Marca Negra




2. MARCA NEGRA

Harry estava pronto para ir trabalhar, quando sentiu a mãozinha de Gina lhe segurar o braço. Virou-se então para olhá-la melhor, e não pode evitar pensar: “Onde estava minha cabeça quando eu terminei com ela?!”

-O que foi Gina? – ele disse, assim que recuperou a consciência.

-Eu preciso falar com você.

Os dois caminharam até a sala de visitas, que era o único lugar da Mansão Black que estava vazia àquela hora. Harry sentou-se no sofá, e Gina se sentou ao seu lado, o encarando. Ele estava começando a se sentir desconfortável com aquele olhar, e perguntou, para quebrar o gelo:

-O que foi, Gina?

-Harry, eu preciso te perguntar uma coisa.

-Pergunte, então.

-Você... Você já se meteu em uma encrenca?

Harry levantou as sobrancelhas e respondeu um simples:

-Já.

-Não, tipo, eu sei que você já se meteu em muita encrenca, mas eu estou falando em uma encrenca em que você tem que escolher entre seus amigos e salvar sua pele.

Ele não entendeu nada. É claro, Gina estava se sentindo culpada por ter assinado aquele acordo juntamente com Draco Malfoy, e agora não podia contar a ninguém que ele era espião de Voldemort, enquanto que ele podia contar todos os segredos da Ordem aos Comensais. Isso deixava uma pessoa abalada, não se pode negar.

-Gina, no que você está metida?

-Harry, eu... Não posso te contar.

-Mas Gina...

-Eu fiz um acordo.

-Um... Um acordo bruxo?

-Sim – murmurou Gina, abaixando a cabeça.

-Mas...

-Eu precisava, Harry, ou eu não estaria mais aqui!

-Com quem?

-Com...

Ela iria contar que seu companheiro era Malfoy, mas nesse momento, o próprio entrou na sala.

-Desculpe, eu não sabia que estavam ocupados.

Ele já estava saindo, e Gina o encarava pelas costas, quando ele se virou e disse a ela mentalmente:

“O que você pensa que está fazendo, Weasley?! Ia contar ao Potter do nosso acordo?!”

Ela desviou o olhar e olhou no fundo dos olhos de Harry, que estavam claramente confusos. Então, começou a chorar, agarrada à da camisa que ele usava. Sem saber o que fazer para acalmar a amiga, Harry pôs-se a afagar seus cabelos cor de fogo, enquanto sentia o cheiro do xampu que ela usava. Quando por fim ela parou de chorar, o rapaz colocou as duas mãos em seu rosto e a encarou fundo nos olhos, dizendo:

-Não se preocupe, Gina. Eu prometo que não vou te abandonar, seja lá o que você está fazendo.

Ela sorriu e o abraçou.

-Obrigado, Harry.

E assim ela saiu da sala, indo em direção ao seu quarto, chorar o que ainda estava engasgado e que não tinha coragem de chorar ma frente de seu amado.

***

Harry não deixou de pensar nisso o dia todo, se perguntando o motivo pelo qual Gina estava tão preocupada. Decidiu então ir até a Toca e ver como ela estava. Saiu do Ministério e aparatou na casa dos Weasley, onde foi recebido calorosamente pela Sra. Weasley, que dizia constantemente que ele estava muito magro e essas coisas que mãe sempre diz.

-Sra. Weasley, onde está Gina?

-Ela subiu, disse que precisa ficar sozinha. Harry, ela anda tão estranha!

-Obrigado. Vou ver se consigo dar um jeito nisso.

Subiu correndo as escadas, e encontrou-a sentada em sua cama, escrevendo em seu diário. Quando o viu, fez um pequeno feitiço de redução e encolheu o caderninho colocando-o no bolso da calça.

-Olá, Harry.

-Oi, Gina. Vim saber como você está.

-Estou bem, agora. Obrigado por se preocupar.

-Você vai ser sempre a minha Gina, é claro que eu tenho que me preocupar com você!

Ele enrubesceu, e ele sentou-se na cama ao lado dela, colocando uma mão em seu pescoço e a outra em seu rosto. Com esse gesto, ela levantou a cabeça e o olhou nos olhos. Olhou naqueles olhos tão verdes que ela aprendera a amar desde que os vira pela primeira vez.

-Gina, você sabe que eu não deixei você por não te amar mais. Eu deixei você...

-Pra me proteger da guerra, eu sei. Mesmo sabendo que eu não preciso de proteção alguma, ainda mais...

E Harry a calou com um beijo. Calmo, no início, mas que foi tomando forma e se aprofundando, deixando-o mais quente e excitante. Os dois estavam sentados na cama, e Harry lentamente ia se deitando sobre Gina, que o beijava como se estivesse na mesma posição de antes. Devagarinho, a mão do rapaz ia subindo a camiseta que Gina usava, e ela não se importou com o movimento ousado que as mãos dele adotaram.

Gina parou de beijar Harry para tirar sua camisa, e depois continuou com o trabalho. Eles já estavam sem a parte de cima do vestuário, e as mãos da garota abriam lentamente o zíper da calça de Harry, quando ele parou de beijá-la e olhou espantado para seu braço esquerdo.

“Droga!”

-Gina... Isso... É a Marca Negra?! – perguntou ele, saindo imediatamente de cima dela e recolocando sua camisa.

-Harry, eu posso te explicar...

-Eu sei que deve ter uma boa explicação pra isso, mas agora eu gelei.

-Mas Harry...

-Mas nada. Outra hora nós conversamos, o.k.?

-Harry Potter, você não está fugindo de mim, está?!

-Com esse negócio no seu braço? É claro que eu estou!

-Harry...

-Outra hora a gente conversa Gina.

Dizendo isso, aparatou, mesmo estando com os botões todos nas casas erradas.

***

-GINEVRA MOLLY WEASLEY! DESÇA JÁ AQUI, MOCINHA!

“Harry Potter, você ainda me paga!”

Gina gritou um “já estou indo” enquanto terminava de pentear os cabelos, que Harry deixara completamente despenteados. Com certeza, o infeliz tinha contado à Rony sobre a Marca Negra, e esse agora gritava desesperado por ela.

-O que foi, Rony?

Harry ainda estava ali, ao lado de Rony, que possuía as orelhas vermelhas e o lábio tremendo. Foi até ela e pegou seu braço esquerdo com força, puxando a manga da camiseta e abrindo a boca ao ver que o amigo não mentira.

-Rony, eu posso explicar...

-PODE EXPLICAR É O SEU NARIZ, MOCINHA! JÁ PRO SEU QUARTO!

“Ele pirou?! Quem pensa que é pra me mandar ir já pro meu quarto?!”

-RONALD WEASLEY, O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?!

-AVERIGUANDO O BRAÇO DA MINHA IRMÃ MAIS NOVA, QUE POR COINCIDÊNCIA TEM A MARCA NEGRA CRAVADA NELE!

-RONY E GINA, OS DOIS, PAREM DE GRITAR!

-CALA A BOCA, HARRY! – gritaram os dois juntos.

-ALGUÉM PODE ME DIZER O QUE SIGNIFICA ISSO?!

A Sra. Weasley acabara de entrar em casa, atraída pelos gritos.

-MÃE A GINA TEM A MARCA NEGRA!

-RONALD WEASLEY NÃO GRITE COMIGO!

-Mas mãe... – Gina e Harry partilhavam a admiração do quão dócil Rany ficava após alguns gritos as mãe.

-Suba, agora! E leve o Harry junto com você.

Os dois subiram em silêncio, enquanto Gina e a Sra. Weasley apenas se olhavam. A mais velha foi até a escada e puxou a Orelha Extensiva que estava ali. Logo, se virou novamente para Gina e esperou a filha falar.

-Mãe, eu posso explicar isso.

Molly olhou para o braço de Gina, e estremeceu ao ver a serpente saindo da boca da caveira verde.

-Não se preocupe, Gina. Dumbledore me contou.

Ela suspirou aliviada, deu um abraço na mãe e subiu. Os dois rapazes a esperavam em seu quarto, e ela tomou um grande susto ao vê-los ali.

-Gina, agora se explique – pediu o irmão, agora bem mais calmo.

-Eu não posso.

-Gina, é melhor...

-Eu não posso.

-Gina...

-É UMA MISSÃO, ENTENDERAM?! EU NÃO POSSO CONTAR!

-Uma missão?

“Droga!”

-É só isso que eu posso dizer.

Harry e Rony suspiraram aliviados, então Rony caminhou até a porta e saiu, sem dizer uma palavra. Harry continuava sentado na cama de Gina, a encarando. Pegou então a varinha do bolso e fez um feitiço para que a porta se fechasse. Gina o olhava, com raiva.

-Por que falou ao Rony?

-Gina, você tinha a Marca Negra!

-E ainda a tenho.

-Me desculpa?

Gina se surpreendeu com a mudança de assunto, e apenas assentiu com a cabeça. Ele se aproximou e tentou beijá-la, mas ela virou o rosto e disse, saindo do quarto:

-Agora fui eu quem gelou.

***

Draco estava pensando se era ou não seguro esse acordo que fez com a Weasley. Afinal, ela estava quase contando ao Potter sobre o assunto. “Não, ela não seria tão burra. É a mesma coisa que cometer suicídio.” Pensou ele, mesmo sabendo que era bem possível que a Weasley contasse.

Levantou-se da cama onde estava deitado e foi até a cozinha, ver se tinha alguma coisa para comer. Chegando lá, foi paparicado por uns seis ou sete elfos, pediu alguns doces e ordenou que levassem para seu quarto, voltando para lá logo em seguida. No caminho, esbarrou com alguém.

-Droga, Malfoy, vê por onde anda, o.k.?! – disse Rony, limpando a sujeira das vestes.

-Eu? Foi você quem anda por aí o mais desatento possível, Weasley!

Rony deu de ombros e passou por ele, deixando Draco curioso. Afinal, o Weasley estava preocupado com alguma coisa, e ele queria saber o que era.

-Weasley!

Draco chamava, mas Rony parecia não ouvi-lo. Começou então a correr atrás dele, segurando-o pelo braço quando alcançou o garoto.

-Me larga Malfoy!

-Só se você me contar o que aconteceu.

Rony fez uma cara de desolação, afinal, nunca pensara em contar alguma coisa que o preocupava a um Malfoy. Mas ele precisava desabafar, e faria com a primeira pessoa que perguntasse o que tinha acontecido. No caso, Draco.

-É a minha irmã caçula, Malfoy.

“O que é que a Weasley Fêmea fez dessa vez?!”

-O que tem ela?

-Eu... Eu acho que ela é uma Comensal.

-A Marca... – disse Draco em voz baixa, como se imaginando como o outro pudera ter tal idéia.

-O quê? – Rony perguntou, parecendo não ter ouvido.

-Você viu a Marca Negra no braço dela, não é?

-Como você sabe?

-Eu só sei.

“Como essa garota foi tão estúpida a ponto de deixar o irmão ver a Marca Negra?!”

-Mas... Ela é?

-Não, ela não é. Vamos, Weasley, você acha que inocente como sua irmã é ela teria coragem de desafiar a todos vocês e se tornar Comensal?

-Ah, Malfoy... Eu não sei, realmente eu não sei.

-Pois deveria saber.

-Ela disse algo sobre não se preocupar e missão, mas eu não vejo motivo para Dumbledore mandar Gina se tornar Comensal da Morte.

“Cara, esse aí é mais burro do que eu pensei.”

-Há motivo, acredite em mim.

-E por que eu deveria? – disse Rony, como se só agora se desse conta de que seu ouvinte era Draco.

-Pelo menos uma vez, acredite em mim. Eu sei do que estou falando.

Rany então virou a cara para Draco e saiu, mas parecia um pouco menos preocupado.

“Draco, seu idiota, por que você foi tentar acalmar o Weasley?!”

***

-Harry, eu não sei não.

-Confie em mim, Rony, vai ficar tudo bem.

-Se você não contar o fato da Gina ter a Marca dele, é claro que vai ficar tudo bem!

-Eu não estou falando que eu não me preocupo com isso, mas a Gina não é burra, Rony!

-Ah, claro, pra ter namorado com você – riu Rony, e Harry o acompanhou, até que se deu conta de uma coisa.

-Rony, eu preciso saber de uma coisa.

-Fala, cara.

-A Gina ainda gosta de mim?

-Mais do que você pode imaginar. Não me diga que você vai voltar com ela, mesmo que tenha a Marca no braço!

-Não, Ron, não é isso. Eu já sei como eu vou descobrir que missão é essa.

-Harry, você não está pensando em... – Rony acabara de se dar conta do que Harry falara, e arregalara os olhos.

-Sim, Ron, é isso mesmo. Não tem falha.

-Mas...

-Amanhã, deixe a porta do seu quarto destrancada.

-Harry, eu não sei...

-Vai dar tudo certo, Ron, vai dar tudo certo...



N/A: cAP. 2 ON! Espero que estejam gostando...

;D

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