Por vontade própria



4. POR VONTADE PRÓPRIA

Na manhã seguinte, Gina fora até a sede da Ordem, para passar algumas informações que descobrira sobre Comensais no jantar. Encontrou Malfoy no caminho da sala do bruxo, e este lhe lascou um beijo que deixou até mesmo ela surpreendida. Mentalmente, ele dizia:

“Esqueceu que somos namorados, Weasley?”

“Cala boca, Malfoy, e se concentra!”

Ao fim, mesmo sendo apenas invenção, nenhum dos dois podia dizer que fora um beijo ruim. Se separaram e cada um foi pro seu lado, deixando McGonagall e Lupin de boca aberta.

Também pudera! Um Malfoy e uma Weasley aos beijos, não era uma coisa muito comum de se ver.

***

-Queria me ver?

-Sim, Gina, entre.

Gina entrou no escritório de Dumbledore, fechando a porta cuidadosamente atrás dela. Sentou-se na cadeira em frente à mesa do mestre, esperando que ele lhe falasse algo.

-Como vai indo a missão?

-Muito bem. Alguns imprevistos, mas nada que eu não pudesse resolver na hora.

-Certo. Alguma informação importante?

Assim sendo, Gina começou a relatar tudo o que soubera sobre os Comensais, emitindo, é claro, o fato de Malfoy ainda ser um.

-Só isso, professor?

-Só mais uma coisa, Gina. Eu soube pelo seu irmão, ontem a noite, de seu romance com Draco Malfoy.

“Ah não, era só o que me faltava!”

-É verdade, Sr. Eu e Draco estamos namorando.

-Gina, tem algo que precisa me contar?

-Não Sr., está tudo bem.

-Então pode ir.

Gina saiu da sala morrendo de raiva. Afinal, quem o irmão pensava que era para contar coisas de sua vida pessoal para os outros, ainda mais para Dumbledore?! Será que Rony não tinha consciência de que Dulbledore era um homem muito ocupado para ligar para esse tipo de coisa?!

-Malfoy, precisamos conversar.

***

Draco levou Gina até seu quarto, onde poderiam conversar tranquilamente sem mais especulações alheias. A garota sentou-se na cama, e Draco sentou-se ao seu lado, logicamente, com uma boa distância.

-Malfoy, acho que nós devemos acabar logo com isso.

-É tão ruim assim ficar comigo?! – ele perguntou, parecendo assustado com a possibilidade.

-Não, não é isso. Mas também não significa que eu goste de andar te beijando por aí. Mas eu acho que simplesmente não vai dar certo.

-Mas é claro que nós dois não damos certo, Weasley!

-Eu sei, mas não é bem isso que eu estou querendo dizer. Digo, a situação vai atrair muita atenção, meus irmãos e meus pais vão ter um troço, e ainda tem o Harry...

-Pensasse no Potter antes de nos botar nessa situação, ora! Agora já é tarde demais.

-Mas, Malfoy...

-Todos vão estranhar se nós terminarmos assim, de repente, não acha?

Gina pareceu ponderar a idéia por um tempo, e então se deciddiu:

-Certo, você está certo. Mas nós não podemos ficar nos beijando cada vez que a gente se encontrar!

-Também acho.

“Mas que foi divertido ver a cara que todos fizeram quando nos beijamos, isso foi!”

-Malfoy, eu ouvi isso!

-Weasley, não negue, foi engraçado!

-Pior que foi.

Gina começou a rir, e Draco riu junto com ela, se divertindo com a situação em que estavam, por mais critica que fosse.

-Weasley, é melhor você ir. Daqui a pouco seus irmãos entram aqui,achando que nós estamos fazendo coisas impróprias.

-Isso é verdade.

Gina ia saindo, quando sentiu que Malfoy segurara seu braço. Virou-se então para ver o que ele queria, mas só viu os lábios dele de encontro aos seus. Como já citei antes, o instinto de Gina a obrigava a abrir a boca e corresponder ao beijo, mesmo sabendo que era errado. Se bem que ela demorou um bom tempo para se dar conta de que estava beijando Draco Malfoy. No primeiro impulso, pensara que havia alguém no quarto, mas não ouvira passos. Sua segunda hipótese era de que havia alguma coisa ali, algum feitiço-câmera ou algum objeto que tivesse o mesmo efeito. Mas, se fosse, ela sentiria também, ou ele faria algum sinal indicando. Para ajudar, a mente de Draco estava em branco.

Assim sendo, se deu conta e afastou o rosto lentamente, temendo que alguém além deles estivesse ali. Olhou para os dois lados, para cima, para baixo, mas nada. Ainda estava em frente à Draco, e este olhava para baixo.

-Malfoy... O que foi isso?

-Foi mal. Impulso – disse por fim, dando de ombros.

-Certo... Bem, então eu já vou indo.

-O.k.

Gina saiu do quarto, deixando um Draco cheio de dúvidas para trás.

“Draco Malfoy, diga que você não beijou a Weasley caçula por vontade própria! Cara, o que deu em mim?!”

***

Gina estava meio atordoada. Afinal, não era toda garota que beijava Draco Malfoy, e ainda mais por vontade própria da parte dele! Mas, lembrar não custa nada, Gina é uma Weasley, e um Weasley que se preze não é beijado por um Malfoy, e muito menos corresponde ao beijo.

“Gina Wasley, sua estúpida! Você beijou um Malfoy! Se bem que foi ele quem me beijou... Mas eu correspondi! E não foi só pra proteger o acordo, foi por vontade própria!”

Não, isso não era possível. E Draco? Por que Draco a beijara? Não havia explicação alguma para isso, certo? Pelo menos era mo que Gina acreditava. Sem motivo algum, mas ela acreditara nele, quando ele dizia que foi por impulso. Devia ter sido mesmo. Afinal, ela correspondeu também por impulso.

“Chega, Gina, pare de pensar nesse beijo! Não foi nada demais, você já ficou com outros caras que beijavam bem melhor que o Malfoy.”

Ela tentava se dizer isso, mas a noite chegou e nada dela esquecer o tal beijo. Fora bom, isso fora mesmo, mas simplesmente não era certo beijá-lo!

Sem Gina nem desconfiar, Draco estava pensando a mesma coisa. Desde o fato consumado, ele não parava de pensar no dito beijo. O que ele tinha demais? Nenhum dos dois sabia responder. Mas ambos tinham consciência de que fora demais.

“Ela até que não beija tão mal assim...”

“O Malfoy não tem um gosto ruim”

E foi pensando no beijo que ambos dormiram, felizes e confusos.

***

Draco até dormiu, mas sua noite de sono não durou muito. Acordou às três e meia da manhã, morrendo de fome. Levantou-se, foi até a cozinha e pegou uma maçã e uma faca. Lentamente, começou a descascá-la, pensando em tudo o que andava acontecendo em sua vida nos últimos dias. Pensou na missão que recebera, no acordo que selara, no beijo que dera em Gina... E pensou também no motivo de ter feito isso. Afinal, eles não eram namorados, não de verdade, e ele nunca se sentiria atraído por ela, ou pelo menos era isso que sempre pensara.

Sentiu o braço arder. Aparatou, então, em uma espécie de caverna, mas uma caverna muito bem cultivada, digamos assim. Era um lugar bem habitável, em resumo. Haviam alguns Comensais sentados nas pedras que estava por ali, incluindo seu pai. Eles pareciam conversar animadamente, e Draco se aproximou para ouvir sobre o que conversavam. Nada demais, concluiu.

Outros “colegas” também aparatavam ali, e ele logo viu cabelos vermelhos surgirem do nada. Weasley. Tentou não olhar para ela, mas simplesmente não conseguiu evitar. Afinal, não era tão fácil assim não olhar para uma brasa em meio a montes e montes de gelo, e assim era olhar para uma Weasley em meio aos Comensais da Morte. Ela parecia perdida, e se aproximou mais dele, como se estivesse esperando para ver o que Draco faria a seguir, para fazer o mesmo. Ele a olhava, e deu apenas um sorriso sarcástico, dizendo para ela mentalmente:

“Aqui não é o seu lugar, não é mesmo?”

“Você sabe que não”

Por fim, o Lord chegou. Todos levantaram-se das pedras, e se curvaram em sinal de respeito. Voldemort fez um sinal com a mão direita, e todos voltaram a ficar retos, inclusive Gina e Draco. Ele cumprimentou alguns Comensais, dizendo que seriam recompensados por terem concluído suas respectivas missões.

“Que missões eram essas?”

“Eu não sei. Ninguém aqui comenta as missões que recebe.”

“Entendo”

Voldemort, de repente, olhou para eles fixamente, e ambos fecharam suas mentes. Gina não podia negar que ficava um pouco assustada com os olhos de cobra que o Lord tinha, e segurou a mão de Draco (involuntariamente, claro) para se acalmar. Os olhos de Voldemort exerciam o mesmo efeito nele, então apenas retribuiu o aperto fortemente. O restante dos Comensais, agora, os olhavam também, quando Voldemort começou:

-Vejo que tem treinado Oclumência, jovem Malfoy. E vejo também que minha fonte estava certa.

Draco olhou para Gina, que possuía o olhar fixo no Lord. Assustava-se ao lembrar que o rapaz tão lindo e simpático que Tom Riddle fora se tornara nisso, em um homem com aparência de cobra. Era realmente inacreditável.

-Que... Que fonte? – perguntou Draco.

-A fonte que possuo na Ordem da Fênix, é claro.

Gina gelou. Se ele possui uma fonte na Ordem da Fênix, então certamente saberia que ela estava em uma missão. Draco também gelou a essa possibilidade. O Lord continuou:

-Fico feliz que estejam namorando, Draco.

Ambos ficaram de boca aberta. Lúcio olhava acusadoramente para Draco, dizendo claramente com o olhar que não aprovava seu romance com uma Weasley, mesmo que ela não fosse uma traidora de sangue como o restante da família. Os demais Comensais se olhavam, surpresos com o fato. Gina apertou mais a mão de Draco, e este retribuiu com ardor.

Draco lembrou-se da clausula que ele mesmo havia inserido no acordo, e se amaldiçoou na mesma hora, ao lembrar que teria que proteger o segredo de Gina, que estava completamente apavorada.

-Imagino, Meu Lord. Gina está me ajudando com a minha missão, já que é da principal família da Ordem da Fênix.

-Eu sei – respondeu Voldemort, fazendo pouco caso das palavras de Draco – e fico feliz que você não tenha se envolvido com uma trouxa ou sangue-ruim.

Draco sorriu, aliviado com a resposta do Lord. Gina sorriu também, vendo que Draco a livrara de uma situação extremamente embaraçosa.

-Precisamos conversar, filho.

“Droga!”

-Claro pai. Pode dizer.

O engraçado da situação é que Lúcio e Draco estavam tendo uma conversa de família na frente de todos os Comensais da Morte. Gina apenas ouvia, intrigada e ansiosa, para ver o rumo que a conversa tomaria. O mais velho parecia irritado, e Draco estava nervoso, podia sentir apenas no toque de sua mão.

-Eu não permitirei esse namoro.

Todos ficaram em silêncio, e Gina percebeu que uma âncora estava sendo jogada em seu estômago com esse comentário de Lúcio. Draco a olhou com o canto do olho, e encarou Lúcio novamente, dizendo:

-Eu não me importo.

Burburinhos por todo o local se espalharam. Gina ficava cada vez mais nervosa e incomodada com a conversa, e Draco se sentia do mesmo jeito.

-Draco Thomas Malfoy, você não vai namorar essa Weasley nojenta! O que houve com você, meu filho? Ela te enfeitiçou, só pode ser.

-Nojenta é a sua...

-Não pai, ela não me enfeitiçou – disse Draco, olhando para Gina, mostrando claramente que falara apenas para que a “namorada” não fizesse nenhuma besteira – e eu sei muito bem que sou seu filho. Mas isso não vai me impedir de ficar com a Gina pelo tempo que eu quiser.

Draco disse essas palavras e aparatou, levando Gina junto com ele. Eles chegaram ao quarto dele, o único lugar onde poderiam conversar em paz, sem que nenhum Comensal interrompesse. Afinal, a sede da Ordem era programada para que apenas certas pessoas aparatassem.

-Temos que tomar cuidado – foi a única coisa que Draco conseguiu dizer. Gina estava e silêncio, mas suas orelhas estavam vermelhas e seu lábio termia, de tanta raiva. Afinal, ela fora chamada de nojenta por Lúcio Malfoy.

-Quem será? – disse ela, depois de um tempo, que serviu para que ficasse calma.

-Eu não tenho a mínima idéia.

Os dois ficaram ali, sentados na cama, pensando em alguma possibilidade. Draco pensara em Snape, mas sabia plenamente que Voldemort o queria morto, até mesmo mais do que queria Harry. Gina pensou em Mundungos, mas sabia que ele havia sido expulso da Ordem depois que roubou a Mansão Black. Enfim, não havia mais nenhum suspeito próximo. É claro que era alguém próximo, para saber do namoro dos dois e contar à Voldemort.

-Eu não consigo pensar em ninguém capaz de fazer isso – concluiu Gina, sabendo que o outro pensava a mesma coisa.

-Mas temos que descobrir. E tomar muito cuidado para que não descubram sobre o nosso acordo.

-Também acho.

Passos. Draco levantou silenciosamente para ver quem era, e se deparou com Harry parado em frente à porta, preparando-se para entrar. Pelo jeito, não iria bater. O loiro voltou-se a Gina, e disse-lhe mentalmente:

“Potter”

Gina não perdeu tempo. Jogou Draco na cama e deitou-se por cima dele, começando a beijá-lo, bem na hora em que Harry abriu a porta. Este parou e observou a amada deitada em cima do outro por um tempo e, ao ver que eles não se separariam tão cedo, deixou o quarto, batendo a porta atrás de si. Gina parou imediatamente de beijar Draco, mas continuou em cima dele pro caso de Harry voltar. Malfoy a segurava pela cintura, e ela sabia que não queria sair de cima dele, mas era preciso.

As mãos dele eram fortes, e ele prendeu-a com mais força ao perceber que Gina queria sair dali. Ela, ao ver que o loiro não a queria longe dele, acabou completamente com o curto espaço de distância entre eles com um beijo. Draco, surpreso com a atitude da garota, só pode corresponder.

O beijo começou calmo, mas logo foi tomando forma, ficando mais rápido e mais excitante. Ambos colocaram todo o desejo e a atração que sentiam um pelo outro no mesmo, deixando-o até mesmo um tanto apaixonado. Se fosse possível, Draco teria jogado Gina na cama, mas já que a garota já estava em cima dele, o rapaz pulou essa parte. As mãos dele passeavam pela cintura dela, e repentinamente, Draco virou Gina, ficando por cima. Mas o movimento não interferiu em nada no beijo. Parecia que, até o momento, nenhum dos dois havia se lembrado quem estavam beijando. Bem, Gina tinha total consciência de que estava aos beijos com Malfoy, mas também sabia que não seria ela a primeira a parar dessa vez. Draco também tinha essa consciência, mas pensava que Gina ainda não tinha se tocado do que havia feito.

O beijo ficava cada vez melhor. Draco agora estava em cima de Gina, com uma mão em sua cintura e a outra em seus cabelos cor de fogo. Gina acariciava as costas de Malfoy, subindo lentamente a camiseta que ele usava. Ao perceber os movimentos que ela fazia, o garoto começou a fazer o mesmo, tirando devagar a blusinha que ela usava.

-Você tem certeza disso? – perguntou ele, ofegante, separando-se dela por um momento.

-Tenho – disse ela, beijando-o novamente e retirando a sua camiseta.

-GINEVRA MOLLY WEASLEY EXPLIQUE-SE JÁ!

Molly estava parada na porta do quarto, observando a cena com uma expressão extremamente desgostosa no rosto. Afinal, devia compartilhar o mesmo sentimento de rivalidade que Lúcio Malfoy. Gina quebrou o beijo, e Draco saiu imediatamente de cima dela.

-Mãe, eu posso...

-COMO VOCÊ ACHA QUE É ENCONTRAR O QUARTO DE SUA FILHA VAZIO NO MEIO DA NOITE E LOGO EM SEGUIDA A ACHAR COM... DRACO MALFOY!

-Mãe, eu e Draco estamos namorando, pensei que soubesse!

-Sim, eu sei. Rony já teve o prazer de me contar. Até posse permitir esse namoro de vocês, mas tenho certeza de que seu pai não vai ficar nada feliz em saber que sua filha anda tendo encontros noturnos com... O namorado.

-Sra. Weasley, eu sei que é errado, mas a Sra. Não poderia omitir o fato de seu marido pelo menos desta vez? – a voz de Draco era suplicante. Afinal, quem iria querer seis brutamontes querendo te matar?! Sem contar o pai de Gina, que ficaria uma fera ao saber desse fato.

-Posso pensar, Malfoy. Agora, Gina, você volta comigo.

-Mas mãe...

-AGORA!

Gina olhou para Draco, que agora aparentava irritação. Também pudera, quem aquela mulher pensava que era para tirar sua namorada de seu quarto?

“A mãe dela, idiota! E a Weasley não é sua namorada, lembra? Isso foi só... Bônus.”

-Tchau, Draco – despediu-se Gina, dando um selinho no “namorado” e recolocando sua blusa.

-Tchau.

“O Harry me paga, deixe comigo. Ele já está me devendo uma.”

“Não, Weasley. Eu vou cuidar do Potter.”

“Que seja”

E assim Gina foi embora, deixando um Draco irritadíssimo para trás, por não poder terminar o que começou por vontade própria.

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