Capitulo 1



Capitulo 1

Não houve saída. Luna Potter a convidara para uma festa no sábado. Hermione Granger desfilara todo o seu repertório de desculpas. Sua favorita era que o irmão mais velho de Luna, a utilizaria como forragem para gado se tivesse a chance. Nem mesmo essa funcionou.

-Ele me odeia, Luna – resmungou ao telefone, em seu apartamento em Houston, no Texas. – Você sabe que sim. Ele ficaria perfeitamente feliz se eu permanecesse distante e invisível pelo resto da minha vida.

-Não é verdade – defendeu Luna. – Jim realmente gosta de você. Sei disso – acrescentou ela com uma convicção forçada, usando o apelido permitido a poucas pessoas na Terra. Hermione não era uma delas.

-Certo. Ele esconde sua afeição por mim em acessos de mau humor temperado com sarcasmo – disse secamente.

-Claro – retrucou Luna abalada.

Hermione recostou-se no sofá ainda com o telefone e jogou para trás o longo cabelo castanho. Estava ficando comprido demais. Realmente precisava ser cortado, mas ela gostava dele assim. Seus olhos, também castanhos, sorriram quando se lembrou do quanto Brody Vance gostava de cabelos compridos. Ele era seu colega de trabalho, na filial da Ritter Oil Corporation, que caminhava a passos largos para ser gerente, assim como Hermione.

Ela era assistente administrativa de Brody, com a promoção do seu colega ela ocuparia seu cargo nos Recursos Humanos. Ele gostava dela e ela dela também. Sua bela namorada, gerente da Divisão de Marketing em Houston, estava sempre viajando e ele estava sempre solitário. Então Brody e Hermione almoçavam juntos freqüentemente. Ela esforçava-se bastante para ficar atraída por ele, que começa a perceber. Harry a acusaria de tentar promover-se dormindo com o chefe...

-Eu não estava! – exclamou ela, lembrando-se da visita surpresa ao escritório: Harry executivo da empresa, seu amigo pessoal. Isto devastara seus nervos e seu coração. Ver Harry inesperadamente tirou-lhe as forças, apesar dos esforços em contrário.

-O que você disse? – assustou-se Luna.

Hermione sentou-se rapidamente.

-Nada! – disse ela. – Desculpe-me. Só estava pensando. Você sabia que Harry tem um amigo que trabalha na Ritter Oil?

Houve uma longa pausa.

-Tem?

-Jasper Duncan, gerente de Recursos Humanos da nossa divisão.

-Ah, sim. Jasper! – outra pausa. – Como você sabe disso?

-Porque o sr. Duncan o trouxe até a minha mesa enquanto eu conversava com um... bem, com um grande amigo meu, meu chefe.

-Sei. Aquele com quem ele acha que você está dormindo?

-Luna! – ela explodiu.

Houve um riso desconcertado.

-Desculpe-me. Sei que não é verdade. Harry sempre pensa o pior das pessoas. Você sabe da Rachel.

-Todo mundo sabe da Rachel – murmurou Hermione. – Aconteceu há cinco anos e ele ainda nos culpa.

-Nós o apresentamos a ela – Luna defendeu-o.

-Ora, como poderíamos saber que ela era um gigolô de saia, interessada apenas em se casar com um homem rico? De qualquer maneira, ela enganou-se com Harry.

-Você o conhece muito bem, não é? – murmurou Luna.

-Crescemos juntos em Jacobsville – Hermione lembrou-lhe. – Um pouco – ela acrescentou, pensativa. – Harry era oito anos mais velho, e mudou-se para Houston para trabalhar para o Departamento Antidrogas quando saiu da faculdade.

-Ele ainda está oito anos na nossa frente – Luna deu um risinho. – Vamos lá. Você sabe que odiará perder esta festa. A casa está cheia. Rony vai estar lá – acrescentou ela docemente, tentando atraí-la.

-Você sabe o que aconteceu na última vez que eu e Rony estivemos juntos – disse Hermione com um pressentimento.

-Certamente Harry já esqueceu disso – assegurou ela.

-Ele tem boa memória. E Rony pode me convencer a fazer qualquer coisa – acrescentou Hermione, preocupada.

-Ficarei perto de vocês dois e vou protegê-la de impulsos perigosos. Vamos lá. Diga sim. Tenho uma oportunidade de exibir meus modelos. Tudo depende do sucesso desta festa. Além disso, criei um vestido maravilhoso para você. Para uma quase modelo, você não tem absolutamente nenhum senso de estilo!

-Você tem o suficiente para nós duas. Você é uma estilista desabrochando, e eu uma executiva. Tenho que me vestir de acordo.

-Besteira! Quando seu chefe usou um vestido preto para ir a uma festa?

Hermione se lembrava de um comercial de TV com homens usando vestidos pretos. Ela gritou, pensando nas pernas cabeludas de Harry numa saia curta. Depois tentou imaginar onde ele colocaria sua espada usando uma saia curta e aí gritou de verdade.

Disse a Luna o que pensava, e as duas morreram de rir.

-Tudo bem – consentiu finalmente. – Eu vou. Mas se eu quebrar um galho de árvore na cabeça dura do seu irmão, não pode dizer que não a preveni.

-Juro não dizer uma palavra.

-Então vejo você na sexta, lá pelas quatro – disse Hermione, resignada. – Alugarei um carro e irei até ai.

-Ei, Hermione...

Ela resmungou.

-Tudo bem, Luna, tudo bem, vou de avião até Jacobsville e você me pegará no aeroporto.

-Maravilhoso!

-Só por dois amassadinhos no pára-lama... – murmurou ela.

-Você teve perda total nos dois carros, Hermione, e Harry pagou a fiança para te livrar da prisão na última vez...

-Ora, aquele bárbaro idiota merecia apanhar! Ele me chamou de... bem, deixa para lá, mas ele pediu um soco na boca! – enfureceu-se Hermione.

Luna controlava-se para não rir. De novo.

-Foi apenas uma pequena multa e o juiz defendeu-me quando ouviu toda a história – disse ela, ignorando o fato de Harry ter conversado com o juiz antes. – Seu irmão jamais me deixou esquecer! Só por ele trabalhar para o Departamento de Justiça não justifica ele me passar um sermão sobre a lei.

-Só queremos você viva, querida – falou Luna lentamente. – Agora jogue algumas coisas na mala, invente uma desculpa para seu chefe e... nos encontraremos no aeroporto na sexta à tarde. Telefone e me diga o número do vôo, tudo bem?

-Tudo bem – respondeu Hermione, não percebendo o deslize.

-Te vejo lá! Vamos dar um baile.

-Claro que vamos – Hermione disse a ela. Puniu-se por sua fraqueza, depois. Harry a despedaçaria. Ela sabia disso. Ele não gostava dela. Tornara-se mais antipático ainda quando ela se mudou para Houston, onde ele também trabalhava. Além disso, a festa lhe daria trabalho, geralmente preparava as refeições quando presente. A cozinheira da família, Jessie, odiava estar perto de Harry, sempre fugia para as montanhas. Luna não sabia cozinhar, então Hermione geralmente acabava no pelotão da cozinha. Não se importava, mas se sentia usada de tempos em tempos.

Apesar das afirmações de Luna, ela sabia dos desafios assim que pusesse os pés no rancho dos Potter. Pelo menos Luna não mencionara Rebeca Dane, a namorada eventual de Harry. Um final de semana com a elegante compradora para uma exclusiva loja de departamentos de Houston seria demais.

O problema é que precisava ir quando Luna a chamasse. Ela devia tanto aos Potter. Quando ficou órfã, foi Harry que tomou todas as providências e confortou Hermione, à época com dezessete anos, arrasada. Quando entrou na faculdade de administração, Harry a acompanhou no registro e pagou as taxas do próprio bolso. Passou todos os feriados com Luna. Desde que o pai dos Potter morreu, e eles herdaram a propriedade do rancho de Jacobsville, ela passou suas féria de verão lá, com Luna. Suas vidas estavam tão entrelaçadas que não conseguia imaginá-la sem eles.

Mas Harry tinha uma relação muito ambígua com Hermione. Às vezes era afetuoso, na sua maneira ríspida. Mas também parecia ressentir-se de sua presença e a criticava constantemente. Fez isso o ano todo.

Ela levantou-se e foi arrumar as malas, esquecendo a contradição. Não adiantava prolongar-se em seus confrontos com Harry. Ele era como uma inevitável força da natureza, não podia ser controlado.

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O aeroporto de Jacobsville estava cheio demais para uma tarde de sexta-feira. Era pequenino se comparado aos das cidades maiores, mas muitas pessoas no sul do Texas o utilizavam em vôos para San Antonio e Houston. Havia um restaurante e dois pátios, e os corredores exibiam pinturas da paisagem tradicional do Texas.

Hermione quase curvou-se sob o peso de suas malas. Olhou ao redor procurando Luna. Não seria difícil localizar a morena alta e sempre bem-vestida – geralmente com um de seus modelos vistosos.

Mas ela não via nenhuma morena alta. O que ela viu, e a fez parar de repente, foi um homem admirável de cabelos escuros vestindo um traje de passeio cinza com colete. Um homem de ombros largos, quadril estreito e pés grandes enfiados em botas de couro feitas a mão. Ele virou-se, olhando ao redor, e a localizou. Mesmo à distância, aqueles olhos verdes profundos e frios eram formidáveis. Ele também era. Parecia completamente furioso.

Ela ficou imóvel, como uma mulher perante uma naja ameaçadora, e esperou a aproximação em passos largos e rápidos de que ela se lembrava dos anos de dolorosa confrontação. O queixo dela se elevou e seus olhos se estreitaram. Inspirou rapidamente e preparou-se para o combate.

Harry James Potter tinha trinta e três anos e era agente sênior do Departamento Antidrogas. Geralmente, trabalhava fora de Houston, mas estava de férias por uma semana. Isto significava estar no rancho da família em Jacobsville. Crescera lá, com Luna, mas a mãe deles os retirara de seu pai após o divórcio e os lavara para viver com ela em Houston. Só com a sua morte eles finalmente puderam voltar para casa no rancho do pai. O velho os amava muito. Sofreu quando os perdera para a mãe.

Mesmo agora, Harry visitava o rancho esporadicamente, quando não estava fora, a negócios. Também tinha um apartamento em Houston. Luna morava no rancho; era encarregada do bom andamento das coisas enquanto seu irmão enjaulava traficantes de drogas.

Parecia ser trabalho fácil para ele. Tinha punhos grandes, como os seus pés, Hermione o viu usá-los uma vez com um homem que agrediu em Luna. Raramente sorria. Tinha o temperamento de uma cobra escaldada, e era extremamente profissional, com aquela 45 automática no coldre artesanal de couro, saindo em busca de problemas.

Nos últimos dois anos, ele ajudava a prender um barão internacional das drogas, Manuel Lopez, morto misteriosamente numa explosão nas Bahamas. Agora procurava o sucessor do falecido, um cidadão centro-americano famoso por suas ligações comerciais na cidade portuária de Houston.

Ela desenvolveu uma atração febril por ele na sua adolescência. Escreveu um poema de amor para ele. Harry, com sua eficiência típica, marcou os erros de gramática e ortografia e comprou-lhe uma gramática inglesa para ajudá-la a corrigir os erros. Seu amor-próprio deu um mergulho profundo, depois disso, ela manteve seus mais profundos sentimentos cuidadosamente escondidos.

Ela o vira apenas algumas vezes desde sua mudança para Houston, quando começou a freqüentar a faculdade de administração. Quando visitava Luna, Harry nunca estava, exceto no Natal ele parecia evitá-la. Então, apenas algumas semanas atrás, ele surgiu no seu escritório com Jasper. Ficou chocada e trêmula, apoiada sobre os fichários de arquivo, esforçando-se para aparentar calma. Queria superar seu desejo por ele. Infelizmente, só tinha piorado. Facilitava controlar seus nervos sem vê-lo. Felizmente, Houston era uma cidade grande e eles não freqüentavam os mesmos círculos. Ela não sabia, nem perguntava o endereço de seu apartamento nem de seu escritório.

Verdadeiramente já estava descontrolada, apenas por causa do olhar decidido daqueles olhos verdes atravessando o pátio. Ela agarrou firme a alça da sua mala de rodinhas. Harry enfraquecia seus joelhos.

Ele andou firme, sem desviar o olhar, caminhava direto para ela. Ela pensou se ele era assim no trabalho, tão decidido no que fazia que parecia implacável.

Era uma fera sensual também. Havia uma sensualidade firmemente controlada em cada movimento daquelas pernas compridas e poderosas, na maneira como ele conduzia. Era elegante e arrogante. Hermione não conseguia se lembrar de não ficar fascinada por ele. Esperava não demonstrar. Esforçava-se muito em fingir ser sua inimiga.

Ele parou na frente dela e olhou para baixo nos seus olhos arregalados. Os dele era verdes, claros com água, com bordas escuras que faziam com que eles parecessem ainda mais penetrantes. Tinha cílios negros espessos e sobrancelhas tão escuras quanto seu cabelo liso e denso, muito bem cortado.

-Está atrasada – disse ele com sua voz profunda e empedrada, provocando-a. parecia aborrecido, descontente e querendo alguém para morder.

-Não sei pilotar avião – respondeu sarcástica. – Dependi de homens para isso.

Ele lançou-lhe um olhar superficial e se virou.

-O carro está no estacionamento. Vamos.

-Luna viria me encontrar – murmurou ela, arrastando a mala atrás de si.

-Luna sabia que eu estaria aqui, me pediu para esperar você – disse ele enigmaticamente. – Seja como for, nunca soube de uma mulher pontual.

A maleta de mão tombou pela décima vez. Ela resmungou e finalmente pegou aquela coisa pesada.

-Você poderia se oferecer para me ajudar – disse ela, com ar ameaçador.

Ele levantou as sobrancelhas.

-Ajudar uma mulher a carregar peso. Meu Deus, eu seria linchado.

Ela lançou-lhe um olhar tempestuoso.

-Boas maneiras não saem de moda.

-Pena que eu nunca tive. – ele a observou lutar com a bagagem, os olhos verdes cintilantes de puro veneno.

Ela suava.

-Eu te odeio – ela murmurou.

-Que mudança – disse ele desinteressado e afastou a jaqueta enquanto buscava as chaves do carro.

Um segurança avistou a pistola em seu cinto e aproximou-se ameaçador. Com paciência meticulosa e muito cuidado, Harry pôs a mão no bolso interno do casaco e apresentou seu distintivo e sua identidade. Fez isso antes que o segurança lhe pusesse as mãos.

O homem recebeu os documentos.

-Espere um minuto – e moveu-se para o lado para verificar pelo rádio.

-Talvez você esteja numa lista de procurados em algum lugar – disse Hermione, entusiasmada. – Talvez te coloquem na prisão enquanto verificam sua identidade.

-Se fizerem isso – respondeu ele indiferentemente – o tira inexperiente ali procurará outro emprego pela manhã.

Falou seriamente, e Hermione sabia. Harry tinha a vingança como uma arma com um quilômetro de alcance. Havia um mito entre os policiais de que Potter o seguiria até i inferno para agarrá-lo se você o provocasse. Pelos seus anos de experiência, ela sabia ser mais que mito.

O segurança voltou e devolveu a identidade a Harry.

-Desculpe-me, senhor, mas é meu trabalho verificar pessoas suspeitas.

Harry olhou-o ferozmente.

-Então por que você não verificou o cavalheiro ali de terno de seda com um volume na fita do chapéu. Ele está com muito medo de que você preste atenção nele.

O segurança compreendeu e olhou rapidamente para o homem elegante, que puxava com força o colarinho.

-Obrigado pela dica – murmurou ele, e encaminhou-se em direção ao homem.

-Você poderia ter se oferecido para emprestar-lhe sua arma – ela disse a Harry.

-Ele tem uma. Mais ou menos – desdenhando da arma com cabo perolado do segurança.

-Os homens têm que ter suas armas, não é? – ela repreendeu.

Ele lançou-lhe um olhar rápido.

-Com uma boca como a sua, você não precisa de arma. Cuidado para não se ferir com está língua.

Ela mirou um chute na sua canela e errou, quase perdendo o equilíbrio.

-Atacar um oficial representa delito grave – observou ele caminhando.

Ela recuperou o equilíbrio e continuou atrás dele, muda. Se, por acaso, suspendessem as regras por um dia, ela sabia atrás de quem iria!

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Assim que chegaram no elegante Jaguar, ele até colocou suas bolsas no porta-malas, mas deixou ela mesma abrir a porta e entrar. Não era surpresa vê-lo dirigindo um carro como aquele, mesmo com salário de agente federal, ele e Luna eram financeiramente independentes. Sua falecida mãe os deixara em boa situação, mas, diferente de Luna, mais sociável, Harry recusava-se a viver de herança. Gostava de trabalhar para ganhar seu sustento. Era uma das muitas coisas que Hermione admirava nele.

A admiração não durou muito. Ele a provocou novamente sem hesitar.

-Como está seu namorado? – perguntou ele ao entrar no tráfego.

-Não tenho namorado! – disse áspera, ainda enxugando o suor. Estava quente para agosto, mesmo no sul do Texas.

-Não? No entanto você gostaria de ter um, não gostaria? – ajustou o retrovisor quando parou no semáforo.

-Ele é meu chefe. É só isso.

-Que pena. Você mal conseguia disfarçar naquele dia da visita ao seu escritório.

-Ele é bonito – disse ela provocadora.

Sua sobrancelha fez um movimento brusco.

-Aparência não é um quesito para promoção no Departamento Antidrogas – ele argumentou.

-Você deve saber. Já trabalha lá a metade da sua vida.

-Nem bem a metade. Só tenho trinta e três.

-Quase um velho...

Ele olhou rapidamente para ela.

-Você tem vinte e cinco, creio eu. Nunca foi comprometida?

Ele sabia magoá-la. Ela desviou o olhar para a janela. Até alguns meses atrás, ela estava vinte e cinco quilos acima do peso e não se preocupava com roupas e maquiagem. Ainda não aprendera a se vestir. Continuava como uma mulher obesa, usava roupas largas que ocultavam sua linda silhueta. Cruzou os braços sobre os seios defensivamente.

-Não consigo escapar disso – disse ela entre dentes. – Três dias com você vão me colocar na terapia!

Ele até sorriu.

-Valeria a pena aturar você por três dias só para ver.

Cruzou as pernas sob a saia comprida e concentrou-se na estrada. Seus olhos distraíram-se com a decoração do painel do carro.

-Luna prometeu me encontrar – ela repetiu-se.

-Ela me disse que você ficaria emocionada se eu a buscasse – respondeu ele com um olhar abrasador. – Você ainda é ligada em mim, não é? – ele perguntou com um leve sarcasmo.

Seu queixo caiu.

-Ela mentiu! Eu não disse que ficaria emocionada de você me encontrar – enraiveceu-se ela. – Só vim porque ela garantiu que estaria aqui na aterrissagem. Queria alugar um carro e dirigir até o rancho.

Os olhos verdes dele se estreitaram sobre seu rosto ruborizado.

-Seria suicídio – murmurou ele. – Ou homicídio, dependendo do ponto de vista.

-Sei dirigir!

-Você e os caras dos pegas – concordou ele.

Acelerou para ultrapassar um carro lento e o poderoso Jaguar rosnou como o felino. Ela olhou rapidamente para ele e viu satisfação em seu rosto quando ele deslizou sem esforço de volta a sua faixa. Ele gostava de carros velozes e, segundo as fofocas, de mulheres mais velozes ainda. Mas isso era segredo para Hermione. Ele a pusera distante e planejava mantê-la lá.

-Pelo menos não humilho os outros motoristas ultrapassando-os cantando pneus na velocidade de um caça – disse ele com raiva. Ela estava quase balbuciando (gaguejando) após dez minutos de sua companhia. Fervendo por dentro, ela fugiu da sua visão.

-Não estava cantando pneu. Estava no limite de velocidade – disse, olhando para o velocímetro, sorriu levemente e aliviou um pouco o acelerador. Seus olhos procuravam Hermione curiosamente – Você emagreceu tanto que mal a reconheci quando parei para falar com Jasper.

-Certo. E diferente quando gorda.

-Você nunca esteve gorda – disparou ele com raiva. – Você estava voluptuosa. Há uma diferença.

Ela olhou rapidamente para ele.

-Eu estava excessivamente acima do peso.

-E você acha que os homens gostam de passar as mãos em ossos, não é?

Ela mexeu-se no banco.

-Não sei dizer.

-Você tinha uma baixa auto-estima. Ainda tem. Não há nada de errado com você. A não ser por esta língua afiada – acrescentou ele.

-Olha só quem está reclamando!

-Se eu não for enérgico, ninguém escuta.

-Você nunca é enérgico – corrigiu ela. – Você pode apenas olhar para as pessoas e provocar medo.

Ele sorriu sem malícia.

-Pratico no espelho do banheiro.

Ela não conseguiu acreditar naquilo.

-Você precisa criar uma fantasia para o Dia das Bruxas – murmurou ele ao fazer a curva.

-Para quê? Vai me contratar para as festas? – resmungou ela.

-Para a nossa festa anual do próximo mês – disse ele com certa repulsa. – Luna convidou metade de Jacobsville para comer maçã do amor usando roupas idiotas e máscaras.

-Como você estará?

Ele lançou-lhe um olhar negligente.

-De agente de campo do Departamento Antidrogas.

Ela menosprezou sua intenção.

-Eu convenço bem assim – insistiu ele.

-Concordo. Soube que Manuel Lopez foi pelos ares misteriosamente nas Bahamas, ano retrasado, e que ninguém ainda o substituiu – acrescentou ela. – Você tem alguma coisa a ver com esta morte repentina?

-Os agentes do Departamento Antidrogas não mandam barões da droga pelos ares. Nem mesmo alguém tão perverso quanto Lopez.

-Alguém fez isso.

Ele olhou rapidamente para ela com um discreto sorriso.

-Por assim dizer...

-Um dos amigos mercenários de Jacobsville, ouvi dizer.

-Micah Steele estava lá, realmente nunca esteve associado à morte de Lopez.

-Ele voltou para cá e casou-se com Callie Kirby, não foi? Têm uma filhinha agora.

Ele assentiu.

-É residente de medicina no Hospital Geral de Jacobsville, espera trabalhar em hospitais particulares depois do último semestre.

-Que sorte da Callie – murmurou desatenta, olhando pela janela. – Ela sempre quis casar e ter filhos, e era louca por Micah.

Ele a observou curioso.

-Você não queria se casar também?

Ela não respondeu.

-Então agora que Lopez está fora do caminho, e ninguém o substituiu, você não tem muito a fazer, não é?

Ele riu brevemente.

-Lopez tem um novo sucessor, um sujeito peruano que vive no México com visto ilimitado. Ele tem colegas em Houston que o ajudam a contrabandear o produto para os Estados Unidos.

-Você sabe quem são eles? – perguntou ela, alvoroçada.

Ele lançou-lhe um olhar frio.

-Claro. Vou contar-lhe seus nomes agora.

-Não precisa ser sarcástico, Potter – disse ela friamente.

Uma de suas sobrancelhas espessas moveu-se bruscamente.

-Você é a única pessoa fora do trabalho que usa meu sobrenome como se fosse meu primeiro nome.

-Você não usa meu sobrenome.

-Não? – ele parecia surpreso. Olhou rapidamente para ela. – Você gostaria que eu te chamasse de Granger?

-Não – disse ela com um suspiro. – Minha mãe me chamava assim sempre que estava furiosa comigo.

Lembrar-se de sua mãe a entristeceu. Ela perdeu os pais num acidente esquisito durante as férias na Flórida após sua formatura do segundo grau. Seus pais foram nadar, ignorando as lindas bandeiras vermelhas, alerta para as rebentações traiçoeiras até mesmo para nadadores experientes, o que sua mãe e seu pai não eram. Ela ainda lembrava o horror de tudo aquilo, Harry viera cuidar dos detalhes e levá-la de volta para casa. Estranho por quantas tragédias e crises ele a vira passar por todos estes anos.

-Sua mãe era uma mulher amável – ele recordou. – Sinto muito sua perda, e de seu pai também.

-Ele também era um homem amável – ela recordou. Oito anos depois, ela ainda conseguia lembrar-se de momentos felizes, mas ainda se entristecia ao pensar neles.

-Não é estranho você não parecer com eles? – perguntou ele de modo sarcástico. – Nenhum homem em seu juízo perfeito poderia chamá-la de “amável”.

-Pare aí, Potter – ela ameaçou usando seu sobrenome novamente, o que era muito melhor que usar o apelido que Luna usava para ele. – Eu poderia dizer muitas coisas sobre você também.

-O quê? Que sou arrojado, inteligente e uma bênção para solteironas? – ele franziu os lábios e olhou rapidamente na sua direção ao entrar na entrada que levava ao rancho. – O que leva a outra pergunta: Você já está dormindo com aquele seu chefe cabeça-de-vento?

-Ele não é cabeça-de-vento! – exclamou ofendida.

-Ele come tofu e quiche, dirige um conversível vermelho de não-sei-quando, joga tênis e não sabe programar um computador sem detonar o sistema.

Detalhes demais para um dossiê. Seus olhos se estreitaram.

-Você o investigou! – ela o acusou com certeza.

Ele apenas sorriu. Não foi um sorriso agradável.



Obs: Bom pessoal aí ta o primeiro capitulo!!!!Espero que gostem!!!!Já comecei a escrever o capitulo 2, então ate quinta eu posto, é que ainda tenho o capitulo de "Da magia..." para postar quarta.Era só....Bjux!!!!!

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