Capitulo 3



Obs: Pessoal, já aviso vocês de ante mão que vão querer matar o Harry nesse capitulo....mas vou deixar vocês lerem primeiro, ok?


Capitulo 3

Ao amanhecer, Hermione já preparava os biscoitos e a massa para os canapés. Ela preparara o café da manhã quando Harry entrou na cozinha, usava jeans, botas e uma camisa de cambraia de mangas compridas. Tinha acabado de tomar banho e fazer a barba. O cabelo ainda estava úmido.

-O café-da-manhã está pronto – ofereceu Hermione desviando o olhar. Estava irresistível, o jeans apertado e a camisa desabotoada até o peito, onde os espessos pêlos negros e encaracolados sobressaíam. Resistiu para não se jogar nele.

-Café? – murmurou ele.

-No bule.

Serviu-se de uma xícara, observando os hábeis movimentos femininos com os biscoitos, depois servindo ovos com bacon e salsichas.

-Não vai comer? – perguntou ele ao sentar à mesa.

-Não tenho tempo – disse ela, arrumando canapés sobre uma assadeira. – Os convidados chegarão para o almoço, estas coisas têm de estar prontas agora, antes de eu ficar muito ocupada.

Seus lábios sensuais formaram uma linha suave.

-Não consigo suportá-lo, mas Rony tem razão. Você realmente deixa Luna te usar.

-Você e Luna estavam do meu lado quando eu estava só – disse ela sem ver a hesitação das pálpebras dele. – Ela mereceu minha ajuda.

-Você se deprecia.

-Admiro quando as pessoas agem por mim sem um pedido – respondeu ela. Pôs os canapés no forno e ajustou o temporizador, retirando o cabelo suado que escapara de seu coque.

Os olhos dele avaliaram sua silhueta usando calças largas e uma camisa de malha muito grande.

-Você está vestida como uma mendiga – resmungou ele.

Ela olhou rapidamente para ele, surpresa.

-No trabalho fico muito elegante.

-Como uma mendiga matrona – corrigiu ele. – Você usa o mesmo tipo de roupas de quando estava acima do peso. Você não está mais. Por que não usa coisas do seu tamanho agora?

Surpreendia-se por ele notar suas roupas.

-Luna é o paradigma da moda, não eu – ela lembrou-lhe. – Além do mais, não sou de moda. Faço o tipo comum.

Ele franziu a testa. Ela realmente tinha um problema de ego. Ele e Luna não ajudaram muito também. Ela aceitava qualquer coisa que lhe dessem, como se merecesse isso. Ele surpreendeu-se sobre como o incomodava, vê-la tão desvalorizada até mesmo por si. Não que estivesse interessado nela, acrescentou ele em silêncio. Ela não era absolutamente o seu tipo.

-Rebeca chega esta manhã – acrescentou ele. – Tenho que pegá-la no aeroporto ao meio-dia.

Hermione apenas sorriu.

-Luna espera sua ajuda para comercializar seus modelos.

-Acho que ela tentará – disse ele de modo conservador. – Tome o desjejum – disse ele. – Não pode ficar o dia todo sem comer.

-Não tenho tempo – repetiu ela, iniciando uma nova fornada de canapés. – A menos que você ajude – ela ofereceu, estendendo a tigela com um sorriso malicioso.

Seus olhos verdes cintilaram de afeto a despeito de si próprio.

-Não, obrigado.

-Achei que não.

Ele a observou trabalhar enquanto comia. Pensamentos nebulosos passavam rapidamente em sua mente. Hermione fazia parte de sua vida, ele nunca se sentia desconfortável quando estavam juntos. Tinha muita dificuldade com estranhos. Parecia inabalável e distante, mais provavelmente um introvertido incapaz de socializar-se com pessoas alheias ao cumprimento das leis. Como a própria Hermione, pensava ele. Ela era tão tímida com desconhecidos que chegava a dar aflição, e esta noite, ela estaria em uma multidão, e provavelmente nem mesmo gostaria.

Os amigos de Rebeca eram alpinistas sociais. Alta sociedade. O próprio Harry incomodava-se com eles, e Hermione também, certamente. Eles se interessavam por automóveis caros, férias na Europa, diamantes, investimentos e circulavam em lugares de famosos, desde estrelas de cinema até pilotos de Fórmula 1, gênios das finanças, dramaturgos e escritores. Classificavam seus amigos pelo dinheiro e pelo status, não pelo caráter. No seu mundo, certo e errado nem mesmo existiam.

-Você não gostará desse pessoal – ele disse em voz alta.

Ela olhou rapidamente para ele.

-Ficarei na cozinha a maior parte do tempo – disse ela naturalmente. –, ou ajudando a servir.

Ele parecia escandalizado.

-Você é convidada, não ajudante de cozinha.

-Não seja ridículo – murmurou ela de forma distraída. – Nem mesmo tenho as roupas certas para usar no tipo de festa de Rebeca. Seria um constrangimento.

Ele abaixou a xícara de café devagar.

-Então, para início de conversa, por que você veio? – perguntou ele.

-Luna me pediu – ela simplesmente disse.

Ele se levantou e saiu calado. Hermione ia se arrepender desta visita. Ele sentiu muito Luna insistir para que ela viesse.

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A festa estava a pleno vapor. Harry buscara Rebeca no aeroporto e a alojara no segundo quarto de hóspedes, perto de Hermione. Rebeca, loira e elegante, vinha de família rica como os Potter. Dinheiro e laços de família. Ela olhou para Hermione sem vê-la, conversou apenas com Luna e Harry durante o almoço. Felizmente outras pessoas ali não se importavam em conversar com Hermione, principalmente um casal de idosos rico, a julgar pelos diamantes que adornavam a matrona.

Após o almoço, Rebeca pediu a Harry que a levasse à cidade, e Hermione silenciosamente pediu licença e fugiu para a cozinha.

Ela usava na festa um bonito vestidinho preto e salto alto, comprados numa loja de departamentos local, escondido sob o grande avental durante a maior parte da noite, enquanto servia e limpava.

Eram quase dez horas quando conseguiu desocupar-se, mas, a esta hora, Luna estava grudada em Rebeca como um morcego, com Harry por perto, e Hermione não podia chegar perto dela.

Colocou-se em um canto sozinha, esperançosa da presença de Rony, procurando ter com quem conversar, enganou-se. Iniciou uma conversa com uma senhora, antes sentada ao seu lado no almoço, mas outro casal uniu-se a eles e falavam de Paris e de um amigo em comum, Hermione boiava. Passou para a outra roda, o assunto eram rendas anuais e investimentos, ela também ficou de fora.

Harry notou, furioso, sua solidão a maior parte da noite. Começou a se levantar, mas Rebeca o impediu, enquanto Luna falava sobre sua última coleção e a oferta de conhecê-la. Rebeca era muito possessiva. Não estavam envolvidos, como com as outras, razão de ela o impedir de se afastar. Ela odiava pensar em qualquer outra mulher olhando para ele. Aquela possessão chegava ao limite. Era bonita e educada, mas sua atitude desagradava Harry, era descortês com qualquer um dos seus colegas. Não sabia como Harry realmente se sustentava. Os amigos supunham que ele se ocupava do rancho integralmente. Ele pedira a Hermione e Luna nunca mencionar seu trabalho na repressão a entorpecentes, poderiam mencionar um trabalho de segurança, se quisessem, nada mais. Quando começou a trabalhar no Departamento Antidrogas, fez muito serviço secreto. Não era prudente permitir que as pessoas soubessem.

Nesse meio tempo, Hermione descobriu o champanhe, nunca bebera em qualquer das festas passadas dos Potter, mas nesta particularmente sentia-se isolada, era penoso. Gostava das borbulhas, o aroma de flores e o sabor delicioso, tomou três copos sucessivos, logo em seguida, esqueceu de todos os convidados de Luna e Harry a estivessem tratando como uma garçonete de bar invasora de seus louváveis círculos.

Sentiu-se tonta ao tentar sair, foi de cara na porta. Começou a soltar leves risinhos. Seu penteado desmanchava-se, então, retirou o pente e libertou seu abundante e espesso cabelo ondulado, caindo até os ombros.

O movimento atraiu a atenção de um homem, piloto de corridas, arrastado para esta festa caipira por sua esposa. Avaliava Hermione, apesar de oculta sob o vestido.

Interessado, aproximou-se e encostou-se na porta com a qual ela se chocara tão inesperadamente.

-Machucou? – perguntou com leve sotaque.

Hermione olhou curiosa para o recém-chegado e esboçou um sorriso harmonioso. Ele era boa-pinta, com cabelo preto cacheado e olhos escuros cintilantes, uma cútis (pele) cor de oliva e um corpo de atleta.

-Só a minha cabeça dura – respondeu rindo. – Quem é você?

-Francisco – respondeu ele de maneira preguiçosa. Brindou-a. – Você é a primeira pessoa esta noite que sequer perguntou. Sou estrangeiro, como você pode ver.

-É mesmo?

Ele estava encantado. Riu, e não foi absolutamente um riso socialmente educado.

-Sou de Madri – disse ele. – Não notou meu sotaque?

-Não falo nenhuma língua estrangeira – confessou ela de maneira triste, bebendo o que restava do champanhe. – Não entendo de altas finanças, nem leio romances populares, nem conheço nenhuma estrela de cinema e nunca tirei férias no exterior. Então pensei em ir sentar na cozinha.

Ele riu mais uma vez.

-Posso juntar-me a você então? – perguntou ele.

Ela não via aliança em sua mão.

Ele tirou uma aliança do bolso da calça e balançou à sua frente.

-Não anunciamos nosso compromisso em festas. Minha mulher prefere assim. Aquela é a minha mulher – acrescentou com puro desdém, indicava uma loira num vestido vermelho tão colado ao corpo que parecia ter sido pintado. Ela estava encostada em um loiro muito bonito.

-Ela é bonita – observou Hermione.

-Ela é de qualquer um – respondeu ele friamente. – O homem que ela está caçando é um astro de cinema. Ele é pobre e ela é rica. Ela financia sua carreira, em troca ele empresta seu corpo.

Os olhos dela quase saltaram da órbita.

Ele balançou a cabeça.

-Você é inexperiente, não? – refletiu ele. – Temos um casamento aberto, fazemos o que nos dá prazer.

-Você não a ama? – perguntou curiosa.

-Você acredita em casamento por amor. – ele suspirou. – Quanta inocência. Casei-me porque seu pai era dono da companhia. Como seu genro, posso dirigir o carro nas competições.

-Você é o piloto de corrida! – ela exclamou suavemente. – Rebeca mencionou a sua vinda.

-Rebeca. – seus lábios torceram em desagrado, ele olhou rapidamente para o outro lado da sala num par de olhos verdes frios e irritados acima da cabeça de Rebeca. – Ela foi a diversão do ano passado – murmurou ele. – Queria ser vista em Mônaco.

Hermione surpresa consigo, perguntou-se se Harry sabia sobre este relacionamento, ou se ligava, se ele se daria o trabalho de perguntar sobre os relacionamentos anteriores de sua namorada.

-Seu namorado não gosta de mim – murmurou ele displicentemente e sorriu indiferente, levantando a taça.

Hermione olhava atrás dela. Rebeca tinha se virado, mas Harry estava repentinamente traçando uma linha reta pela sala na direção dele.

Francisco fez uma careta.

-Existe um homem de quem você não quer ser inimigo – confidenciou ele. – Você por acaso é parente dele?

Hermione riu alto demais.

-Meu Deus, não. Sou a cozinheira!

-Como disse? – perguntou ele.

A esta hora, Harry já a estava encarando. Ele pegou a taça de cristal de champanhe de suas mãos e a colocou cautelosamente numa mesa próxima.

-Não ia quebrar, Harry – resmungou ela. – Sei que é de cristal Waterford!

-Quantas já tomou? – perguntou ele.

-Não gosto do seu tom – retorquiu ela, movendo-se desajeitadamente, de modo que Francisco teve de agarrar seu braço para mantê-la de pé. – Três. Não é tão errado, e não estou bêbada!

-E os patos não têm penas – respondeu Harry, lacônico. Ele agarrou seu outro braço e a soltou de Francisco nem um pouco suavemente. – Tomarei conta de Hermione. Não seria melhor você apoderar-se de sua mulher novamente? – acrescentou sutilmente.

Francisco suspirou, fazendo uma longa e pensativa avaliação de Hermione.

-Parece que sim – respondeu ele. – Prazer em conhecê-la. Hermione, não é?

Hermione sorriu meio abobada.

-É. Fiquei feliz em conhecê-lo também, Francisco! Nunca tinha conhecido um piloto de corridas de verdade!

Ele começou a falar, tarde demais, Harry já estava retirando-a da sala e descendo o corredor.

-Quer parar?! – exigiu meio capenga no salto alto.

Ele a colocou na biblioteca e fechou a porta com um ruído surdo. Soltou seu braço e olhou furioso para ela.

-Quer parar de tentar seduzir homens casados? – ele disparou. – Gomez e sua esposa estão na capa de metade dos tablóides do Texas agora – acrescentou ele grosseiramente.

-Por quê?

-O pai morreu e ela tenta vender a agência de carros que herdou. Seu marido está lutando contra no tribunal com unhas e dentes.

-E eles ainda estão casados?

-Legalmente, ao que parece. Ouvi dizer que está grávida de outro homem.

Ela olhou para ele de maneira fria.

-Alguns círculos que você e Luna freqüentam... – ela disse com desprezo.

-Círculos alheios a você – ele concordou.

-Sim – disse ela arrastadamente. – No meu mundo, as pessoas se casam, têm filhos e constroem um lar juntos. – ela indicou a porta fechada. – Aquelas pessoas lá dentro não saberiam o que é um lar nem se você desenhasse para elas!

Fixou os olhos verdes em seu rosto.

-Você está cansada. Por que não dorme?

-Vem comigo? – ela ronronou.

Ela divertia-se, bêbada. Ele apenas a encarou, chocado.

Ela arqueou os ombros e ronronou, entreabriu os lábios e correu a língua vagarosamente ao redor deles, como ensinava uma revista que excitava os homens.

Funcionou, Harry fitava sua boca com uma expressão especial, seu peito arfava. Ela podia vê-lo através da camisa branca e do smoking.

Repetiu o movimento daquela loira sensual de vestido vermelho. Encostou a perna na dele e sentiu todo o seu corpo se enrijecer repentinamente.

Pôs as mãos sob o smoking, desceu os dedos por ele, sentindo a forma ondulada do músculo. As mãos grandes dele agarraram seus ombros, mas ele não a empurrava.

-Você olha, mas nunca me vê – ela murmurou. Seus lábios roçaram na garganta, onde ele cheirava a água-de-colônia e sabonete caros. – Não sou bonita, nem sexy, mas seria capaz de morrer por você...

Sua boca rígida interrompeu-lhe as palavras, ele a apertou firme com um dos braços, e sua boca rendeu-se de lábios úmidos, cheios, partidos com a fúria de uma tempestade de verão.

Não foi premeditado. Senti-la contra o seu corpo musculoso detonou uma excitação tremenda. Ele mergulhou no desejo, inconseqüente.

Se ele era refém, ela também. À medida que a envolvia, os braços dela deslizavam ao redor de seu corpo quente sob o smoking e as bocas correspondiam no desejo ardente. Ela soltou um pequeno gemido rouco que aparentemente piorou as coisas. A boca dele tornou-se repentinamente mais insistente, como se ele necessitasse de seu suave grito e desse o melhor de si para satisfazer o desejo que o denunciava.

Ela levou as mãos até seus cabelos à medida que arqueava o corpo para cima, num apelo desesperado.

Ele sussurrou alguma coisa incompreensível, depois curvou-se e a levantou. Os lábios ainda presos. Ele então a carregou para o sofá.

Espalhou o corpo dela sobre o couro frio e deslizou sobre ele, com uma de suas poderosas pernas inserindo-se entre as dela numa troca de paixão frenética e furiosa. Ele nunca conhecera tamanha necessidade, não só em si mesmo, mas em Hermione. Ela fluía com seu abraço, cedendo a tudo que ele pedia, obediente.

Ele colocou a mão em seu colo, desceu até o decote do seu vestido e sobre o sutiã de rende, encontrou o pequeno mamilo enrijecido em sua palma à medida que aumentava a pressão da carícia e ouvia um grito de prazer.

As mãos dela procuravam os botões da camisa. Isto era perigoso e imprudente. Ela o tinha excitado tanto que ele não conseguia parar. Quando ele sentiu os botões cederem, e as mãos dela atravessarem os pêlos espessos sobre seu peito como uma lança, ele gemeu de maneira estridente. Seu corpo estremeceu de desejo.

As bocas e pernas esfregavam-se e moviam-se. Puxou-a pelo quadril de encontro à feroz excitação de seu corpo, numa ruidosa afirmação física do seu propósito.

A cabeça de Hermione girava. Todos os seus sonhos de amor estavam se realizando. Harry a desejava! Ela podia sentir a pressão insistente do seu corpo sobre o dela. Ele a beijava como se fosse morrer para tê-la, e ela se envaidecia com a fúria do desejo ardente dele. Ela relaxou com uma risadinha rouca e o beijou languidamente, sentindo derreter-se sob ele, derreter para dentro dele. O fogo, ardia em necessidades desconhecidas, afogava-se em sensações estranhas e prazerosas. Tocaram-se os corpos.

Harry levantou a cabeça e olhou para ela. Seu rosto era uma máscara rígida. Apenas seus olhos verdes estavam vivos, resplandecentes para ela num silêncio rápido e inconstante da respiração fundida.

-Não pare – ela sussurrou, deslocando o quadril novamente.

Ele estava visivelmente tentado. Mas aquele controle de ferro não permitiria descuidos. Ela bebera, na verdade, estava bêbada. Ele tinha suspeitas sobre sua inocência, e elas não se calariam. Seu corpo implorava esquecimentos de culpas e alivio. Ele tinha o controle. Era sua responsabilidade protegê-la, até de si mesmo.

-Você está bêbada, Hermione – disse ele.

Sua voz era debilmente vacilante, porém firme.

-Faz diferença? – ela perguntou preguiçosa.

-Não seja ridícula.

Ele se afastou e ficou de pé. Olhou para seu corpo no vestido amarrotado e ardeu de desejo até os dedos dos pés. Mas não podia, não quando ela estava tão vulnerável.

Ela suspirou e fechou os olhos. Fora tão doce deitar em seus braços. Ela sorriu sonhadora. Ela estava sonhando?

-Levante-se, pelo amor de Deus! – ele falou áspero.

Quando os olhos dela se abriram, ele a mantinha firmemente de pé.

-Você vai para a cama agora, antes que banque uma completa idiota!

Ela pestanejou, encarando-o.

-Não posso ir para a cama sem lavar os pratos!

-Hermione!

Ela sorriu afetada, tentando escorar-se nele. Ele a empurrou e pegou seu braço, conduzindo-a em direção à porta.

-Eu disse ao Francisco que era a cozinheira. Sou eu – disse ela de maneira arrastada e jovial. – Cozinheira, lavadora de garrafas, melhor amiga e escrava doméstica – ela riu mais alto ainda.

Ele a levou para o quarto de hóspedes. Ela ainda estava rindo alto demais, mas a música abafava o som.

-Vá para a cama – disse entre dentes.

Ela parou na porta.

-Você podia entrar – murmurou mal-intencionada. – Tem uma cama.

-Você precisa de uma – concordou ele, lacônico. – Vá deitar.

-Sempre me dando ordens – ela suspirou. – Não gosta de me beijar, Harry?

-Você vai se odiar pela manhã – ele assegurou-lhe.

Ela bocejou. Sua cabeça rodava em círculos, assim como o quarto.

-Acho que vou para a cama agora.

-Excelente idéia.

Ele começou a sair de repente.

-Poderia mandar o Francisco aqui em cima? – ela zombou. – Gostaria de deitar e conversar sobre carros de corrida com ele.

-Nos seus sonhos! – disse ele friamente.

Ele bateu a porta, impaciente e descontrolado. Esperou para ver se ela não sairia novamente. Mas houve apenas o som de um lento caminhar em direção à cama e um sopro alto e repentino. Ele abriu a porta novamente e verificou que ela estava deitada de bruços ainda vestida sobre as cobertas, dormindo profundamente. Ele fechou a porta mais uma vez, determinado a não se aproximar novamente. Voltou para a festa, sentiu-se como golpeado no estômago. Não imaginava como permitira que Hermione o seduzisse, levando-o à leviandade. Seu descontrole o preocupou tanto que ele dedicou-se mais a Rebeca.

Quando de despediu dela no quarto, depois que a festa terminou, beijou-a com desejo. Ela o desejava, mas o corpo dele o desapontou. Não conseguia ter absolutamente nenhum interesse.

-Você está apenas cansado – ela assegurou-lhe com um sorriso de compreensão. – Temos todo o tempo do mundo. Durma bem.

-Claro. Você também.

Ele a deixou e voltou pelas escadas, agitado, zangado pela impotência com a única mulher capaz de curá-lo, pelo menos imaginava que sim. Ele e Rebeca nunca foram amantes, embora tenham se aproximado uma vez. Agora ela era uma agradável companhia ocasional, um troféu a exibir pela cidade. Enfurecia-lhe saber-se inteiro com Hermione, quase certamente virgem, e impotente com uma mulher sofisticada como Rebeca. Talvez fosse o trabalho.

Um ruído na cozinha chamou sua atenção, encontrou Luna aflita tentando colocar os pratos na máquina.

-Isto não parece certo – comentou quando notou a desorganização dos pratos, tigelas, xícaras e peças de cristal, tudo junto. – Você vai quebrar o cristal.

Ela olhou furiosa para ele.

-Ora, o que sei eu sobre lavar pratos? – exclamou. – É por isso que temos Jessie!

Ele endireitou a cabeça.

-Você não está bem.

Ela afastou seu cabelo zangada.

-É verdade. Não estou bem. Rebeca me acha ainda despreparada para montar minha coleção. Disse que sua loja tinha mostras agendadas para o resto do ano, e que não podia me ajudar!

-Toda aquela adulação e até arrastar Hermione para cá para trabalhar por nada – disse ele com sarcasmo.

-Onde está Hermione? – perguntou ela. – Não a vejo há duas horas, e com tudo isto a fazer.

Ele encostou-se na porta entreaberta e encarou a irmã.

-Ela está desmaiada na cama, bêbada – disse ele com repugnância. – Após tentar seduzir o piloto de corridas numero um do mundo e até a mim.

Luna levantou-se e o encarou também.

-Você?

-Preciso que você entenda, cansei de encontrar Hermione toda vez que entro na minha própria casa – disse ele friamente. – Não podemos dar uma festa sem ela. O meu próprio aniversário significa um convite! Por que não pode simplesmente contratar uma cozinheira, em vez de desembarcar com sua melhor amiga de outrora?

-Pensei que você gostasse de Hermione, um pouco – gaguejou Luna.

-Ela é trabalhadora braçal, Luna – insistiu ainda chateado pelo descontrole e furioso por ter sido Hermione a responsável. – Ela nunca se adaptará a nós, apesar de seus esforços. Ela dizia esta noite que era a cozinheira, e não está tão errado. Ela é um desastre social ambulante. Não conhece nosso estilo de vida, não sabe conversar nem se vestir. É embaraçoso tê-la aqui!

Luna suspirou de tristeza.

-Espero que você não tenha dito isto a ela, Jim – disse ela preocupada. – Ela pode não ter muita classe, mas é meiga e gentil, e não faz fofoca. É a única verdadeira amiga que tive, mesmo com meus erros. – acrescentou ela com tristeza.

-Você devia ter amigas de seu nível – disse ele friamente. – Não quero mais que se convide Hermione aqui – acrescentou firme, impedindo Luna de falar. – Estou falando sério. Invente alguma desculpa, mas mantenha-a longe daqui. Não serei perseguido por sua amiga mendiga. Não a quero aqui em mais nenhum feriado e, Deus me livre, na minha festa de aniversário! Se quiser vê-la, vá de carro ou de avião para Houston e fique lá! Mas não traga mais aqui.

-Ela realmente tentou te seduzir? – Luna perguntou alto.

-Não quero falar sobre isso – disse ele diretamente. – Foi embaraçoso.

-Ela provavelmente ficará horrorizada ao acordar e lembrar do acontecido. O que quer que seja. – acrescentou Luna, tentando captar alguma coisa.

-Eu mesmo ficarei horrorizado por vários meses. Rebeca é minha namorada – acrescentou ele deliberadamente. – Não procuro outras mulheres, e Hermione devia saber disso. Não que se importe.

-Ela nunca bebeu, pelo que eu saiba – Luna aventurou-se suavemente. – É diferente de mamãe, Jim.

O rosto dele se fechou. Hermione despertara lembranças dolorosas de sua mãe. Incomodava constantemente as visitas, e comprazia-se constranger seu filho. O descontrole disparatado de Hermione trouxe de volta pesadelos.

-Não há nada no mundo mais repugnante do que uma mulher bêbada – disse ele em voz alta. – Nada que deixe meu estômago mais enjoado.

Luna fechou a lava-louças e a ligou. Houve um terrível estalo. O cristal! Ela estremeceu.

-Não me importo com o que quebrou. Não sou cozinheira. Não sei lavar pratos. Sou estilista!

-Contrate alguém para ajudar Jessie – disse ele.

-Tudo bem – disse ela, cedendo. – Não convidarei mais Hermione. Mas como digo isso a ela, Jim? Ela nunca entenderá, ficará magoada.

Ele sabia disso, e não suportava saber como ela ficaria.

-Basta mantê-la longe de mim. Não me importo como.

-Pensarei em algo – disse Luna desanimada.

Lá fora no corredor, uma Hermione pálida e escondida voltava para a escada. Descera para lavar a louça, ainda ardendo várias horas após a sedução febril de Harry. Flutuava, delirava de esperança de que ele pudesse vê-la de maneira diferente. Então ela ouviu tudo o que ele disse: ela o enojava. Ele a considerava desastrada, anti-social e indesejada.

Ele estava certo. Fora tola, e agora pagaria por ser uma idiota. Sua única família não a queria mais.

Ela voltou para o quarto, fechou a porta silenciosamente, e pegou o telefone. Mudou a passagem de avião para um vôo de manhã bem cedo.

Foi até o quarto de Luna ao amanhecer, já fizera as malas e estava pronta para partir.

-Vai me levar ao aeroporto? – perguntou à sonolenta amiga. – Ou quer que eu peça ao Johnny?

Luna sentou-se, piscando. Então lembrou-se dos comentários bizarros de Jim e de sua própria vergonha de como tratara sua melhor amiga. Ela ficou vermelha.

-Eu levo você – Luna disse imediatamente. – Não quer esperar até depois do café? – corou de novo, lembrando-se de que Hermione teria que tê-lo preparado.

-Não estou com fome. Sobrou salsichas e bacon na geladeira, junto com alguns biscoitos. É só aquecê-los. Harry pode cozinhar ovos para acompanhá-los. – acrescentou ela quase engasgando com o nome dele.

Luna sentiu-se culpada.

-Você está aborrecida – arriscou ela.

Conseguiu a muito custo manter-se quieta.

-Fiquei bêbada ontem à noite e fiz algumas... coisas realmente idiotas – resumiu ela. Gostaria de ir para casa, Luna. Tudo bem?

Luna ocultou seu alivio. Hermione iria embora sem rebuliço. Jim ficaria satisfeito e ela se safaria. Sorriu.

-Tudo bem. Vou me vestir, e então partimos.



Obs: Agora vocês querem matar ele não é???hehehe.... Não se preocupem por que a partir de agora as coisas vão mudar e muito....(Ju faz cara de suspense...)Bom, quando der eu posto o próximo capitulo!!!!Espero que tenham curtido esse!!!Minha próxima atualização será em "Da magia..."!!!Bjux!!!

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