Soldados... COM IMAGEM

Soldados... COM IMAGEM



N/A: É isso aí! Pedido realizado!!! Mais um capítulo para vocês.
Boa leitura...


07. ”Soldados”...

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Sozinho na cidade de Bangkok, capital da Tailândia, muito machucado, sem memória, ou com memórias apenas dos piores momentos de sua vida, o moreno era um alvo fácil para qualquer malfeitor. O que de fato aconteceu...

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Na manhã do dia seguinte, um homem encontrou Harry quase desmaiado num lugar afastado da cidade, próximo ao rio Chao Phraya, e o levou para um galpão onde treinava alguns de seus ”soldados”. Este homem comanda as brigas de rua ilegais e está sempre à procura de novos lutadores. Como é um ser totalmente sem escrúpulos, o homem viu ali a sua melhor oportunidade. Não se importaria em aproveitar que o rapaz estava ferido e semi-inconsciente e fazer uma espécie de lavagem cerebral para treinar o jovem para seus propósitos.

Ao observar o jovem de cabelos negros e olhos verdes, viu que ele tinha profundos cortes por todo o corpo, hematomas no rosto, uma estranha cicatriz na testa e duas marcas no rosto que indicavam o uso de óculos de grau. Vestia uma calça jeans gasta, pedaços de uma camiseta azul e um moletom preto e cinza, também rasgado, além de tênis, uma moeda dourada de ouro falso no bolso e nenhum documento.

Depois de levar o rapaz ao galpão onde alguns de seus soldados prestaram os primeiros socorros apenas para impedir que o garoto morresse, ele terminou de formular seus planos. “O rapaz é jovem, apesar de muito ferido ele parece ser forte e vigoroso, e provavelmente não sabe nem onde está”, analisava o rapaz. Decidiu ensiná-lo a lutar e, principalmente, a vencer as lutas, transformando o jovem bruxo em uma máquina de matar. Acreditava que a aparência do garoto, de corpo magro e o visual maltrapilho do jeans gasto, sem camisa (pois a que tinha não dava mais para usar) e o moletom daria ao moreno um ar estranhamente frágil, ou melhor, falsamente frágil. Em poucos dias de treinamento ninguém entendia como o rapaz conseguia fazer algumas coisas e nem o próprio rapaz conseguia explicar, mas isso dava a ele certo crédito e o ajudaria a ganhar as lutas. E naquele ambiente, isso é o que importa.

E Harry nada falava. Não reconhecia as palavras. Nem pessoas. Nem lugares. Sentia apenas dor... a dor do corpo e a dor da alma. Dormindo ou acordado, o rapaz só tinha pesadelos. Todas as suas lembranças, a todo momento, só o que via eram imagens de lutas, duelos, jatos mortais de luz, morte, brigas, rejeição, lágrimas, perdas. Não havia nada mais insuportável! Nem as algemas apertadas em seus pulsos, presentes por todo o tempo fora do treinamento, eram piores do que suas lembranças. Nem a cama dura com lençóis sujos, nem os tapas no rosto para ‘aperfeiçoar’ o aprendizado.

Em pouco tempo ele descobriu que se dedicar aos treinos que o homem baixinho, conhecido como Lek, oferecia, era a melhor forma de ‘fugir’ de seus pesadelos, mesmo que fugisse por poucos segundos. O mais próximo de sentimento de afeto e proteção que conhecia até então eram as vezes em que recebia uma travessa de comida ou um ou outro afago (depois dos fortes tapas) nos cabelos mal cuidados após executar corretamente um novo golpe. O que se tornava cada vez mais comum, pois aprendera rápido que deveria vencer para sobreviver.

Lek tinha pouco tempo para preparar o garoto, portanto teria que treiná-lo por todo o dia. Ensinava ao garoto como se comportar, como obedecer, e principalmente, a quem obedecer. “Ele é brilhante!”, o homem pensava durante um treino. O jovem estava sempre com feições duras no rosto, o cenho franzido, os músculos tensos, o olhar triste e perturbado. “Ele parece em constante sofrimento... eu posso usar toda essa raiva pra canalizar nos golpes...”, Lek organizava seus pensamentos. “O reflexo para defesa é perfeito!”, elogiava o golpe. Algumas ações do rapaz eram inacreditáveis, os objetos pareciam voar até suas mãos, deixando os soldados e o tutor impressionados.

- Nunca tive um aprendiz tão novo e com tanto talento, meu rapaz. – o homem falava em tailandês para o rapaz que se contorcia de dor ao sentir o álcool que um colega jogava em um ferimento no joelho. – Vou chamá-lo de Mai. – disse ele ignorando a expressão de dor do moreno. – Mai significa ‘novo’, acho que combina com você. – dito isso saiu do galpão para acertar as próximas lutas de seus bravos soldados.

Com pouco tempo de treino Lek quis testar seu novo soldado. Foi excepcional! O moreno era, de fato, brilhante. Não deu nenhuma chance aos seus adversários. E como Lek havia previsto, o visual de garoto frágil realmente funcionou, mas nem por isso deixaria de lado o tratamento “especial” que dispensava aos novatos.

O treinamento intensivo que recebera nos últimos três meses foi suficiente para aprender algumas palavras em tailandês para se comunicar vagamente com os outros e, principalmente, a obedecer às ordens do chefe. O treinamento intensivo era de luta. O dia inteiro, por mais de dezenove horas praticamente ininterruptas. Nas duas primeiras semanas ele só apanhava dos outros soldados, até que aprendeu a dar os primeiros socos, cotoveladas, joelhadas e chutes. Tão logo aprendeu os primeiros golpes, mostrou-se valioso para a finalidade do chefe. O jovem, aparentemente frágil, perdido em uma terra distante com idioma desconhecido era um lutador ágil, de movimentos rápidos e reflexos extraordinários. Adaptou-se facilmente aos movimentos rápidos do Muay Thai, e mais facilmente ainda à mortal joelhada, que tornou-se seu ponto forte logo que derrubou um dos instrutores, com quem aprendera a parte técnica da luta.

E os testes foram tornando-se mais reais. E mais dolorosos. Não tão dolorosos quanto as lágrimas que seu coração chorava a cada visão que sua mente derramava em sua alma. A solidão assolava sua alma impiedosamente. O medo castigava a consciência.

O grito que escapava da garganta do moreno a cada vez que seu golpe atingia o objetivo era apenas uma forma de extravasar sua agonia. E ele mal falava...

- Seja um bom menino e eu serei misericordioso com você. – o homem falou em tailandês. – Eu te salvei da morte... E te darei uma nova vida... – ele retirou uma pequena chave que guardava em uma corrente presa em seu pescoço e destravou as algemas que prendia os braços do moreno. – Hora de trabalhar, meu rapaz. Vá até lá e faça o que você sabe fazer melhor.

O moreno que ouvia não entendeu muito do que lhe foi dito, mas ao receber um olhar bondoso e um afago nos cabelos rebeldes sentiu-se imediatamente reconfortado. Diante tantos horrores que sua mente mostrava constantemente e que se tornavam cada vez piores, o único gesto reconhecido como afeto era bem vindo, permitindo que se criasse ali um vínculo, não de amizade, certamente, mas algo forte como a gratidão.

O moreno aprendera também que ter as mãos livres era a deixa para seguir até o ‘alvo’ no centro da arena e lutar. Até a morte. Ou na melhor das hipóteses, até o desmaio. O gatilho para começar a agir foi lançado pelo seu tutor.

- Ataque! - o homem gritou para o rapaz, que ao ouvir a palavra de comando, começou a lutar com fúria e determinação.

O jovem rapaz, que no momento não se lembrava que é um bruxo poderoso, usava toda a dor e a angústia que assombrava sua alma para sair daquela arena vivo. Essa era a ordem. Ele tinha onde dormir e o que comer desde que ganhasse todas as lutas. Treinava diariamente com os outros soldados, mas mesmo com o pouco tempo que tivera para aprender, já se destacava da maioria pela destreza e agilidade. Aquele momento era o único onde ele conseguia manter-se longe dos horrores de sua mente. Precisava manter-se atento e concentrado, não deixando assim sua mente vagar pelas memórias dolorosas que trazia consigo. Este era o único momento que se sentia livre.

- Vai lá garoto! Acabe com eles. Sem piedade! Sem misericórdia! Para matar!

Os gritos ensandecidos dos expectadores eram apenas um incentivo a mais. O que mais valia para o jovem lutador era se libertar de toda dor que sentia. Mesmo que voltasse para o galpão com o corpo moído pelas pancadas e coberto de hematomas e ferimentos, nada se comparava à dor de seu coração.

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N/A: Obrigada pela atenção e pelo carinho de todos...

* Clau: Pergunta pra Cortadora de Almas se eu posso homenageá-la no próximo capítulo, por favor... hehehehe... Coisinha rápida.

E aí? O que estão achando? Como está? Falta pouco para o fim..... vale a pena continuar????

Talvez uns 10 ou 12 comentários me incentivem a postar o próximo....

Bjins.

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