Capitulo 2



Capitulo 2

-Você não pode bisbilhotar a vida das pessoas assim – exclamou Hermione acaloradamente – Não é correto!

-Procuro um executivo de alto nível que trabalha para o novo barão da droga no seu território de Houston – respondeu calmo. – Investigo todos que possam ter uma pequena idéia do que está acontecendo. – ele virou a cabeça levemente. – Investiguei até mesmo você.

-Eu? – ela exclamou.

Ele lançou-lhe um olhar superficial.

-Eu deveria saber. Se tivesse uma vida social como a sua, entraria para um convento.

-Posso vê-lo agora usando saias compridas...

-Foi uma figura de linguagem – disse lacônico, entrando na estrada do rancho. – Você não sai com ninguém há dois anos. Incrível, considerando-se o número de solteiros disponíveis só naquele prédio; que dirá no resto de Houston – ele lançou-lhe um olhar penetrante. – Tem certeza de que não está mais ligada em mim?

Ela respirou rápido.

-Claro que sim – resmungou. – Só venho aqui para olhar embevecida para você e pensar em maneiras de envenenar todas as suas namoradas.

Ele deu um risinho a despeito de si mesmo.

-Tudo bem. Entendi.

-De quem no meu prédio você suspeita exatamente? – ela insistiu.

Ele hesitou. Contraiu as sobrancelhas carrancudo quando avistou a casa do rancho no final da longa estrada de terra.

-Não posso te contar isso – disse ele. – Agora é só uma suspeita.

-Posso ajudar você a capturá-lo – ela se ofereceu. – Se tiver uma arma, é claro. Não ajudarei você se tiver que andar desarmada.

Ele deu outro risinho.

-Você atira tal como dirige, Hermione.

Ela resmungou.

-Poderia atirar bem se praticasse o suficiente. É culpa minha se meu senhorio não gosta de treinos no prédio?

-Peça a Luna para te ensinar. Ela pode tão bem quanto eu.

Foi uma lembrança desagradável sem pouco entusiasmo em estar com ela.

-Não lembro de pedir para me ensinar coisa alguma – ela respondeu.

Ele estacionou em frente da casa.

-Bem, não ultimamente, pelo menos – ele teve que concordar.

Luna ouviu o carro chegando e correu para a varanda. Ela era alta, como Harry, e tinha olhos verdes também, mas seu cabelo escuro tinha leves tons de castanho-avermelhado. Diferente da pobre Hermione, era bonita e usava qualquer coisa com perspicácia, criava suas próprias roupas, sempre bonitas.

Correu para Hermione e a abraçou, rindo.

-Estou tão feliz que você veio!

-Pensei que você fosse me pegar no aeroporto, Luna – veio a resposta galhofeira.

Luna ficou lívida por um instante.

-Meu Deus, eu ia, não era mesmo? Ocupei-me com um modelo e me distraí. Além disso, Jim estava no aeroporto para pegar Rebeca, mas ela não conseguiu ligar para o celular dele, então me telefonou dizendo que se atrasaria até amanha à tarde. Ele já estava lá, então pedi que a trouxesse.

Rebeca era a namorada atual de Harry. A compradora de moda acabara de chagar de uma viagem de compras a Paris. Não ocorreu a Luna a tortura de ir ao rancho com Harry e sua namorada. Realmente Luna não analisou as coisas. E para dar-lhe crédito, não percebeu que Hermione ainda era louca por Harry Potter.

-Ela vem amanhã ver alguns dos meus novos modelos – continuou Luna, impassível. – E, é claro, para a festa em sua homenagem. Ela leva uma vida muito agitada.

Hermione sentiu seu coração fugir e não ousou demonstrar. Um final de semana com Rebeca Dane babando em Harry e vice-versa. Por que ela não fora mais firme e ficara em casa?

Harry verificou o relógio.

-Tenho que fazer algumas ligações. Depois vou a cidade averiguar aquela cerca que encomendei.

-É para isso que temos um capataz. – Luna o informou.

-Chayce foi passar o final de semana em casa na Geórgia. Seu pai está no hospital.

-Você não me avisou!

-Você precisava saber? – ele disparou de volta.

Luna balançou a cabeça, exasperada, quando ele foi embora sem olhar para trás.

-Moro aqui também – ela resmungou, tarde demais. Ele já entrara em casa.

-Atrapalharei se a festa é para Rebeca – disse Hermione, preocupada. – Honestamente, Luna, você não deveria ter me convidado. Não é de admirar Harry estar zangado!

-É minha casa também, e posso convidar quem eu quiser – respondeu Luna, lacônica, insinuando uma discussão sobre a inclusão de Hermione na festa. Isto doía ainda mais. – Você é minha melhor amiga, Hermione, e preciso levantar meu ego – continuou Luna, imperturbável. – Rebeca é tão conhecedora do mundo e sofisticada. Ela odeia isso aqui e me deixa insegura. Preciso de sua ajuda para exibir meus modelos na loja onde ela trabalha. Então você é meu escudo de segurança. – ela uniu seu braço ao de Hermione. – Além disso, Rebeca e Jim juntos me dão nos nervos.

E os meus nervos? Hermione se perguntava. E meu coração, vendo Harry com Rebeca todo o fim de semana? Mas ela apenas sorriu e fingiu indiferença. Ela era amiga de Luna, devia-lhe muito. Mesmo que significasse se corroer vendo o homem que amava na companhia daquela linda mulher, Rebeca Dane.

Luna parou antes de entrar, parecia preocupada.

-Você superou aquela atração que tinha pelo meu irmão? – perguntou rapidamente.

-Você e seu irmão! – disse Hermione, ofegante. – Honestamente, estou velha demais para atrações adolescentes – mentiu. – E, além do mais, tem este cara maravilhoso do escritório que eu gosto muito. Só que ele está saindo com alguém.

Luna fez uma careta.

-Coitadinha. É sempre assim com você, não é?

-Pode pisar no meu ego sem se importar comigo – retorquiu Hermione.

Luna corou.

-Sou uma porca – disse ela. Desculpe-me, Hermione. Não sei o que há comigo. Sei sim – acrescentou ela rapidamente. – Meu primo Rony chegou inesperadamente esta manhã. Jessie já ameaçou cozinhá-lo junto com uma panela de ovos, e um dos cowboys quebrou a cerca fugindo dele. Na verdade, Jessie lembrou-se de pedir sua folga mensal, foi para Dallas ver o irmão. Aqui estou eu sem cozinheira e com uma festa amanhã à noite!

-Com exceção de mim? – Hermione aventurou-se e seu coração fechou-se novamente ao ver o rosto de Luna. Não é de admirar ela ter insistido tanto. Não haveria comida sem cozinheira.

-Você não se importa, não é, querida? - perguntou Luna rapidamente. – Afinal de contas, você prepara canapés deliciosos, é uma grande cozinheira. Até Jessie pede suas receitas.

-Não – mentiu Hermione. – Não me importo.

-E pode me ajudar a afastar Rony de Harry.

-Rony. – os olhos de Hermione se acenderam. Ela adorava o primo renegado de Oklahoma. Ele era um cowboy de rodeio ganhador de cinturões em toda competição, um metro e noventa de puro músculo, um lindo rosto e um comportamento modesto – quando não tramava diabruras. Enlouquecia as empregadas e os cowboys com suas travessuras, Harry mal o tolerava. Era o favorito de Luna dentre seus poucos primos. Não que ele realmente fosse um primo. Era apenas por via de matrimônio. Claro que Luna não sabia disso. Rony uma vez contou a Hermione, mas pediu-lhe segredo. Ela não sabia por quê.

-Nem pense em ajudá-lo a fazer alguma loucura enquanto estiver aqui – advertiu Luna. – Jim ainda não sabe que ele está aqui. Eu, uh, não disse a ele.

-Luna! – veio um rugido ameaçador da direção do escritório de Harry.

Luna gemeu.

-Ai, meu Deus, parece que Jim já sabe de Rony.

-Minha mala – disse Hermione, parando, fugindo da linha de tiro.

-Jim a trará, querida. Venha comigo. – ela quase a arrastou para dentro de casa.

Rony estava encostado no corrimão da escada, lindos olhos azuis cintilantes, rosto fino e belo sob o cabelo ruivo. À sua frente estava Harry segurando uma galinha de borracha pelo pescoço.

-Pensei que você gostasse de galinha – disse Rony arrastadamente.

-Cozida – respondeu Harry brevemente. – Não na cadeira da minha escrivaninha fingindo ser almofada

-Você poderia cozinhá-la, mas o cheiro certamente esvaziaria a cozinha – riu Rony.

Potter atirou-a nele, retornou ao escritório batendo a porta. Xingamentos resmungados atravessaram cinco centímetros de mogno sólido.

-Rony, como você pôde? – queixou-se Luna.

Ele atirou-lhe a galinha e adiantou-se para levantá-la e sapecar-lhe um beijo no nariz.

-Ora, ora, não espere comportamento digno de mim. Não é minha natureza. Ei, broto! – acrescentou ele, abaixando Luna para pegar Hermione e envolvê-la com um abraço apertado. – Como está a minha garotinha?

-Estou bem, Rony – respondeu ela, beijando-lhe o rosto. – Você está ótimo.

-Você também – Deixou-a livre e seus olhos espertos examinaram o rosto corado dela. – Potter implicou muito no caminho? – perguntou preguiçosamente.

-Por que vocês dois não o chamam de Jim como eu? – Luna quis saber.

-Ele não tem cara de Jim – respondeu Rony.

-Ele sempre pega no meu pé – disse Hermione pesadamente quando Rony permitiu que colocasse os pés no chão novamente. – Se ele tivesse uma lista de pessoas das quais não gostasse, eu a encabeçaria.

-Imagino que ficaríamos empatados – respondeu Rony. Ele examinou Luna lenta e equilibradamente. – Roupa nova? Gostei da saia.

Luna sorriu para ele.

-Fui eu que fiz.

-Que legal. Quando você exibirá todas estas coisas bonitas que faz?

-Estou resolvendo. A namorada de Jim, Rebeca está tentando conseguir que sua loja me deixe fazer uma exibição dos meus modelos.

-Rebeca – Rony franziu o nariz. – Em comparação, ele achava Rachel má!

-Não fale de Rachel! – advertiu Luna rapidamente.

-Rebeca a faz parecer um camundongo de igreja – disse Rony categoricamente. – Ela é uma alpinista social com cifrões nos olhos. Preste atenção no que eu digo. Não é atrás dele que ela está.

-Ele gosta dela – respondeu Luna.

-Ele também gosta de fígado e de cebola – disse Rony fazendo uma careta horrível.

Hermione riu do aparte.

-Por que ele não olha para você, broto? Você seria perfeita para ele.

-Não seja bobo – disse Hermione forçando um sorriso. – Não sou seu tipo absolutamente.

-Você não é mercenária, é uma boba para qualquer um em dificuldade, gosta de gatos, cachorros, crianças e não gosta de vida noturna. Você é perfeita.

-Ele gosta de ópera e de teatro. – respondeu ela.

-E você não? – perguntou Rony.

Luna segurou-o pelo braço.

-Vamos tomar café enquanto você nos conta sobre seu último triunfo no rodeio.

-Como você sabe? – provocou ele.

-Quando foi que você já perdeu um cinturão? – respondeu ela com um sorriso.

Hermione foi atrás deles, já desconfortável com o fim de semana. Antevia não ser o melhor de sua vida.

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Mais tarde, Hermione escapou da brincadeira entre Luna e seu primo e foi até o curral perto do celeiro ver os novos bezerros. Uma das pessoas mais antigas do rancho, Johnny, veio juntar-se a ela. Sem um dente na frente por causa do coice de um touro e com um dedo machucado devido a uma corda muito apertada que escapou. Suas meias-calças de couro, seu chapéu e suas botas estavam gastos e sujos devido ao trabalho árduo. Tinha um coração de ouro puro, e Hermione o amava. Ele a fazia lembrar de seu falecido pai.

-Ei, Johnny! – ela o cumprimentou, de pé no último degrau da cerca usando jeans surrado, botas e uma camisa de manga comprida azul quadriculada. Seu cabelo estava amarrado num rabo-de-cavalo. Parecia ter doze anos de idade.

Ele também sorriu.

-Ei, Hermione! Veio ver meus bebês?

-Claro que sim.

-Não são lindos? – disse arrastadamente, juntando-se a ela que nutria seus olhos com os lindos bezerrinhos de focinho branco e pelagem avermelhada.

-Sim, são – concordou ela com um suspiro. – Sinto falta disso em Houston. O mais perto que chego de gado é quando tem rodeio na cidade.

Ele estremeceu.

-Coitadinha – disse ele. – Perdeu tudo de uma vez há muitos anos.

Era verdade. Perdera seus pais e sua casa, tudo de uma vez. Se Harry não a tivesse colocado na faculdade de administração, onde ela poderia morar no campus, teria ficado sem casa.

Ela sorriu para ele.

-O tempo cura até mesmo as piores feridas, Johnny. Além do mais, ainda consigo vir até aqui para visitar de vez em quando.

Ele parecia irritado.

-Queria você aqui mais que a tal Dane – disse ele à meia-voz. – Não tolera gado e poeira, não gosta de cowboys, olha para a gente como se fôssemos sujá-la só de falar com ela.

Ela esticou o braço e bateu de leve no seu ombro.

-Nós todos temos uma carga para suportar.

Ele suspirou.

-Suponho que sim. Por que a senhorita não volta para cá? – acrescentou ele. – Muitos empregos em Jacobsville agora. Ouvi dizer que o chefe de polícia precisa de uma secretária nova.

Ela deu um risinho.

-Não vou trabalhar para Cash Grier – assegurou-lhe ela. – Disseram que sua última secretária esvaziou a lata de lixo na sua cabeça, e ela estava cheia de xícaras de café pela metade e de borra.

-Bem, algumas pessoas não se afeiçoam ao trabalho de polícia – disse ele, mas deu um risinho.

-Nada para fazer, Johnny? – veio uma voz profunda e pouco amistosa por trás de Hermione.

Johnny se endireitou imediatamente.

-Comecei a limpar o estábulo, chefe. Só vim aqui cumprimentar a srta. Hermione.

-Bom te ver novamente, Johnny. – disse ela.

-O mesmo digo eu, senhorita.

Inclinou o chapéu e voltou vagarosamente para o celeiro.

-Não distraia os empregados – disse Harry, lacônico.

Ela desceu da cerca. Era um longo caminho até os olhos dele em seus sapatos achatados.

-Ele era amigo do meu pai – ela lembrou-lhe. – Estava sendo educada.

Ela virou-se e caminhou de volta para casa.

-Fugindo?

Ela parou e o encarou.

-Não serei seu bode expiatório.

Suas sobrancelhas se arquearam.

-Gênero errado.

-Sabe o que quero dizer. Está furioso porque Rony está aqui e Rebeca não, quer descarregar em alguém.

Ele reagiu inquieto à acusação. Seu cenho tornou-se repentinamente mais escuro.

-Não faça isso.

Ela o conhecia. Sempre conseguia ver a razão de seu mau humor, algo que sua própria irmã nunca foi capaz.

-Rony partirá pela manhã e Rebeca estará aqui de tarde – disse ela. – Rony não pode fazer tanto estrago assim em uma noite. Além do mais, você sabe quanto ele e Luna são chegados.

-Ele é muito volúvel para ela, sejam parentes distantes ou não. – resmungou ele.

Ela suspirou, olhando para ele com olhos tranqüilos e suaves, cheios de lembranças.

-Como eu. – disse à meia voz.

Ele franziu a testa.

-O quê?

-Este sempre foi seu argumento contra mim: sou muito volúvel. Por isso não gostou quando Rony tentou me conquistar três anos atrás – ela lembrou-lhe.

Ele olhou fixamente para ela por alguns segundos, ainda com um aspecto severo.

-Eu disse isso?

Ela assentiu e depois virou-se.

-Tenho que ajudar Luna a organizar a comida e as bebidas – acrescentou ela. – Se a deixarmos fazer o que quiser, vamos comer enroladinhos de bacon, peru e beber água natural.

-O que você estava pensando em fazer? – perguntou ele divertidamente.

-Uma bela galinha assada, e purê de batatas com alho e cebolinha, salada de frutas, rocamboles caseiros, e biscoitos, molho, aspargo fresco e um bolo de chocolate para a sobremesa – disse ela, distraída.

-Você sabe cozinhar? – perguntou ele, espantado.

Ela olhou furiosa para ele por cima do ombro.

-Você não notou? Luna nunca cozinha quando venho, a não ser por um churrasco preparado por cowboys.

Ele emudeceu, mas parecia excepcionalmente pensativo.

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O jantar foi maravilhoso. Até ficar pronto, Hermione ficara vermelha com o calor e desgrenhada, mas ela fizera uma refeição perfeita.

Luna entusiasmou-se com os resultados de cada prato que provou, e Rony também. Harry estava estranhamente quieto. Ele acabou o bolo de chocolate e a segunda xícara de café e depois dirigiu um olhar melancólico à irmã.

-Você me disse para cozinhar quando Jessie não estivesse aqui, e Hermione, sim – disse ele sem rodeios.

Luna ficou corada de verdade. Largou o garfo e não viu o olhar surpreso de Hermione.

-Você sempre se queixou de companhia extra quando Jessie não estava – protestou ela sem perceber que só estava piorando as coisas.

Os dentes de Harry rangeram quando ele viu o olhar no rosto de Hermione ele jogou o guardanapo e levantou-se ruidosamente.

-Você é tão insensível quanto um cacto, Luna – disse ele com raiva.

-E você é melhor? – retorquiu ela, com as sobrancelhas quase na linha do cabelo. – Você é que sempre reclama quando convido Hermione, embora ela não tenha família, exceto nós... Ai, meu Deus!

Hermione levantara e recolhia os pratos sujos. Não reagiu à discussão. Todavia, sentiu muito. Doía saber que Harry mal a tolerava; quase tanto quanto doía saber que Luna ganhara crédito por sua culinária todos esses anos.

-Eu a ajudarei a limpar, querida – ofereceu-se Rony com um olhar significativo para os Potter. – Vocês dois poderiam fazer um treinamento de sensibilidade. Vocês simplesmente magoam Hermione sem o menor aviso. Que “segunda família” vocês viraram!

Ele impeliu Hermione à sua frente para dentro da cozinha e fechou a porta. Desta vez, ele estava com raiva.

Ela sorriu para ele.

-Não me ofendo, Rony – disse ela. – Os insultos batem em mim e voltam. Já estou tão acostumada com Harry que mal escuto.

Ele inclinou seu queixo e percebeu sua dor.

-Ele pisa no seu coração sempre que fala com você – disse asperamente. – Ele nem mesmo sabe como você se sente, o que eu até um cego pode ver.

Ela afagou seu rosto.

-Você é um bom sujeito, Rony.

Ele deu de ombros.

-Sempre fui bom sujeito pelo bem que me faz. As mulheres aglomeram-se em volta de Potter enquanto ele olha para elas maldoso e raivoso.

-Um dia aparecerá uma mulher bonita, meiga e o levará pelo braço e agradecerá a Deus diariamente por ter você – ela falou.

Ele deu um risinho.

-Quer me levar?

Ela franziu o nariz para ele.

-Você é um doce, mas estou paquerando um colega do meu escritório. Também é um doce, e sua namorada o trata como se não fosse ninguém. Ele merece alguém melhor.

-Ele teria muita sorte em ter você – disse Rony.

Ela sorriu.

Eles estavam imóveis e emocionados quando a porta se abriu e Harry entrou na sala tempestuosamente. Ele parou de repente, obviamente irrequieto (inquieto) pelo que pensava ver. Principalmente quando Hermione retirou a mão abruptamente do rosto de Rony, e ele largou seu queixo.

-Esqueceu de dizer algo sobre a presença indesejável de Hermione em sua vida? – Rony falou arrastadamente e, por um instante, o homem gentil e sorridente que ela conhecia tornou-se uma presença ameaçadora.

Harry franziu as sobrancelhas.

-Luna não quis dizer o que pareceu – respondeu ele.

-Luna nunca diz o que parece dizer – disse Rony friamente. –, mas ela também nunca percebe o poder das palavras. Ela vive numa névoa de narcisismo. Mesmo agora, Hermione só está aqui para cozinhar, ou você não sabia? – acrescentou ele com absoluto veneno.

Luna estava atrás de seu irmão, abatida e quieta, estremeceu sob o olhar acusador de Rony.

-Sou uma porca – ela confessou. – Realmente não quero magoar ninguém. Amo Hermione. Ela sabe disso, mesmo que vocês não saibam.

-Jeito maravilhoso de demonstrar, querida – respondeu Rony, um pouco menos antagônico em relação a ela que a seu irmão. – Convidar Hermione só para cozinhar para uma festa é muito descortês.

Os olhos de Luna caíram.

-Pode ir para casa se quiser, Hermione, e eu sinto muito – ela se ofereceu.

-Pelo amor de Deus, não me importo em cozinhar! – Hermione foi até Luna e a abraçou firme. – Poderia sempre negar se não quisesse fazer! Rony está apenas sendo gentil, só isso.

Luna olhou furiosa para seu primo.

-Gentil.

Rony devolveu-lhe o olhar.

-Claro que sou. Está no sangue da família. Estou feliz por você ter vindo, Hermione. Quer lavar e encerar meu carro quando acabar de lavar os pratos? – acrescentou ele sarcasticamente.

-Pare com isso! – Luna enfureceu-se com ele.

-Venha ajudar a lavar os pratos – disse Rony com a voz arrastada – Ou suas mãos derreteram na água quente?

-Temos uma máquina de lavar pratos – disse Harry, lacônico.

-Puxa! Você já a viu então! – exclamou Rony.

Harry disse um palavrão e saiu enfurecido.

-Menos um – disse Rony cintilando o olhar para Luna. – Falta um.

-Pare com isso senão ficarei sozinha com eles e Rebeca todo o fim de semana – disse Hermione suavemente.

-Rebeca? – ele olhou boquiaberto para Luna. – Você convidou Rebeca?

Luna rangeu os dentes e cerrou suas pequenas mãos.

-Ela é a convidada de honra.

-Senhor, dê-me uma passagem de ônibus! – ele caminhou em direção à porta – Desculpe-me, querida, não curto masoquismo, e uma noite com Rebeca em pessoa me colocaria no hospício. Estou indo!

Ele virou-se para a porta.

-Você deveria ter me contado. Eu ainda estaria em San Antonio. Quer vir comigo, Hermione? – convidou ele. – Levarei você a um festival!

Luna lançou-lhe um olhar mortífero.

-Ela é minha amiga.

-Não é não, ou você não forçaria a padecer com Rebeca o fim de semana inteiro – acrescentou.

-Deixem-me fora da linha de fogo, está bem? – Hermione levantou os braços e voltou para a sala de jantar para retirar os pratos sujos, sorrindo forçosamente.

Rony olhou rapidamente para a porta fechada, e se aproximou de Luna.

-Não tente me convencer inocência sobre Hermione em relação ao seu irmão.

-Ela superou está paixão. Ela garantiu! – respondeu Luna.

-Ela mentiu – disse ele rispidamente. – Continua apaixonada por ele, como sempre esteve. Vocês não percebem! Estar perto dele a está matando, e você ainda a coloca com Rebeca. Como você acha que ela se sentirá vendo Rebeca caindo sobre Potter a noite inteira?

Luna mordeu o lábio inferior e parecia atormentada.

-Ela disse...

-Claro que confirmará estar apaixonada por Potter – disse ele sarcasticamente enquanto balançava a cabeça confirmando. – Grandes instintos, Luna.

-Não me chame de Luna!

Ele curvou-se e roçou um beijo insolente em seus lábios entreabertos, deixando-a ofegante. Seus olhos claros se estreitaram quando ele percebeu a falta de vontade.

-Nunca se apaixonou por mim também, não é? – disse ele arrastadamente.

-Você é... meu... primo – ela engasgou.

-Não próximo, apesar do antagonismo de Potter. Um dia sairei pela porta carregando você, e Potter pode fazer o que quiser. – ele piscou para ela. – Vejo você mais tarde, querida.

Virou-se e saiu. Luna permanecia imóvel quando Hermione entrou com outra pilha de pratos.

-O que há com você? – Hermione perguntou.

-Rony me beijou – respondeu rouca.

-Como sempre.

Luna engoliu em seco.

-Não assim.

As sobrancelhas de Hermione arquearam e ele sorriu.

-Pensei que já não era sem tempo.

-O quê?

-Nada – disse Hermione imediatamente. – Pode ajudar? Minhas mãos estão ocupadas.

Luna saiu de seu estado hipnótico e foi ajudar, atordoada e quieta.

-Não deixe que Rony a perturbe – disse Hermione gentilmente. – Se ele pensa me fazer um favor, está enganado. Posso ajudar você. Devo tanto a você e a Potter...

-Não nos deve nada – disse Luna imediatamente. – Ora, Hermione, não permita que eu a use, defenda-se. Não faz isso o bastante.

-Eu sei. E por isso que não fui promovida na companhia – ela teve que admitir. – Não gosto de confrontos.

-Teve o suficiente quando criança, não é? – Luna perguntou.

Hermione ficou corada.

-Adorava meus pais. De verdade.

-Mas eles brigavam também. Tal como os nossos. Mamãe odiava o papai, esmo depois de morto. Ela bebia muito para tentar esquecê-lo. Como você sabe, ela prejudicou meu irmão em relação às mulheres. Ela o azucrinava desde pequeno, e piorou a cada ano. Ele tinha um tremendo complexo de inferioridade no segundo grau.

-É mesmo? Bem, ele obviamente já o superou agora – disse Hermione de língua afiada.

Luna balançou a cabeça.

-Não é verdade. Se tivesse, saberia que poderia arrumar alguém melhor que Rebeca.

-Pensei que gostasse dela!

Luna parecia envergonhada.

-Eu gosto, um pouco. Bem, ela tem um emprego importante e pode realmente me ajudar a entrar na Weston’s.

-Ora, Luna – disse Hermione aborrecida, balançando a cabeça.

-Eu uso as pessoas – admitiu Luna. – Mas – acrescentou brilhantemente – tento ser educada e sempre envio flores, presentes ou qualquer outra coisa depois, não é?

Hermione riu impotente.

-É verdade – admitiu ela. – Ajude-me a colocar os pratos e depois pode me dizer o que quer para amanhã.

Hermione sabia que passaria o dia inteiro preparando-os, a festa era para quase quarenta pessoas, com almoço. Era um pesadelo logístico. Mas ela daria conta. Já fizera antes. E Luna era sua melhor amiga.



Obs: Bom pessoal ai está o capitulo 2, e espero que vocês gostem!!!!!Agora que estou entrando de férias na faculdade, provavelmente os capitulos saiam mais rápido,ok?Bjux e até a próxima atualização....

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