O Clube dos Duelos



N/Biaa:
Terminei o vídeo que eu fiz para vocês terem uma idei de como eu imagino os personagens de LHP2.

- Eu leio – se ofereceu Hermione.


Capítulo 11 - O clube dos duelos


Harry acordou no domingo de manhã e deparou com o dormitório iluminado pela luz do sol de inverno


- Harry puxou esse lado poeta de você, Lírio - apontou James.


Lily sorriu, feliz que tinha um filho tão... profundo.


e seu braço curado,


Todos ficaram aliviados.


embora ainda muito duro.


Sirius deu um sorriso malicioso.


Sentou-se depressa e olhou para a cama de Colin,


Olhares de preocupação, principalmente dos Grifinórios, afinal, ele era ums dos seus.


mas tinham-na escondido com a cortina alta por trás da qual Harry trocara de roupa no dia anterior. Ao ver que o paciente acordara, Madame Pomfrey entrou apressada, trazendo uma bandeja com o café da manhã


- Cuidado para não ficar mal-acostumado, Potter - provocou Snape.


- Vou tentar - replicou Harry, sorrindo.


e então começou a dobrar e a esticar o braço e os dedos dele.
— Tudo em ordem — disse enquanto ele comia mingau, desajeitado, com a mão esquerda. — Quando terminar de comer pode ir.
Harry se vestiu o mais rápido que pôde


Eles riram.


e correu a torre da Grifinória, doido para contar a Rony e Hermione o que acontecera com Colin e Dobby,


- Fofoqueiro - Lene falou.


mas não os encontrou lá. Saiu de novo a procurá-los, imaginando aonde poderiam ter precisado ir, e se sentindo um pouco magoado que os amigos não estivessem interessados se ele recuperara ou não os ossos.


- Dramático - brincou Gina.
Quando passou pela porta da biblioteca, Percy Weasley


Os Weasleys fizeram caretas.


ia saindo, com a cara muito mais animada do que na última vez que tinham se encontrado.


Os Marotos lançaram olhares desconfiados pro livro.
— Ah, alô, Harry. Vôo excelente ontem, realmente excelente.


James deu um sorriso orgulhoso, como se fosse um elogio feito para ele.


Grifinória acabou de assumir a liderança na disputa da Taça das Casas, você marcou cinquenta pontos!


Os Grifinórios sorriram, empolgados.
— Você não viu o Rony ou a Mione, viu? — perguntou Harry.
— Não — respondeu Percy, o sorriso desaparecendo do rosto. — Espero que Rony não esteja metido em outro banheiro de meninas...


Sirius pareceu ofendido. Como assim alguém reclamar que um cara entrou mo banheiro feminino, e não parabenliza-o?
Harry forçou uma risada, esperou Percy desaparecer de vista e em seguida rumou direto para o banheiro de Murta Que Geme.


Todos riram.


Não conseguindo entender por que Rony e Hermione estariam lá de novo e, depois de se certificar que nem Filch nem outros monitores andavam por ali, abriu a porta e ouviu vozes que vinham de um boxe trancado.


Sirius ergeu uma sobrancelha.


- Box trancado?
— Sou eu — disse, fechando a porta. Ouviu um estrépito, água se espalhando e uma exclamação no interior de um boxe e vislumbrou os olhos de Mione espiando pelo buraco da fechadura.
— Harry você nos deu um baita susto,


- Estavam fazendo algo proibido? - murmurou, sugestivo.


Mione corou e Rony desviou o olhar.


- Cala a boca, Sirius. Tínhamos 12 anos.


O Black permaneceu indiferente.


- Qual o seu ponto mesmo...?


Hermione desistiu.


entre, como está o seu braço?
— Ótimo — respondeu Harry espremendo-se dentro do boxe. Havia um velho caldeirão encarrapitado em cima do vaso e uma série de estalos informaram a Harry que os amigos tinham acendido um fogo embaixo. Conjurar fogos portáteis, à prova de água, era uma especialidade de Hermione.


A morena sorriu.


- Especialidade de Hermione - citou - Gostei disso.
— Pretendíamos ir ao seu encontro, mas decidimos começar a Poção Polissuco — explicou Rony enquanto Harry, com dificuldade, tornava a trancar o boxe.
— Decidimos que este era o lugar mais seguro para escondê-la.


- Boa decisão - concordou Frank.
Harry começou a contar aos dois o que acontecera com Colin, mas Hermione o interrompeu.
— Já sabemos,


- Notícias correm rápido em Hogwarts- falou Dorcas espantada.


ouvimos a Profª. McGonagall contar ao Profº. Flitwick hoje de manhã.


- Ela contou algo assim num lugar que os alunos podiam ouvir? - questionou Lice.


Hermione deu de ombros.


- Ela deve ter achado que uma hora ou outra, acabariasmos descobrindo mesmo.


Alice continuou achando estranho.


Foi por isso que decidimos começar...
— Quanto mais cedo a gente obtiver uma confissão de Draco, melhor


Regulus revirou os olhos.


— rosnou Rony. — Sabem o que é que eu penso? Ele estava tão furioso depois do jogo de Quadribol, que descontou no Colin.


- Essa teoria foi ridícula - falou Lene e Rony lançou um olhar irritado para ela.
— Mas há outra coisa — disse Harry, observando Hermione picar feixes de sanguinárias e jogá-los na poção. — Dobby veio me visitar no meio da noite.
Rony e Hermione ergueram a cabeça, espantados. Harry contou tudo que Dobby dissera — ou deixara de contar a ele.
Os dois escutaram boquiabertos.


- Fora muitas revelações numa noite só.
— A Câmara Secreta já foi aberta antes? — exclamou Hermione.
— Isso esclarece tudo — disse Rony em tom triunfante.


Todos olharam para Rony, confusos.


— Lúcio Malfoy deve ter aberto a Câmara quando esteve aqui na escola e agora ensinou ao nosso querido Draco como fazer o mesmo. É óbvio. Mas eu bem gostaria que Dobby tivesse lhe dito que tipo de monstro tem lá dentro.


- Isso nós queremos saber - falou Frank.


Quero saber como é que ninguém reparou nele rondando a escola.
— Talvez ele consiga ficar invisível


- Não achei que seja isso - falou Regulus.


- Como você sabe?


- Instinto.


— disse Hermione, empurrando as sanguessugas para o fundo do caldeirão. — Ou talvez possa se disfarçar, fingir que é uma armadura ou uma coisa qualquer, já li a respeito de vampiros-camaleôes...
— Você lê demais, Hermione


- E você não lê nada - replicou ela.


— disse Rony, despejando os hemeróbios mortos por cima das sanguessugas.
Amassou o saco vazio e olhou para Harry.
— Então o Dobby impediu a gente de pegar o trem e quebrou o seu braço... — Ele abanou a cabeça. — Sabe de uma coisa, Harry? Se ele não parar de tentar salvar a sua vida vai acabar matando você.


Todos riram, mas um riso meio frio, meio seco.
A noticia de que Colin Creevey fora atacado e agora se achava deitado como morto na ala hospitalar espalhou-se pela escola inteira até a manhã de domingo. A atmosfera carregou-se de boatos e suspeitas. Os alunos do primeiro ano agora andavam pelo castelo em grupos unidos, como se tivessem medo de ser atacados, caso se aventurassem a andar sozinhos.


-Para ser sincero, eu acho que isso não adianta de nada. A coisa por trás disso é mais forte que um grupo de primeiros anos - afirmou Regulus.


Harry concordou.
Gina Weasley,


Todos olharam para a ruiva.


que se sentava ao lado de Colin Creevey na aula de Feitiços, parecia atormentada, mas Harry achou que era porque Fred e Jorge estavam tentando animá-la do jeito errado.


Os gêmeos deram um sorriso culpado.


Revezavam-se para assaltá-la pelas costas, cheios de pêlos e pústulas. Só pararam quando Percy, apoplético, ameaçou escrever a Sra. Weasley e contar que Gina estava tendo pesadelos.
Nesse meio tempo, escondido dos professores,


Sirius se inclinou, animado. Qualquer coisa escondida dos professores valia pelo menos uma atenção mínima.


assolava a escola um próspero comércio de talismãs, amuletos e outras mandingas protetoras.


- Quem é estúpido o suficiente para comprar isso? - perguntou Frank.


Neville Longbottom já comprara


Frank olhou arrependido para Neville, enquanto a sala ria.


- Desculpe, filho.


- Tudo bem, pai - Neville sorriu. Ele realmente estava feliz só com o fato que os pais estavam ali. Coisas como essas eram irrelevantes.


um cebolão verde e malcheiroso, um cristal pontiagudo e púrpura e um rabo podre de lagarto, quando os outros alunos da Grifinória lhe lembraram que ele não corria perigo; era puro sangue e, portanto, uma vítima pouco provável.


Neville sorriu envergonhado, enquanto a sala ria ainda mais.
— Eles foram atrás de Filch primeiro — disse Neville, seu rosto redondo cheio de medo. — E todo mundo sabe que sou quase uma aberração.


- Nunca diga isso - falou Alice com firmeza - Você não é uma aberração, Neville. Você é um menino lindo, carinhoso, educado, talentoso e inteligente. Tudo o que você não é, é ser uma aberração. Está me ouvindo? - falou firme.


Neville começou a chorar, por causa da emoção de ouvir sua mãe falando isso. Quantas vezes não desejara algo parecido?


Sentiu o seu pai o abraçando. Seu pai. Era seu pai que estava ali com ele. Frank estava ali para ele. Neville agora tinha um pai. Um pai que o amava.


Frank estava desesperado. Seu filho estava chorando e era para, supostamente, ele e Alice darem apoio e confortar Neville. Mas acontece que ele era terrível em situações de choro, mesmo sendo muito inteligente e bom em se expressar, nunca conseguiu acalmar ninguém. Por isso, simplesmente se aproximou de Neville e o abraçou.


A sala encarava a cena com orgulho, e alguns, como Regulus, com confusão. Isso não era nada parecido com nada que já tenha visto.


Quando o choro de Neville diminuiu um pouco, Gina se aproximou. Determinada, encarou o amigo.


- Neville - chamou. O amigo virou a cabeça para ela, mas não parou o choro. A expressão de Neville, tão... quebrada, quebrou o coração da ruiva. No último ano, ela tinha se tornado uma boa amiga dele - Não se coloque embaixo de ninguém. Você tem ideia do que fez no último ano? Você lutou por todos nós, por algumas pessoas que nem mereciam, todos os dias. Todos os dias. Neville, você entendeu a verdadeira coragem - o choro do amigo diminuía a cada vez mais. Gina continuou a falar, firme. - Não é ser tímido ou desinibido, é lutar por aquilo que acredita. É lutar para salvar vidas. Você se colocou em torturas angustiantes, só pra tomar o lugar de outra pessoa, porque sabia que ela não aguentaria. Uma vez, você me disse que queria ser mais como Harry. Lembra do que eu te respondi? Que você não precisa ser ninguém. Você precisava se encontrar e achar a sua própria força. E nesse último ano, você fez isso. Você conseguiu.


Gina abraçou o amigo, refletindo sobre a grande transformação que ele sofrera nesse último ano.


- E também aprendeu o que era amar alguém - falou e Neville ficou chocado. Ela sorriu - Eu vejo o seu rosto quando olha para Luna. É igual ao meu quando eu olho para Harry.


Harry sorriu, ainda mais orgulhoso da namorada. Ele amava ela principalmente por momentos como esse, em que Gina mostrava a sua inteligência, sua compaixão e a sua lealdade. Gina era uma pessoa independente, mas que fazia todos dependerem dela.


Neville parecia ter finalmente se acalmado, e se soltou do abraço do pai e abraçou Gina.


- Obrigada, Gi. Você também é uma amiga e pessoa incrível.


A sala parecia comovida pela cena. Especialmente Rony, Hermione, Fred e Jorge.


- Nunca pensei que você se sentia assim, Nev - disse Hermione, emocionada - Eu sempre te achei uma pessoa espetacular. Com um coração bondoso.


- Eu te adoro, cara - falou Rony, sorrindo.


- Neville, eu nunca quis que ninguém fosse como eu - falou Harry preocupado - E você é, sim, um amigo muito especial para mim. Você acreditou em mim, mesmo quando Rony não fez, e mesmo Hermione duvidou. Você foi um dos primeiros da A.D. Você lutou comigo no ministério. Você é corajoso.


Neville sorriu, agradecido, para todos.


- Como assim "tudo que você fez no último ano?"- perguntou Alice, estreitando os olhos.


- Rony não acreditou em você...? - Questionou Josh.


- Tudo ao seu tempo - falou Rony, tímido.


Resignados, eles voltaram a ler.
Na segunda semana de dezembro a Profª. McGonagall veio, como sempre fazia, anotar os nomes dos alunos que continuariam na escola durante as festas de Natal. Harry, Rony e Hermione assinaram a lista;


Os marotos sorriram contentes que o trio iria passar o natal juntos.


ouviram dizer que Draco ia ficar também, o que acharam muito suspeito.


Alex revirou os olhos.


As festas seriam o momento perfeito para usar a Poção Polissuco e tentar extrair do garoto uma confissão.
Infelizmente a poção ainda estava na metade.


Snape ergeu uma sobrancelha.


Precisavam do chifre de bicórnio e da pele de ararambóia, e o único lugar onde poderiam obtê-los era no estoque particular de Snape.


Snape encarou o trio, incrédulo.


- Vocês nunca ouviram falar de encomenda via coruja? - zombou - Não podem ir invadido o escritório dos outros.


O trio corou.


Lily deu uma bronca nos três, que somente balançavam a cabeça, confirmando.


Pessoalmente Harry achava que era preferível encarar o monstro lendário da Sonserina a deixar Snape apanhá-lo assaltando sua sala.


- Esperto, Potter - murmurou Snape.


A sala riu enquanto Harry engolia em seco e Snape deu um sorriso satisfeito,
— O que precisamos — disse Hermione, eficiente, quando se aproximava a aula dupla de Poções na quinta-feira à tarde — é de uma distração. Então um de nós pode entrar escondido na sala de Snape e tirar o que for preciso.


- A Granger devia ser a melhor escolha. Eu ficaria com menos raiva se eu encontrasse ela, ao invés de Harry - disse, forçando o nome - Ou o Weasley, porque, particularmente, eu não tenho raiva contra nenhum parente dela - falou, pensativo - Embora ela pareça muito com a Lily em certas coisas - murmurou baixinho.
Harry e Rony olharam para ela, nervosos.
— Acho que é melhor eu fazer o roubo propriamente dito — continuou Hermione


- Hermione dizendo que vai roubar. Isso não acontece todo dia - riu Jorge.


A morena corou.


- Era pro uma boa causa - protestou.


num tom trivial. — Vocês dois vão ser expulsos caso se metam em mais uma encrenca, mas eu tenho a ficha limpa. Então só o que têm a fazer é causar bastante confusão para distrair Snape por uns cinco minutos.
Harry deu um leve sorriso. Provocar confusão na aula de Poções de Snape era quase tão seguro quando espetar o olho de um dragão adormecido.


A sala riu.
A aula de Poções era dada em uma das masmorras maiores.


- Isso não é meio sombrio?- falou Lyssi.


A de quinta-feira à tarde transcorreu como sempre. Vinte caldeirões fumegavam entre as carteiras de madeira, sobre as quais havia balanças e frascos de ingredientes. Snape andava por entre os vapores, fazendo comentários mordazes sobre o trabalho dos alunos da Grifinória,


Snape deu um sorriso culpado.


enquanto os da Sonserina davam risadinhas de aprovação.


- Eles não se cansam? - murmurou Lene.


Draco Malfoy, que era o aluno favorito de Snape,


- Eu sou amigo de Lucius - admitiu Severo.


não parava de mostrar olhos de peixe baiacu para Rony e Harry, que sabiam que se revidassem receberiam uma detenção mais rápido do que conseguiriam dizer "injustiça".


Sirius olhou nada contente para Snape.


- Mas também que besteira - falou Lily.
A Solução para Fazer Inchar que Harry preparou ficou muito rala, mas ele tinha coisas mais importantes em que pensar.


Lily fez uma careta para o filho.


Estava à espera do sinal de Hermione, e mal ouviu quando Snape parou para caçoar do ponto de sua poção. Quando Snape deu as costas para implicar com Neville, Hermione olhou para Harry e fez um aceno com a cabeça.


James e Sirius sorriram.
Harry se abaixou depressa por trás do próprio caldeirão, tirou do bolso um dos fogos Filibusteiro de Fred e deu-lhe um leve toque com a varinha. O fogo começou a borbulhar e a queimar. Sabendo que só dispunha de segundos, Harry se levantou, mirou e atirou o fogo no ar; ele caiu dentro do caldeirão de Goyle.


- Esse é o meu filho! – falou James orgulhoso.


- E não esqueça que é o meu afilhado! – brigou Sirius, mas ele estava rindo.


Regulus sorriu diante das idiotices do irmão. Ele mesmo tinha gostado que Harry fez isso; era por uma causa boa e – entre nós – até Regulus já teve vontade de fazer uma coisa dessas.
A poção de Goyle explodiu, chovendo sobre a classe inteira.


Alice e Lyssi fizeram uma careta.


Remus riu, imaginando como os alunos estariam reagindo.


Os alunos gritaram quando os borrifos da Solução para Fazer Inchar caiu neles.


Neville fez uma careta.


- Claro, de repente, o negócio explode em nós e você quer que a gente fique calado? – bufou.


Draco ficou com a cara coberta de poção e seu nariz começou a inchar como um balão;


Risadas.


- Bem feito! – disseram Lene e Sirius juntos, sorrindo um para o outro depois.


Goyle saiu esbarrando nas coisas, as mãos cobrindo os olhos, que tinham inchado até atingir o tamanho de um prato. Snape tentava restaurar a calma e descobrir o que estava acontecendo. Na confusão, Harry viu Hermione entrar discretamente na sala do professor.


Hermione corou. Parando para pensar, ela não acreditava que tinham feito isso com um professor. 
— Silêncio! SILÊNCIO! — rugiu Snape. — Os que receberam borrifos, venham aqui tomar uma Poção para Fazer Desinchar, quando eu descobrir quem foi o autor disso...


- Você vai coloca-lo em detenção até o sétimo, se for Grifinório, e até o quarto, se for Sonserino, já sabemos – brincou Sirius.
Harry procurou não rir ao ver Draco correr para frente da sala, a cabeça pendurada por causa do peso de um nariz do tamanho de um melão.


- Deve ter sido uma tarefa difícil – admitiu Remus.


- Por que não temos uma foto desse momento? – perguntou Fred.


Enquanto metade da classe se arrastava até a mesa de Snape, alguns sobrecarregados com braços grossos como bastões,


Frank riu.


outros com os lábios tão inchados que não conseguiam falar,


- Isso é outro tipo de definição para lábios carnudos – brincou Dorcas.


Harry viu Hermione tornar a entrar, sorrateiramente, na masmorra, com a frente das vestes estufada.


- Vai Hermione - cantaram os Marotos e os gêmeos. 
Depois que todos tomaram uma dose do antídoto e seus inchaços murcharam, Snape foi até o caldeirão de Goyle e pescou os restos retorcidos e negros do fogo de artifício. Fez-se um silêncio repentino.


- Não sei o porquê – ironizou Lene.
— Se eu um dia descobrir quem jogou isso — sussurrou Snape — vou garantir que esse aluno seja expulso.


- Ai. Foi só uma explosão, Sev – falou Lily, mordendo o lábio.


Snape não conteve o sorriso ao ouvir Lily o chamando assim.


James fechou a cara.
Harry tomou o cuidado de fazer cara de espanto.


Todos lançaram um olhar de descrença para o moreno. Todos sabiam que ele não conseguia mentir bem, e duvidavam que a cara que ele fizera fora convincente.


Snape olhava diretamente para ele,


Harry sentiu um arrepio, ao perceber que Snape estava lendo a mente dele. Agora, ele não odiava mais o ex-professor, mas não era o maior dele, e odiava a ideia de qualquer pessoa lendo a sua mente.


e a sineta que tocou dez minutos depois não poderia ter sido mais bem-vinda.


- Mais ainda demorou – gemeu Lene.
— Ele sabia que fui eu — disse Harry a Rony e a Hermione enquanto corriam para o banheiro da Murta Que Geme. — Eu senti.


Harry ficou impressionado ao ver o quanto os seus instintos eram bons. 
Hermione jogou os novos ingredientes no caldeirão e começou a misturá-los febrilmente.


Lily e Snape sorriram para ela.
— Vai ficar pronto daqui a duas semanas — anunciou alegremente.


- Duas semanas. E vocês vão podem descobrir que não foi o Malfoy que fez isso – apontou Josh, que concordava com as teorias que os outros puros-sangues fizeram. A lógica por trás dela era grande demais para ser ignorada. 
— Snape não pode provar que foi você — disse Rony tranquilizando Harry.


- Pelo menos isso – falou Harry e quando Severo Snape o encarou, ele completou – Você me odiava na época – lembrou.


— Que é que ele pode fazer?


- Péssima pergunta - resmungou Josh.
— Conhecendo Snape, uma maldade — disse Harry,


Ele lançou um olhar de desculpar para o jovem Snape.


enquanto a poção espumava e borbulhava.
Uma semana mais tarde, Harry, Rony e Hermione iam atravessando o saguão de entrada quando viram uma pequena aglomeração em torno do quadro de avisos,


- Lá vem... – reclamou Gina.


os alunos liam um pergaminho que acabara de ser afixado. Simas Finnigan e Dino Thomas fizeram sinal para eles se aproximarem, com ar excitado.


- Pelo menos é algo bom! – falou James, animado.
— Vão reabrir o Clube dos Duelos!


- Tinha parado de funcionar? – perguntou James, incrédulo. Nenhum deles tinha notado isso ainda.


Na época em que ele, Alice, Frank, Lily, Snape, Dorcas, Lene, Sirius, Remus e Regulus estavam era impossível pensar em uma coisa dessas. Com a guerra a todo vapor, o número de alunos inscritos estavam no máximo. Porque eles entendiam que isso poderia fazer a diferença entre a vida e a morte. As alunas não eram espetaculares, mas dava para eles se manterem em forma e criarem bons instintos.


- Isso é ruim – concordou Josh.


- Não me diga – ironizou Lyssi.


O irmão olhou feio para ela.


— disse Simas. — A primeira reunião é hoje à noite! Eu não me importaria de tomar aulas de duelo; poderiam vir a calhar um dia desses...


- Simas prevendo o futuro – murmurou Rony, sombrio.
— Quê, você acha que o monstro da Sonserina sabe duelar?


Harry fez uma careta, tentando imaginar um brasílico que soubesse duelar.


— perguntou Rony, mas também leu o aviso com interesse.


- Porque só é importante saber se defender quando existe perigo eminente? – perguntou Regulus, saindo dos seus pensamentos sobre duelo.
— Poderia vir a calhar — disse ele a Harry e Hermione quando entraram para jantar. — Vamos?
Harry e Hermione foram a favor do clube.


- Uma opinião inteligente – murmurou Frank.


Assim, às oito horas daquela noite os três voltaram correndo para o Salão Principal.


- Vocês sempre saem correndo – observou Alex.


- Eles fazem isso para não engordar – brincou Gina.


Alex riu.


As longas mesas de jantar tinham desaparecido e surgira um palco dourado encostado a uma parede, cuja iluminação era produzida por milhares de velas que flutuavam no alto. O teto voltara a ser um veludo negro, e a maior parte da escola parecia estar reunida sob ele, as varinhas na mão e as caras animadas.


Dorcas pareceu encantada pela descrição.
— Quem será que vai ser o professor?


Todos que estavam na escola naquele ano fizeram uma careta.


— disse Hermione enquanto se reuniam aos alunos que tagarelavam sem parar. — Alguém me disse que Flitwick foi campeão de duelos quando era moço, talvez seja ele.


- Flitwick teria sido um professor muito melhor – falou Neville e eles concordaram.


- Quem foi? – perguntou Sirius, curioso como sempre.


- Deve falar agora – Hermione indicou o livro. 
— Desde que não seja... — Harry começou, mas terminou com um gemido:


Sirius fez uma careta imaginando bem que era.
Gilderoy Lockhart


Todos do "passado" começaram a reclamar. Como um idiota como ele poderia conseguir ensinar um clube de defesa?


- Foi por isso que o clube de defesa não continuou – apontou Harry.


- O clube era horrível – falou Jorge.


vinha entrando no palco, resplandecente em suas vestes ameixa-escuras, acompanhado por ninguém mais do que Snape,


Todos encararam Snape, sem conseguir acreditar.


- Eu provavelmente estou ali para evitar uma grande tragédia causada por esse idiota – murmurou, tranquilamente.


Hermione sorriu.


- Acho que foi esse o motivo mesmo.


em sua roupa preta habitual.


- Harry, você quer ser estilista? Fica reparando na roupa do povo... – falou Lene, fingindo desapontamento.


Lockhart acenou um braço pedindo silêncio e disse em voz alta:
— Aproximem-se, aproximem-se! Todos estão me vendo? Todos estão me ouvindo?


- Não.


Excelente! O Profº. Dumbledore me deu permissão para começar um pequeno clube de duelos, para treiná-los,


- Dumbledore não enxerga a inutilidade do que é dado por ele? – murmurou Alice.


- Tio Dumby deve ter se irritado de Lockhart falando com ele e simplesmente disse sim – falou Fred.


caso um dia precisem se defender, como eu próprio


- Assim eles vão virar inúteis, igual a você, que não sabem de nada – apontou Regulus, frio.


já precisei fazer em inúmeras ocasiões,


- Ou não.


quem quiser conhecer os detalhes, leia os livros que publiquei.


- Se a editora depender do lucro desse livro, ela vai falir. 
— Deixem-me apresentar a vocês o meu assistente, Profº. Snape


Snape fez uma careta.


—, disse Lockhart, dando um largo sorriso. — Ele me conta que sabe alguma coisa de duelos


- Mais que você sabe – resmungou Lily.


e desportivamente concordou em me ajudar a fazer uma breve demonstração antes de começarmos. Agora, não quero que nenhum de vocês se preocupe, continuarão a ter o seu professor de Poções mesmo depois de eu o derrotar,


A sala riu, incrédula. Snape sorriu, agradecido.


não precisam ter medo!"


- Não vamos.
— Não seria bom se os dois acabassem um com o outro? — cochichou Rony ao ouvido de Harry.


Rony se escondeu do olhar assassino de Snape.
O lábio superior de Snape crispou-se. Harry ficou imaginando por que Lockhart continuava a sorrir; se Snape estivesse olhando para ele daquele jeito, Harry já estaria correndo o mais depressa que pudesse na direção oposta.


A sala riu.


- Que bom que você tem noção do perigo, Potter.


- Não há perigo real, filho – provocou James.


Os dois se encararam, fuzilando um ao outro com o olhar.


- Parem! - reclamou Alex, irritado – Vocês dois tem 17 anos ou 4?


Lily sorriu para Alex, estava aliviada que não era só ela que achava os dois infantis.


- 4 – respondeu Sirius para James, sem hesitar.


James sorriu para o amigo. 
Lockhart e Snape se viraram um para o outro e se cumprimentaram com uma reverência; pelo menos, Lockhart cumprimentou com muitos meneios, enquanto Snape curvou a cabeça, irritado.


- Ainda foi mais do que ele merecia – Regulus falou frio.


- Calma, Reg – disse Harry, usando pela primeira vez o apelido de Regulus - Eu sei que ele pode ser irritante, mas ele nunca matou ninguém. Tem muita gente pior que ele.


Regulus tentou se acalmar. Harry estava certo.


Em seguida, os dois ergueram as varinhas como se empunhassem espadas.
— Como vocês vêem, estamos segurando nossas varinhas na posição de combate normalmente adotada — disse Lockhart aos alunos em silêncio — Quando contarmos três, lançaremos os primeiros feitiços. Nenhum de nós está pretendendo matar, é claro.


- Eu não teria certeza – falou Remus, pensando em Snape.
— Eu não teria certeza disso — murmurou Harry,


Harry e Remus sorriram.


observando Snape arreganhar os dentes.
— Um... Dois... Três...
Os dois ergueram as varinhas acima da cabeça e as apontaram para o oponente; Snape exclamou:
— Expelliarmus!


Imediatamente, Fred, Jorge, Neville, Gina, Hermione e Rony olharam para Harry.


- Eu disse uma vez que ás vezes achava vocês parecidos, quando falavam sobre duelo – sussurrou Hermione. Harry não olhou para ela.


— Viram um lampejo vermelho ofuscante e Lockhart foi lançado para o alto: voou para os fundos do palco, colidiu com a parede, foi escorregando e acabou estatelado no chão.


Lene, Sirius, Frank e Regulus aplaudiram.
Draco e outros alunos da Sonserina deram vivas. Hermione dançava nas pontas dos dedos para ver melhor.
— Vocês acham que ele está bem?


- Ninguém liga.


— guinchou tampando a boca com a mão.
— Quem se importa?


- Ninguém.


— responderam Harry e Rony juntos.
Lockhart foi-se levantando tonto. Seu chapéu caíra e os cabelos ondulados estavam em pé.
— Muito bem! — disse, cambaleando de volta ao palco. — Isto foi um Feitiço de Desarmamento,


- Achei que era uma transfiguração – zoou Alice.


como viram, perdi minha varinha, ah, muito obrigado, Srta. Brown...


Hermione fez uma careta.


Sim, foi uma excelente demonstração, Profº. Snape, mas se não se importa que eu diga, ficou muito óbvio o que o senhor ia fazer,


A sala revirou os olhos.


se eu tivesse querido detê-lo teria sido muito fácil, mas achei mais instrutivo deixá-los ver...
Snape tinha uma expressão assassina no rosto.


- Eu ficaria assim também – concedeu Lene.


- Na verdade, você faria pior – falou Sirius.


A morena deu de ombros.


Lockhart possivelmente notou porque acrescentou:
— Chega de demonstrações! Vou me reunir a vocês agora e separá-los aos pares. Prof. Snape, se o senhor quiser me ajudar...
Os dois caminharam entre os alunos, formando os pares.
Lockhart juntou Neville com Justino Finch-Fletchley, mas Snape chegou até Harry e Rony primeiro.


Os Marotos gemeram e Lily, Regulus e Hermione reprenderam com um olhar. 
— Acho que está na hora de separar a equipe dos sonhos — caçoou.


O Trio de Ouro fingiu estar sofrendo dor.


— Weasley você luta com Finnigan.


- Não foi ruim – falou Gina.


Potter...
Harry virou-se automaticamente para Hermione.


- Não vai rolar.
— Acho que não


- Falamos.


— disse Snape, sorrindo estranhamente. — Sr. Malfoy,


- Não acredito nisso – falou Josh, incrédulo.


venha cá. Vamos ver o que o senhor faz com o famoso Potter.


Lily fechou os olhos.


E a senhorita, pode fazer par com a Srta. Bulstrode.


- Quem? – questionou Gina.


Hermione deu de ombros.


- Eu acho impressionante o fato de vocês não conhecerem quase ninguém – murmurou Frank, que apesar de ter poucos amigos, sabia quem todos eram.


- Somos uma panelinha! – brincou Jorge.


- Mas vocês realmente são – falou Dorcas – Isso faz mal, sabe.


Neville, Harry, Rony, Hermione, Gina, Jorge e Fred não pareceram se importar. 
Draco se aproximou com arrogância, sorrindo. Atrás dele caminhava uma garota da Sonserina, que lembrava a Harry uma foto que vira em Férias com Bruxas Malvadas. Era grande e atarracada,


Sirius fez uma careta.


e seu queixo pesado se projetava para a frente, agressivamente.


- Essa eu não pegava – falou Sirius.


Lene sorriu, triste. Sirius ficava com muita gente, mas ela não podia reclamar. Ela mesma fazia isso.
Hermione lhe deu um breve sorriso que ela não retribuiu.
— De frente para os seus parceiros! — mandou Lockhart, de volta ao tablado. — E façam uma reverência!
Harry e Draco mal inclinaram as cabeças, e não tiraram os olhos um do outro.


- A classe ficou um pouco esquecida – fingiu desaprovar Regulus.
— Preparar as varinhas! — gritou Lockhart. — Quando eu contar três, lancem seus feitiços para desarmar os oponentes, apenas para desarmá-los, não queremos acidentes, um... Dois... Três...
Harry ergueu a varinha bem alto, mas Draco começara no "dois"


- Como esperado – falou Gina.


e seu feitiço atingiu Harry com tanta força que parecia que ele levara uma frigideirada na cabeça.


- Aí.


Ele cambaleou, mas tudo parecia estar em ordem, e, sem perder mais tempo, Harry apontou a varinha direto para Draco e gritou:
— Rictusempra!
Um jorro de luz prateada atingiu Draco no estômago e ele se dobrou, com dificuldade de respirar.


Alice fechou os olhos. Ela odiava qualquer tipo de violência, mesmo que ela soubesse se defender.
— Eu disse desarmar apenas!


- Foda-se – falou Sirius, alegremente.


— gritou Lockhart assustado por cima das cabeças dos combatentes, quando Draco caiu de joelhos; Harry o golpeara com o Feitiço das Cócegas, e ele mal conseguia se mexer de tanto rir.


- Essa foi golpe baixo – falou Dorcas.


Harry recuou, com a vaga impressão de que seria pouco esportivo enfeitiçar Draco ainda no chão,


Snape revirou os olhos. Nobre estúpido.


mas isso foi um erro; tomando fôlego, Draco apontou a varinha para os joelhos de Harry, e disse engasgado:
— Tarantallegra! —, e no segundo seguinte as pernas de Harry começaram a sacudir descontroladas numa espécie de marcha rápida.


- Isso parece mais uma brincadeira do que um duelo – riu Lene.


- Éramos segundo anos! – falou Harry, e se lembro de outra briga com Malfoy quando o atingira com Sectumsempra. Ficou pálido. Não odiava ninguém a tal ponto de jogar aquele feitiço (talvez Voldemort só), e não o teria feito se soubesse o que fazia. 
— Parem! Parem! — berrou Lockhart, mas Snape assumiu o controle.
— Finite Incantatem! — gritou ele; os pés de Harry pararam de dançar. Draco parou de rir e eles puderam erguer a cabeça.
Uma névoa de fumaça verde pairava sobre a cena.


Os do passado estremeceram, lembrando da Marca Negra.


Neville e Justino estavam caídos no chão, ofegantes;


Frank e Alice sorriram orgulhosos para o filho.


Rony estava segurando um Simas branco feito papel, pedindo desculpas pelo que sua varinha quebrada pudesse ter feito;


Gina olhou para o irmão.


- Mamãe realmente devia ter comprado outra varinha para você.


- No fim, foi útil – resmungou o outro ruivo.


mas Hermione e Emília Bulstrode ainda lutavam; Emilia dera uma chave de cabeça em Hermione, que choramingava de dor; as varinhas das duas jaziam esquecidas no chão.


Todos viraram, preocupados para a morena.


- QUE ANIMAL ESSA EMÍLIA!- gritou Lene – Ninguém usa tanto o corpo em um duelo simples como esse – reclamou.
Harry deu um salto à frente e fez Emilia soltar Hermione.


Todos suspiraram aliviados.


Foi difícil: a garota era muito maior do que ele.


James estava decepcionado. Seu filho era menor que uma garota? 
— Ai, ai-ai, ai-ai — exclamou Lockhart, passando por entre os duelistas, para ver o resultado das lutas. — Levante, Macmillan... Cuidado, Miss Fawcett...
Aperte com força, vai parar de sangrar em um segundo, Boot...
— Acho que é melhor ensinar aos senhores como se bloqueia feitiços hostis — disse Lockhart, parando no meio salão. Ele olhou para Snape, cujos olhos negros brilhavam, e desviou rápido o seu olhar. — Vamos arranjar um par voluntário, Longbottom e Finch-Fletchley, que tal vocês...


- Totalmente voluntário – ironizou Frank.
— Uma má idéia, Profº. Lockhart — disse Snape, deslizando até ele como um enorme morcego malévolo. — Longbottom causa devastação até com o feitiço mais simples.


- Isso não é verdade, Neville – murmurou Hermione.


Vamos ter que mandar o que sobrar de Finch-Fletchley para a ala hospitalar em uma caixa de fósforos. — O rosto redondo e rosado de Neviile ficou ainda mais rosado. — Que tal Malfoy e Potter? — sugeriu Snape com um sorriso enviesado.


- Que obsessão é essa comigo e com Malfoy, hein Snape? – brincou Harry.


- Talvez fosse meu sonho que você ficasse com o senhor Malfoy – disse com grande sarcasmo Snape, revirando os olhos.
— Ótima ideia!


- Péssima ideia – contradisse Lilu.


— disse Lockhart, fazendo um gesto para Harry e Draco irem para o meio do salão, enquanto os demais alunos se afastavam para lhes dar espaço.
— Agora, Harry — disse Lockhart. — Quando Draco apontar a varinha para você, você faz isto.
Ele ergueu a própria varinha, tentou um complicado floreio e deixou-a cair.


Eles riram.


Snape abriu um sorriso quando Lockhart a apanhou depressa, dizendo:
— Epa, minha varinha está um tanto excitada demais...
Snape aproximou-se de Draco, curvou-se e sussurrou alguma coisa em seu ouvido.


Sirius encarou Snape, desconfiado.


O garoto riu também.


James também encarou Snape desconfiado.


Harry ergueu os olhos, nervoso, para Lockhart e disse:
— Professor, podia me mostrar outra vez como se bloqueia?


Fred riu.


- Não acho que vá adiantar.
— Apavorado?


- Um Potter nunca fica apavorado – murmurou James.


- Ou pelo menos, nunca admite está – acrescentou Sirius.


— murmurou Draco, falando baixo para Lockhart não poder ouvi-lo.
— Querias! — respondeu Harry pelo canto da boca.
Lockhart deu uma palmada bem-humorada no ombro de Harry.
— Faça exatamente como fiz, Harry!
— O quê, deixar cair a varinha?


- Quem disse que Harry não tem senso de humor? – perguntou Jorge.
Mas Lockhart não estava mais escutando.


- Surdo – falou Lene.
— Três... Dois... Um... Agora! — gritou ele.
Draco ergueu a varinha depressa e berrou:


— Serpensortia!


Todos encararam Harry, preocupados. Malfoy jogou uma cobra nele? Mas depois, eles relaxaram, lembrando que Harry era ofidioglota.
A ponta de sua varinha explodiu. Harry observou, perplexo, uma comprida cobra preta se materializar,


Alice, Lyssi e Lily tremeram.


cair pesadamente no chão entre os dois e se erguer, pronta para atacar. Os alunos gritaram recuando rapidamente, abrindo espaço.


- Boa ideia – falou Josh.
— Não se mexa, Potter — disse Snape tranquilamente, sentindo visível prazer de ver Harry parado imóvel, cara a cara com a cobra irritada.


Alguns olhares hostis foram lançados para Snape.


- Eu provavelmente não deixaria nenhum aluno se ferir drasticamente – se defendeu.


— Vou dar um fim nela...


- Não disse? – Snape falou. 
— Permita-me! — gritou Lockhart. E brandiu a varinha para a cobra, ao que se ouviu um grande baque; a cobra, em lugar de desaparecer, voou três metros no ar e tornou a cair no chão com um estrondo.


Regulus revirou os olhos. Estúpido.


Enraivecida, sibilando furiosamente, ela deslizou direto para Justino Finch-Fletchley e se levantou de novo, as presas expostas, armada para o não teve certeza do que o fez agir assim.


- Agir como? - perguntou Dorcas.


- Feito um bobo – brincou Rony.


Nem ao menos teve consciência de decidir fazer o que fez.


Frank ficou pensativo.


A única coisa que soube foi que suas pernas o impeliram para frente como se ele estivesse sobre rodinhas e que gritou tolamente para a cobra "Deixe-o em paz!"


Rony sentiu um calafrio lembrando-se de Harry falando isso. Foi assustador.


E milagrosamente — inexplicavelmente — a cobra desabou no chão,


- Cobras respeitam ofidioglotas – murmurou Regulus – Elas o consideram mestres – murmurou.


dócil como uma mangueira grossa e preta de jardim,


- Uma cobra dócil como uma mangueira grossa e preta de jardim? – Lene não evitou debochar.


Harry deu de ombros.


seus olhos agora em Harry. Ele sentiu o medo dissolver-se. Sabia que a cobra não atacaria ninguém agora, embora não pudesse explicar como o sabia.


- Foi mais como um tipo de instinto – murmurou.


Frank o olhou, fascinado. Era incrível ouvir sobre uma habilidade tão rara como essa. 
Harry olhou para Justino, sorrindo, esperando o colega parecer aliviado, intrigado ou até grato


- Não acho que vai ser bem assim – falou Neville.


— mas certamente não zangado nem apavorado.
— De que é que você acha que está brincando?


- De salvar a sua vida? – sugeriu Sirius.


— gritou, e antes que Harry pudesse responder alguma coisa, Justino virou-lhe as costas e saiu do salão enfurecido.


- Pessoa mal agradecida – falou Lene.
Snape se adiantou, acenou a varinha e a cobra desapareceu com uma pequena baforada de fumaça preta. Snape, também, olhou Harry de modo inesperado: era um olhar astuto e calculista e Harry não gostou.


- Foi sinistro – falou o moreno.


Teve também uma vaga consciência dos cochichos sinistros que percorriam o salão.


- Você não pode nos culpar, companheiro. Foi estranho ouvir alguém falando com uma cobra e como ninguém lá entendia nada...


Então sentiu alguém puxá-lo pelas vestes.
— Vamos — disse a voz de Rony ao seu ouvido. — Mexa-se, vamos...
Rony guiou-o para fora do salão, Hermione corria para acompanhá-los.


- Sempre – disse Hermione, sorrindo.


Quando atravessaram o portal, as pessoas de cada lado recuaram como se tivessem medo de apanhar uma doença.


Snape, Regulus, Fred, Jorge, Lene e Sirius reviraram os olhos.


Harry não tinha a menor ideia do que estava acontecendo, e nem Rony nem Hermione explicaram nada até terem arrastado o amigo até a sala comunal da Grifinória, naquele momento vazia. Então Rony empurrou Harry para uma poltrona e disse:
— Você é um ofidioglota. Por que não nos contou?


- Porque eu não sabia – sugeriu Harry.
— Eu sou o quê? — perguntou Harry.
— Um ofidioglota! — disse Rony. — Você é capaz de falar com as cobras!


- Não me diga – ironizou Alex.
— Eu sei. Quero dizer, é a segunda vez que faço isso. Uma vez no zoológico açulei, por acaso, uma jibóia contra o meu primo Duda, uma longa história...


Todos riram se lembrando da história.


Ela estava me contando que nunca tinha estado no Brasil


- Eu também nunca fui para lá – Dorcas falou, inesperadamente.


e eu meio que a soltei sem querer, isso foi antes de saber que era bruxo.
— Uma jibóia contou a você que nunca tinha ido ao Brasil?


- É uma história interessante – falou Gina, rindo.


— repetiu Rony baixinho.
— E daí? Aposto que um monte de gente aqui pode fazer isso.


- Não.
— Ah, não. De jeito nenhum. Isto não é um dom muito comum. Harry, isto não é legal.


- Na verdade, é legal – falou Regulus pensativo – Eu gostaria de conseguir falar com algum animal.


Dorcas e Alice o apoiaram.


Harry ficou contente. 
— O que não é legal? — disse Harry começando a ficar com muita raiva. — Qual é o problema com todo mundo? Escuta aqui, se eu não tivesse dito àquela cobra para não atacar Justino...


- Teria tido um fim trágico – murmurou Neville.


— Ah, então foi isso que você disse?
— Que quer dizer com isso? Vocês estavam lá, vocês me ouviram...
— Ouvi você falar esquisito — disse Rony. — Língua de cobra. Você podia ter dito qualquer coisa, não admira que o Justino tenha entrado em pânico, parecia que você estava convencendo a cobra a fazer alguma coisa, deu arrepios, sabe...


- Mas vocês não sabem pensar? – Lily perguntou irritada – Quer dizer, tem uma cobra. Ela está prestes a atacar alguém. Uma pessoa fala alguma coisa com ela. Ela para e fica quieta. Vocês não conseguem concluir que a pessoa mandou a cobra se afastar?


- É algo lógico – concordou Lyssi.
Harry ficou de boca aberta.
— Eu falei uma língua diferente? Mas, eu não percebi, como posso falar uma língua sem saber que posso falá-la?


Essa era uma pergunta interessante, Remus pensou. Mesmo que os ofidioglotas já nasçam com esse dom, não devia ser perceptível quando ele falasse? Se ele fosse fluente em espanhol, e começasse a falar em espanhol para responder alguém, por instinto, mesmo assim ele saberia que estava falando em um idioma diferente.


Rony sacudiu a cabeça. Tanto ele quanto Hermione faziam cara de enterro.


- Desculpa, Harry – murmurou Hermione suavemente.


Harry não conseguia entender o que havia de tão horrível.
— Querem me dizer o que há de errado em impedir uma enorme cobra de arrancar a cabeça do Justino? Que diferença faz como foi que eu fiz isso, desde que o Justino não precise se associar ao clube dos Caçadores Sem Cabeça?


- Nenhuma – disse James.
— Faz diferença, sim — disse Hermione, falando, afinal, num tom abafado —, porque a capacidade de falar com cobras foi o dom que tornou Salazar Slytherin famoso.


- Isso não importa – murmurou Regulus, irritado. Ele estava cansando daquele preconceito. Nem tudo que tinha relação com a Sonserina era ruim.


É por isso que o símbolo da Sonserina é uma serpente.
O queixo de Harry caiu.
— Exatamente — confirmou Rony. — E agora a escola inteira vai pensar que você é o tetra-tetra-tetra-tetra-neto ou coisa parecida...


- Não somos – murmurou James – Mamãe foi uma Black, mas apesar dos Blacks sempre terem sido da Sonserina (fora Sirius, é claro), eles não tem parentesco com Salazar – e acrescentou - Não mais que qualquer outra família bruxa.


— Mas eu não sou — disse Harry, sentindo um pânico que não conseguia explicar.
— Você vai achar difícil provar isso — falou Hermione. — Ele viveu há mil anos; pelo que se sabe, você podia muito bem ser descendente dele.


- Desculpa de novo, Harry – murmurou a morena chateada, agora vendo o que causou a Harry. 
Harry ficou horas acordado àquela noite. Por uma fresta no cortinado em volta da cama de colunas ele observou a neve começar a cair em floquinhos diante da janela da torre e ficou imaginando...
Imaginando...


- O que? – murmurou Dorcas, irritada.
Será que podia ser descendente de Salazar Slytherin?


- Não.


Afinal não sabia nada sobre a família do seu pai.


- Nós vamos concertar isso – prometeu James – Eu vou te contar tudo sobre Charles e Dorea.


Os Dursley sempre o proibiram de fazer perguntas sobre parentes bruxos.


Rosnados.


Josh nem imaginava como era crescer sendo proibido de fazer perguntas, ainda mais sobre a própria família.


Silenciosamente, Harry tentou dizer alguma coisa na língua das cobras. As palavras não saíram. Parecia que tinha de estar cara a cara com uma cobra para isso.


- Ou ter muita prática.


Mas eu estou na Grifinória, pensou Harry. O Chapéu Seletor não teria me posto aqui se eu tivesse sangue de Slytherin...


- Se você tivesse mais caraterísticas da Grifinória, teria sim – murmurou Sirius, indiferente.
Ah, disse uma vozinha perversa em seu cérebro, mas o Chapéu Seletor queria pôr você na Sonserina, não se lembra?


Regulus lembrava-se disso. Tinha ficado desapontando que o menino tinha ido para a Grifinória.
Harry se virou na cama. Encontraria Justino no dia seguinte na aula de Herbologia, e explicaria que detivera a cobra e não a instigara, o que (pensou com raiva, socando o travesseiro) qualquer idiota teria percebido.


- Viu? Harry concorda com o meu pensamento – murmurou Lily.


- Todos concordamos – falou Neville.
Mas na manhã seguinte, a neve que começara a cair de noite se transformara numa nevasca tão densa que a última aula de Herbología do período letivo foi cancelada.


- E a sorte de Harry ataca de novo.
A Profª. Sprout queria pôr meias e echarpes nas mandrágoras, uma operação melindrosa que ela não confiaria a mais ninguém,


- Ela está certa – falou, surpreendentemente, Jorge.


agora que era tão importante as mandrágoras crescerem depressa para ressuscitar Madame Nor-r-ra e Colin Creevey.
Harry preocupava-se com isso sentado junto à lareira na sala comunal da Grifinória, enquanto Rony e Hermione aproveitavam o tempo para jogar uma partida de xadrez de bruxo.


- Quem ganhou? – perguntou Sirius, entediado.


- Rony ganhou, para variar – murmurou Hermione.
— Pelo amor de Deus, Harry — disse Hermione exasperada, quando um bispo de Rony desmontou um cavalo dela e o arrastou para fora do tabuleiro. — Vá procurar o Justino se isso é tão importante para você.


- É claro que é.
Então Harry se levantou e saiu pelo buraco do retrato, imaginando onde Justino poderia estar.
O castelo estava mais escuro do que normalmente era durante o dia, por causa da neve grossa e cinzenta que descia rodopiando pelo lado de fora das janelas. Transido de frio, Harry passou por salas onde havia aulas, captando vislumbres do que acontecia lá dentro. A Profª. McGonagall gritava com alguém que, pelo que parecia, tinha transformado o colega em um texugo.


Os Marotos riram.


Harry passou adiante, resistindo ao impulso de espiar para dentro e, lembrando que Justino talvez estivesse usando o tempo livre para tirar o atraso em alguma matéria, decidiu verificar primeiro na biblioteca.


- Sério? – perguntou Sirius, levantando uma sobrancelha. O último lugar que ele iria se tivesse ganhado um tempo livre seria a biblioteca.
Vários alunos da Lufa-Lufa que deviam estar na aula de Herbologia se achavam de fato sentados no fundo da biblioteca, mas não pareciam estar trabalhando.


- Claro que não – falou Sirius.
Entre as longas fileiras de estantes, Harry podia ver que suas cabeças estavam muito juntas e que aparentemente mantinham uma conversa absorvente. Não conseguia ver se Justino estava no grupo. Foi andando em direção a eles e, quando começou a ouvir alguma coisa do que diziam, parou para escutar melhor, escondido na seção da Invisibilidade.


- Isso é muito feio, Harry – disse Lily, lançando um olhar ameaçador para o filho, que se encolheu.
— Então, em todo o caso — falava um menino forte —, eu disse ao Justino para se esconder no nosso dormitório. Quero dizer, se Potter o escolheu para sua próxima vítima, é melhor ele ficar pouco visível por uns tempos.


Lyssi revirou os olhos.
— É claro que o Justino estava esperando uma coisa dessas acontecer desde que deixou escapar para o Potter que vinha de família trouxa.


- Então dá próxima vez fique calado – sugeriu Regulus, irritado.


Justino chegou até a contar que os pais tinham feito reserva para ele em Eton. Isto não é o tipo de coisa que se fale assim, com o herdeiro de Slytherin à solta, não é mesmo?


- Claro, porque é muito difícil descobrir isso – ironizou Gina. 
— Então decididamente você acha que é o Potter, Ernie? — perguntou, ansiosa, uma menina loura de marias-chiquinhas.
— Ana — disse o garoto forte, solenemente —, ele é um ofidioglota. Todo mundo sabe que isso é a marca do bruxo das trevas.


- Preconceituosos – murmurou Alex.


Você já ouviu falar de um bruxo decente que soubesse falar com cobras?


- Você já ouviu falar que falar mal dos outros é má educação?


Chamavam o próprio Slytherin de língua de serpente.
Seguiram-se muitos murmúrios depois disso e Ernie continuou:
— Lembram o que estava escrito na parede? Inimigos do herdeiro, cuidado. Potter teve um problema com o Filch.


- Todo mundo tem problemas com Flich – murmurou Rony – Não existe um aluno em Hogwarts que não odeie ele e aquela gata.


Logo em seguida a gata de Filch é atacada. Aquele aluno do primeiro ano, o Creevey, estava aborrecendo Potter no jogo de Quadribol, tirando fotos dele estirado na lama. Logo em seguida, Creevey foi atacado.
— Mas ele sempre pareceu tão gentil — disse Ana em dúvida


- Pelo menos, ela estava em dúvida – brincou Harry.


— e foi quem fez Você-Sabe-Quem desaparecer. Ele não pode ser tão ruim assim, pode?
Ernie baixou a voz, misterioso, os alunos da Lufa-Lufa se curvaram mais para frente, e Harry se aproximou mais para poder captar as palavras de Ernie.
— Ninguém sabe como foi que ele sobreviveu àquele ataque do Você-Sabe-Quem, quero dizer, ele era só um bebê quando a coisa toda aconteceu. Devia ter explodido em pedacinhos. Só um mago das trevas realmente poderoso poderia ter sobrevivido a um ataque daqueles.


- Para mim, você parece um aspirante das artes das trevas para dizer que somente um bruxo das trevas poderia fazer. Quer dizer, que um poderoso da "luz" não poderia fazer isso? – perguntou Frank, suspeitando.


— E baixando a voz até quase um sussurro, continuou: — Vai ver é por isso que Você-Sabe-Quem queria matá-lo para começar. Não queria outro bruxo das trevas concorrendo com ele.


- E agora você-sabe-quem virou adivinha – bufou Remus.


Que outros poderes será que o Potter anda escondendo?


- O poder de te ouvir falando agora - Lene disse.
Harry não conseguiu aguentar mais. Pigarreando alto, saiu de trás das estantes.


Os gêmeos prenderam o riso, imaginando a reação dos lufanos.


Se não estivesse tão zangado, teria achado engraçada a cena que o aguardava:


- Em outras palavras, você achou engraçado - falou Remus.


cada aluno da Lufa-Lufa parecia ter se petrificado só devê-lo,


- Corajosos - falou Regulus revirando os olhos. Harry sorriu.


e a cor foi se esvaindo do rosto de Ernie.


- Bem feito. Fica falando mal das pessoas - Lily falou, vingativa.


- Essa é a minha garota - disse James.


— Olá — disse Harry. — Estou procurando o Justino Finch-Fletchley.
Os receios dos garotos da Lufa-Lufa claramente se confirmaram.


Gina revirou os olhos. Quem olhasse para Harry uma vez na vida, sabia que ele nunca machucaria ninguém.


Todos olharam cheios de medo para Ernie.


- Hum, então Ernie é o líder? - perguntou Dorcas.


— Que é que você quer com ele? — perguntou Ernie com a voz trêmula.
— Eu queria dizer a ele o que realmente aconteceu com aquela cobra no Clube dos Duelos.


- Você podia ter dito essa frase de outro modo - apontou Regulus.


Harry deu ombros.
Ernie mordeu os lábios brancos, tomou fôlego e disse:
— Nós estávamos todos lá. Vimos o que aconteceu.


- Viram, mas, aparentemente, vocês não conseguem pensar - resmungou Lyssi. 
— Então vocês repararam que depois que falei com a cobra ela recuou? — perguntou Harry.
— Só o que eu vi — disse Ernie, insistente, embora tremesse enquanto falava — foi você falando em língua de cobra e açulando o bicho para cima de Justino.


Snape revirou os olhos. Até a sua geração de estúpidos era mais inteligente que isso. 
— Eu não açulei a cobra para cima dele! — protestou Harry a voz trêmula de raiva. — A cobra nem encostou nele!
— Por pouco. E caso você esteja tendo novas idéias


- Sim, o malvado Harry Potter está cheio de ideias - falou Fred, com um sorriso sarcástico.


— acrescentou depressa — é melhor eu informá-lo que pode investigar minha família por nove gerações de bruxos, e que o meu sangue é tão puro quanto o de qualquer outro, portanto...


- Ele não parece ser um sangue-puro - Sirius resmungou. 
— Não ligo a mínima para o tipo de sangue que você tem! — tornou Harry furioso. — Por que eu iria querer atacar pessoas que nasceram trouxas?
— Ouvi falar que você detesta os trouxas com quem mora — disse Ernie na mesma hora.


- Se até ele sabe disso como Dumbledore não sabe disso? - perguntou Frank. 
— É impossível morar com os Dursley e não detestá-los.


Lily assentiu.


Todos sentiam a raiva dos Dursleys voltando, então Hermione voltou a ler rapidamente.


Eu gostaria de ver você no meu lugar.


- Eu acho que isso não melhorou a sua imagem, Harry - disse Remus tímido.


E dando meia-volta, saiu furioso da biblioteca, ganhando um olhar de reprovação de Madame Pince, que estava lustrando a capa dourada de um grande livro de feitiços.


- Ela não sabe dar outro olhar mesmo - resmungou Gina.
Harry saiu pelo corredor às tontas, mal reparando aonde ia, tal era a sua fúria. O resultado foi que bateu em alguma coisa muito grande e sólida, que o derrubou no chão.
— Ah, olá, Hagrid — disse erguendo a cabeça.


James e Lily riram.
O rosto de Hagrid estava inteiramente oculto pelo gorro de lã esbranquiçado de neve, mas não podia ser mais ninguém, pois ele praticamente ocupava o corredor com aquele seu casacão de pele de toupeira.


- Hagrid é... inconfundível - brincou Sirius.


Um galo morto pendia de suas enormes mãos enluvadas.


- Galo morto?- ecoou Alice.


— Tudo bem, Harry? — perguntou ele, empurrando o gorro para trás para poder falar. — Você não está em aula?


- Gazeando - brincou James.


Lily bateu nele.


- Isso não é engraçado. Se você realmente não gazeasse aula, seria.


- Calma, amor. Ele puxou a você - falou James.


Harry sorriu.


— Cancelada — disse Harry, levantando-se. — Que é que você está fazendo aqui?
Hagrid ergueu o galo inerte.
— É o segundo que matam neste período letivo


- MATAM? Você quer dizer... um animal mata, certo? - perguntou Lene, assutada.


Sem resposta.


— explicou. — Ou é raposa ou bicho-papão e preciso permissão do diretor para lançar um feitiço em volta do galinheiro.


- Sério? - perguntou Regulus, com um sorriso debochado muito parecido com o do irmão.


James o encarou.


Por debaixo das sobrancelhas grossas e salpicadas de neve, ele examinou Harry com mais atenção.
— Você tem certeza de que está bem? Está cheio de calor e zanga...
Harry não conseguiu se forçar a repetir o que Ernie e o resto dos garotos da Lufa-Lufa tinham andado dizendo.


- Deixe esses idiotas para lá - aconselhou Lyssi.
— Não é nada. É melhor eu ir andando, Hagrid, a próxima aula é Transfiguração e tenho que apanhar meus livros.
Ele se afastou, a cabeça inchada com o que Ernie dissera a seu respeito.


- Não ouça aquele idiota - falou Remus triste.


Harry sorriu para o ex-professor.


Harry subiu a escada batendo os pés e entrou em outro corredor que estava particularmente escuro; os archotes tinham sido apagados por uma corrente de ar forte e gelada que entrava por uma vidraça solta. Estava na metade do corredor quando caiu estendido em cima de uma coisa que havia no chão.
Virou-se para ver melhor em cima do que caíra e sentiu o estômago derreter.
Justino Finch-Fletchley jazia no chão,


- O quê...? - perguntaram todos chocados.


duro e frio,


- Ele não está morto, está? - perguntou Alex.


- Não - respondeu Hermione.


uma expressão de choque fixa no rosto, os olhos, sem visão, voltados para o teto. E não era tudo. Ao lado dele outro vulto, a visão mais estranha que Harry já encontrara.
Era Nick Quase Sem Cabeça, que agora deixara de ser branco-pérola e transparente e se tornara preto e fumegante,


- Nick...? - Sirius perguntou triste. Ele amava aquele fantasma.


e que estava imóvel na horizontal, a mais de um metro e meio do chão. Sua cabeça estava quase inteiramente solta, e seu rosto tinha uma expressão de choque idêntica à de Justino.


Lily baixou os olhos, sentindo um instinto infantil de colocar as mãos no ouvido para não ouvir isso.


Harry ficou em pé, a respiração rápida e superficial, o coração produzindo uma espécie de rufo de tambor em suas costelas. Fora de si, olhou para um lado do corredor deserto e para o outro e viu uma fila de aranhas


Frank ficou pensativo. Fila de aranhas? Isso sequer era possível.


que se afastava o mais depressa possível dos corpos. Os únicos sons que ouvia eram as vozes abafadas dos professores nas salas de aula de cada lado.
Poderia correr e ninguém saberia que estivera ali.


- Boa ideia - aconselhou Snape.


Mas não podia simplesmente deixá-los caídos...


Josh revirou os olhos. Isso não mudaria nada o que tinha acontecido.


Tinha que procurar ajuda.
Alguém acreditaria que ele não tivera nada a ver com aquilo?


- Não.


Enquanto estava parado, cheio de pânico, uma porta se abriu com uma batida. Pirraça o poltergeist saiu em disparada.


Gina olhou incrédula para Harry, de todas as pessoas, ele encontra logo Pirraça?
— Ora, é o Potter Pirado! — zombou ele, entortando os óculos de Harry ao passar por ele. — Que é que o Potter está aprontando? Por que é que o Potter está rondando...
Pirraça parou no meio de uma cambalhota no ar de cabeça para baixo, deparou com Justino e Nick Quase Sem Cabeça. Desvirou-se na mesma hora, encheu os pulmões de ar e, antes que Harry pudesse impedi-lo, gritou:
— ATAQUE! ATAQUE! MAIS UM ATAQUE! NEM MORTAL NEM FANTASMA ESTÃO SEGUROS! SALVEM SUAS VIDAS! ATAAAAAQUE!
Bam — bam — bam — porta atrás de porta se escancarou ao longo do corredor que foi invadido por um mundão de gente.


- Todos correm para a direção do ataque - apontou Frank.


Durante vários minutos, a cena era de tal confusão que Justino correu o risco de ser esmagado, e as pessoas não paravam de passar através de Nick Quase Sem Cabeça.


Os Marotos fizeram uma careta.


Harry se viu imprensado contra a parede enquanto os professores gritavam pedindo calma. A Profª. McGonagall veio correndo, seguida por seus alunos em sua cola, um dos quais ainda tinha os cabelos listrados de preto e branco. Ela usou a varinha para produzir um alto estampido e restaurar o silêncio, e mandou todos de volta para as salas de aula. Nem bem o corredor se esvaziara um pouco quando Ernie, o garoto da Lufa-Lufa chegou, ofegante, à cena.
— Apanhado na cena do crime! — berrou Ernie, o rosto lívido, apontando dramaticamente para Harry.


Que raiva desse menino, pensou Dorcas.
— Agora já chega, Macmillan! — disse a professora ríspida. Pirraça subia e descia no ar, e agora sorria malvadamente observando a cena; adorava o caos.


- Mesmo quando alguém sofreu algo sério - disse Regulus com escárnio.


Enquanto os professores se curvavam sobre Justino e Nick Quase Sem Cabeça, examinando-os, Pirraça começou a cantar:
— Ah, Potter, podre, veja o que você fez. Matar alunos não é nada cortês...
— Já chega, Pirraça! — vociferou a Profª. McGonagall e Pirraça saiu voando de costas e estirando a língua para Harry.
Justino foi levado para a ala hospitalar pelo Profº. Flitwick e pela Profª. Sinistra, do departamento de astronomia,


Careta de Harry, Rony e Hermione.


mas ninguém sabia o que fazer com Nick Quase Sem Cabeça.


- Duvido que algo parecido já tenha acontecido antes - falou Alex.


Por fim, a Profª. McGonagall conjurou um grande leque de ar, e entregou-o a Ernie com instruções para abanar Nick Quase Sem Cabeça até o andar de cima.
Ernie obedeceu e abanou Nick como se fosse um aerofólio silencioso. Assim Harry e a professora ficaram a sós.
— Por aqui, Potter — falou ela.
— Professora — disse Harry depressa —, eu juro que não...
— Isto não está mais em minhas mãos, Potter — interrompeu ela secamente.


- Mas ela acreditava em mim - deixou claro Harry. 
Os dois caminharam em silêncio, viraram um canto e ela parou diante de uma gárgula de pedra feíssima.
— Gota de limão! — disse. Era evidentemente uma senha, porque a gárgula logo ganhou vida e afastou-se para o lado, ao mesmo tempo que a parede atrás dela se abria em dois. Mesmo temendo o que o aguardava, Harry não pôde deixar de se admirar. Atrás da parede havia uma escada em caracol que subia suavemente, como uma escada rolante.


- Conhecemos esse lugar - falaram os Marotos sorrindo.


Nem bem ele e a Profª. McGonagall pisaram nela, Harry ouviu a parede fazer um barulho seco e se fechar às costas dos dois. Subiram em círculos, cada vez mais altos, até que por fim, ligeiramente tonto,


- Para Harry ficar tonto - Jorge balançou a cabeça.


Harry viu uma porta de carvalho reluzindo à sua frente, com uma aldrava em forma de grifo.
Soube então aonde tinha sido levado. Ali devia ser a residência de Dumbledore.


- Terminou.


Silêncio tenso na sala.

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