Assumindo o que realmente sent



Na tarde seguinte, Draco foi procurar por Hermione, ela estava no jardim, lendo. Ele parou ali e ficou a vendo ler. “Ela fica linda assim.”, pensou. Resolveu chegar mais perto.


            -Oi.


            -Oi, Draco. Como está?


            -Bem. Até demais.


            -Você também?


            -Por que não estaria?


            -Me conta mais sobre Vold... Você sabe quem?


            -Papai quer que eu me torne um deles, no próximo verão. Eu não sei se aceitarei, mas acho que vou, mesmo se eu disser não ele me forçará, então...


            -O quê? Se tornar um comensal?


            -É. Eu sei, é loucura, é doloroso, e... Eu tenho uma coisa para te falar. Na verdade não é bem falar, é mostrar.


            -O que...


Ele nem esperou ela terminar a fala. A apertou mais junto ao seu corpo e a beijou. Não foi um beijo comum, foi... Apaixonado. Único.


            -O que foi isso?


            -Agora sabe, o que eu realmente sinto por você. Quando conversamos lá na torre. A minha mãe está certa, eu te amo.


            -Draco, eu...


Ela sorriu para ele. Ela tentou dizer algo, mas as palavras não saíam, estavam perdidas em algum lugar do seu coração, ela não sabia o que dizer, não sabia o que fazer, não sabia o que pensar, só sabia o que sentir. Amor. Ela estava apaixonada por Draco Malfoy. Sabia que se eles namorassem, correriam alguns riscos, como serem descobertos por Lúcio, mas sabendo que pelo menos Narcisa apoiava, já dava a ela uma esperança boa. Ela pensou: “Tudo bem, sua boba, se entrega a ele, ele te ama de verdade, será que não percebe?”


-Draco, eu...


Ela o beijou. Foi ela, não ele. Ela queria aquilo, estar ao lado dele. Ser feliz, uma vez ela se perguntava se isso seria possível ao lado dele, uma vez que eles se amavam, e agora tinha certeza absoluta disso.


            -Eu te amo.


            -Eu também.


            -Acho melhor mantermos isso em segredo por um tempo. Sabe, seria como namorar escondido, entende?


            -É. Deixa es coisas melhorarem um pouco, e aí assumimos.


Ela roubou mais um beijo dele, e agora corriam pelo jardim vazio, tipo um pega-pega, quem conseguisse pegar o outro, tinha que dar um beijo. Depois de muito correr e ele muito a pegar, o cansaço já tomava conta deles. Hermione caiu e ele caiu em cima dela, ele a beijava. Aquilo era tão romântico...


Gina apareceu ali.


            -Então você estava mesmo falando sério?


            -Eu sei, Gina. Estava sim.


            -Estão namorando?


            -Agora, estamos. Não conta a ninguém, tá?


            -Porque eu contaria?  Não traio a confiança dos outros assim.


            -Obrigada. Me deixa sozinha com ele, tá? Fica calma, eu não me esqueci que também tenho amigos.


            -Tudo bem.


A ruiva saiu dali.


            -Pois é, as coisas estão difíceis. - disse ela.


            -Estou vendo. Bem, vou para o salão comunal, escrever para a mamãe.


            -Contar que estamos juntos?


            -É. Ela vai ficar feliz. Te vejo mais tarde.


            -Claro.


Ele saiu dali. Entrou no salão comunal, sentou numa mesa e foi escrever.


“Mãe,


Deu certo. Estou fazendo o que disse. Seguindo o meu coração e agora namoro a garota dos meus sonhos. Hermione Granger. Quando der, eu a levarei até aí para que a senhora possa ter o imenso prazer em conhecê-la. É diferente de todas as garotas do universo, ela é especial, e eu a amo, pretendo me casar com ela no futuro e te dar muitos netos.


Para ela foi um choque saber que estou vivo, pois ela achava que eu estava morto, mas agora nos amamos. Desperdicei a minha primeira chance de tentar beijá-la, mostrar o que sinto realmente, mas na segunda chance, eu fui em frente e disse tudo que estava entalado na garganta.


Bem, não conta para o papai que isso aconteceu. Não quero morrer agora.


Um abraço,


                        Draco.”


Ele foi ao corujal despachar a carta. Na tarde do dia seguinte, chegava para ele a carta-resposta de Narcisa.


“Draco,


Querido, que bom que está feliz. Traga-a aqui, o mais rápido possível. Como vocês dois vão? Fique tranquilo, seu pai não sabe de nada. Ainda está viajando, volta em uns quatro meses ainda. Voldemort o enviou numa missão de recrutamento... Eles estão mais fortes, mais poderosos. Agora não são poucos, Draco, a situação está cada vez pior. Sabe que eu não concordo com a decisão do seu pai, de te tornar parte do clã, mas se você disser não, ele vai te forçar mesmo assim. Falei com o lord ontem, ele disse que é seu destino, que não há mais como voltar atrás. Está preparado para isso? A dor é imensa, muito forte, sei por que já presenciei a entrada de muitos, mas acho que a de meu filho único eu não conseguiria.


Agora, isso está nas mãos do lorde das trevas.


            Um abraço,


                     Cissa.”


Ele guardou a carta contra o peito, uma lágrima escorreu dos olhos dele. Era isso, morrer ou unir aos comensais. Ele preferiria morrer. Foi para o dormitório, deitou na cama. Ele tinha um destino. Na verdade, todos têm um destino, mas não tão cruel quanto o dele. Talvez seu destino fosse pior do que o de Harry, que era morrer para que Voldemort fosse destruído.


Dezembro chegou, e junto com ele, a perfeita oportunidade de Draco apresentar Hermione à sua mãe.


            -Draco, meu filho, que bom te ver.


            -É bom ver a senhora também, mamãe. Ah, tem uma pessoa para a senhora conhecer. Hermione?


            -Olá, Narcisa. É uma honra estar aqui. Draco é um excelente namorado.


            -E será um excelente futuro marido, também.


            -O quê? Ah, nem penso em casamento ainda.


            -Ah, mas pode ir começando então. Prometam-me que vão ficar juntos para sempre...


            -Não há como prometer.


            -Vocês se casarão e me darão netos...


            -Mãe!


            -Ah, seria legal... Venha. Draco, mostre a nossa casa a ela. Tem um quarto especialmente para você, quando vier passar as noites aqui.


            -Obrigada, Narcisa. Tem certeza de que não há perigo algum se Lúcio me pegar aqui?


            -Não, querida.


            -Papai está viajando, volta daqui a uns dois, ou três meses.


            -Ah, então, tudo bem.


            -Vamos, Hermione.


Ele a levou para mostrar toda a enorme mansão a ela. Narcisa estava feliz. 


Em meados de janeiro, Hermione estava no salão comunal, sentada lendo. Anoitecia. Rony entrou ali, acabara de fazer a revisão.


            -Está muito folgada, não acha?


            -o quê?


            -Você é monitora também. Devia me ajudar mais.


            -Ah, claro.


            -O que é que está acontecendo com você? Tem agido tão estranhamente nesses últimos tempos...


            -Nada, Rony.


            -Ah, vai, me engana que eu gosto. Te conheço, você nunca foi de deixar uma tarefa para trás.


            -Sabe que eu fiquei muito abalada quando soube que o Draco estava “morto”, não é?


            -Todo mundo soube. Aliás, foi até estranho, ninguém na Sonserina tocava no assunto e só você demonstrava preocupação com isso. O que havia acontecido?


            -Ele me disse que fiz um favor a ele, e agora tinha que fazer algo por mim. Estávamos virando amigos. Agora, isso está muito além do que eu imaginava.


            -Como assim?


            -Eu e ele estamos namorando.


            -O quê? Mione! Ele está lutando do lado da cara de sapo!


            -Eu sei, mas isso não tem nada a ver. Amor, batalhas e estudos são coisas completamente distintas.


            -Há quanto... Há quanto tempo estão namorando?


            -Uns três, quatro meses. Já até fui apresentada a sra. Malfoy, ela foi muito gentil comigo. É bom saber que pelo menos um Malfoy não despreza sangues ruins.


            -Me prometeu que nunca mais diria isso.


            -Mas é a verdade. Não é?


            -Nascida trouxa. Sangue ruim é muito... Forte.


            -Nascida trouxa... Tudo bem.


            -Onde está o lindo sorriso que eu amo?


            -Rony...


            -Cadê o Harry?


            -Não sei. Rony, garotos não me interessam, a não ser um loiro de olhos cinzas. E não conte ao Harry sobre isso.


            -Tá.


            -Me deixa um pouco sozinha. Antes, Rony, eu tenho que contar uma coisa.


            -O que é?


            -O Draco vai se tornar um deles.


            -Um...deles?


            -É. Mesmo se ele disser não, nada vai ajudar. Ele vai ter que se tornar um deles ou... Morrer.


            -Eu preferia morrer.


            -Rony!


            -Tudo bem. Mas é sério!


            -É verdade.


            -Eu vou ler. Até mais tarde.


Ele subiu a escada e foi ao dormitório. Hermione seguia os passos dele com o olhar.


            -Ler? Que ótimo, está se interessando por leitura.


Ela foi para o dormitório. Abriu uma das gavetas da escrivaninha ao lado da cama e tirou uma carta de lá, uma carta que ela não se cansava de ler. Rony a enviara enquanto ela ainda estava petrificada no 2º ano.


“Querida Hermione,


Não sei o que está acontecendo, parece que com a sua petrificação, o meu mundo também parou de girar.


Como você sabe, eu sou um perfeito idiota, péssimo em magia e um desastre em poções. Sem você, sabe que eu não sei fazer nada, quanto mais o tempo passa, mais você demora a despertar, e mais o meu mundo sucumbe sobre mim. Eu acho que é um pouco cedo para dizer isso, mas direi o que tá na cara, desde o nosso primeiro ano, desde que nos conhecemos no ano passado. Eu acho que... Gosto de você. Sério. Você é uma grande amiga, mas sinto que não consigo viver sem a sua ajuda. Sem você eu sou um desastre. O Harry que o diga, estamos tentando desvendar tudo sozinhos.


Muito em breve nós nos veremos. Quem sabe no futuro não seremos felizes?


Um abraço,


                        Rony.”


Ela releu a última frase.


            -“Quem sabe no futuro não seremos felizes?”... Ah, Rony... Nunca poderemos ser felizes, não enquanto eu tiver Draco ao meu lado.


Ela guardou a carta novamente e ouviu a sineta tocar, era o sinal para o jantar. 

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