode alcançar um tamanho gigantesco e viver centenas de anos, nasce de um ovo de galinha, chocado por uma rã.


- Eu podia sobreviver sem saber disso – murmurou Alice.


 Seus métodos de matar são os mais espantosos, pois além das presas letais e venenosas, o basilisco tem um olhar mortífero, e todos que são fixados pelos seus olhos sofrem morte instantânea. As aranhas fogem do basilisco, pois é seu inimigo mortal


- Agora faz sentido.


 e o basilisco foge apenas do canto do galo, que lhe é fatal.
- Um canto pode matar um coisa tão monstruosa assim? – perguntou Dorcas, fascinada.
E, no pé da página, uma única palavra fora escrita numa caligrafia que Harry reconheceu ser de Mione. Canos.


- Canos...?
Era como se alguém tivesse acabado de acender uma luz em seu cérebro.
— Rony — sussurrou. — É isso. Isso é a resposta. O monstro na Câmara é um basilisco, uma cobra gigantesca! E por isso que andei ouvindo a voz por todo lado, e ninguém mais ouvia. É porque entendo a língua das cobras...


- Faz sentido porque só você entende, mas não porque só você ouve – contradisse Regulus.


Harry ficou inquieto. Era uma coisa estranha mesmo.
Harry ergueu os olhos para as camas à sua volta.
— O basilisco mata as pessoas com o olhar. Mas ninguém morreu, porque ninguém o encarou. Colin viu o bicho através da lente da máquina fotográfica.


- Inteligente – murmurou Gina para o namorado. Harry sorriu para ela.


 O basilisco queimou o filme que havia dentro, mas Colin só ficou petrificado. Justino... Justino deve ter visto o basilisco através do Nick Quase Sem Cabeça! Nick recebeu todo o impacto, mas não podia morrer novamente...


- Uma vez deve ser o suficiente – falou Snape.


E Mione e aquela monitora da Corvinal foram encontradas com um espelho ao lado delas. Mione acabara de perceber que o monstro era um basilisco. Aposto o que você quiser que ela preveniu a primeira pessoa que encontrou para antes de virar um canto, primeiro olhar o outro lado com um espelho!


- Eu fiz isso mesmo – falou Mione – Não iria deixar uma menina morrer por nada.


- Salvou uma vida – mesmo.


E aquela garota tirou o espelho da mochila... E...
O queixo de Rony caíra.
— E Madame Nor-r-ra? — perguntou, ansioso.
Harry pensou bastante, imaginando a cena na noite da festa das bruxas.
— A água... — disse lentamente. — A inundação do banheiro da Murta Que Geme. Aposto como Madame Nor-r-ra só viu o reflexo...


- Ela podia ter visto diretamente – murmurou Josh e a irmã bateu nele.
Harry examinou a página que tinha na mão, pressuroso.
Quanto mais lia, mais ela fazia sentido.
— “O canto do galo... Lhe é letal!"— leu ele em voz alta. — Os galos de Hagrid foram mortos! O herdeiro de Slytherin não queria nenhum perto do castelo quando a Câmara fosse aberta!


- Então, vocês estão lascados? – perguntou Alice.


- Sim.


 As aranhas fogem do basilisco! Tudo se encaixa!
— Mas como é que o basilisco anda circulando pelo castelo? — perguntou Rony. — Uma cobra gigantesca... Alguém a teria visto...
Harry, porém, apontou para a palavra que Mione escrevera no pé da página.
— Canos. Canos... Rony, ela está usando os canos.


- Isso é... arrepiante – falou Alex.


Tenho ouvido aquela voz dentro das paredes...


James se encolheu. Não gostava da ideia do seu filho ouvindo vozes de dentro das paredes.
Rony agarrou de repente o braço de Harry.
— A entrada para a Câmara Secreta! — disse com a voz rouca.
— E se for um banheiro? E se for o...
— Banheiro da Murta Que Geme — completou Harry.


- Murta não teria visto nada?


- Ela passa mais tempo chorando e passeando que realmente vendo o banheiro.
Os dois ficaram sentados ali, a excitação circulando com rapidez pelo corpo, mal conseguindo acreditar.
— Isto significa — disse Harry — que não devo ser o único a falar a língua das cobras na escola.


- Isso é meio improvável – falaram Frank, James, Josh, Alex e Fred juntos.


- É difícil achar outra pessoa que fale língua das cobras no mundo – Lyssi falou – Quanto mais em Hogwarts?


O herdeiro de Slytherin deve ser outro que fala também. É assim que ele controla o basilisco.


- Eu estava mais ou menos certo – falou Harry e todos ficaram curiosos.
— Que vamos fazer? — perguntou Rony, cujos olhos faiscavam.
— Vamos direto à Profª. McGonagall?


- Eu nunca achei que concordaria com falar com um professor, mas sim – falou James.
— Vamos à sala dos professores — disse Harry, ficando de pé de um salto. — Ela vai para lá dentro de dez minutos. Já está quase na hora do intervalo.
Os garotos correram para baixo. Não querendo ser encontrados perambulando por outro corredor, foram diretamente à sala dos professores, ainda deserta.


- A sala dos professores estava deserta? – perguntou Lily, sem acreditar. Sempre tinha professores quando ela ia para lá.


Era um aposento amplo, as paredes forradas com painéis de madeira, as cadeiras de madeira escura. Harry e Rony ficaram andando de um lado para o outro, excitados demais para se sentar.
Mas a sineta do intervalo jamais tocou.


- Como assim?
Em vez disso, ecoando pelos corredores, ouviram a voz da Profª. McGonagall, magicamente amplificada.
"Todos os alunos voltem imediatamente aos dormitórios de suas casas”.
“Todos os professores voltem à sala de professores. Imediatamente, por favor”.
- Pelo menos, vocês já estão lá.

Harry virou-se para encarar Rony.
— Não outro ataque! Não agora!
— Que vamos fazer? — disse Rony horrorizado. — Voltar ao dormitório?


- Sim – implorou Lily.
— Não — disse Harry, olhando à sua volta. Havia um tipo feio de guarda-roupa à sua esquerda, onde guardavam as capas dos professores. — Ali dentro. Vamos ouvir o que foi. Depois podemos contar o que descobrimos.
Os garotos se esconderam dentro do armário,


Sirius levantou a sobrancelha e James bateu nele.


- Meu filho não é viado!


- Filho de viado, viado é – provocou.


- SIRIUS! – James começou a reclamar com o amigo – Eu não sou gay!


- Tenho certeza que ele não é – confirmou Lily, rindo, e beijou o namorado.


- Eu sou o filho de vocês. Não sou obrigado a ver isso – falou Harry fechando os olhos quando Lily e James se empolgaram demais.


escutando o barulho de centenas de pessoas andando no andar de cima e a porta da sala de professores se abrir e bater. Do meio das dobras mofadas das capas, observaram os professores chegarem um a um.


- Não foi legal – falou Rony.


Alguns pareciam intrigados, outros completamente apavorados. Então chegou a Profª. McGonagall.
— Aconteceu — disse ela na sala silenciosa. — Uma aluna foi levada pelo monstro. Para a Câmara.


Silêncio na sala. Não era possível que isso tivesse acontecido, não era...


- Ela está bem – se apressou a informar Harry.
- Quem foi? – sussurrou Dorcas, nervosa.


Harry encarou a namorada, perguntando silenciosamente se podia falar. Ela assentiu; eles descobriram daqui a pouco mesmo.


- Foi Gina.


Snape, Regulus, Lily, Frank, James, Regulus, Remus, Lene e Sirius ficaram chocados. Como aquela garota, tão forte, tinha suportado isso? O que tinha acontecido? Como ela estava bem?


- Eu sinto muito – falou Lene e Gina sorriu para a garota que não tinha gostado quando chegou, mas que estava se mostrando muito parecida com ela.


- Eu estou bem – falou, mas era mentira. Ninguém fica bem depois de viver o que ela viveu.


O Profº. Flitwick deixou escapar um grito fino. A Profª. Sprout tampou a boca com as mãos. Snape agarrou com muita força o espaldar de uma cadeira e perguntou:
Gina sorriu, surpresa, para Snape.


— Como você pode ter certeza?
— O herdeiro de Slytherin — disse a professora muito pálida — deixou outra mensagem.


- Psicopata!


Logo abaixo da primeira.
"O esqueleto dela jazerá na Câmara para sempre.” 


Os Weasley encaram Harry, que entendeu o que eles queriam, e saiu para deixá-los abraçarem a irmã também. Ter certeza que ela estava bem.


O Profº. Flitwick rompeu em lágrimas.
— Quem foi? — perguntou Madame Hooch, que afundara, com os joelhos bambos, numa cadeira. — Que aluna?
— Gina Weasley — respondeu McGonagall.
Harry sentiu Rony escorregar silenciosamente para o chão do armário do lado dele.


Rony abraçou a irmã mais forte.
— Teremos que mandar todos os alunos para casa amanhã — continuou ela. — Isto é o fim de Hogwarts. Dumbledore sempre disse...
A porta da sala de professores bateu outra vez. Por um momento delirante Harry teve certeza de que seria Dumbledore.
Mas era Lockhart e ele sorria.


Todos fizeram uma careta. Lockhart era o que eles menos precisavam no momento.
— Lamento muito, cochilei, que foi que perdi?
Ele não pareceu notar que os outros professores o olhavam com uma expressão muito próxima ao ódio.


- Ele merece.


 Snape se adiantou.
— O homem de que precisávamos! Em pessoa! Uma menina foi sequestrada pelo monstro, Lockhart. Levada para a Câmara Secreta. Chegou finalmente a sua vez.


- Você queria me matar – perguntou Gina em tom de suspeita para Snape.


- Não, eu só queria tirar ele do caminho – replicou.


Ela deu de ombros.
Lockhart ficou lívido.
— Isto mesmo, Gilderoy — disse a Profª. Sprout. — Você não estava dizendo ainda ontem à noite que sempre soube onde era à entrada da Câmara Secreta?


- Ridículo.
— Eu... Bem, eu... — gaguejou Lockhart.
— É, você não me disse que tinha certeza do que havia dentro dela? — falou o Profº. Flitwick.
— D-disse? Não me lembro...


- Que memória conveniente.
— Pois eu me lembro de você dizendo que lamentava não ter tido uma chance de enfrentar o monstro antes de Hagrid ser preso — continuou Snape. — Você não disse que o caso todo foi mal conduzido e que deviam ter-lhe dado carta branca desde o começo?
Lockhart contemplou os rostos duros dos colegas à sua volta.


- Isso que dar contar vantagem e ser um imbécil o tempo todo.
— Eu... Eu realmente nunca... Vocês devem ter entendido mal.
— Vamos deixar o problema em suas mãos, então, Gilderoy — disse a Profª. McGonagall.


- Eu estou desapontada – falou Gina – Me deixaram para morrer – brincou, mas ninguém riu.


- Foi muita irresponsabilidade.


— Hoje à noite será uma ocasião excelente para resolvê-lo. Vamos providenciar para que todos estejam fora do seu caminho. Você terá oportunidade de cuidar do monstro sozinho. Enfim, terá carta branca.
Lockhart olhou desesperado para os lados, mas ninguém veio em seu socorro. Ele não parecia mais bonitão, nem de longe. Seu lábio tremia e na ausência do sorriso costumeiro, cheio de dentes, seu queixo parecia pequeno e fraco.


- Mostrando o verdadeiro eu?
— M-muito bem — disse. — Estarei em minha sala me... Me preparando.
E saiu.
— Muito bem — disse a Profª. McGonagall, cujas narinas tremeram —, com isso o tiramos do caminho. Os diretores das casas devem ir informar os alunos do que aconteceu. Digam que o Expresso de Hogwarts os levará para casa logo de manhã. Os demais, por favor, certifiquem-se de que nenhum aluno fique fora dos dormitórios.


- E o que vão fazer a respeito da garota que pode estar morrendo? – gritou Frank.


- Vão deixar para Harry e Rony salvar – respondeu o filho com escárnio. Era um absurdo o que ficava na mão das crianças em Hogwarts.
Os professores se levantaram e saíram, um por um.


- Para ser mais dramático – falou Jorge.


Foi provavelmente o pior dia da vida de Harry. Ele, Rony, Fred e Jorge se sentaram juntos a um canto da sala comunal da Grifinória, incapazes de dizer qualquer coisa.
Percy não estava presente.


Fred lançou um olhar raivoso para o livro.


 Fora despachar uma coruja para o Sr. e a Sra. Weasley, depois trancou-se no dormitório.
Nenhuma tarde jamais se arrastou tanto quanto essa, nem tampouco a Torre da Grifinória esteve tão cheia e, no entanto, tão silenciosa. Próximo ao pôr-do-sol, Fred e Jorge foram se deitar, porque não conseguiam continuar sentados.


- Isso porque são os gêmeos – falou Rony – Para você ter uma ideia...
— Ela sabia alguma coisa, Harry — disse Rony, falando pela primeira vez desde que entraram no armário da sala de professores. — É por isso que foi sequestrada.


- Faz sentido – murmurou Regulus, quietamente.


Não era uma bobagem sobre o Percy, nada disso. Descobriu alguma coisa sobre a Câmara Secreta. Deve ter sido por isso que foi... — Rony esfregou os olhos com força. — Quero dizer, ela era puro-sangue. Não pode haver nenhum outro motivo.


- Eu sou uma traidora do sangue também – falou Gina, meio irônica.
Harry podia ver o sol se pondo, vermelho-sangue, na linha do horizonte. Nunca se sentira pior na vida. Se ao menos houvesse alguma coisa que pudessem fazer. Qualquer coisa.


Todos conheciam bem esse sentimento, bem demais. Era desesperador.
— Harry — disse Rony. — Você acha que pode haver alguma chance de ela não estar... Sabe...
Harry não soube o que dizer. Não conseguia ver como Gina ainda pudesse estar viva.


Harry fechou os olhos. Não podia imaginar como teria sido a sua vida sem Gina.


- Ei, eu estou aqui – lembrou a ruiva e completou baixinho – Graças a você.
— Sabe de uma coisa? — falou Rony. — Acho que devíamos ir ver Lockhart. Contar a ele o que sabemos. Ele vai tentar entrar na Câmara. Podemos contar onde achamos que é, e avisar que tem um basilisco lá dentro.


- Não acho que ele seja esperto o suficiente para conseguir deter o culpado, mas... Vocês podem tentar – falou James.
Porque Harry não pôde pensar em mais nada para fazer e porque queria fazer alguma coisa, ele concordou.


- Muitas vezes, isso não é uma boa ideia.


Os alunos da Grifinória na sala estavam tão infelizes e sentiam tanta pena dos Weasley, que ninguém tentou impedi-los quando se levantaram,


- Queria ver se tentassem – ameaçou Jorge.


atravessaram a sala e saíram pelo buraco do retrato.
Anoitecia quando desceram à sala de Lockhart. Parecia haver muita atividade lá dentro. Os garotos ouviram coisas sendo arrastadas, baques surdos e passos apressados.
Harry bateu e fez-se um repentino silêncio na sala. Então abriu-se uma frestinha na porta e eles viram o olho de Lockhart espreitando.
— Ah... Sr. Potter... Sr. Weasley... — disse, abrindo um pouco mais a porta. — Estou muito ocupado no momento,


- Não acho que seja verdade – rosnou Frank, já imaginando o que ele estava fazendo.


 se puderem ser rápidos...
— Professor, temos umas informações para o senhor — disse Harry. — Achamos que podem ajudá-lo.
— Hum... Bem... Não e tão... — A metade do rosto de Lockhart que podiam ver parecia muito constrangida. — Quero dizer... Bem... Muito bem...
Ele abriu a porta e os garotos entraram.
Sua sala tinha sido quase completamente desmontada.


Frank teve certeza que estava certo.


Havia dois malões abertos no chão. Vestes verde-jade, lilás, azul-meia-noite, tinham sido apressadamente dobradas e guardadas em um deles; livros tinham sido enfiados de qualquer jeito no outro.


- Não acredito que ele vá realmente fazer isso – disse Regulus, que já observara cenas parecidas antes. O covarde estava fugindo quando contavam com ele para salvar uma garotinha.
As fotografias que cobriam as paredes agora estavam comprimidas em caixas sobre a escrivaninha.
— O senhor vai a algum lugar? — perguntou Harry.
— Hum, bem, vou — disse Lockhart, arrancando um pôster com a sua foto em tamanho natural das costas da porta, enquanto falava, e começando a enrolá-lo. — Chamado urgente... Inevitável... Tenho que partir...


- Mais urgente que a vida de uma aluna – a ira na voz de Lily surpreendeu Gina.
— E a minha irmã? — perguntou Rony de supetão.
— Bem, sobre isso... Foi muito azar...


- Foi muito azar – repetiu Rony incrédulo – É tudo que ele tem a dizer quando a vida de alguém está nas mãos dele.


— respondeu Lockhart, evitando encarar os garotos, enquanto puxava uma gaveta com força e começava a esvaziar o seu conteúdo em uma mochila.
— Ninguém lamenta mais do que eu...


- Acho que tem gente que lamenta mais – contradisse Lyssi, irritada.
— O senhor é o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas! — exclamou Harry.


- O que praticamente prova como é inútil – resmungou Harry. Quase todos os professores dele foram horríveis.
— Não pode ir embora agora! Não com todas essas artes das trevas em ação!
— Bem... Devo dizer... Quando aceitei o emprego... — resmungou Lockhart, agora amontoando meias por cima das vestes — nada na descrição da função... Não era de esperar...
— O senhor quer dizer que está fugindo?


- Ele sempre está – falou Hermione.


 — disse Harry, incrédulo. — Depois de tudo que fez nos seus livros...
— Os livros podem ser enganosos — disse Lockhart gentilmente.
— Mas foi o senhor quem os escreveu — gritou Harry.


- O que só torna mais provável de ser mentira – falou Remus, quietamente. Quem iria salvar Gina?
— Meu caro rapaz — disse Lockhart se endireitando e amarrando a cara para Harry. — Use o bom senso.


- Você deveria ouvir o próprio conselho – falou Lene.


 Meus livros não teriam vendido nem a metade se as pessoas não achassem que eu fiz todas aquelas coisas. Ninguém quer ler histórias de um velho bruxo feio da Armênia, mesmo que tenha salvo uma cidade dos lobisomens.


Remus rosnou.


 Ele ficaria medonho na capa. Nem sabe se vestir. E a bruxa que afugentou o espírito agourento tinha lábio leporino. Quero dizer, convenhamos...
— Então o senhor só está recebendo crédito pelo que outros bruxos e bruxas fizeram?


- Sim. Esse é o nível de utilidade dele.


- Hogwarts não pede uma demonstração prática no teste do cargo? – perguntou Alex, incrédulo.


 — perguntou Harry, incrédulo.
— Harry, Harry — disse Lockhart, sacudindo a cabeça com impaciência —, a coisa não é tão simples assim. Há muito trabalho envolvido.


- Muito maior do que os daqueles que realmente fizeram isso – ironizou Snape.


 Eu tive que procurar essas pessoas. Perguntar exatamente como conseguiram fazer o que fizeram. Depois tive que lançar um Feitiço da Memória para elas esquecerem o que fizeram. Se há uma coisa de que me orgulho é do meu Feitiço da Memória. Não, foi muito trabalhoso, Harry. Não é só autografar livros e tirar fotos de publicidade, sabe. Se você quer ser famoso, tem que estar preparado para dar duro.


Dizer que todos estavam morrendo de raiva de Lockhart seria um eufemismo.
Ele fechou os malões com estrondo e trancou-os.
— Vejamos — disse. — Acho que é só. É. Só falta uma coisa.
E tirou a varinha e se virou para os garotos.
— Lamento muito, rapazes, mas tenho que lançar um Feitiço da Memória em vocês agora. Não posso permitir que saiam espalhando os meus segredos por aí. Eu jamais venderia outro livro...


- E condenaria minha vida por isso. Eles são os únicos que sabem abrir a Câmara Secreta – falou Gina irritada.
Harry apanhou a própria varinha bem na hora. Lockhart mal erguera a sua, quando Harry berrou:
— Expelliarmus!


Harry percebeu que realmente precisava aprender feitiços novos. Usava o mesmo desde o segundo ano.
Lockhart foi atirado para trás, caiu por cima do malão; a varinha voou no ar; Rony agarrou-a e atirou-a pela janela.
— O senhor não devia ter deixado o Profº. Snape nos ensinar isso — disse Harry furioso,


- Obrigado por me ensinar o feitiço, Snape – agradeceu Harry.


- De nada.


 chutando o malão de Lockhart para o lado. Lockhart ficou olhando para ele, parecendo frágil outra vez. Harry apontava a varinha em sua direção.


Regulus sorriu, orgulhoso do menino.
— Que é que você quer que eu faça? — perguntou Lockhart com a voz fraca. — Eu não sei onde fica a Câmara dos Segredos. Não há nada que eu possa fazer.
— O senhor está com sorte — disse Harry forçando Lockhart a se levantar com a varinha. — Achamos que sabemos onde fica. E o que tem lá dentro. Vamos.
- Levar ele com vocês só vai atrasar vocês – falou Frank friamente.


- Não tínhamos onde o deixar – falou Harry irritado.


Saíram os três da sala, desceram as escadas mais próximas, e seguiram pelo corredor escuro em que as mensagens brilhavam na parede até a porta do banheiro da Murta Que Geme. Empurraram Lockhart na frente. Harry ficou satisfeito de verificar que o professor tremia.


- Covarde como sempre.
Murta Que Geme estava sentada na caixa de água do último boxe.
— Ah, é você — disse quando viu Harry.


- Quem você esperava que fosse?


 — Que é que você quer agora?
— Perguntar como foi que você morreu.
A atitude de Murta mudou na hora. Parecia que nunca alguém lhe fizera uma pergunta tão elogiosa.


- Fantasmas são esquisitos – falou Alex quietamente.
— Aaaah, foi pavoroso — disse com satisfação. — Aconteceu bem aqui. Morri aqui mesmo neste boxe. Me lembro tão bem! Eu tinha me escondido porque Olivia Homby estava caçoando de mim por causa dos meus óculos. Tranquei a porta e fiquei chorando e então ouvi alguém entrar. Disseram uma coisa engraçada. Deve ter sido numa língua diferente, acho. Em todo o caso, o que me incomodou foi que era a voz de um garoto. Então destranquei a porta do boxe para mandar ele sair e ir usar o banheiro dos garotos e então... — Murta inchou fazendo-se de importante, o rosto brilhante.
— Morri...


- Isso explica por que você morreu, não como...
— Como? — perguntou Harry.
— Não faço idéia — disse Murta sussurrando. — Só me lembro de ter visto dois olhos grandes e amarelos. Meu corpo inteiro foi engolfado e então me afastei flutuando... — Ela olhou para Harry sonhadora. — E então voltei.


- Ela chora tanto e a morte dela foi indolor - reclamou Lene.


 Estava decidida a assombrar Olivia Homby, sabe. Ah, como ela lamentou ter-se rido dos meus óculos.


- Coitada da Olivia - falou Hermione.
— Onde foi exatamente que você viu os olhos?
— Por ali — respondeu Murta apontando vagamente na direção da pia em frente ao boxe em que estava.
Harry e Rony correram para a pia. Lockhart ficou parado bem mais atrás, uma expressão de puro terror no rosto.


- Isso não me surpreende – falou Neville.
Parecia uma pia comum. Eles examinaram cada centímetro, por dentro e por fora, inclusive os canos embaixo. E então Harry viu: gravada ao lado de uma das torneiras de cobre havia uma cobrinha mínima.


- Ainda bem que você está de óculos, Harry – falou Dorcas.
— Essa torneira nunca funcionou — disse Murta, animada, quando ele tentou abri-la.
— Harry — disse Rony. — Diga alguma coisa. Alguma coisa em língua de cobra.
— Mas... — Harry se esforçou. As únicas vezes em que conseguira falar a língua das cobras foi quando estava diante de uma cobra real. Ele fixou o olhar na gravação minúscula, tentando imaginar que era real.
— "Abra" —, mandou.
Ele olhou para Rony, que sacudiu a cabeça.
— Nossa língua.


- Como você pode não perceber a diferença entre inglês e a língua das cobras? – perguntou Gina, tentando se distrair do que aconteceria.
Harry tornou a olhar para a cobra, desejando acreditar que estivesse viva. Se ele mexia a cabeça, a luz das velas fazia parecer que a cobra estava se mexendo.
— “Abra” — repetiu.
Só que as palavras não foram o que ele ouviu; um estranho assobio lhe escapara da boca


- Língua das cobras – esclareceu.


e na mesma hora a torneira brilhou com uma luz branca e começou a girar. No segundo seguinte, a pia começou a se deslocar; a pia, na realidade, sumiu de vista, deixando um grande cano exposto, um cano largo o suficiente para um homem escorregar por dentro dele.


Todos estremeceram.


- Assustador.


- E pensar que isso está em Hogwarts – falou Lily, mordendo o lábio.
Harry ouviu Rony soltar uma exclamação e levantou a cabeça. Decidira o que ia fazer.
- Não acho que vem alguma coisa boa daí.


— Vou descer — anunciou.
Ele não podia deixar de descer, agora que tinham encontrado a entrada para a Câmara, não se houvesse a mais leve, mínima, imaginária chance de Gina estar viva.


Gina sorriu para o namorado. Mas ela não estava bem, ler sobe tudo isso de novo... Era reviver seus piores pesadelos.
— Eu também — falou Rony.


- Obrigado – agradeceu calmamente o irmão.
Houve uma pausa.
— Bem, parece que vocês não precisam de mim


- Realmente, não.


— disse Lockhart com uma sombra do seu antigo sorriso. — Eu vou...
E levou a mão à maçaneta da porta, mas Rony e Harry apontaram as varinhas para ele.
— Você pode descer primeiro — rosnou Rony.
De rosto lívido e sem varinha, Lockhart se aproximou da abertura.
— Rapazes — disse com a voz fraca. — Rapazes, que bem isto vai trazer?


- Vai mostrar se é seguro pular ou não – rosnou Remus.
Harry cutucou-o nas costas com a varinha. Lockhart escorregou as pernas para dentro do cano.
— Eu não acho... — começou a dizer, mas Rony deu-lhe um empurrão,


- Muito bem – falaram todos com raiva.


e ele desapareceu de vista. Harry seguiu-o em silêncio. Baixou o corpo lentamente para dentro do cano e se soltou.
Foi como se ele se precipitasse por um escorrega escuro, viscoso e sem fim. Viu outros canos saindo para todas as direções, mas nenhum tão largo quanto aquele, que virava e dobrava, sempre e ingrememente para baixo, e ele percebeu que estava descendo cada vez mais fundo sob a escola, para além das masmorras mais fundas. Atrás ele ouvia Rony, batendo-se ligeiramente nas curvas.
E então, quando começava a se preocupar com o que aconteceria quando chegasse ao chão,


- Só agora você começou a se preocupar? – perguntou Regulus, tentando se acalmar. O coração dele estava batendo mais rápido, com medo do que aconteceria com Harry, Rony e Gina. Era estranha a sensação de se importar tanto com pessoas tão diferentes dele, e ainda poder demonstrar.


- Não pensei muito antes de pular – corou Harry. Ele fora um idiota, mas salvara uma vida assim.


 o cano nivelou e ele foi atirado pela extremidade com um baque aquoso, e aterrissou no chão úmido de um túnel de pedra às escuras, suficientemente amplo para a pessoa ficar de pé. Lockhart estava se levantando um pouco adiante, coberto de limo e branco como um fantasma. Harry afastou-se para um lado enquanto Rony também saía chispando do cano.
— Devemos estar quilômetros abaixo da escola — disse Harry sua voz ecoando no túnel escuro.


Sirius fechou os olhos, ele não gostava de ficar em lugares subterrâneos. Ele se sentia sufocado.


Regulus olhou para o irmão, sabendo o que ele estava sentindo.


- Ei, está tudo bem. Eles estão bem, e nós estamos bem – falou baixinho, só para o irmão ouvir.
— Provavelmente debaixo do lago — sugeriu Rony, apertando os olhos para enxergar as paredes escuras e limosas.
Os três se viraram para encarar a escuridão à frente.
— Lumus! — murmurou Harry para sua varinha que acendeu.
— Vamos — chamou Rony e Lockhart, e lá se foram os três, seus passos chapinhando ruidosamente no chão molhado.
O túnel era tão escuro que eles só conseguiam ver uma pequena distância à frente. Suas sombras nas paredes molhadas pareciam monstruosas à luz da varinha.
— Lembrem-se — disse Harry baixinho enquanto avançavam com cautela —, a qualquer sinal de movimento, fechem os olhos imediatamente...


- Bom lembrete, filho – falou James, engolindo em seco.
Mas o túnel estava silencioso como um túmulo, e o primeiro som inesperado que ouviram foi o ruído de alguma coisa sendo esmagada quando Rony pisou em alguma coisa que descobriram ser um crânio de rato.


Alice Lusy gritou.


 Harry baixou a varinha para olhar o chão e viu que se encontrava coalhado de ossos de pequenos animais. Tentando por tudo não imaginar que aspecto teria Gina se a encontrassem, Harry, à frente, virou uma curva escura do túnel.
— Harry... Tem alguma coisa ali... — disse Rony rouco, agarrando o ombro do amigo.
Eles se imobilizaram, observando. Harry conseguia apenas ver o contorno de uma coisa enorme e curvilínea, deitada atravessada no túnel. A coisa não se mexia.


- Não...
— Talvez esteja dormindo — sussurrou,


- Não acho que esteja...


olhando para os outros dois atrás. Lockhart tampava os olhos com as mãos.
Harry tornou a se virar para olhar a coisa, o coração batendo tão forte que chegava a doer.


Lily deu um sorriso nervoso para o filho.


Muito devagarinho, com os olhos o mais apertados possível, mas ainda vendo, Harry avançou aos poucos com a varinha erguida.
A luz deslizou pela pele de uma cobra gigantesca, colorida e venenosa, que se encontrava enroscada e oca no chão do túnel. O bicho que se desfizera dela devia ter no mínimo uns seis metros de comprimento.


A leitura parou um segundo e todos deixaram as informações aterrorizantes entrar na cabeça.
— Droga — xingou Rony em voz baixa.
Ouviram então um movimento súbito às costas. Os joelhos de Lockhart tinham cedido.


- Ele devia ter vergonha dele mesmo– disse Regulus, com desprezo. Fora ensinando a odiar os fracos. Fora ensinando a fugir se a situação saísse do controle, mas sempre com dignidade.
— Levante-se — disse Rony com rispidez, apontando a varinha para Lockhart.
O professor se levantou — em seguida atirou-se contra Rony, derrubando-o no chão.
Harry deu um salto à frente, mas demasiado tarde — Lockhart já se erguia, ofegante, a varinha de Rony na mão e um sorriso radioso novamente no rosto.
— A aventura termina aqui, rapazes. Vou levar um pedaço dessa pele de volta à escola, dizer que cheguei tarde demais para salvar a garota e que vocês dois enlouqueceram tragicamente ao verem o corpo dela mutilado, digam adeus às suas memórias!


James fechou a mão em punho. Ele NÃO ia fazer isso. Se ele fizesse, ele ia matar Lockhart.
Ele ergueu a varinha de Rony, emendada com fita adesiva, acima da cabeça e gritou:
— Obliviate!


Os olhos de James se encheram de fúria. Ele vai matar Lockhart.
A varinha explodiu com a força de uma pequena bomba. Harry ergueu os braços para o alto e fugiu, escorregando nas voltas da pele de cobra, escapando do alcance dos grandes pedaços do teto do túnel que caíam com estrondo no chão. No momento seguinte, ele estava sozinho, contemplando uma parede maciça formada pelos destroços.


- Ótimo, agora você ficou sozinho – falou Neville, desanimado.
— Rony! — gritou. — Você está bem? Rony!
— Estou aqui! — respondeu a voz abafada de Rony atrás do entulho. — Estou bem, mas esse bosta


- Olha o palavreado – falou Lily automaticamente.


 aqui não está, a varinha acertou nele...
Ouviu-se uma pancada surda e um sonoro "ai!". Parecia que Rony tinha acabado de chutar Lockhatt nas canelas.
— E agora? — perguntou a voz de Rony, desesperada. — Não podemos passar, vai levar séculos...
Harry olhou para o teto do túnel. Tinham aparecido nele enormes rachaduras. O garoto nunca tentara cortar, com auxílio da magia, nada tão grande como essas pedras, e agora não parecia uma boa hora para tentar — e se o túnel inteiro desabasse?


- Foi melhor não tentar – falou Rony.
Ouviu-se mais outra pancada e mais um "ai!" por trás das pedras. Estavam perdendo tempo. Gina já fora trazida para a Câmara Secreta havia horas... Harry sabia que havia apenas uma coisa a fazer.
— Espere ai — gritou para Rony. — Espere com Lockhart. Eu vou continuar... Se eu não voltar dentro de uma hora...
Houve uma pausa cheia de significação.


Lily quase começou a chorar. Seu filho em dois anos em Hogwarts, quase foi morto duas vezes. Ela não ia suportar perder ele.
— Vou tentar afastar umas pedras — disse Rony, que parecia estar querendo manter a voz firme. — Para você poder... Poder passar na volta. E, Harry...
— Vejo você daqui a pouco — disse Harry, tentando injetar alguma segurança em sua voz trêmula.


Os amigos sorriram um para o outro.
E retomou sozinho a caminhada para além da pele de cobra.
Logo o som distante de Rony batalhando para retirar as pedras silenciou. O túnel dava voltas e mais voltas. Cada nervo do corpo de Harry formigava desagradavelmente.
Ele queria que o túnel terminasse, mas temia o que encontraria no fim.


- Foi agoniante – admitiu Harry.


E então, ao dobrar mais uma curva, deparou com uma parede sólida à sua frente em que havia duas cobras entrelaçadas talhadas em pedra, os olhos engastados com duas enormes esmeraldas brilhantes.
- Mania de grandeza – resmungou Josh.


Harry se aproximou, a garganta seca. Não havia necessidade de fingir que essas cobras de pedra eram reais; seus olhos pareciam estranhamente vivos.
Ele adivinhou o que precisava fazer. Pigarreou e os olhos de esmeralda pareceram piscar.
— “Abram” — disse num sibilo grave e fraco.
As cobras se separaram e as paredes se afastaram, as duas metades deslizaram suavemente, desaparecendo de vista e Harry, tremendo dos pés à cabeça, entrou.


A sala ficou em silêncio. O que aconteceu com Harry lá dentro?


- Continue a ler – pediu Frank.


- Mas acabou o capítulo.


- Eu acho que ninguém vai conseguir pensar outra coisa enquanto não terminamos – falou Lyssi, quietamente.


 

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Comentários (3)

  • Izabella Bella Black

    Oi, leitora nova, estou amando a fic, a encontrei a uns dois dias atras e por causa da faculdade acabei por demorar para ler as duas fics, termineu hoje e adorei, estou amando os personagens principalmente o Regulo, super curiosa para ler o proximo capitulo, aguardo asiosamente. Beijos.

    2014-09-26
  • Marinamadson

    Ah, que bom que você voltou! Eu tinha pensado que você tinha desistido. Ficou ótimo!

    2014-09-24
  • LilyLuppin2

    ADOREI! Estava sentido falta! Foi muito bom! Bjs!

    2014-09-23
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