A Vila dos Hobbits



N:A: Olá pessoal. Era pra ter postado este cap antes, mas devido aos problemas do site. Queria agradecer à Sheil@ e à Molly, tenho certeza de que teve o dedinho delas no retorno. Não vou enrolar mais, sei que vocês querem ler o cap, então vamos a ele.



Capítulo 02 – A Vila dos Hobbits






A tarde se encaminhava para o seu final. Sobre a copa das seculares árvores da floresta de Atacaule, localizada na Quarta Norte do Condado, o sol outonal ainda brilhava, perfurando a densa vegetação e salpicando finos feixes de luz no chão. Na luminosidade destes feixes era possível enxergar pequenas partículas de poeira ou detritos que flutuavam ao sabor da leve brisa que soprava, rearranjando o denso tapete formado de folhas que cobria o chão. Era um espetáculo magnífico da natureza, coroado pelo canto dos pássaros empoleirados nos galhos das árvores.Qualquer um poderia ver que aquela floresta era antiga e imponente, pois suas árvores eram gigantescas, pareciam seres conscientes, respirando e murmurando umas com as outras.





Andando pelo caminho, assistindo a tudo aquilo montado em seu pônei, havia um pequeno ser. Seu nome era Andwise(Andy) Gangi e ele era um Hobbit. Os Hobbits, também conhecidos como “Pequenos” não são anões, como poderia se pensar. São, literalmente, pessoas pequenas. Medem em média um metro e vinte de altura, são fortes, de corpo troncudo e com uma certa saliência na parte abdominal. Característica, dizem, que se deve ao seu gosto pela comida. Na sua grande maioria, são donos de cabelos castanhos. Possuem uma grande quantidade de pelos pelo corpo, inclusive sobre os pés, que são desproporcionalmente grandes se comparados com o resto de seu diminuto corpo, possuem uma pele muito grossa na sola e por isso dispensam sapatos.





Mas Andy destoava um pouco deste padrão. Este rapaz, que no solstício da primavera completara trinta e sete estações e que há pouco atingira a idade adulta – Os Hobbits passam da adolescência para esta fase aos trinta e três anos - Tinha aproximadamente um metro e trinta de altura, rosto redondo, bochechas salientes e coradas. Possuía cabelos loiros e encaracolados e olhos extremamente azuis, límpidos como água cristalina, mas sagazes, uma herança genética de sua família, os Gangi. O clã Gangi era, há séculos, um dos mais importantes e influentes no Condado. Seu pai, Tolman Gangi era o Thain do Condado, o governante de seu povo. Desde que seu antepassado, Samwise Gangi retornara de sua grande empreitada combatendo o mal, sempre havia um Gangi em altos postos. Ele mesmo era capitão do pequeno exército e comandava uma guarnição, patrulhando as terras dos Hobbits. Esta havia sido outra conseqüência dos tempos passados, quando a Terra Média caíra em guerra contra Mordor. O Condado, sempre habitado por pessoas inocentes e ingênuas havia sido dominado pelos “Homens Grandes”, como eles chamavam. Depois disto eles não se davam mais ao luxo de permanecerem desguarnecidos. Sempre havia homens treinados, prontos para rechaçar uma intrusão e vigiar suas fronteiras.





Aquele dia Andy estava acompanhado de quatro de seus homens patrulhando a floresta. Já estava prestes a concluir sua tarefa e retornar para a Vila dos Hobbits, quando ouviu o som de conversa numa clareira próxima. Aguçou seus sentidos, tentando reconhecer as vozes, mas nunca havia ouvido-as antes. Desmontou, fazendo sinal para que seus homens o acompanhassem e seguiu, sorrateiramente, entre as árvores em direção de onde vinham as vozes. Quando os viu, por entre as árvores, seu coração acelerou. Eram “Grandes”, dois casais. Ele nunca os vira no Condado, não sabia como poderiam ter chegado até ali sem terem passado pelos vigias. Se tivessem passado, ele teria sido informado. Estranhava também a maneira que se vestiam e falavam. Eram estrangeiros, sem dúvida nenhuma. Mas a dúvida era, seriam amigos ou inimigos? O que estariam fazendo ali, no meio da floresta? Não pareciam estar se escondendo, na verdade pareciam completamente perdidos. Sentiu a adrenalina percorrer suas veias, finalmente teria um pouco de ação.








*****








Assim que atravessaram o portal, este desapareceu completamente. O quarteto, ainda de mãos dadas, olhava em volta, tentando assimilar a nova paisagem. A floresta era formada por árvores enormes, muito velhas. Harry foi o primeiro a falar:






- Esta floresta deve ser muito antiga. Exala magia, é como se fosse viva, consciente.
- E sinta só o perfume que exala. Tão forte e marcante. Nunca senti nada parecido. – Completou Gina.
- Ta, mas alguém tem idéia de onde estamos e pra onde vamos? – Perguntou Rony, olhando em volta à procura de algum ponto de referência.
- Mestre Caine disse que surgiríamos próximos a uma cidade onde encontraríamos amigos. – Respondeu Harry – Um grande povo amigo dos Magos Brancos.
- Mas pra que lado será? – Perguntou Mione.
- Não faço idéia. – Admitiu Harry – Mas é melhor nos decidirmos logo, não vai demorar muito para escurecer.
- Não seria melhor esperarmos até amanhã então? – Sugeriu Gina.
- Vamos tentar encontrar a cidade. Se não a encontrarmos logo, montaremos acampamento e continuaremos amanhã. – Sentenciou Harry, arrumando a mochila nas costas e preparando-se para iniciar a marcha.
- Alto! – Bradou uma voz, atrás do quarteto – Não se movam e virem-se com calma, lentamente.







Pegos de surpresa, nem Harry nem Rony pensaram em reagir. Suas espadas estavam sob a mochila, ocultas pelo feitiço. Não sabiam quantos eram e qualquer movimento insensato poderia colocar a vida das garotas em perigo. Trocaram um rápido olhar, onde deixaram claro que o entendimento era de não reagir por enquanto e viraram-se, devagar. Havia um grupo de cinco pessoas na orla da clareira. Eram pequeninos, mal batiam na cintura deles, mas estavam armados de arcos e lanças, além de portarem pequenas espadas presas à cintura. Usavam uma cota de malha, trançada com argolas de aço. Eram soldados, sem dúvida nenhuma. Mas Rony não conseguiu conter o espanto, soltou uma sonora gargalhada e disse:







- Vem cá, usaram um feitiço de crescimento nos gnomos lá de casa? Se foi, acho que não deu certo.
- Cale-se Ronald. – Disparou Mione, dando uma cotovelada na altura do rim do rapaz – Não os provoque.
- Peço desculpas pelo meu amigo. – Disse Harry, para o que parecia ser o líder do grupo, um baixinho um pouquinho maior que os outros e de cabelo loiro – Não lhes queremos mal, viemos em paz. Somos amigos.
- Quem são vocês? O que querem aqui? Como chegaram até este lugar? – Disparou Andy irritado com o homem de cabelos vermelhos.
- Já disse, somos amigos. Estamos procurando a vila dos Hobbits, queremos uma audiência com o Thain. É de suma importância para o futuro desta terra que o encontremos. – Respondeu humildemente Harry.
- E quem deseja encontrar o Thain? Qual o seu propósito? – Insistiu o jovem Gangi.
- Quem o procura é o novo Mago Branco. E o motivo é que a guerra se acerca da Terra Média novamente, e precisamos da ajuda do Thain para nos encontrarmos com o rei de Gondor e avisá-lo do perigo.
- O Mago Branco? – Sussurrou Andy, abaixando sua lança involuntariamente. Há séculos não se tinha notícias de um Mago andando pelas Terras Médias. E se um estava voltando, só poderia significar grande perigo. Mas onde ele estaria? Por quê enviara aquelas crianças? Imediatamente ele verbalizou suas dúvidas – E onde ele está? Por que não veio e mandou quatro crianças em seu lugar?
- Eu sou o novo Mago Branco. – Respondeu Harry com simplicidade – E esses são meus amigos, também magos. Magos Cinzentos.







Agora foi a vez dos Hobbits gargalharem com vontade. Até chorarem de rir.Passados alguns minutos, durante os quais Harry e seus amigos permaneceram impávidos, Andywise voltou a falar:






- Nunca se ouviu absurdo tão grande. É sabido por todo homem, mulher ou criança que o mago é um homem velho, com extensa e alva barba e extremamente sábio. Só um idiota acreditaria que um bando de crianças pudesse ser mago. Quanto mais um Mago Branco.
- Peço-lhe desculpas, mas discordo de sua opinião. – Respondeu Harry, mantendo toda a sua calma – O que mede um bruxo ou um mago não é sua aparência. Muito menos a sua idade. E sim o conhecimento que possui da magia.
- Se és um mago, então prove. – Provocou o rapaz.
- A prova será dada apenas ao Thain. É crucial que nossa chegada à Terra Média passe despercebida. – Disse Harry com firmeza.
- Quer dizer que vocês nem são da Terra Média? – Perguntou Andy. Ele detestava concordar, mas aquela história poderia ter algum fundo de verdade. Aquelas pessoas não se pareciam em nada com os habitantes daquele lugar ou de qualquer outro que ouvira falar na vida – Muito bem então. Nós os levaremos até a Vila dos Hobbits para ver o nosso líder. Ele decidirá o que vocês são e o que faremos com vocês.
- Obrigado. – Agradeceu Harry com uma leve reverência.
- Mas vocês irão amarrados como prisioneiros. – Concluiu Andy.
- O quê? – Bufou Rony, que estivera calado até o momento – Qual é Harry, podemos dar conta desses tampinhas com os olhos fechados e arrancar deles onde fica essa vila. Não precisamos nos entregar e sermos amarrados como criminosos.
- Não Rony! – Apressou-se a dizer Harry, ao ver que Gina e Mione engrossariam o coro – Não podemos feri-los. Foi atrás dos Hobbits que viemos, precisamos conquistar sua confiança. Tenha calma. – E virando-se para o jovem capitão, continuou – Eu e meu amigo iremos amarrados, sem tentar resistir e sem dar nenhum trabalho. Mas poderia pedir a gentileza de não amarrar as moças? Estão desarmadas e irão também, sem reagir.
- Quer dizer que você e seu amigo estão armados? – Perguntou Andy, erguendo novamente a lança.
- Estamos. Mas nossas espadas estão num lugar fora de seu alcance ou do nosso no presente momento. E elas só aparecerão se nós a conjurarmos com um feitiço. – Respondeu mais uma vez Harry, estendendo os pulsos para serem amarrados, enquanto Rony fazia o mesmo, não escondendo sua má vontade em fazê-lo.
- Um feitiço? – Desdenhou um dos guardas, que amarrava sua mão – Então pode fazer a corda se soltar também?
- Posso fazer muito mais do que essa corda desaparecer, pode ter certeza. Só não vou fazê-lo para demonstrar que podem confiar em nós e que não lhes desejamos mal. – Fuzilou Harry.
- Muito bem, chega de conversa. – Disse Andy – Vamos embora. O caminho é longo e demoraremos mais, já que vocês vão precisar seguir a pé.






Dito isso Andy montou em seu pônei, que um de seus homens lhe trouxera e seguiu liderando a comitiva pela trilha, tomando a direção ao sul. Saíram da floresta minutos depois e continuaram andando por um longo tempo pela estrada, em silêncio. Harry caminhava tranqüilamente, impassível, apreciando a paisagem, suas mão amarradas à frente, mas mesmo assim de braços dados a Gina. Rony fazia o mesmo, porém deixava claro seu mau humor pela situação. Os seus captores os ladeavam, dois de cada lado, enquanto o líder, Andy, seguia pouco mais à frente.





Depois de algumas horas finalmente começaram a surgir sinais de civilização. Primeiro de forma esporádica, pequenas fazendas ou sítios, afastados do caminho. Depois pequenos aglomerados de casas. Se é que aquilo poderia ser chamado de casa. Na verdade pareciam tocas, cravadas nos morros e com pequenas portas coloridas. Normalmente havia um jardim em frente e pequenas cercas, também coloridas. Gina comentou que pareciam casas de bonecas, e era a mais pura verdade.Passado mais algum tempo, finalmente avistaram a vila. Não conseguiram (com exceção de Rony é claro, que continuava com cara de poucos amigos) conter a emoção de ver aquele lugar. Era uma cultura totalmente diferente de qualquer coisa que já haviam visto na vida. Toda a vila parecia ter sido construída encravada em morros, suas ruas cortando as inclinações. Pequenas chaminés expeliam fumaça dos pequeninos telhados, os jardins e cercas sucediam-se intermitentemente, as casas eram pintadas de cores vivas e alegres. Crianças que tinham o tamanho de bebês brincavam e correram para ver os estranhos quando estes passavam, extremamente curiosas. As mães, preocupadas, saiam correndo de dentro de suas casas e as seguravam, temendo o pior. Os homens abandonavam a labuta para assistir, desconfiados, o estranho cortejo.






A maioria dos Hobbits já havia visto “grandes” antes, mas alguma coisa naqueles chamava a atenção. Um dos homens tinha uma cicatriz singular na testa e usava um artefato curioso sobre os olhos. Todos trajavam roupas estranhas, e mesmo sendo conduzidos como prisioneiros pareciam fascinados por estarem ali. Sorriam o tempo todo. Mas o que mais chamava a atenção das pessoas eram os dois jovens de cabelos extremamente vermelhos. Eles não estavam acostumados a ver pessoas com o cabelo naquele tom. E em como isso os deixavam belos. As jovens Hobbits apreciavam o homem alto, forte, cabelos rubros e compridos e que ele agora usava presos num rabo-de-cavalo. Sua barba era tão vermelha quanto seus cabelos, e muito bem aparada. Seu porte não deixava dúvidas de que era um guerreiro. A jovem, que de braços dados com o moreno deixava claro ser comprometida, tinha os cabelos até a cintura. Possuía os olhos castanhos, grandes e penetrantes, pequenas sardas pelo rosto e um porte de rainha. Literalmente, a pequena procissão parou a cidade. Nenhum deles pareciam estar ligando a mínima por estarem presos. Com exceção do ruivo, é claro. Não se sentiam prisioneiros, isso estava escrito em seus olhares.






Quando chegaram ao centro da vila, encontraram uma praça. Ao centro, uma fonte e no centro desta uma estátua de quatro Hobbits. O da frente segurava entre as mãos, abertas, um anel. Suas feições deixavam claro seu sofrimento.Ao seu lado, outro segurava seu ombro, visivelmente lhe dando apoio. Os outros dois pouco atrás, trajavam amaduras e armas e assumiam uma posição de batalha, visivelmente defendendo seus amigos. Do outro lado da praça, havia uma construção que destoava um pouco das demais. Era uma casa, ou pelo menos o que mais se assemelhava a uma. Uma construção de dois pavimentos, porém baixa, onde dois homens estavam na porta montando guarda. Quando avistaram a comitiva chegar, um dos guardas entrou enquanto o outro continuava no posto, olhando os recém chegados com olhar de desconfiança. Andy desmontou, aproximou-se do guarda e recebeu uma saudação:





- Boa tarde capitão. – Cumprimentou o guarda, com uma reverência respeitosa – O Thain já está sendo avisado de sua chegada com os prisioneiros.
- Ótimo. – Respondeu este, simplesmente.






Poucos minutos depois o guarda retornou, indicando que poderiam entrar. Seguiram por um corredor estreito e baixo, onde Harry e Rony tiveram que se abaixar para não bater as cabeças no teto. Mas o corredor não era muito longo e desembocava numa sala muito mais confortável. Apesar de não ser muito alta, pelo menos era possível ficar ereto sem raspar a cabeça. Era ampla, circular, coberta de tapeçarias coloridas nas paredes. Pelo menos mais dez guardas estavam encostados nas paredes, de lanças em punho. Do outro lado do recinto, uma espécie de trono, sem grandes adornos e de madeira simples, em uma saliência um pouco mais alta que o restante do ambiente. E sentado nele, um velho Hobbit. Nem precisaria dizer que era pai do jovem capitão, pois eles eram exatamente iguais. Não fossem as rugas que começavam a dominar a sua face e os cabelos brancos que começavam a predominar em sua cabeleira, poder-se-ia dizer que eram irmãos gêmeos.




Andywise Gangi fez um movimento com a mão e seus homens estenderam suas lanças, impedindo que Harry e seus amigos prosseguissem. Ele, por sua vez, seguiu até o trono do pai e começou a confabular com ele em voz baixa. Rony deu mais uma bufada de impaciência e disse:







- Até quando vamos suportar isso Harry?
- Paciência meu amigo. – Respondeu este – Temos que ser pacientes e diplomáticos agora. Precisamos conquistar a confiança e o respeito deles. Mas preparem-se, logo daremos um pequeno show para nossa platéia.





Harry não teve tempo de explicar mais nada, pois nesse momento os dois Hobbits paravam de conversar e olhavam para eles. Com um gesto, o Thain ordenou que as lanças fossem retiradas e com outro, pediu para que o quarteto se adiantasse, até o meio da nave. Então, disse:








- Meu filho diz que vocês queriam uma audição comigo. E que são Magos.
- Sim grande Thain, isso é a mais pura verdade. Viemos lhe pedir ajuda para por em prática nossa missão nestas terras. – Respondeu Harry, fazendo uma leve reverência.
- Meu pai, isso é ridículo. – Interrompeu Andy – Eles não podem ser magos, simplesmente não podem.
- E por que eles mentiriam a este respeito meu filho? – Perguntou o velho Hobbit para o rapaz – Que vantagem eles teriam em se passar por alguém que não são? Qualquer um sabe que testaríamos o poder do Mago Branco, que ele teria que comprovar sua identidade. A mentira tem pernas curtas, não vejo vantagem alguma numa farsa desta natureza.
- Para matá-lo meu pai. Tencionam dominar o Condado novamente. – Insistiu o rapaz.
- Apenas quatro deles e desarmados? Contra dezesseis de nós, altamente treinados e fortemente armados? Seria uma inconseqüência. Isto sem falar que, obviamente, eles não pertencem a nenhum povo conhecido da Terra Média. Só podem ter vindo de outro lugar. E quem teria essa capacidade se não um mago? – Rebateu o líder, com simplicidade.
- O senhor demonstra bom senso e sabedoria meu senhor. – Disse Harry e completou – Posso pedir-lhe permissão para tirarmos de nossas costas o peso que carregamos durante toda a nossa viagem? Estamos começando a ficar cansados.
- Sem dúvida, podem descarregar seus pertences. – assentiu o homem, lançando um olhar de repreensão ao filho, que obrigara o grupo e principalmente as mulheres a carregar peso durante toda a caminhada. Assim que as mochilas tocaram o chão, continuou – Diga-me meu jovem. Quem são vocês?
- Meu nome é Harry Potter meu senhor. – Começou ele – E estes são meus amigos, Ronald e Gina Weasley e Hermione Granger.
- Muito bem mestre Potter. O senhor tem ciência que precisamos comprovar que vocês são mesmo o que dizem ser. Poderia nos dar uma demonstração de sua magia? – Pediu o Thain.
- Não me agrada usar a magia levianamente, meu senhor. Mas já que me parece extremamente necessário... – Começou Harry, lançando um rápido olhar para Rony. Num gesto muito rápido e com um feitiço “Evanesco! Não verbal, fez as cordas desaparecerem. Então, antes que qualquer dos presentes pudesse perceber, levantou a mão em direção ao homem sentado no trono e bradou – “Wingardium Leviossa!”.






A sala virou um pandemônio. Ao mesmo tempo em que a cadeira era erguida a mais de um metro e meio do chão, quase tocando o teto e o Thain dava um grito de susto e desespero, os guardas que estavam em volta tentaram atacar. Harry, com a outra mão, transformava as lanças dos cinco que vinham em sua direção em flores e os lançava contra a parede, prendendo-os com cordas. Gina e Hermione sacaram suas varinhas e dominaram, sem a menor dificuldade, os outros guardas. Gina também usou um “Wingardium Leviossa!” E prendeu os guardas que os havia escoltado no teto, enquanto Mione prendeu os outros cinco contra a parede. Rony sacou sua espada, aparatou e surpreendeu Andy, que sacara sua espada e se lançava contra Harry para defender o pai. Quando percebeu Rony sacando a espada, ele não viu de onde, mal teve tempo de notar Rony desaparecer e surgir às suas costas, tocando sua nuca com o fio gélido da espada.








- Como pode ver meu senhor, se quiséssemos fazer-lhe algum mal nenhum de seus homens poderia ter impedido. E a essa altura estariam todos mortos. – Explicou Harry, trazendo o trono para perto dele, no meio do salão e depois o mandando de volta e depositando-o em seu devido lugar e perguntando – Esta demonstração de magia foi suficiente?
- Sim meu rapaz. Foi mais do que suficiente. – Respondeu o velho, sem fôlego.







Harry fez um sinal aos amigos, que encerraram seus feitiços e libertaram seus prisioneiros. Ele ainda transfigurou de volta as flores em lanças. Rony guardou a espada, que desapareceu imediatamente, sob o olhar atônito do jovem capitão.






- Mas pra onde ela foi? – Murmurou ele, incrédulo.
- Ela só aparece quando eu preciso. Mas está aí, onde você a viu. – Respondeu Rony, dando uma piscadela.
- Devo admitir que não esperava por algo assim, mestre Potter. Sem dúvida vocês são magos de grande poder e despertaram a minha total atenção. Devo-lhe minhas desculpas.Considerem-se meus convidados. – Disse o Thain, levantando-se e indo até Harry – Meu nome é Tolman Gangi. Sei que temos assuntos urgentes para tratar, mas peço um pouco mais de paciência. Permita-me tentar mudar um pouco a péssima primeira impressão que teve de meu povo. Mandarei que acomodações lhes sejam mostradas. Devem estar cansados e empoeirados da viajem, por favor, refresquem-se antes do jantar. Mais tarde discutiremos a sua missão, que certamente deve ser importantíssima.
- Não há o que desculpar grande Thain. – Respondeu Harry, apertando a pequena mão que o homem lhe estendia – Eu é que peço desculpas pelo susto, mas era necessário. Sentimo-nos muito honrados com sua hospitalidade, sem dúvida nossos assuntos podem aguardar até logo mais.
- Perfeito! Meu filho os acompanhará até nossa casa e os apresentará à srª Gangi. Ela cuidará de vocês. Veremos-nos logo mais na hora da ceia. – Concluiu Tolman.
- Certamente. – Assentiu Harry, fazendo novamente uma leve reverência e seguindo o rapaz, que saia, apressado. Os guardas acompanhavam, mas desta feita as armas estavam guardadas.






Assim que chegaram novamente à praça, o crepúsculo já incidia no horizonte. Andy virou-se para o grupo, envergonhado, dizendo:






- Eu também lhes devo minhas desculpas. Não fui nada gentil desde o momento em que nos encontramos. Espero que um dia possam me perdoar.
- Não esquenta cara. – Respondeu Rony, em nome de todos – Nós já esquecemos. Você só estava fazendo o seu trabalho.
- Permitam que eu me apresente adequadamente. Sou Andywise Gangi, capitão da milícia do Condado. Mas podem me chamar de Andy.
- É um prazer conhecê-lo Andy. – Disse Gina, sorrindo para o rapaz – Nós também precisamos nos desculpar pelo susto que pregamos em você e em seus homens lá dentro.
- É, foi mal. Pensei que você ia ter um ataque quando aparatei atrás de você com minha espada. – Riu Rony.
- Eu nunca vi nada parecido. – Admitiu Andy, ainda surpreso – Vocês podem derrotar um exército inteiro com seus poderes.
- Não é tão simples assim. – Respondeu Mione – A magia tem limites. Ela depende de nossa força de vontade, suga nossas forças. Se exagerarmos ou perdermos o controle, ela pode nos consumir e morreremos.
- Impressionante! – Anuiu o rapaz – Mas vamos deixar a conversa para depois. Venham, vamos até nossa casa.








Seguiram pelas ruelas da cidadela, novamente sob o olhar de curiosidade das pessoas. Subiram uma pequena elevação, no alto havia uma casa que se destacava. Para os padrões dos Hobbits, era uma verdadeira mansão. Quando estavam chegando, Andy disse:







- Este é o Bolsão. Pertence à nossa família a centenas de anos. Com o passar do tempo fomos ampliando a casa, é onde o clã Gangi vive.
- Toda a família? – Perguntou Mione.
- Toda. Nós Hobbits, temos o costume de continuar morando juntos, mesmo depois de casados. – Explicou Andy orgulhoso.
- Já pensou, todos os Weasleys e suas famílias debaixo do mesmo teto? – Perguntou Rony, divertido – Literalmente a casa ia cair.






Todos riram da piada, menos o Hobbit. Gina então explicou sobre sua família e o rapaz acabou achando graça também. Logo em seguida, chegaram à porta principal da residência, onde uma mulher de cabelos castanho-claros e olhos também castanhos já os esperava na porta. Era bonachona e lembrava vagamente a matriarca Weasley, fato que não passou despercebido a Harry, que notou uma sombra de tristeza passando pelos olhos dos irmãos. Andy não perdeu tempo, apresentando os visitantes e informando que eles ficariam hospedados ali com eles. Sua mãe, Pimpinella, ficou maravilhada em receber tão celebres hóspedes em sua casa. Convidou-os a entrar, e enquanto Andy lhes fazia companhia na sala, correu, e com o auxilio de uma empregada e duas cunhadas preparou os quartos de hóspedes. Como era de se esperar, Harry e Rony dividiriam um enquanto Gina e Mione, outro. Pouquíssimo tempo depois, ela já os conduzia pelos estreitos, baixos e claustrofóbicos corredores da casa até os quartos, onde finalmente eles puderam descansar um pouco, se lavar, e logo estavam prontos para o jantar.







A ceia, apesar de ter sido preparada às pressas, era farta. Uma grande variedade de hortaliças e verduras, cruas ou cozidas. Havia também um cozido preparado com carne de porco e batatas, fortemente temperado. Para acompanhar, cerveja e hidromel. A cerveja era mais forte e encorpada que a cerveja amanteigada que eles estavam acostumados, mas Rony não se fez de rogado, tomando várias canecas. Harry foi mais comedido, tomando apenas uma, enquanto as moças preferiram apenas provar o hidromel. Durante o jantar conheceram o restante da família. Se bem que era tanta gente, em torno de vinte, e foi quase impossível guardar o nome de todos ou quem era quem. Terminada a refeição, o patriarca do clã convidou os quatro a passarem para uma outra sala, para conversarem. Andy os acompanhou.






Tolman sentou-se em uma poltrona confortável, indicando outras para os convidados. Calmamente retirou um cachimbo de uma gaveta da mesinha ao lado, encheu-o com um fumo, também retirado da gaveta, acendeu-o e só depois de soltar uma longa baforada, perguntou:









- Muito bem meus amigos. O que os trouxe à Terra Média?







Harry respirou fundo, tomando fôlego para começar sua narrativa. Durante mais de uma hora, contou os fatos que haviam convergido para que eles ali estivessem. Contou sobre Chú, Caine, Merlin e o legado dos Dragões, sobre a luta em Shangri-lá, o seqüestro de Cho e a fuga.





- Vocês acreditam que sua amiga ainda esteja viva? – Perguntou Tolman, ao final da narrativa.
- Não fazemos idéia. – Respondeu Gina, tristemente.
- Mas este é apenas um dos motivos de estarmos aqui. Enquanto Chú arrancava as informações sobre este mundo da mente de mestre Caine, este pode visualizar quais eram os seus planos quando chegasse aqui. Ele tenciona reunir um exército de Orcs, dominar este mundo e o nosso. Deixaria este para o domínio dos Orcs enquanto ele dominaria o nosso depois da guerra. – Explicou Harry.
- Isto é realmente preocupante meu jovem mago. – Afirmou o Thain, dando mais uma baforada em seu cachimbo – Existem milhares, talvez milhões de Orcs espalhados pela Terra Média. De tempos em tempos existem algumas tentativas isoladas por parte deles de atacar e destruir alguma cidade ou povo, mas sem sucesso. Eles brigam muito entre eles mesmos, matando uns aos outros. Se alguém conseguir convencê-los a deixarem as diferenças de lado e se unirem contra os outros povos, estaremos em sério risco.
- Por isso viemos. – Concluiu Harry – Precisamos impedi-lo de juntar esse exército. Ou pelo menos, combatê-lo antes que se torne poderoso demais. Mas nós quatro, sozinhos, pouco podemos fazer contra um exército de milhares de Orcs.
- Mas pelo que vocês demonstraram esta tarde, são muito poderosos. Não podem derrotar o exército Orc? – Perguntou Andy.
- Nós somos apenas quatro, meu amigo. – Rony deu um sorriso enviesado – Chú trouxe pelo menos uns trinta bruxos com ele.
- Bruxos? – Estranhou Andy – O que são bruxos?
- São como os magos são chamados em nosso mundo. – Respondeu Mione.
- Trinta como vocês? – Andy não conseguiu conter o assombro – Então que chance nós temos?
- Eles não são tão poderosos quanto nós. Talvez uns quatro ou cinco, os outros são bruxos bem menos poderosos. – Explicou Harry – Podemos dar conta deles.
- Muito bem. Temos que tomar uma decisão. Mas não posso tomar essa decisão sozinho. Devo chamar os outros clãs para que escutem sua história e juntos, decidiremos o que os Hobbits farão diante desta crise. Mandarei ainda esta noite, mensageiros aos outros clãs, marcando um conselho para amanhã à tarde. Os Hobbits não podem se abster de suas obrigações quando o futuro da Terra Média está em jogo. – Falou de maneira sisuda o líder da cidade.
- Não queremos lhes causar problemas meu senhor. – Disse apressadamente Harry – Só precisamos de um guia que nos indique como chegar até Gondor.
- Este é outro problema que vamos resolver amanhã. Mandarei buscar cavalos para vocês em Bri, só temos Pôneis aqui. – Disse novamente o Thain, dirigindo-se a seu filho.
- Cavalos? Mas vamos precisar de cavalos? – Perguntou Rony, receoso.
- Ora meu caro rapaz. E como pretendia atravessar a Terra Média? A pé? – Riu o homem – Acreditem-me, vocês vão precisar de cavalos. Senão a travessia pode durar meses.Mas agora está tarde e todos precisamos descansar. É melhor nos recolhermos.







Começaram a se levantar e rumaram para seus quartos. Com efeito, não demorou muito e todos já estavam dormindo. Um sono tranqüilo, embalado pelo ar límpido daquela terra.





A manhã surgiu como uma típica manhã de outono. O sol começava a despontar no horizonte, mas o ar ainda estava frio. Harry foi o primeiro a se levantar. Caminhou um pouco, depois se sentou na grama e ficou meditando, até os outros aparecerem. Quando Gina, que foi a última, chegou, ele disse:







- Acho que está na hora de começarmos o treinamento de vocês.
- Por mim tudo bem. – Respondeu Gina, beijando-o.
- Se não tem opção. – Resignou-se Mione, que visivelmente estava contrariada com a idéia.
- Eu preciso que vocês entendam uma coisa. – Retomou Harry, olhando para as duas – Vamos ter que treinar de maneira muito mais forte. Vamos ter que pegar pesado com as duas entenderam?
- Por quê? – Estranhou Gina.
- Vocês são mulheres. Assim, vão encontrar adversários muito mais fortes fisicamente. Não podem depender da força para vencer, precisam desenvolver mais suas habilidades e agilidade. – Justificou Harry.
- Tudo bem Harry. Pode fazer o que for necessário, não precisa ficar cheio de dedos só por sermos mulheres. Não somos de cristal, não vamos nos quebrar. – Respondeu Mione pelas duas.






Harry então conjurou quatro espadas de madeira, entregando uma para cada. Em seguida, fez um sinal para Gina, que se colocou em posição para lutar com ele.






- Preste atenção Gina. Vamos tentar desenvolver mais a sua agilidade e destreza. Uma boa parte disso está em como você movimenta os pés e os braços e como você pode usar a força do oponente contra ele mesmo. Tente me acompanhar.






Harry começou a se movimentar, de um lado para o outro, mostrando como ela deveria fazer. Gina o imitava, enquanto Mione e Rony faziam a mesma coisa. Depois que Harry percebeu que Gina finalmente havia conseguido assimilar a idéia, começou a atacá-la com sua espada de madeira. Primeiro com movimentos lentos, para que ela pudesse gravar a coreografia, a relação entre os movimentos das pernas e dos braços, e como utilizar o corpo a cada tipo de movimento. Em cada golpe, ela bloqueava, uma vez de um lado, depois de outro. Em cima, em baixo, sempre movendo as pernas para garantir seu equilíbrio. Então Harry resolveu intensificar seus golpes. Eles não eram mais “telegrafados” por seus movimentos, agora ele começava a desferir sem prévio aviso e sem alvo aparente. E cada vez mais rápido. Gina tentava manter o ritmo, mas aos poucos foi perdendo a concentração, começou a recuar e logo não conseguia se lembrar mais de nada. Via a espada de Harry zunindo à sua volta e ela tentava, desesperadamente, se proteger. Não demorou muito a sentir a primeira pancada no braço esquerdo. Depois, um golpe violento em seu abdômen, que lhe arrancou o fôlego. Harry deu um giro e atingiu-a nos rins e por fim, um forte golpe no punho direito, que fez a moça dar um grito de dor e cair de joelhos, segurando o local atingido.








Gina caiu, cega de dor e ódio. Afinal, era necessária tanta violência, ser tão bruto?
Harry ajoelhou-se a seu lado, tentando pegar-lhe o braço, mas ela não deixou, puxou-o com violência. Uma onda de fúria subia por sua garganta, lágrimas de rancor brotavam de seus olhos quando ela olhou para ele.E, da mesma forma que tudo aquilo havia surgido, desapareceu. Harry estava ali, ajoelhado em sua frente, olhos também marejados e visivelmente angustiado. Estava claro que o golpe doera tanto nele quanto nela, senão mais. Só então ela percebeu o quanto era difícil para ele ensinar-lhe. Sentia-se responsável por ela, se fosse ferida em batalha, ele nunca se perdoaria. Por isso ele precisava ser tão duro.Uma onda de vergonha e arrependimento pelo que acabara de pensar assomou-lhe, ela não pensava no quanto ser tão duro estava custando ao seu amor. Ele respirava com dificuldade, estendeu novamente a mão e desta vez Gina não resistiu, deixando que ele tocasse levemente o local atingido.




- Desculpe-me amor. Não queria ter usado tanta força. – Disse Harry inconsolável.
- Tudo bem. Nem está doendo tanto. – Esforçou-se para dizer Gina, mentindo descaradamente, já que a dor era quase insuportável – Vamos continuar, ok?
- Não, por ora chega. Mais tarde retomamos. – Encerrou Harry, levantando-a delicadamente.








Rony e Mione também encerraram a sessão e todos foram tomar café. Passaram a manhã passeando pela vila, cumprimentando as pessoas e brincando com as crianças. Rony aprovou com veemência o costume de cinco refeições diárias e não se fez de rogado quando, no meio da manhã, foram chamados para a segunda refeição do dia. O resto da manhã transcorreu normalmente, sem maiores novidades. Durante a tarde, no entanto, a vila começou a ficar mais movimentada, com pessoas chegando de todas as direções. Todos que chegavam dirigiam-se para o prédio na praça onde eles haviam conhecido o Thain na tarde anterior. O quarteto percebeu que estava chegando a hora do conselho dos Hobbits e resolveu se preparar. Voltaram para a casa dos Gangi, a fim de tomarem um banho e se arrumarem.







Quando todos os patriarcas dos clãs haviam chegado, Andy foi chamá-los. Rony, Gina e Hermione estavam na sala, conversando. Harry ficara no quarto, tinha sido o último a se arrumar. Um criado chamou-o e logo depois ele entrou na sala, causando espanto em todos.



Mal parecia o Harry. Estava vestindo uma túnica branca, simples, mas vistosa, com detalhes dourados bordados no colarinho e nas mangas. Rony, de boca aberta, não resistiu e disse:





- Cara, você está parecendo o Dumbledore. Até o jeito das mãos, postas, é igual.
- Muito engraçado Ronald. – Respondeu ele, fazendo uma careta – Já que eu tenho que vestir o manto de “Mago Branco”, então que seja logo.
- Sem dúvida mestre Potter. – Concordou Andy – Agora o senhor parece realmente um Mago Branco. Vamos então? O conselho os aguarda.
- Sabia que o Rony tem razão? Você está mesmo parecendo o diretor. E quer saber de mais uma coisa? – Sussurrou Gina em seu ouvido enquanto saiam da casa, beliscando a sua bunda – Você está muito sexy com essa roupa.
- Engraçadinha! – Respondeu ele, dando-lhe um tapa na mão boba – Até tu Gina?






A garota não respondeu, limitando-se a sorrir marotamente. Seguiram pela vila, chegando em seguida à sede do governo local. Quando adentraram o grande salão, as vozes que conversavam animadamente até então cessaram imediatamente. Todos os olhares se voltaram para o grupo que entrava, com Harry à frente. Ao verem aquele belo jovem de cabelos negros e espetados e trajado como um Mago, a curiosidade e incredulidade estamparam-se pela audiência. Harry olhou para o Thain, e deste recebeu um olhar de aprovação. Causara, sem dúvida alguma, uma bela primeira impressão. Este se levantou, caminhou até o meio da sala e cumprimentou Harry com uma reverência e depois se voltou para os compatriotas e disse:





- Irmãos, apresento-lhes o novo Mago Branco. Harry Potter!Ele veio de uma terra distante em uma missão de suma importância. Mais uma vez a Terra Média corre perigo e ele pede nossa ajuda para impedir que as sombras nublem o horizonte.
- Não pode ser Sauron. Frodo destruiu o Um anel, e Sauron morreu com ele. – Disse um Hobbit de cabelos longos e castanhos, ainda mais velho que Tolman Gangi.
- Não Merimac Bradenbuque. Não se trata de Sauron. Outro perigo nos assola, alguém que eu chamo de “Mago Negro”, já que representa exatamente o oposto do que representa ou deve representar um mago. – Respondeu o Thain.
- Mago Negro? Quem é esse “Mago Negro”? – Perguntou outro Hobbit, o mais jovem de todos os presentes, mas que também já havia vivido muitos anos.
- Será mais fácil eu mostrar do que falar, Isengrin Tük. – Antecipou-se Harry, falando serenamente e causando enorme espanto em todos, ainda mais quando continuou – Sim, eu posso ler mentes, Hamfast Lindofilho Das Torres. Apesar de só fazê-lo em última instância, como agora.






Um murmurinho tomou conta do ambiente. Até mesmo Tolman ficou sinceramente surpreso com esta novidade. Rony, por sua vez, tentava a todo custo segurar sua risada. Harry deixou os comentários cessarem e então retomou a palavra.







- Ontem narrei com palavras os fatos que me trouxeram até esta terra. Achei por bem fazê-lo desta maneira, visto que o Thain já tinha provas de quem somos realmente. – E Harry olhou para o homem, que balançou afirmativamente a cabeça – Mas como percebi, pela leve prospecção que fiz na mente de vocês, que se faz necessária uma nova mostra de nossos poderes, peço permissão para usar um feitiço que lhes mostrará uma parte de minhas lembranças.
- Sem uma Penseira? – Estranhou Mione, sussurrando para os amigos, de forma que os Hobbits não ouvissem. Em resposta recebeu um muxoxo de Rony e uma piscadela de Gina.
- Feitiço? Que tipo de feitiço? – Perguntou relutante o velho Tük.
- Não há o que temer. Vocês verão o que eu vi e vivi, mas nada lhes acontecerá. – Assegurou Harry e em seguida conjurou – “Mémoris Invocare!”





Assim que terminou de pronunciar as palavras, o mundo pareceu girar. As luzes, geradas pelas tochas espalhadas pelas paredes desapareceu, sendo substituída pela luz do sol. As pessoas fecharam os olhos, assustadas, e quando abriram estavam num campo de batalha. Estavam revivendo a luta ocorrida dias atrás em Shangri-lá. Algumas se assustaram e sacaram suas espadas, tentando se proteger, outras simplesmente gritaram. Então começaram a olhar em volta, perceberam que ninguém parecia se importar com eles. Entenderam que aquilo não era real. Mas nem por isso a cena era menos chocante. As pessoas lutavam ferozmente, o som da morte se propagava pelo campo, numa verdadeira cacofonia de gritos de dor e incentivo, que beirava a loucura. Finalmente alguns avistaram Harry e chamaram a atenção dos outros. Viram-no correndo para impedir que um homem, caído no chão fosse assassinado por outro. As espadas se chocaram, discutiram e logo começaram a lutar. Logo o ruivo estava próximo a ele, também lutando bravamente com sua espada. Os quatro lutavam ferozmente, até que o adversário de Harry, numa atitude covarde o feriu na perna, e este caiu. Quando, porém, estava para receber o golpe fatal, desviou-se e num golpe magistral, decepou a mão do adversário, que caiu ao chão. O jovem Mago Branco concedeu-lhe a rendição, mas então outros personagens surgiram.






Um homem loiro gritou, trazendo uma jovem sob o fio da espada. Era acompanhado de perto pela bela jovem de cabelos flamejantes e logo chegou a outra, de cabelos castanhos e revoltos. Harry foi obrigado a se afastar, enquanto o oponente do ruivo ajudava o homem que perdera a mão a se levantar. Uma conversa rápida e tensa, onde tanto Harry quanto a jovem de cabelos vermelhos tentaram negociar a liberdade da refém, sem sucesso. Pouco depois um portal surgiu, juras de vingança foram feitas e então todos sumiram. A última coisa que eles viram antes da lembrança desaparecer foi um ancião, a quem ninguém havia dado muita importância, o homem que seria assassinado no início da visão, dizer: “Eu... Sei... Onde... Estão..”. E pouco depois: “Um... Lugar... Chamado... Terra... Média...” Então a visão desvaneceu-se e todos se viram novamente no grande salão da Vila dos Hobbits.







- Aquele ancião era o Mago Branco? – Perguntou Andy.
- Sim, aquele era meu mestre. Como puderam ver, ele ficou seriamente debilitado após a batalha contra Wang Chú. Sua idade avançada também colaborou para que não tivesse condições físicas de vir. Chú se aproveitou de tudo isso para extrair as informações que queria de sua mente, porém no processo mestre Caine também conseguiu visualizar seus planos. Como eu já expliquei ontem a mestre Gangi, sua intenção é reunir os Orcs, prometendo que se eles o ajudarem a dominar nosso mundo, os ajudará a dominar este.
- Meu jovem mago, diga-me uma coisa. Você é tão bom no ramo da magia quanto o é na arte da espada? Por que se for, os inimigos devem tremer ao ouvir falar seu nome. – Disse o velho Bradembuque.





Harry não respondeu de imediato. Pela primeira vez desde que entrara naquela sala, visualizou-se um sorriso em seu rosto. Então disse:





- Caro mestre Bradembuque, eu nasci bruxo. Com um ano de idade já combatia bruxos das trevas. – Disse ele, apontando a cicatriz na testa – Só aprendi a lutar com uma espada há cinco anos. Acho que posso me virar relativamente bem em ambas as áreas.
- Muito bem então. – Disse o Thain, com um sorriso de satisfação ainda maior no rosto – Eu peço-lhes licença, meus caros amigos, para que o conselho possa discutir sobre o assunto.







Os quatro amigos anuíram, fizeram uma leve referência e deixaram o recinto. Aproximadamente uma hora depois foram chamados de volta. Mal entraram e o líder daquele povo tomou a palavra.








- Nobres magos, após longa deliberação deste conselho, chegamos à seguinte conclusão; Os Hobbits ajudarão a combater esta nova ameaça. Não temos um grande exército, mas há anos o nosso povo se mantém atento às necessidades para sua defesa. Vocês partirão na frente, escoltados por uma pequena comitiva, formada por representantes dos três clãs. Só falta decidir quem liderará a comitiva.
- Se me permite meu pai. – Interveio Andy – Peço a permissão do conselho para liderar esta comitiva e levar os magos até a cidade branca de Gondor.
- Concedido! – Concordou o homem, após consultar os outros – Meu filho, Andywise Gangi será o seu guia nesta viagem. Ele conhece os perigos do caminho, além de conhecer o próprio rei. Falará em meu nome. O restante da comitiva será escolhida pelos líderes de clãs entre seus filhos.
- Nós agradecemos a ajuda, de todo o coração. – Harry agradeceu, com sinceridade.
- Decidimos também, mestre Potter. – Retomou a palavra o pequeno homem – Que enviaremos o mais rápido possível o maior número de homens de que pudermos dispor, para ajudá-los no embate que obviamente irá acontecer.
- Mais uma vez, só temos a agradecer, grande Thain. – Harry disse, visivelmente surpreso. Era mais do que esperava, com certeza.
- Por último, a presença em nossas terras de um Mago Branco é motivo de festa, seja lá qual for o motivo. Quando chegam quatro grandes magos então, trata-se de uma ocasião sem precedentes. Portanto, daqui a três noites festejaremos a chegada de vocês como se deve. Uma bela festa, onde todos os Hobbits estarão presentes, das diversas partes do Condado.
- Festa? Isso é muito bom, heh? – Rony deixou escapar.
- Sem dúvida meu amigo. – Riu Harry e continuou, agora falando para os Hobbits – É de meu conhecimento que os Hobbits apreciam fogos de artifício. E que é uma tradição que o Mago Branco cuide disto. Asseguro-lhes que esta tradição será mantida.







A reunião se encerrou, terminando assim a cerimônia que a envolvia. As pessoas começaram a conversar animadamente, principalmente sobre a festa que iria acontecer em breve. Rony se aproximou de Harry, tocou seu ombro e perguntou:





- Então foi pra isso que você me pediu aquele estoque de fogos da loja de Fred e Jorge? Já tinha isso em mente, não tinha?
- Mestre Caine me disse que nossos pequenos amigos são fascinados por fogos mágicos. Achei que seria uma boa idéia trazer alguns. – Respondeu o amigo.
- E que feitiço interessante aquele da lembrança. – Sussurrou Gina, abraçando-o e lhe beijando a face, seguida de Mione que abraçou Rony – parece que você aproveitou bem o tempo passado com mestre Caine.
- Pode-se dizer que ele me ensinou algumas coisinhas que podem ser úteis, sem dúvida. – Concordou Harry, beijando os lábios de sua amada.
- Ora essa. Vejo que vocês não são simplesmente quatro amigos. São bem mais que isso. – Disse Tolmam, aproximando-se do grupo.
- Acho que nunca fomos simples amigos. Somos como uma família. Mas não se preocupe meu caro. Sabemos nos comportar e respeitar o teto que nos abriga. – Respondeu Harry.
- Essa história de ler mentes me incomoda meu jovem. – Resmungou o homem, fazendo uma careta.
- Não precisei ler a sua mente pra saber o que se passa aí dentro, pode ter certeza. E pode confiar na gente.
- Ótimo! Fico feliz com isso. Seria embaraçoso, entendem? – Relaxou Tolmam.
- Sem dúvida. Para nós também. – Concluiu Gina, antecipando-se a Harry e recebendo um olhar curioso do irmão.








*****





Na manhã seguinte, já estavam quase terminando a sessão de treinos. Tornara-se uma atração à parte para a vila, treinavam sob o olhar curioso de muitos moradores que nunca tinham visto Magos, quanto mais magos espadachins. E nunca imaginaram que veriam mulheres treinando a arte das espadas. Entre os Hobbits, o costume dita que as mulheres cuidam apenas da casa e dos filhos. Às vezes, cuidam da horta e da lavoura, mas apenas em casos extremos, quando o marido ou filhos homens não podem cumprir esta tarefa. Portanto era uma cena completamente inusitada para eles verem duas belas mulheres suando às bicas, manejando suas espadas de madeira, caindo freqüentemente, os cabelos cobertos de poeira e as roupas sujas, hematomas e vergões espalhados pelo belo corpo, causados pelo duro treinamento.




Harry acabava de levantar Mione mais uma vez (Eles revezavam de adversário, dificultando ainda mais o treinamento delas, tentando tornar ainda mais difícil anteciparem ou preverem os movimentos do oponente), quando uma movimentação na entrada da vila chamou sua atenção. Olhou e viu quatro Hobbits, montados em pôneis, cada um trazendo um cavalo a reboque. Encerrou imediatamente o treinamento e foi ao encontro do pequeno grupo, que já era recebido pelo Thain e seu filho. O homem analisava detalhadamente os animais com uma cara de reprovação e conversava com seus homens. Quando o quarteto chegou, virou-se e disse:






- Meus queridos amigos, peço-lhes desculpas. Meus homens procuraram por toda a Bri, mas estes foram os melhores animais que conseguiram. Nenhum digno de vocês, infelizmente.
- Que é isso mestre Gangi? – Disse Gina, sorrindo satisfeita e correndo a acariciar o animal mais próximo – São lindos. Sempre quis montar a cavalo. São perfeitos.
- Eles deveriam ter chegado ontem à noite, mas não quisemos forçar os animais. – Disse o Hobbit que segurava o animal que Gina acariciava.
- Está tudo bem. Como Gina disse, eles servirão perfeitamente. Não somos cavaleiros, não precisamos de corcéis de batalha. Apenas de um animal confiável, que nos leve ao nosso destino. – Disse Harry, com gratidão – Começaremos a treinar agora mesmo.
- Agora? – perguntou Rony, contrafeito – Escuta Harry, nós temos mesmo que usar esses bichos? Por que não voamos em nossas vassouras até a tal cidade branca?
- Eu já expliquei Rony. – Respondeu Harry, pacientemente – Não podemos correr o risco de sermos vistos e Chú ser alertado de nossa presença. Pode por tudo a perder. Enquanto ele achar que está seguro, ainda resta uma chance de que Cho continue viva. Isso sem falar que causaríamos histeria por onde passássemos, voando nas vassouras.
- Vai me dizer que está com medo, Rony? – Alfinetou Gina.
- Cala a boca Gina! Eu não estou com medo. È que não apreciei muito a última viagem que fiz montado num bicho de quatro patas. – Retrucou o ruivo.
- Lógico que não. Nem eu. Foi num Testrálio, que por sinal não podíamos enxergar. Mas agora é diferente, podemos ver nossa montaria e ela está bem perto do chão. Não tem o menor perigo, veja. – Disse Mione, tomando um dos animais de seu condutor e pulando em suas costas – Viu? Fácil!
- Pra você é fácil falar por que você aprendeu a montar. – Resmungou Rony, pegando as rédeas a contragosto e puxando, procurando a melhor forma de montar no animal.
- Bom, tenho que admitir que algumas aulas de equitação ajudaram um pouquinho. – Riu Hermione.







A partir de então, outra cena inusitada se iniciou. Hermione montava razoavelmente bem, logo estava trotando em volta da praça, prazerosamente. Mas os outros três... Apesar da força de vontade e paciência, Gina não estava tendo muito sucesso. Chegou a cair duas vezes, esborrachando-se no chão e rindo de se acabar, até as lágrimas secarem. E quando isto acontecia, causava uma risada coletiva pelos Hobbits que assistiam a cena. Harry, que no céu conseguia se equilibrar em cima de qualquer coisa, no chão mostrava não possuir tanto equilíbrio. Conseguia se manter com muita dificuldade e chegou a usar, umas duas vezes, um feitiço não-verbal para evitar que fosse ao chão, evitando assim uma cena constrangedora. Rony não teve a mesma idéia, portanto não houve como evitar diversos tombos. Em dado momento, puxou com extrema violência as rédeas de seu animal, que empinou sobre as patas traseiras lançando-o dentro da fonte no centro da praça, causando uma onda de gargalhadas em todos os presentes, que sumiu imediatamente quando ele se levantou e viram a cara assassina que fazia, ao fuzilar o animal com o olhar. Se não fosse a interferência de Mione, provavelmente ele teria transformado o pobre animal num bule de chá. Tremendamente irritado, deu por encerrado sua tentativa por ora, sendo seguido pelos demais.









Passaram-se dois dias, então finalmente chegou o dia da festa programada pelo conselho. Neste dia não houve treinamento nem equitação, pois desde muito cedo a movimentação pela vila dos Hobbits era intensa. Muitas pessoas chegavam de outras vilas, enquanto um batalhão de pessoas cuidava dos preparativos para a festa. Apesar dos protestos do Thain, Harry e seus amigos fizeram questão de ajudar. Enquanto Harry e Rony ajudavam os homens nas mais diversas tarefas, como erguer tendas, preparar mesas e bancos (a maioria eles conjuraram facilmente), carregar os barris de cerveja e hidromel ou limpar o mato dos arredores, deixando um belo campo plano onde todos se confraternizariam, Gina e Mione ajudavam as mulheres na cozinha. Gina não se fez de rogada, conseguiu um pequeno avental, que aumentou de tamanho com um feitiço “Engorgio!”, enfeitiçou algumas facas e panelas, usando um feitiço que aprendera com a mãe e deu um verdadeiro espetáculo na cozinha. Outro feitiço que fez muito sucesso foi enfeitiçar a louça para que se lavasse sozinha. Era só colocar os tachos e panelas sob a pia improvisada, e um esfregão cuidava do assunto. Hermione, por sua vez, estava animadíssima em preparar uma de suas (poucas) especialidades, uma bela massa. Como não existia macarrão ali, ela mesma fez a pasta e cortou o macarrão, uma antiga receita trouxa que ficou muito mais fácil de se preparar devido à magia. Estava com a cara coberta de farinha, mas mostrava extrema felicidade e prazer no que estava fazendo.





As mulheres Hobbits, que até então as vira como “mulheres grandes” muito estranhas, pois eram magas e ainda por cima lutavam, viram que em nada isso prejudicava sua feminilidade. Pelo contrário, os dois jovens magos pareciam adorar o jeito de ser das duas, foi comum durante o dia o mago alto e ruivo se aproximar e abraçar a jovem de cabelos castanhos, cobertos de farinha. Brincava com ela, beijava-a e demonstrava todo seu amor. Até o Mago Branco, que todos acreditavam que deveria ser sério e contido, não deixava passar a oportunidade de abraçar a jovem e bela maga ruiva, que fingia estar zangada, dava-lhe um leve tapa no braço para depois beijá-lo. Aquilo não era, indubitavelmente, o que se esperava de grandes magos. Eles eram, antes de tudo, pessoas normais, que se amavam e adoravam estar juntas. Gostavam de estar ali e, principalmente, estavam se divertindo com tudo aquilo. E este clima se propagou entre todos os Hobbits que chegavam, o sentimento de comunhão atingindo seu clímax no final da tarde, quando a festa se iniciou pra valer.






Tochas acesas, espalhadas por toda a vila iluminavam de maneira leve e reconfortante. Num canto foi montado um pequeno palco, onde um grupo de músicos começou a tocar músicas alegres e agitadas. Os Hobbits sempre foram conhecidos pelo tino para a dança, e não se fizeram de rogados. Logo, um grande número estava dançando pela pista improvisada, rindo e se divertindo.



O quarteto logo chegou, após tomarem um belo banho e se arrumarem para a festa. Trajavam roupas simples, uma vez que não imaginaram, quando fizeram suas malas, na possibilidade de precisarem de roupas para festas. Trajavam simples camisetas e calças jeans. Sentaram-se numa mesa especialmente montada para eles, muito mais alta que todas as outras. Logo surgiram senhoras opulentas, trazendo diversos pratos preparados para a ocasião, inclusive o macarrão preparado por Mione. Jovens traziam canecas de cerveja, que Harry e Rony aceitaram com gosto. Cearam, assistindo a alegria dos pequenos habitantes daquela terra, mas pouco depois Rony se levantou. Ele se prontificara a ficar responsável pelos fogos. Como bom Weasley que era, não perderia a oportunidade de provocar uma grande algazarra com eles. Harry foi ajudá-lo a buscar os fogos, deixando as moças sozinhas à mesa. Mas não por muito tempo. Logo, os Hobbits que dançavam perderam a vergonha e as convidaram a dançar com eles, convite aceito de pronto.








Era uma tarefa extremamente difícil dançar com aqueles pequeninos. Primeiro devido à diferença de altura, elas tinham que ficar encurvadas para manter as mãos dadas com seus parceiros. Segundo porque a dança era desconhecida e complexa, com passos rápidos e estranhos. Terceiro e último, alguns Hobbits já estavam um tanto alterados, e mais cambaleavam do que dançavam. Mas as garotas não ligavam pra nada disso, dançavam com prazer e estavam se divertindo muito.





Quando as crianças viram Harry e Rony chegando ao espaço aberto onde soltariam os fogos, houve uma corrida frenética atrás deles. Harry teve que proibir que chegassem muito perto, alertando o risco que poderia haver. Deixou Rony com seus fogos, voltou para sua mesa e sentou-se, para assistir ao show. Aos poucos, as pessoas pararam de dançar e ficaram na expectativa do que aconteceria. Logo, Gina e Mione sentavam-se novamente ao seu lado, também na espera.








Então Rony acendeu o primeiro. Uma grande bomba dirigiu-se ao céu, e quando explodiu um enorme dragão surgiu, uma ótima representação de um Rabo-Córneo Húngaro. O dragão subiu alto no firmamento, fez um giro e deu um rasante sobre a multidão, arrancando gritos e aplausos da platéia, desvanecendo-se no horizonte. Daí pra frente, foi um festival de formas e cores pipocando no céu da pequena vila. Estrelas cadentes, que giravam sob o próprio eixo, soltando fagulhas para todos os lados. Palavras que se formavam quando a bomba explodia, de saudação aos Hobbits; um porco cor-de-rosa, com asas, que havia se tornado marca registrada dos fogos Weasley há muitos anos; representações de Duendes e Leprechaums, Unicórnios prateados e até uma Fênix. O festival de fogos durou por mais de uma hora, deixando a todos maravilhados. Quando acabou, os pequenos Hobbits não cabiam em si de exultação, retornaram para a festa comentando alegremente sobre o que mais haviam gostado. A música recomeçou, e a festa durou até tarde naquela noite. Todos se divertiram bastante, comeram e beberam até se fartar. Rony chegou mesmo a exagerar um pouco na cerveja, mas não o suficiente para dar vexame. Foi uma festa para entrar para os anais do Condado, sem dúvida nenhuma.






*****





No dia seguinte, passada a ressaca da festa, resolveram que já era hora de dedicarem-se à missão novamente. Assim, adotaram uma rotina rigorosa de treinamentos. Pela manhã, antes do sol nascer, meditavam. Harry lhes incutira a importância de sintonia com a natureza, em conhecer e sentir melhor o ambiente que nos cerca e, com isso, buscar o autoconhecimento, conhecer seus limites e a totalidade de suas capacidades físicas, mentais e mágicas. Depois, treinavam por boa parte da manhã com as espadas. Depois do almoço, equitação. E ao anoitecer, voltavam para as espadas. A dedicação das moças era total neste quesito, e as melhoras eram palpáveis, dia após dia.







Assim, não perceberam a passagem do tempo, e quando se deram conta, já havia se passado uma semana desde o dia da festa. Harry então achou que já estavam aptos a cavalgar. Com o tempo, poderiam se aperfeiçoar ainda mais, mas não poderiam continuar ali parados. Conversou com o governante dos Hobbits ao jantar, que concordou com a decisão de partirem já na manhã seguinte. Os homens que os acompanhariam já estavam a postos, apenas aguardando para partir.








Logo cedo a vila estava movimentada. A notícia da partida dos quatro magos havia se espalhado ainda durante a noite e os Hobbits queriam vê-los partir e desejar boa viajem. Estavam no centro da praça, concluindo a checagem dos equipamentos. O quarteto, mais uma vez, carregava apenas suas mochilas às costas, mas os sete Hobbits que estavam espalhados em volta traziam bastante tralha. Todos vestiam uma malha como a que Andy usava no dia em que haviam se conhecido. Arcos e flechas pendiam de um lado de suas selas, enquanto do outro se vislumbrava pequenas espadas. Dois deles portavam, ainda, lanças. Pequenos elmos, feitos sob medida estavam acondicionados sob os pertences, na garupa da sela. Rony, curioso, aproximou-se de Andy e perguntou:








- Andy, me diz uma coisa. Pelo que vimos, os Hobbits são totalmente pacíficos. Não vimos nenhum sinal de forja ou coisa parecida, onde pudessem fazer essas armas e acessórios de batalha. Como vocês conseguiram?
- Meu caro mestre Weasley. – Respondeu o jovem Hobbit – Realmente nós Hobbits não temos o dom para manusear o ferro e o aço. Somos lavradores. Mas desde que nosso povo foi dominado, séculos atrás, prometemos a nós mesmos que nunca mais seríamos alvos tão fáceis. Após expulsarmos os invasores, estabelecemos maior contato com outros povos da Terra Média. Principalmente com os anões. Eles adoram nossa cerveja, que modéstia à parte é a melhor da Terra Média. E o nosso tabaco também é muito bom. Então, nós lhes vendemos cerveja e tabaco e eles nos vendem armas e armaduras, para que possamos nos defender.






Pouco depois Harry e seus amigos de despediram do Thain e seus familiares, com a promessa de que receberiam ajuda em breve, montaram em seus cavalos sob a ovação dos pequenos amigos que haviam feito e começaram a deixar a vila dos Hobbits. O cortejo seguia, com um lanceiro à frente e outro fechando o cortejo, deixando para trás aquele povo alegre e hospitaleiro, rumo à longa viagem, rumo ao desconhecido, mas confiantes de que encontrariam o que buscavam. Wang Chú não escaparia daquela vez. Não mais.






N:A: Espero que o cap não tenha ficado chato. Como não houve muita ação, sabem como é. Tive que deixar algumas coisas para o próximo, senão ficaria muito longo. Terra Média sem Hobbits não tem graça, e eu acho que tudo deve começar lá. Agora começa a viagem. Não vou descrevê-la por completo, ficaria muito chato. Só os pontos mais importantes.Saudades da Lucy? Ela aparecerá no próximo.


Queria mais uma vez agradecer a todos que estão acompanhando esta fic e saudar os novos leitores.

Até o próximo.


Claudio

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