A Batalha Por Rohan



N:A: Não vou ficar enrolando, por que sei que vocês estão anciosos para ler.
Só estou fazendo este aparte para dizer que inseri uma música no capítulo. Chama-se Brothers in Arms, do Dire Straits. A maioria não deve conhecer, pois é um sucesso dos anos 80. Mas achei que a letra calhava com a situação, e a música é linda. Quem puder ou quiser, aperta o play e leia o cap ao som desta música, acho que vai ficar legal. Vamos ao cap, depois eu volto.

P.S. A MárciaM me mandou o link da música. Espero que gostem.







Capítulo 08 – A Batalha Por Rohan




- Senar, prepare seus homens e siga para o Forte da Trombeta, imediatamente! – Ordenou Anaryon, levantando-se também.
- Sim, senhor! – Consentiu o outro, batendo a mão sobre o peito e fazendo uma reverência, virando-se e deixando a sala.
- E quanto a nós, Harry? – Perguntou Gina, aproximando-se do moreno, abraçando-o – Quando iremos?
O quanto antes. Agora, se possível. – Respondeu este, com o olhar distante.
- Nossas coisas já estão arrumadas, só precisamos buscá-las. – Disse Mione.
- Devo preparar meu cavalo, para ir com Senar. – Disse Arador, indo em direção à porta.
- Não, meu irmão. Você não vai desta vez. – Disse Anaryon, fazendo o rapaz parar de chofre e virar-se, raivoso para o irmão.
- Como disse? – Perguntou, frio.
- Você não vai, Arador. Nem você nem Ararorn ou Éolyn. Eu acompanharei os magos e ajudarei a defender Rohan, honrando a nossa aliança, mas vocês ficarão aqui para defender Minas Tirith. – Justificou Anaryon, aproximando-se do irmão.
- Não posso deixá-lo sozinho a lutar contra os Orcs, enquanto fico aqui, em segurança. – Contestou Arador.
- Não podemos correr o risco de perder os herdeiros do trono todos de uma única vez, Arador. Você é o próximo na linha de sucessão, se alguma coisa me acontecer, deve assumir a liderança de nosso povo e liderá-lo contra os Orcs.E, se algo acontecer a você, o fardo passa a Ararorn. É assim que deve ser. Tenho certeza de que não morrerei hoje, mas precisamos ser cautelosos. – Estavam bem próximos agora, Anaryon pousou a mão sobre o ombro do irmão, e estes acabaram por se abraçar, indicando que Arador cedera aos argumentos apresentados.
- Eu sou apenas a quarta na sucessão, e serei mais útil lá do que aqui. – Interrompeu-os Éolyn – Posso ajudar a cuidar dos feridos, então vou com vocês.
- Será muito perigoso, princesa. – Disse Harry – Não poderemos garantir sua segurança, se for.
- Sei que não, mestre Potter. Mas também tenho uma obrigação a cumprir, sendo a única mulher da família real. É meu dever estar presente, cuidando dos homens feridos, dando-lhes conforto e apoio enquanto arriscam suas vidas defendendo o reino. – Respondeu ela, olhando para Arwen, que relutantemente concordou com o que ela dissera.
- Muito bem, então. – Anaryon retomou a palavra – Prepare suas coisas, vamos partir em breve.
- Harry... – Chamou Cho, nervosa – Nem adianta tentar me deixar desta vez, por que eu não fico. Já estou bem o bastante para ajudar.


Harry olhou-a por alguns instantes, sem nada falar. Em seguida mirou Mione, que consentiu com um gesto de cabeça, e só então respondeu.

- Tudo bem, você vai. Vamos precisar de toda a ajuda possível.



Todos começaram a deixar a sala rapidamente, para se prepararem para a partida. Harry estava prestes a sair também, quando foi chamado por Arwen, que esperou a sala se esvaziar e disse.


- Harry, sinto que esta batalha será mais difícil do que pode imaginar. Terá inicio a provação de seus amigos, e eles precisarão que você mantenha a calma e imparcialidade para que tudo saia como deve.
- Não gosto de vê-los brigando desta forma, Arwen. – Respondeu, balançando a cabeça – Sei que não devo interferir ainda, mas não é fácil. Gosto muito deles, não suporto ver como estão infelizes separados.
- Mas ainda não é o momento certo, Harry. As coisas ainda vão ter que piorar muito antes que possam se reconciliar. – Continuou a senhora élfica – Seja forte por você e por eles.
- Eu confio em você, Arwen. – Disse o moreno, virando-se e saindo da sala.




Alguns minutos depois, estavam novamente reunidos, agora somadas a presença de Andy e Éomer, que foram informados da situação. O Hobbit fizera questão de ir também, com seus homens, no que foi atendido. Todos estavam com suas pequenas armaduras e fortemente armados, aguardando. Enquanto isso, os irmãos se despediam, com mais uma cessão de abraços e recomendações, especialmente para o jovem Éomer, que insistia em partir para a batalha ao lado do irmão mais velho. Depois de uma longa conversa, finalmente o garoto desistiu, postando-se ao lado de Arador. Harry pegou uma lança Hobbit e a transformou numa chave de portal. Todos a seguraram, Harry fez a contagem regressiva e, quando esta chegou a zero, o grupo desapareceu.



Surgiram na sala do trono de Eldest, que estava reunido com seus capitães. Logo se reuniram a ele, e Anaryon perguntou.


- Como estão as coisas?
- Os Orcs estão se aproximando, em poucas horas estarão aqui. Nossos vigias os avistaram a noite passada, mas só conseguiram chegar agora pela manhã para dar o alarme. – Respondeu Eldest – Enquanto isso estamos reforçando nossas defesas e nos preparando para o cerco.


Continuaram reunidos por mais algum tempo, até que começaram a ouvir um som grave e ritmado, ao longe. Parecia o som de um tambor, mas aos poucos este som foi aumentando, sem diminuir a cadência. Um exército marchando. Foram para a sacada, onde avistaram na entrada do vale, uma massa negra que invadia os campos nevados. Lanças apontadas para o céu, escudos refletindo a pálida luz do solde inverno. Pisavam com tanta força, que nem a camada de neve que cobria o terreno conseguia abafar seus passos.



- Me lembrem de arrancar a língua daquele comensal quando voltarmos. – Disse Rony.
- Por que? – Perguntou Éolyn, com a voz trêmula.
- Por que ali não há apenas três mil e Orcs... – Antecipou-se Anaryon, com uma expressão de descrença no rosto – Deve haver pelo menos cinco mil.
- Não se pode confiar nas pessoas, mesmo com uma adaga espetada no peito. – Suspirou Rony, virando-se para Harry e perguntando – O que faremos?
- Vamos resistir até Senar chegar com os reforços. – Respondeu Harry – Mas por enquanto, só nos resta esperar. Se eles nos querem, que venham nos buscar.
- O mago está certo. – Concordou Eldest – Que tentem superar as muralhas do forte, e pilhas e pilhas de Orcs tombarão ante nossos homens.




Apesar de terem entrado no vale, os Orcs não atacaram. Montaram acampamento a uma certa distância, sempre fazendo muito barulho. Durante o decorrer da manhã e o inicio da tarde, os capitães começaram a tirar seus homens, que durante horas permaneceram em pé no alto dos muros, em guarda. Era pouco depois do almoço, quando Anaryon caminhava por um dos pátios internos do castelo, e avistou Cho. Ela tinha uma espada na mão, e ensaiava alguns movimentos.



- Lady Chang! – Chamou ele, assustando-a – Desculpe, não queria assustá-la.
- Não, tudo bem. Eu estava distraída. – Respondeu ela, ruborizando.
- Treinando? – Perguntou ele, querendo puxar uma conversa.
- É, tentando. – Ela tirou uma mecha de cabelo que caia sobre seus olhos, ainda encabulada – Harry queria me ensinar, mas ele precisava ensinar Gina a lidar com seus novos poderes também. Então Rony me ensinou algumas coisas, mas foi só há três dias, então não deu pra gente treinar muito.
- E onde estão os magos agora? – Perguntou, enquanto pegava a espada da mão de Cho e a examinava.
- Bom, Harry e Gina estão treinando magia avançada. Mione está preparando poções, para tratar dos feridos. Eu a estava ajudando até agora a pouco, mas ela não precisou mais de ajuda. E Rony está com Andy e os Hobbits, que também estão treinando. – Explicou ela, enquanto recebia de volta sua espada, e explicava – Espero que não se importe, peguei esta espada de seu arsenal.
- De maneira alguma. É uma ótima espada, vai lhe servir bem. – Respondeu com um sorriso, que logo desapareceu e ele continuou – Nervosa? Ou com medo?
- Não, não estou com medo. Nem nervosa. Mas acho que estou ansiosa. Por que não atacam de uma vez, e resolvemos isso de uma vez por todas?
- Eles já estão nos atacando. Psicologicamente, claro. Pretendem justamente isso, nos deixar nervosos, ansiosos, sem saber ao certo quando vai começar. Sua esperança é que, quando finalmente resolverem nos atacar, estejamos cansados e desatentos, nos tornando alvos fáceis.
- É, eu sei. Mas que é frustrante, ficar aqui parada, apenas esperando pelo ataque, ah isso é.
- Mas não precisa ser. Basta aproveitarmos o tempo que antecede a batalha de alguma maneira útil. – E Anaryon abriu novamente seu sorriso – Que acha de treinarmos? Minha técnica é um tanto diferente da de seus amigos, mas acho que posso lhe ensinar alguma coisa.
- Seria ótimo, obrigada. – Agradeceu Cho, também sorrindo.


Cruzaram espadas e ele começou a ensiná-la. Permaneceram treinando até o final da tarde, quando resolveram entrar, pois o frio estava aumentando.


These mist covered mountains
Are a home now for me
But my home is the lowlands
And always will be
Estas montanhas cobertas de névoa
são um lar para mim agora
mas meu lar são as planícies
e sempre serão



Algumas horas mais tarde, Harry caminhava pelo pátio interno, logo abaixo dos muros externos, procurando alguém. Avistou-a mais à frente, e seguiu até onde os belos cabelos vermelhos estavam, encostados em uma pilastra.


- O que está fazendo aqui fora? – Perguntou ele, abraçando-a pelas costas – Não está com frio?
- Não mais, agora que você está aqui. – Respondeu Gina, virando-se e aconchegando-se em seus braços.
- Está gelada. Por que está aqui fora? – Continuou Harry.
- Precisava respirar um pouco de ar fresco e aproveitar um pouco o que nos resta de paz. – Ela acariciava-lhe o peito, sobre a túnica branca que usava – Harry, você parece tão calmo. Não está com medo?
- De lutar não. Mas estou morrendo de medo de você ser ferida no meio disso tudo.
- Corro os mesmos riscos que você. – Respondeu Gina, sorrindo.
- Sim, eu sei. – Concordou ele, levantando o olhar e notando algo de estranho ao decorrer dos muros – Onde estão os vigias?
- Quê? – Perguntou Gina, estranhando a mudança na conversa. Levantou os olhos, e continuou – Engraçado. Eles estavam a postos até agora a pouco, acabei de vê-los andando lá em cima.


Some day you'll return to
Your valleys and your farms
And you'll no longer burn
To be brothers in arms
Algum dia vocês voltarão
para seus vales e suas fazendas
e não mais arder o desejo
de ser um companheiro
de batalha



Separaram-se, e Harry correu por uma escada lateral, chegando no alto do muro. Procurou em ambos os lados, mas não viu nenhum dos vigias. Olhou então para fora, e teve a impressão de ver o chão se mexer. Ajustou os óculos, tentando identificar o que via, mas foi bruscamente puxado para trás por Gina, bem a tempo de uma flecha passar por onde estava sua cabeça um instante antes. Entreolharam-se, e sem titubear, Harry bradou “Lumus Máxima!” Uma grande luminosidade brotou de sua mão direita, iluminando o fosso e o vale em frente. O chão estava coberto por Orcs, que se arrastavam pelo chão, e já estavam quase alcançando e ultrapassando o fosso. Do lado Oeste, onde não havia fosso algum, eles já estavam na base dos muros. Ao sentirem a luz sobre eles, revelando sua estratégia, os Orcs pararam, virando seus rostos para cima, encarando o casal.


- Como eles conseguiram chegar até aqui, sem ninguém perceber? – Perguntou Gina, seus belos olhos castanhos arregalados.
- Devem ter assassinado os vigias, da mesma forma que tentaram me acertar. – Respondeu Harry, apagando a luz e apontando para sua própria garganta, murmurando o feitiço “Sonorus!” E falando, agora com sua voz ampliada – Todos a seus postos. Os Orcs estão atacando, todos a seus postos.



Um grande alvoroço começou por toda a fortaleza, causado pelas palavras de Harry, enquanto soldados corriam pelos acessos, em direção aos muros, ou pelos pátios, buscando suas armas e buscando assumir suas posições. Do lado de fora, os atacantes também ouviram o alarme, e cientes de que perdiam o elemento surpresa, levantavam-se do chão frio, com urros de ódio e frustração. Um deles, que deveria ser o comandante, gritou – “Arqueiros, atacar!” – E centenas de arcos voaram das costas para as mãos, retesando-se e disparando suas flechas.



Harry estava coordenando a disposição dos homens que já haviam conseguido chegar nos muros, quando começou a ouvir um silvo leve e crescente. Parou, tentando filtrar o som em meio a balburdia que havia em volta, quando um dos soldados gritou – “Setas Noturnas. Protejam-se!”. Ele se virou para o lado de fora, bem a tempo de ver o vulto de centenas de flechas cruzando em frente à lua.



- Conjurem escudos, agora. – Falou, ainda com a voz ampliada, e bradou – “Maximum Protego!”.



Quase ao mesmo tempo, ouviu Rony, Mione e Cho, que estavam espalhados pelo muro, conjurarem o mesmo feitiço, e vários escudos, mais abrangentes que um “Protego!” Normal cria, espalharam-se sobre os soldados, bem a tempo de repelir uma boa parte da chuva de flechas que se abateu sobre eles. Mas não conseguiu proteger a todos, e vários homens que corriam pelo pátio, buscando abrigo, ou que tentavam, às cegas, protegerem-se com seus escudos, foram atingidos.


Harry e Gina se entreolharam. Não havia mais nada a ser dito naquele momento, e nem era preciso. Acabara o tempo para expressar sentimentos, e a única coisa que Gina fez foi erguer sua mão direita e beijar sua aliança, gesto que ela viu ser retribuído por Harry antes que ela lhe virasse as costas e corresse para seu posto.



- Nunca vi tamanha covardia. – Bradou Eldest, que chegava ao lado de Harry, acompanhado por Anaryon – Não se usa setas noturnas em uma luta civilizada.
- Acho que os Orcs não estão se importando muito em lutar civilizadamente, meu rei. – Respondeu Harry, enquanto uma nova saraivada de flechas batia contra seu escudo.
- Vamos revidar, então. – Disse Anaryon.
- Às cegas? Seria apenas desperdiçar flechas, não podemos nos dar a este luxo. – Respondeu Eldest.
- Prepare os arqueiros, e deixe a luz comigo. – Assegurou Harry.


Through these fields of destruction
Baptisms of fire
I've watched all your suffering
As the battles raged higher
Por estes campos de destruição
batismos de fogo
assisti a todo o seu sofrimento
enquanto a batalha se acirrava



Ordens foram transmitidas, e quando os arqueiros já estavam a postos, Harry lançou um novo feitiço – “Lumus Máxima!” – E uma grande esfera de luz incandescente brotou de sua mão, pairando sobre o campo de batalha, dando a localização exata do inimigo. Centenas de flechas partiram dos soldados ao longo da muralha, encontrando alvos certeiros. Do pátio, uma nova saraivada partiu, somando-se à primeira, não dando tempo para os Orcs se protegerem. Centenas de corpos jaziam no chão, tombavam no fosso ou se arrastavam, na tentativa de escapar do campo de batalha.




Do outro lado do vale, Li assistia o desenrolar da batalha. Virou-se para um de seus homens e disse.


- Avise Wang Chú que Malfoy estava com a razão. Potter e os amigos estão aqui.


Sem nada dizer, o bruxo desaparatou.


Agora, os Orcs traziam escadas, na tentativa de prendê-las nas amuradas e escalarem as muralhas. Harry e seus amigos corriam ao longo dos muros, disparando feitiços e derrubando ou explodindo as escadas. Ganchos eram lançados, presos em flechas, e os soldados desdobravam-se para cortar as cordas, antes que os Orcs alcançassem seu objetivo, derrubando vários deles a vários metros de altura. O ataque continuava, incessante. Eldest comandava seus homens, postado sobre os portões, bem no centro da construção. Harry estava próximo, e vendo que o ataque se prolongaria por horas e horas a fio, e que em algum momento, as defesas sucumbiriam, chamou os outros, para discutirem alguma nova estratégia.



- Estou ficando sem fôlego, Harry. – Disse Rony, quando chegaram – Esses caras não se cansam? Caramba, não nos dão um minuto para respirar.
- Parece que não, Rony. – Respondeu Harry – Vocês estão bem?
- Tudo bem, só cansadas também. – Respondeu Cho – Não podemos continuar neste ritmo por muito mais tempo. Logo vai amanhecer, e não parece que eles vão desistir de atacar.
- Precisamos contra atacar. – Gina disse – Mas não podemos fazer muita coisa à distância, e não acho uma boa idéia ir lá fora enfrentá-los cara-a-cara.
- Nós temos a bruxa mais inteligente que já pisou em Hogwarts, isso deveria valer de alguma coisa. – Disparou Rony, ferino – Será que a sabe-tudo não consegue pensar em alguma coisa?
- Para sua informação, Ronald. – Respondeu Mione, sentida – Eu tive uma idéia sim. Estava relutante em usá-la, mas você acabou por convencer-me. Vou precisar da sua ajuda, Harry.
- Certo! – Concordou ele, lançando um olhar de desaprovação ao amigo, que fingiu não vê-lo – O que vamos fazer?
- Aqui não. Precisamos ir ao depósito de armas do castelo. – Explicou ela, e virando-se para Eldest, continuou – Onde fica seu arsenal?
- Próximo às masmorras. – Respondeu ele, que estava acompanhando a conversa.
- Muito bem. Continuem segurando as coisas, enquanto eu e Harry preparamos algo para contra atacar. Deve demorar algumas horas, é algo muito perigoso o que vamos fazer. – Concluiu Mione, esfregando as mãos, o que mostrava o quanto estava nervosa com a idéia.
- A gente dá um jeito, podem ir. – Assegurou Gina.



Mione e Harry deixaram os muros, enquanto os outros retomavam suas posições, tentando cobrir a lacuna deixada pelos dois. Atravessaram o pátio e entraram no hall, onde havia sido improvisado o hospital. Andando entre os leitos improvisados, Éolyn ajudava no atendimento aos feridos. As mangas e parte de sua saia já não existiam mais, pois haviam sido utilizadas como bandagens. Estava com aparência cansada, mas compenetrada. Cumprimentaram-se com um aceno, e seguiram pelos corredores, até finalmente chegarem ao arsenal.



- Será que pode me dizer qual é a sua idéia agora? – Perguntou Harry, assim que fechou a porta às suas costas.
- Fogo Grego. – Respondeu ela, vasculhando o que havia no depósito.
- Fogo Grego? Mione, você está querendo dar a fórmula de uma arma tão perigosa para esse povo? Daí para a confecção de pólvora e armas de fogo é um pulo. – Reagiu Harry, incrédulo.
- Não vou dar receita alguma de uma arma de destruição em massa para essas pessoas, Harry. Nós dois vamos fazê-la, e diremos que é um feitiço. Ninguém aqui poderá saber que é uma arma trouxa, baseada em pura química e não em magia.
- Tudo bem. E desde quando você sabe como produzir Fogo Grego? – Harry consentiu, um pouco mais aliviado.
- Há algum tempo. Estudei isso depois que deixei Hogwarts, enquanto estudava os efeitos das queimaduras durante meu curso para Medibruxa. É importante conhecer as causas, pra saber como combater os sintomas. – Justificou ela.
- E será que temos os ingredientes necessários aqui? – Harry começou a vasculhar o arsenal, também.
- Acho que sim. Andei recolhendo um pouco de enxofre e óleo cru, que podemos transformar em petróleo.
- E onde você achou isso por aqui, Mione? – Admirou-se Harry.
- Nas cavernas. Estive lá à tarde, e achei os reservatórios. Foi aí que tive a idéia, e pedi para alguns soldados trazerem o material para cá. Mas não tinha certeza se seria uma boa idéia ou não, na verdade ainda estou em dúvida, Harry.
- Não temos muitas opções, Mione. Sei que você não se sente à vontade com uma coisa dessas, mas precisamos fazê-la.
- Então vamos de uma vez. – Suspirou Mione, e começaram a trabalhar.




Trabalharam arduamente durante horas. O dia já amanhecera quando finalmente deram o trabalho por encerrado. A seus pés, dezenas de recipientes em forma cilíndrica, de aproximadamente cinqüenta centímetros de cumprimento e um pavio na extremidade inferior. Fora, o som de batalha continuava intenso.



- Precisamos levar isso para o pátio. – Disse Mione, enxugando o suor do rosto – Com muito cuidado, pode ser perigoso.
- Muito bem, vamos lá.



Harry enfeitiçou os recipientes, fazendo com que levitassem. Mione saiu na frente, abrindo a porta e o caminho, tirando todos da frente. Em alguns minutos, chegaram ao pátio. Quando os avistaram, Rony, Gina e Cho se aproximaram, acompanhados de Anaryon e Eldest. Este último tinha o braço direito apoiado numa tipóia, pois havia sido atingido por uma flecha durante o final da madrugada.

- Você vai atirar fogos de artifício contra os Orcs? – Perguntou Rony, incrédulo.
- Não são fogos, seu energúmeno. – Retrucou Mione, ríspida. E continuou, para todos – Precisamos lançar estes artefatos contra eles, o mais rápido possível.
- Ainda bem, já não estamos mais agüentando. – Disse Cho, aliviada – Mas o que é isso?
- Vocês vão ver daqui a pouco. – Respondeu Harry, dividindo a carga entre os amigos – Lancem as bombas, acendendo os pavios ao longo dos muros, de modo que caiam além do fosso.
- Mas o que vocês pretendem explodir com isso? Só há Orcs e neve lá fora, e isso não é suficiente para acabar com os Orcs. – Questionou Anaryon, também sem entender o que estava para acontecer.
- Pois nosso alvo é a neve mesmo. Quanto mais neve ou água atingirmos, melhor. – Harry pegou seu estoque, e começou a subir as escadas, de volta para o alto da muralha.



Nos minutos seguintes, espalharam as bombas ao longo dos muros. Quando estavam prontos Harry fez um sinal e começou a levitar, uma a uma, as bombas. Ateava fogo no estopim, e lançava contra o inimigo. Por um instante, aquele pequeno tempo que as cinco primeiras bombas levaram para cruzar o espaço entre os muros do castelo e seu ponto de impacto, todos observaram, descrentes de que aquilo pudesse ser algum tipo de ameaça real, principalmente os Orcs. Então, enquanto elas faziam a curva, dirigindo-se ao chão, explodiram. Explosões grandiosas, que espalharam o conteúdo incandescente sobre os Orcs e sobre a neve, e ao invés de se apagar ao atingir seus alvos, o fogo dobrava de intensidade. Uma segunda e terceira leva de bombas singraram os céus, repetindo o que acontecera com a primeira, mas agora os Orcs começavam a mostrar preocupação. Aqueles que eram atingidos e tentavam apagar as chamas, rolando na neve ou pulando na água, provocavam novas explosões e o fogo começava a se propagar rapidamente. Alguns tentavam jogar neve sobre o fogo, e este avançava pelo rastro de neve até suas mãos, incendiando-as. Em poucos minutos, o pânico tomou conta do exercito atacante, agora os gritos que subiam do campo não eram de jubilo ou de incentivo, mas sim de dor e desespero.



And though they did hurt me so bad
In the fear and alarm
You did not desert me
My brothers in arms
E apesar de terem me ferido gravemente
em meio ao medo e ao pânico
vocês não me desertaram
meus companheiros
de batalha



- Mas que feitiço é esse que eles estão usando? – Perguntou Li, de onde estava assistindo a batalha.
- Não é um feitiço. – Disse Wang Chú, que acabara de chegar – É uma arma trouxa. Fogo Grego.
- Trouxa? Então só pode ser coisa da Granger. – Disse Malfoy, a seu lado – Acredita em mim agora? Não disse que eles estavam aqui?
- Mas como? Não consigo entender como fizeram para chegar até aqui. – Chú parecia incrédulo.
- Isso eu não sei. Mas o que vamos fazer, já que temos os cinco aqui? – Continuou Draco, sorrindo maliciosamente.
- Vamos dar um jeito, não se preocupe. Se eles gostam de brincar com fogo, nós também. Agora ordene a retirada, Li. Ou seu exercito vai arder em chamas até os ossos. – Chú ordenou, retirando-se para uma barraca montada mais para trás, longe das vistas de quem estava no castelo.



Li obedeceu à ordem, e logo o toque de retirada era ouvido. Mas a situação no campo tornara-se desesperadora. A grama, queimada pela neve, agora também ardia em chamas, causando uma reação em cadeia. Quanto mais o fogo derretia a neve e se propagava, ainda mais grama era descoberta e se incendiava. Uma cortina de fogo tomara conta do campo, envolvendo centenas de Orcs. Os que haviam ficado antes da cortina fugiam desesperados. Mas os que se encontravam encurralados e não tinham para correr, os que estavam mais próximos aos muros, tornavam-se alvos fáceis para as flechas dos soldados, que não desperdiçavam a chance de eliminá-los, ovacionando a vitória esmagadora.


No alto dos muros, um grupo de pessoas não compartilhava da euforia dos soldados. Hermione assistia a cena, horrorizada, tapando a boca com a mão, na tentativa de conter o choro. Seus amigos se aproximaram, e Harry falou-lhe.



- Pare de olhar isso, Mione.
- Não Harry. Eu preciso olhar. Preciso escutar. Eu sou a responsável por essa chacina, as mortes deles ficarão na minha consciência pro resto da minha vida. – Respondeu ela, tristemente.
- Mione, estamos em guerra. Não havia alternativa. – Tentou consolá-la Gina, abraçando-a – Fizemos o que tínhamos que fazer.
- Eram seres odiosos esses Orcs. Não se perdeu grande coisa, posso garantir. – Reforçou Cho.
- Mas eram seres vivos e ceifei-lhes a vida. Fiz um juramento para proteger a vida, quando me formei. Não para liquidá-la. – Disse ela, e continuou, ao ver que Rony tencionava falar algo – Não ouse sequer me dirigir a palavra, Ronald. Você é tão culpado quanto eu por isso.
- Eu? – Assustou-se o ruivo – Do que é que você está falando Hermione?
- Isso mesmo. Você me convenceu a usar essa arma horrível, quando me desafiou, à noite. A culpa é sua também. Eu odeio você, pelo que me fez fazer, Ronald. Não se aproxime mais de mim, está me ouvindo? – E Hermione saiu correndo, sendo seguida pelas amigas.
- Ela ficou louca? – Rony perguntou para Harry, ainda atordoado.
- Ela está em estado de choque, Rony. Não deve estar sendo fácil para ela enfrentar o peso desta cena. – Disse o moreno, apontando para o campo, que ardia – Não esquenta, você não tem culpa alguma. Se alguém tem, sou eu que a ajudei e não deixei que desistisse.


Rony não respondeu, mas continuou olhando para onde Harry indicara, absorto em pensamentos, até ter sua atenção voltada para uma voz que se aproximava.

- Senhores! – Chamou Eldest, acompanhado mais uma vez de Anaryon, ambos sorridentes – Fascinante! Uma vitória retumbante, para não deixar dúvidas sobre quem é o melhor.
- Ainda não acabou, majestade. – Disse Rony, apontando o acampamento inimigo, do outro lado do vale – Vão se reagrupar, e atacarão novamente. É uma questão de horas. Assim que o fogo acabar e o terreno resfriar, eles virão atrás de nós novamente.
- Vocês estão bem? – Anaryon parecia preocupado com o desânimo dos dois – Aconteceu algo?
- Hermione está muito abalada com o resultado do “feitiço” que lançamos. – Explicou Harry – Ela não gosta de violência, e a visão de centenas de mortos foi demais para ela.
- Eu fico imaginando se ela gostasse de lutar, do que seria capaz. – Disse Eldest, não escondendo o quanto estava impressionado – Ainda bem que ela está do nosso lado. Se o inimigo tivesse tido essa idéia, todos nós estaríamos mortos a esta hora.



Ninguém ousou questionar esta afirmação, já que era a mais pura verdade. A manhã prosseguiu, e os soldados permitiram-se descansar e se reorganizarem durante a trégua forçada. Aqueles que puderam, recolheram-se e tentaram dormir um pouco, pois a possibilidade de outra noite em batalha era enorme. No meio da tarde, finalmente o incêndio extinguiu-se, e agora junto com a neve que recomeçava a cair, havia também as cinzas, que recobriam os campos e o castelo. Mas o cheiro acre, de carne queimada, permanecia forte, e certamente ainda duraria dias. Hermione não foi vista durante todo o dia. Quando a tarde já estava chegando ao fim, Rony encontrou-a sentada, encostada no muro, abraçada a seus joelhos.



Theres so many different worlds
So many different suns
And we have just one world
But we live in different ones
Há tantos mundos diferentes
tantos sóis diferentes
e nós temos apenas um
mas vivemos em mundos distintos



- Eu sei que você não quer nem ouvir a minha voz, mas tem algumas coisas que eu preciso dizer. – Disse o ruivo, e diante da passividade de Mione, continuou – Acho que tem razão. A culpa é minha, por tudo que aconteceu. Parece que as coisas não mudam, não é? Mesmo depois de tanto tempo e tanto esforço, tentando ser uma pessoa melhor, continuo aquele “legume insensível” de sempre. Não deveria ter lhe provocado, eu sou uma verdadeira anta. Se pudesse voltar atrás e tapar minha enorme boca, pra não fazer aquilo, eu o faria. Mas nunca me passou pela cabeça que você fosse fazer algo que a machucasse tanto, só pra me confrontar. Você não merece sofrer por isso, se pudesse arrancaria toda essa dor que está sentindo pra mim. Mas não posso. Sei também que não vai me perdoar, que nunca mais as coisas voltarão a ser como eram. E assumo a culpa por isso também. – Rony parou de falar, tentando encontrar alguma reação por parte da mulher amada, mas não percebeu nada. Como estava difícil se segurar, como ele desejava tocar seus cabelos revoltos e tentar tirar um pouco daquele remorso que ela estava sentindo, transferir um pouco da dor que ela sentia para ele. Se ao menos ela desse um sinal, por menor que fosse, mas nada. Suspirou, sem esperanças, e continuou – Sabe, quando eu luto e acabo matando alguém, também fico muito mal. Mas quase sempre essa pessoa não é lá muito boa, é um Comensal ou outra coisa parecida. Então, o que me conforta, o que faz que eu consiga dormir um pouco melhor, é pensar nas vidas que salvei e não na que tirei. Pensa nisso, Mione. Ao invés de pensar nas vidas dos Orcs que se perderam hoje, e que provavelmente se perderiam de uma forma ou de outra, pense em quantas vidas de soldados de Rohan, maridos e pais de família você poupou. Talvez isso amenize um pouco essa dor.



Rony se virou e a deixou sozinha, sem esperar resposta. Se tivesse aguardado mais um instante, teria visto os cabelos castanhos se levantarem, e um rosto inchado devido às lágrimas olhar para ele. Mione ainda estava muito magoada, chocada com tudo que acontecera. E, após pensar mais calmamente sobre o assunto, não achava que Rony tinha, efetivamente, tanta culpa quanto ela o acusara. E as palavras que acabara de ouvir haviam mexido com ela. A confortado. O que mais desejava naquele momento, o que mais precisava para acalentar seu coração, era dele. De seu toque, de seu abraço. Ficou esperando que Rony tomasse a iniciativa e fizesse algo, mas isso não aconteceu. E agora ele estava indo embora, e ela não tinha forças para chamá-lo de volta.



A noite caiu, e com ela todos ficaram atentos. Não correriam o mesmo risco da noite anterior, não seriam pegos de surpresa. Centenas de soldados se enfileiravam, lado a lado nos muros, vigiando o horizonte. Na sala do trono, todos aguardavam ansiosos. Éolyn finalmente deixara os enfermos, descansara um pouco e agora se encontrava com eles. Mione estava com Gina e Cho, e parecia um pouco melhor. Do outro lado da sala, Harry, Rony e Eldest, que tivera o ombro tratado por Gina durante o dia, também discutiam. Então, sons vindos do acampamento inimigo, chamaram-lhes a atenção. Correram para fora, e perceberam a agitação. Parecia haver uma festa, com Orcs gritando e batucando tambores, ao mesmo tempo em que uma claridade aumentava, sons abafados, como se fossem passos cadenciados, chegavam a seus ouvidos. Logo, o motivo de toda aquela algazarra ficou bem clara, para espanto e terror dos Rohirin e seus aliados.


Now the suns gone to hell
And the moons riding high
Let me bid you farewell
Every man has to die
Agora o sol foi para o inferno
e a lua está alta
deixe-me dizer (adeus)
todo homem tem de morrer



- Mas que merda é essa agora? – Exclamou Rony, boquiaberto.
- Aquilo é um Balrog, meu amigo. – Disse Anaryon, com a voz trêmula, abraçando Éolyn, que escondia o rosto em seu peito, tremendo - Uma criatura das profundezas da Terra Média, um antigo demônio de fogo, praticamente imortal.


Um ser gigantesco entrava no vale, marchando rumo ao castelo. Tinha aproximadamente sete metros de altura, chifres retorcidos e asas, e todo seu corpo era flamejante, parecendo ser de lava derretida. Seu hálito quente era enxofre puro, o ar queimava a sua volta, encobrindo-o parcialmente em uma névoa densa, negra e pútrida. Seus olhos eram puro ódio, e seus passos faziam o chão tremer. Suas garras, curvas e longas, sulcavam o chão. Na mão, um chicote com a ponta bifurcada, parecendo um tridente, também em chamas.


- Cara, é a primeira vez que eu vejo um vulcão ambulante. – Retomou Rony, recompondo-se do susto.
- Que criatura infernal. – Disse Gina, abraçando Harry – Você não está pensando em lutar contra isso, está Harry?
- Temos outra opção? – Perguntou ele, retribuindo o abraço, mas sem tirar os olhos da criatura – Se ele chegar aos muros, vai destruí-los, e os Orcs entrarão facilmente.
- Mas como pretende lutar contra uma coisa dessas, Harry? – Mione estava a seu lado, abraçando-se, visivelmente assustada com a visão da criatura.
- Conta nossa história, que Mithrandir, o mago(Gandalf), lutou contra um nas profundezas de Mória, com sua espada. Foi quando ele morreu, ainda Mago Cinzento e retornou da morte, como Mago Branco. – Contou Anaryon.
- Isso significa que podem ser mortos. – Harry concluiu – Já é alguma coisa.
- E o fato dele estar atacando à noite, e viver nas profundezas da terra, indicam que ele não gosta muito de luz. – Analisou Rony – E é meio óbvio que não deve gostar muito de água também, não é?
- Rony tem razão. – Concordou Cho – Podemos usar isso contra ele.
- Vocês não podem estar pensando seriamente em enfrentar esse demônio. – Disse Éolyn, visivelmente chocada – É loucura, vão ser mortos.
- Não vamos todos, pode ficar tranqüila. – Disse Harry, trocando um olhar significativo para Rony – Só eu e Rony.
- Isso. Faz algum tempo que não treinamos, estamos precisando nos exercitar um pouquinho, né Harry? – Completou o ruivo, tentando esconder o receio que estava sentindo.
- E nós? – Perguntou Gina – O que faremos?
- Preciso que vocês o distraiam, para que não nos pegue. Precisamos de um tempo para descobrir seu ponto fraco. Lancem luz e água contra ele, enquanto aparatamos em torno dele e tentamos Feri-lo. – Instruiu Harry, recebendo a concordância das três.
- Não, por favor, não façam isso. – Éolyn praticamente gritou, ainda mais assustada – Estou com um péssimo pressentimento, acho que alguma coisa vai acontecer com vocês.
- Não se preocupe princesa, sabemos nos cuidar. – Disse Rony, tentando tranqüilizá-la.
- Impeça-o – Disse a jovem, virando-se para Mione – Se o ama, impeça-o de fazer essa loucura.



Hermione estudou a jovem por alguns momentos, depois olhou para Rony, mordendo o lábio inferior, pressurosa. Ela também não gostava do plano, mas não tinha idéia melhor, e perdera a confiança de que pudesse ter alguma solução melhor para o problema. Voltou a olhar para Éolyn, e respondeu.


- Harry e Rony sabem se cuidar. Já lutaram contra diversas criaturas, e sempre se saíram bem. Fique calma, vai dar tudo certo.


A jovem foi forçada a se afastar por Anaryon, enquanto isso Rony se aproximou de Mione.


- Obrigado por me apoiar.Sabe, seria até engraçado, se não pudesse ser trágico.
- O quê? – Perguntou ela, sem olhar para ele.
- Se a punição, por ter causado tantas mortes pelo fogo, também viesse do fogo. Já pensou? – E Rony se afastou, antes de Mione poder esboçar qualquer reação. Um arrepio percorreu sua espinha, e ela teve medo. Muito medo.


But its written in the starlight
And every line on your palm
Were fools to make war
On our brothers in arms
Mas está escrito nas estrelas
e em todas as linhas de sua mão
somos tolos de guerrear
contra nossos companheiros
de batalha



Os Orcs não avançavam. Ficaram no acampamento, assistindo o avanço da terrível criatura, que já estava bem próxima do fosso. Com urgência agora, Harry combinou a estratégia de defesa. Gina, por ser a mais poderosa das três, se encarregaria de conjurar luz. Mione e Cho, água. As jovens se posicionaram, e ao mesmo tempo, um feitiço “Lumus Máxima!” E dois “Aguamenti!” Foram lançados. Das mãos de Gina, brotou uma intensa bola luminosa, que cegou o Balrog, e das varinhas de Mione e Cho, dois intensos jatos d’água o atingiram no peito, fazendo uma nuvem de vapor e um chiado característico ser ouvido. Um urro de dor e frustração brotou da bocarra desfigurada do monstro, que instintivamente parou de avançar, cobrindo os olhos com o braço, protegendo-os. Era a deixa para os dois atacarem.


Com um olhar de entendimento, Harry e Rony sacaram suas espadas, giraram no ar e desaparataram, surgindo no chão, ao lado dos pés da criatura. O calor era escaldante, e eles não podiam correr o risco de tocar na criatura, mas não pestanejaram em atacá-la.


Harry desferiu um violento golpe no seu tornozelo direito, enquanto Rony atingia, ao mesmo tempo, a outra perna. O Balrog soltou outro urro gutural, virando sua cabeça para baixo e girando seu chicote em direção aos dois, mas antes que pudesse atingi-los, ambos já haviam desaparecido. Harry aparatou no ar, às costas dele, rasgando uma de suas asas, e desaparecendo novamente quando este se virou. Rony cravava a espada em um dos pés, e teve que dar uma cambalhota para fugir do seu chicote. Ambos empreendiam uma sucessão de ataques ferozes e rápidos, porém de pouco sucesso, uma vez que não podiam aparatar em um lugar onde pudessem desferir um golpe mais eficaz. O alvo principal deles eram as pernas, onde podiam atingir com os pés firmes no chão. Passados alguns minutos, Mione, que não conseguira dormir durante o dia, não conseguiu mais manter o feitiço, e o jato d’água diminuiu, dando uma brecha para o Balrog. Este conseguiu ver Rony aparatando a sua esquerda, pronto para feri-lo na altura do joelho e com um movimento rápido do chicote, enlaçou-o. Rony, que estava no ar, não teve como se esquivar e foi apanhado, não conseguindo se livrar. A criatura alçou-o, pegando-o com a outra mão.



- NÃO! – Gritou Éolyn, que assistia a luta de uma das sacadas do castelo.
- RONY! - Gritaram Mione e Gina, ao mesmo tempo.

Uma dor excruciante, como nunca havia sentido antes atingiu Rony. Seu corpo, da cintura para baixo, ardia em chamas. Desesperado, fez a única coisa que lhe passou pela cabeça, e cravou fundo sua espada no pulso da criatura, que gritou novamente de dor e o jogou com força, contra os muros da fortaleza.



- “Aresto Momentum!” – Gritou Harry, que estava no chão, próximo do Balrog, apontando a mão para Rony, que avançava velozmente em direção ao muro de pedra.



Rony diminuiu de velocidade, ao mesmo tempo em que Harry desaparatava, aparatando no ar, em sua frente, agarrando-o e desaparatando antes de baterem no muro, surgindo novamente sobre o pátio, onde rolaram pelo chão, Harry tentando proteger o corpo do amigo. Pararam, e Harry segurou o amigo entre suas pernas, chamando-o desesperadamente.


- Rony! Fala comigo Rony.
- Rony! - Gritou Gina, também desesperada, jogando-se ao lado do irmão – Ele está respirando, Harry?
- Sim, mas o pulso está fraco. – Respondeu ele, enquanto os outros se reuniam em volta.
- Ele vai sobreviver, não vai? – Perguntou Éolyn, em prantos.
- Claro que vai. – Respondeu Gina, desviando o olhar para Mione, que estava parada a seu lado, com o olhar parado, distante – Mione, o que vamos fazer?
- Não sei. – Respondeu ela – Não sei, não tenho nada para tratar de um ferimento desses.
- Harry? – Sussurrou Rony, abrindo os olhos lentamente.
- Fica quieto Rony, você foi seriamente ferido. – Harry segurava o ruivo, com medo que começasse a se debater.
- Droga, o bicho é mais ligeiro do que eu imaginei. – Rony olhou para suas pernas e fez uma careta – Olha o estrago que ele fez... Eu não tinha que estar sentindo dor? Não estou sentindo dor alguma, Harry.
- Não? – Assustou-se Mione, e sem perda de tempo começou a virar Rony, que tinha um enorme ferimento nas costas. Ela o virou novamente, e finalmente as lágrimas e o desespero que a cercavam venceram, e ela começou a chorar – A coluna. Acho que a coluna foi lesionada.
- O que isso quer dizer? Que ele não vai mais poder andar? – Perguntou Andy, que também estava presente.
- Sem chance. – Respondeu Rony, puxando Harry pelas vestes e dizendo – Vamos lá Harry, é só me ajudar a ficar de pé, vamos voltar lá e chutar a bunda quente daquele monstro. Vamos, me ajude, não quero ficar aqui assim, parecendo um inútil.
- Calma Rony, você não pode se mexer. – Interveio Gina, segurando-o no peito – Nós vamos encontrar uma cura, calma.
- Harry, me ajuda, cara. É só me levantar que eu me viro, vou andar, vai ver só. Não quero ficar assim. Não posso. – Insistiu o ruivo.
- Calma Rony. Mione vai achar um jeito de curar você. – Harry disse, seus olhos também lacrimejantes, olhando para a amiga, esperançoso – Não podemos usar as lágrimas de fênix?
- Usamos quase metade durante a viagem até Gondor. O que tem não daria pra nada, ele precisaria de litros para se tratar. – Respondeu Mione, escondendo o rosto entre as mãos.
- Mione... Me ajuda...– Sussurrou Rony, e então desmaiou novamente.



Harry deitou delicadamente o amigo no chão, virou-se para Mione e disse.



- Hermione, você precisa encontrar uma maneira de tratá-lo. Sei que você consegue, é só ficar calma e pensar racionalmente. Eu não posso ajudá-la, tenho que cuidar daquela criatura, antes que mate a todos.
- Eu... Eu... Vou tentar, preciso pensar, preciso me concentrar, mas está tão difícil. – Disse a moça, tentando se controlar.
- Ótimo. Mantenha a calma. Gina e Cho, venham. Ainda temos trabalho a fazer. – E dizendo isso, Harry deixou o local, acompanhado pelas outras duas.



Mione continuou onde estava, esfregando as mãos nervosamente, olhando para Rony, até que Éolyn a virou, ficando as duas, uma de frente para a outra.


- Você tem que fazer alguma coisa. Diga-me que tem uma solução, ele não pode ficar assim.
- Você tem o dom da visão, como sua avó? – Perguntou Mione, tentando desviar o assunto – Você disse pra ele não ir, viu alguma coisa?
- Foi mais uma sensação. Tive um mau pressentimento. Mas isso não importa agora, não é mesmo? Diz-me o que fazer, faço qualquer coisa para ajudá-lo. Você deveria estar pensando o mesmo, se o ama como diz. – Retrucou a jovem.
- Ah, eu o amo sim. Tanto que preferia estar no lugar dele agora, garota. Mas a culpa é minha, sei que a culpa por ele estar assim é minha. – Mione suspirou fundo, e pareceu retomar um pouco do controle – Muito bem, tive uma idéia. Eu preciso que você encha uma banheira, aquela do quarto dele, até a metade com água. Você entendeu?
- Água? Você vai mergulhá-lo na água? – Estranhou Éolyn.
- Não discuta comigo, faça o que estou pedindo. É nossa única chance. Vá correndo, eu irei em seguida com Rony. Andy, pode me ajudar? – Perguntou ela ao Hobbit que permanecia a seu lado, enquanto Eldest e Anaryon haviam ido verificar o que Harry planejava.




Éolyn obedeceu, e saiu correndo pelo castelo, em direção aos aposentos de Rony. Chamou duas criadas pelo caminho, pedindo ajuda. Mione, após lançar um feitiço “Mobilicorpus” sobre um Rony inerte, a seguiu, tentando balançar o corpo o mínimo possível. Quando entrou no quarto, Éolyn e as criadas já estavam enchendo a banheira. Ela depositou Rony cuidadosamente na cama, e com a ajuda do Hobbit retirou suas roupas, ou pelo menos o que conseguiu. Quando a princesa saiu do banheiro, deu um grito, assustando a todos.



- Ele está nú!
- Não é hora de puritanismo, não podemos colocá-lo lá de roupas. – Mione respondeu, ríspida – Já estou acostumada a isso, na minha profissão.
- Mas eu não, oras. – Respondeu a jovem, ofendida.
- Não se preocupe com isso agora, ok? Onde está minha bolsa? – Continuou Mione, pegando a mochila que lhe era estendida por Andy.



Mione foi até o banheiro, e despejou o restante do vidro contendo lágrimas na banheira, misturando-a bem com a mão. Então retornou ao quarto, levitou Rony e o levou até a banheira, mergulhando-o na água. Assim que o corpo de Rony entrou em contato com a água, esta começou a borbulhar, como se estivesse fervendo. Delicadamente, Mione foi abaixando-o dentro d’água, até que ele ficasse apenas com a cabeça do lado de fora. Ela ajoelhou-se ao seu lado, amparando sua cabeça, para que não submergisse, alisando sua face pálida com a outra mão, lágrimas voltando a singrar por sua face.


- Essa é a última promessa que eu te faço, meu amor. – Disse ela – Você vai ficar bom. Ouviu? Você não vai ter que pagar nenhuma dívida minha, nunca mais. A culpa de tudo isso é minha, eu sei que é.



Beijou-lhe levemente os lábios, e ficou ali quieta, por alguns instantes. Andy e Éolyn permaneceram também, calados. Depois, ela disse.


- Vamos ter que nos revezar durante a noite, para segurá-lo. A cabeça não pode mergulhar, senão ele se afoga. Isso pode demorar muitas horas, mas acho que vai funcionar. As lágrimas, diluídas na água, devem demorar muito mais tempo para curá-lo, mas vai dar certo. – Então, uma explosão foi ouvida, assustando a todos novamente – Droga Harry! Você não. Já basta o Rony, não podemos ficar sem você também. Éolyn, segure aqui.



Trocaram de posição, a princesa assumindo a função de segurar a cabeça de Rony, e Mione saiu correndo do banheiro para ver o que mais acontecera.





*****




- Harry, o que você vai fazer? – Perguntou Gina, correndo atrás dele e segurando-o pelo braço, assim que deixaram o local onde Rony estava.
- Destruir essa criatura, amor. – Respondeu ele, e Gina percebeu que seus olhos brilhavam perigosamente.
- Como? – Perguntou Cho, alcançando-os.
- Rony me deu uma idéia. – Respondeu ele, olhando para as duas – Mantenham-no distraído mais um pouco, para que ele não me veja chegando.



Dizendo isso, Harry conjurou sua Firebolt, que estava miniaturizada dentro de sua mochila, e arrancou uma lança de um dos soldados próximos.


- Mas o que você pensa em fazer com isso? Aliás... O que é isso, Potter? – Perguntou Eldest, que chegava naquele momento.
- Harry, você não pode perder a cabeça. – Anaryon, que também se aproximava, disse – Não pode se precipitar e buscar vingança pelo que aconteceu com Rony, só vai conseguir ser ferido também.
- Isso! – Respondeu Harry, indicando a Firebolt – É minha vassoura. Vou voar nela, carregando isto. – E com um movimento brusco, tanto a vassoura atingiu seu tamanho natural quanto a lança cresceu, pois Harry lançara um feitiço “Engorgio!” Nela, e agora a arma possuía mais de quatro metros de cumprimento e transfigurada toda em metal - Rony cravou sua espada na criatura, fazendo-a o soltar. Vou usar essa lança para matá-la. Mas preciso de uma distração, meninas. Ele não pode me ver chegando.
- Adianta dizer que eu não gostei nada dessa idéia? – Perguntou Gina, recebendo um sorriso sem graça e um não em resposta – Muito bem, pelo menos tente não se matar, ok? Ainda quero usar o nome Potter um dia.
- Quando chegar o momento, todos devem se proteger, ok? A coisa pode ficar feia. – Continuou ele, aproximando-se dela.
- E quem vai proteger você, Harry? – Perguntou Gina, acariciando seu rosto.
- O seu amor, ruiva. Ele sempre me protege e dá forças.



Harry tomou-a nos braços, e deram um beijo ardente. Não um beijo de adeus, mas de boa sorte. Harry montou sua vassoura, enquanto Gina e Cho se colocavam em posição. O Balrog já estava nos muros externos, e os bravos soldados de Rohan tentavam, inutilmente, combater a monstruosidade. Mas suas flechas eram ineficazes, pois se incendiavam antes de atingir o alvo. O chicote, algoz de Rony, já fizera mais vitimas, que não tiveram a mesma sorte e pereceram.



Do outro lado do vale, Os Orcs assistiam a luta, ainda mais extasiados.



- Assim que o Balrog derrubar os portões, mande os Orcs atacarem. – Ordenou Wang Chú, sorridente.
- E quanto a Potter e seus amigos? – Questionou Li.
- Devem ter fugido, após a morte de Weasley. Eles pensaram mesmo que poderiam nos enfrentar? – Chú perguntou, divertido.
- Parece que sim. – Disse Draco, apontando para o castelo, onde os feitiços voltavam a atingir o Balrog, agora bem mais de perto.
- Mas o que é que eles pensam que estão fazendo? Jogando Quadribol? – Perguntou Chú, curioso, ao ver uma vassoura ganhar os céus.




As meninas lançaram seus feitiços. Cho o “Aquamenti!” E Gina o “Lumus Máxima!”. Harry ganhou impulso, segurando a lança em sua mão direita, com certa dificuldade. Mas não foi em direção ao Balrog, subiu em diagonal para o outro lado, ganhando distância e altura rapidamente.


- Mas pra onde ele vai? – Perguntou Cho, sem entender nada.
- Acho que quer ganhar distância e velocidade. Não pode desperdiçar a oportunidade, só vai ter uma. – Respondeu Gina, acompanhando Harry com o olhar.




Quando achou que já estava bom, Harry deu uma guinada na vassoura, e mergulhou vertiginosamente em direção ao Balrog. Assim que iniciou o mergulho, Gina bradou.



- “Lumus Solem!” – E o globo de luz que ela comandava, brilhou ainda mais intensamente, como se fosse um pequeno sol, cegando não apenas a criatura, que cambaleou, dando dois passos para trás, como vários dos soldados que estavam observando os acontecimentos. O Balrog, mais uma vez pego de surpresa, fechou os olhos e tentou protegê-los com os braços, tentando evitar a luz que o machucava. Gina manteve firmemente o feitiço até Harry chegar bem próximo. Ainda conseguiu ver em volta dele uma esfera prateada, um escudo que o envolvia todo e à vassoura, mas deixava a ponta da lança exposta, antes de gritar – Protejam-se!



A luz desapareceu, ao mesmo tempo em que Gina e Cho conjuravam escudos, e Harry atingia o peito do Balrog, onde deveria ficar o coração. O demônio deu mais um passo de costas, ao sentir o metal penetrando suas entranhas. Cambaleou, e Harry aproveitou para enfiar mais a lança e soltá-la, ao sentir seu braço direito ser severamente castigado pela alta temperatura que o atingia pela lança, que já estava em brasa. Reforçou seus escudos, pois sentia que o calor o trespassava, e tentou virar a vassoura para fugir, mas não houve tempo.


O efeito a seguir foi similar ao ocorrido com uma estrela quando morre. Primeiro, o Balrog pareceu se retrair, como se estivesse ficando menor com a entrada do corpo estranho em sua pele flamejante. Então, explodiu, lançando fogo e algo parecido com lava para todo o lado. O deslocamento de ar causado, derrubou parte do muro, e se os soldados não tivessem se protegido ou pulado para o pátio inferior, vários teriam morrido. Harry foi engolido por uma bola em chamas, e quando esta se dissolveu, ele havia desaparecido.



- HARRY! – Gritou Gina, que assim como Cho, assistira a tudo de onde estava. Não o via em lugar algum, mas sentia que ele não havia morrido. Instintivamente olhou para o pátio, e correu, desesperada.



Assim que a bola de fogo o atingiu, Harry sabia que não sobreviveria nem um minuto. O deslocamento de ar o fazia girar desordenadamente, com esforço consegui se concentrar e desaparatou. Quando sentiu o chão do pátio, frio sob seus joelhos, foi uma das melhores sensações de sua vida. Estava encharcado de suor e não conseguia enxergar direito, por que as lentes de seus óculos haviam trincado devido o calor.



- Harry! – Gina correu em direção ao vulto que se levantava, suas roupas ainda fumegando – Você está bem?
- Ai! – Exclamou ele quando ela tocou, sem querer, em seu braço ferido – Fora o braço, acho que sim.
- É por isso que eu gosto de viver com vocês. – Disse Cho, também se aproximando, visivelmente aliviada – Vocês sabem mesmo como quebrar a rotina.
- Potter! – Chamou Eldest, outro que corria em sua direção, completamente assombrado – Vocês são loucos. Completamente loucos, mas sensacionais. Nunca imaginei viver para presenciar algo assim.
- E eu nunca imaginei viver pra ter que fazer algo assim. – Respondeu Harry, fazendo uma careta de dor.
- Agora não é hora pra nada disso. – Sentenciou Gina, amparando Harry, sendo auxiliada por Cho – Harry está ferido e necessita de tratamento. Vamos procurar Mione.



Seguiram a caminho dos quartos, e encontraram Mione no meio do corredor.



- Droga Harry! – Disse ela, ao ver o estado do rapaz – Não basta o Rony, você também tinha que dar um jeito de se ferir lutando contra aquela criatura?
- Como está o Rony? – Disparou Gina, preocupada.
- Recuperando-se. – Respondeu ela, cansada – Vai ficar bom. Vai demorar alguns dias, mas logo vai voltar a andar.
- Sabia que podíamos confiar em você, Mione. – Harry abriu um sorriso, sem conseguir esconder a expressão de dor que sentia.
- Mas eu não confio mais, Harry. – Respondeu a amiga, sem conseguir encará-lo.
- Como assim Mione? – Ele não entendia o que ela queria dizer.
- Eu não confio mais em mim mesma. Perdi minha autoconfiança. Tornei-me um risco para todos aqui.
- Que sandice é essa Hermione Granger? – Explodiu Gina – Você sempre foi a mais sensata e coerente de todos nós. Como pode falar uma maluquice dessas?
- É minha culpa Rony ter se ferido daquela maneira. Se eu não tivesse o acusado de ser o responsável, e depois não tivesse interrompido o jato de água que estávamos lançando, ele não teria sido capturado. – Disse ela, chorando.
- Não tem nada a ver, Mione. Você não pode estar pensando que meu irmão facilitou durante a luta para se punir no seu lugar por qualquer coisa. Muito menos por não ter agüentado a manter o feitiço, você estava exausta. Foi a única que não descansou. – Gina tentou convencer a amiga, que balançava a cabeça negativamente.
- Não. A culpa é minha. Tenho minhas mãos sujas de sangue. Fiz um juramento de salvar vidas, e as estou tirando uma atrás da outra. – E Mione arrancou o broche do Saint Mungus, junto ao dos Guardiões e os jogou no chão – Não posso mais fazer isso. Não posso ter mais sangue nas mãos, principalmente o de vocês.
- Você vai nos abandonar? – Cho perguntou, bestificada.
- Eu preciso de um tempo. Para por minha cabeça no lugar, tentar me reencontrar. Aqui, vou continuar oferecendo perigo, colocando a vida de vocês todos em risco.
- Mas Mione, você não... – Começou Gina, mas foi interrompida por Harry.
- Quando você vai?
- Vou tratar de você e garantir que Rony esteja bem, e depois eu parto. – Concluiu ela, decidida.
- Muito bem. Se tomou sua decisão, vou respeitá-la, apesar de não concordar. – Harry respondeu, pesaroso.
- Você não pode permitir que ela parta, Harry. – Gina virou-se para ele, seus olhos castanhos em fúria.
- Nunca obriguei ninguém a ficar, amor. Sempre disse que seria uma tarefa difícil. Se Mione precisa de um tempo para se recuperar, não serei eu a dizer-lhe o contrário. Existem feridas na alma que podem ser muito mais difíceis de se tratar do que esses, físicos. – O moreno falou, apontando para o braço – Mas que se não forem devidamente tratadas, podem nos matar da mesma forma.



Não insistiram mais. Seguiram até o quarto de Rony, onde Mione pegou uma bacia, que encheu com a água da banheira. Harry sentou-se em um banco que havia no quarto e mergulhou o braço dentro, sentindo o alivio causado pelo efeito das lágrimas. Gina fez um feitiço para que a bacia ficasse flutuando na altura ideal, e finalmente Harry recostou-se e relaxou. Em instantes adormecera.



Já era alta madrugada, e Gina acabara de render Mione na tarefa de amparar Rony. Foi até o quarto, onde Éolyn estava dormindo na cama e a acordou, gentilmente.



- O que foi? Rony está bem? – Perguntou a jovem, assustada.
- Está tudo bem, pode ficar tranqüila. – Mione falava baixo, para não acordar Harry ou Andy, que dormiam também pelo quarto – Preciso falar com você.



As moças saíram do quarto e foram conversar na sacada, de onde podiam avistar os soldados que montavam guarda na parte do muro destruída pela explosão.


- Éolyn preciso lhe pedir um favor. – Mione foi direta – Preciso que cuide do Rony para mim.
- Como? – Perguntou incrédula, pensando que ouvira errado.
- Isso mesmo. Eu estou indo embora, e preciso de alguém de confiança para cuidar dele na minha ausência. – Mione continuava mostrando uma determinação que, em seu íntimo, não existia. Seu coração estava se despedaçando por ter que pedir aquilo para Éolyn.
- Mas por que eu? E a irmã dele? Por que não pede para Gina?
- Por que Gina já tem que cuidar de Harry. E vai ter que ficar com ele, caso haja outra batalha. E por que você vai se dedicar a Rony... Por que o ama. Assim como eu.
- Se o ama, por que vai partir?
- Por que no momento, sou um risco para ele ou qualquer outro. Estou dividida e insegura. E amo Rony demais para colocá-lo ainda mais em risco. Já o magoei demais, já o feri demais. Não posso suportar mais. – E as lágrimas voltaram a rolar por sua face.
- Continuo não entendendo.
- Rony não merece o que tenho feito com ele. Eu o amo, mas não sei o que ou por que tenho o tratado tão mal.
- Por minha causa, talvez?
- Não. Você não é a causa, só uma desculpa. O problema sou eu. Tenho estado insegura quanto a mim e nossa relação. Preciso me reencontrar, porque não quero mais magoá-lo. Ele não merece isso.
- E se ele não a quiser mais quando voltar?
- É um risco que eu preciso correr. Se ele escolher ficar com você enquanto eu estiver fora, vou ter que aceitar. Terá sido minha culpa, e tão somente minha. Mas se ele achar que ainda temos uma chance... – E os olhos castanhos da jovem brilharam apaixonadamente – Ah! Vou fazer dele o homem mais feliz deste ou de qualquer outro mundo.
- Você não vai se despedir dele? O que eu devo dizer quando ele acordar?
- Rony só deve acordar quando seu corpo estiver melhor. Talvez hoje à tarde ou amanhã. Quanto ao que você vai dizer a ele... Deixo por conta de sua consciência. Abri meu coração pra você, Éolyn. O que vai fazer com o que lhe disse, cabe a você e tão somente a você decidir. Até.




Mione deixou a princesa onde estava, atravessou o umbral da porta, girou e desaparatou. Éolyn continuou ali, olhando para o firmamento, pensativa. Tinha nas mãos a oportunidade que precisava para conquistar o amor de Rony. Mas Hermione havia sido tão franca e sincera com ela, e havia aberto seu coração de forma tão humilde, que ela não sabia mais o que fazer. Ela percebera que Mione amava o ruivo sim, de uma maneira que ela nunca imaginara.





*****




- Não contava com a perda do Balrog. – Disse Chú, sentado em sua tenda.
- Mas, pelo menos, ele levou Potter com ele. – Li lembrou, sorrindo – Agora só há as três mulheres defendendo Rohan.
- Tem razão. Sem Poter e Weasley, podemos cuidar das mulheres. – Concordou Malfoy, seus olhos brilhando de prazer, antegozando conseguir por as mãos em Gina.
- Deixe-as chorar seus mortos esta noite. Quando amanhecer, tomaremos o castelo. – Sentenciou Chú, preparando-se para dormir um pouco.




*****




Estava quase amanhecendo quando Harry acordou. Sentiu o perfume de flores, que tanto amava, e o peso de uma cabeça ruiva em seu ombro esquerdo. Abriu os olhos, e o mundo voltou a entrar em foco, o que significava que alguém havia consertado seus óculos. Tentou não se mexer muito, para não acordá-la, mas de nada adiantou. Gina deu um suspiro e acordou, sorrindo para ele. Estava sentada a seu lado, sobre as pernas, com a cabeça apoiada em seu ombro e abraçando sua cintura.



- Bom dia. – Disse ela.
- Bom dia. – Respondeu, e indicando os óculos, completou – E obrigado.
- Não fui eu. Foi a Mione, durante a madrugada.
- Ah! Eu devia saber. Ela tem mania de fazer isso mesmo. E ela?
- Já foi. Ainda de madrugada. Deixou um beijo para você, e agradeceu por não tentar impedi-la.
- Eu sei que se não fosse realmente necessário, ela não nos deixaria. Tenho certeza de que vai voltar logo, e bem. E Rony?
- Ainda está na banheira. Fizemos rodízio para ficar com ele durante a noite, até Andy ajudou. Mione fez um feitiço para apoiá-lo, mas mesmo assim ficamos do lado, por segurança. Agora Éolyn está com ele. Cho deve estar dormindo um pouco também. – E Gina apontou para a cama de Rony, onde a amiga realmente ressonava – E o braço?
- Está bem melhor. Não está totalmente curado, mas está bem melhor. – Respondeu Harry, tirando o braço e movendo-o, enquanto o avaliava.
- Harry! – Chamou uma voz, vinda da porta. Anaryon entrava no quarto, tentando não fazer muito barulho, o que era difícil, com sua armadura retinindo ao andar – Desculpe incomodá-los. Sei que estão cansados, mas...
- Eles não desistiram, não é? – Perguntou Harry, com ar cansado.
- Não. Estão se organizando para atacar novamente. – Assentiu o príncipe.
- Devem estar pensando que estou morto. – Sorriu Harry – Vamos lhes dar um grande susto.
- Mas antes... – Disse Gina, pegando um recipiente com um líquido, e trazendo até Harry – Precisamos dar um jeito neste braço. Isso é Murtisca, Mione deixou preparado também.



Gina pegou ataduras, molhou na poção e enrolou o braço de Harry, causando uma sensação de frescor. Ele sorriu, depois se virou para Anaryon, chamando-o.


- Vamos então? – Mas enquanto se dirigia para a porta, viu a espada de Rony, que havia sido colocada sobre um dos móveis do quarto. Voltou, pegou-a e pendurou sua bainha às costas, cruzada com a dele – Assim Rony estará presente, de alguma forma.


Chegaram nos muros, e logo após Gina e Cho se juntaram a eles. Eldest os esperava, e parecia preocupado.



- Como está mestre Weasley? – Perguntou o rei.
- Vai se recuperar. – Respondeu Gina.
- A vitória sobre o Balrog ontem foi, como não poderia deixar de ser, magnífica, mestre Potter. – Continuou Eldest – Mas abriu uma brecha em nossas defesas – E apontou para o local onde o muro havia cedido.
- Posso dar um jeito nisso. – Respondeu Harry, erguendo sua mão esquerda e murmurando – “Reparo!”



As pedras que haviam caído ou explodido, retornaram a seu lugar, recuperando totalmente o muro externo. Harry voltou sua atenção para os demais.

- Mas isso não os impedirá de atacarem com carga total. Acho que chegou a hora de enfrentá-los cara-a-cara. – Disse.
- Concordo. Comandarei meus Rohirins ao campo de batalha. – Anuiu o rei.
- Eu o acompanharei. Gina irá conosco, e Cho ajudará a proteger o castelo. – Completou o moreno.
- Eu também permanecerei ajudando na proteção. – Apressou-se a dizer Anaryon.
- Certo! – Harry não conseguiu esconder um leve sorriso de cumplicidade, dado ao rapaz – Vamos nos aprontar então, eles já estão vindo.




Do outro lado do vale, o exército Orc se perfilava, e punha-se a marchar. Quando já estava a meio caminho, e o exército defensor já assumia suas posições e se preparava para deixar os portões, o som de trombetas se fez ouvir. Olharam para a direita, no alto do vale, e muitos não contiveram urros de alegria. Praticamente toda a encosta estava se preenchendo de pequenas figuras trajadas de armaduras, umas maiores que as outras, mas todas pequenas.



- Ora, por essa eu não esperava. – Riu Harry, satisfeito – Os anões e os Hobbits chegaram para participar da festa. Vou me juntar a eles. Aguardem o sinal, e então atacaremos juntos.
- E qual será o sinal? – Perguntou Gina, montando em seu cavalo.
- Você vai saber. – Piscou, o moreno, desaparatando.



No alto, centenas de anões e Hobbits olhavam para a cena abaixo, os dois exércitos se preparando para o confronto, admirando o vale, completamente destruído. Seus lideres, Tolmam Gangi e Gloryn, estavam lado a lado, com suas belas armaduras, quando Harry aparatou, alguns metros adiante. Tolman correu em sua direção, pois os anões, que não o conheciam, lhe apontavam suas lanças.



- Abaixem suas armas, este é o Mago Branco. – Ordenou ele, e em seguida cumprimentando Harry com uma reverência – Mestre Potter, é um imenso prazer revê-lo.
- Meu caro Thain. Não imagina a alegria que sentimos em vê-los aqui. – Retribuiu Harry, virando-se em seguida para Gloryn, que chegava naquele momento – O senhor deve ser mestre Gloryn. Rony me falou sobre o senhor.
- É uma honra conhecê-lo, mestre Potter. – O anão fez também uma reverência. - E como está nosso jovem amigo Weasley?
- Infelizmente ele foi ferido enquanto lutávamos contra um Balrog a noite passada. – Harry disse, tristemente.
- Um Balrog? Aqui? – Espantou-se Gloryn – E como está meu jovem amigo? Há muitos feridos?
- Sim, um Balrog. Mas fique tranqüilo, as baixas não foram muito numerosas. Além de Rony e eu. – E Harry mostrou seu braço – Perdemos alguns soldados, mas pelo menos a criatura está morta.
- Vocês mataram um Balrog? – Sorriu Tolman, batendo nas costas do anão – Não lhe disse, meu amigo, que esses magos não estão para brincadeira?
- Isso é bom, mestre Hobbit. Por que agora não é mais o momento para brincadeiras ou conversas. Vejam, os Orcs estão atacando. – Anunciou Gloryn, apontando para o fundo do vale, onde os Orcs, passado o susto inicial, marchavam rumo ao castelo.
- Então, senhores, não vamos deixá-los esperando. – Disse Harry, sacando as duas espadas, às suas costas – Mestre anão, Rony não pode cumprir a promessa de lutar a seu lado hoje, mas sua espada está aqui, comigo. Permita-me substituí-lo.
- Será uma honra lutar ao lado do Mago Branco. – Respondeu o anão, com uma nova reverência – Que soem as trombetas, hoje Hobbits e anões cruzam as suas lanças e machados contra o mal que caminha sobre a Terra Média!



Dito isso, começaram a descer a encosta, novamente ao toar das trombetas, de encontro aos inimigos. Ao mesmo tempo, os portões se abriam, sob outro forte som, e ficou claro o porque daquela fortaleza se chamar Forte da Trombeta. Pois do alto do abismo, gigantescas Trombetas, incrustadas no abismo eram acionadas, produzindo um som monumental. Os cavaleiros de Rohan avançavam, um lampejar flamejante sobre um cavalo branco ao lado de Eldest. Harry deslizava pela encosta, olhos fixos na sua ruiva, tendo ela como ponto de referência. Ente os dois, o exército inimigo. A única coisa na qual pensava era de encontrá-la, pois sabia que quando isto acontecesse, tudo teria terminado.



- Mas o que aqueles baixinhos pensam que podem fazer? – Riu Chú, mas seu sorriso sumiu ao ver a figura de branco descendo a encosta com eles – Quem é aquele? Não pode ser...
- Mas é. – Disse Malfoy, que como Chú, estava na retaguarda do ataque, bem longe da confusão – Aquele é o maldito Potter.
- Eu não acredito. Mas será que é pedir demais para que esse desgraçado simplesmente morra? Por que ele não pode fazer como os outros? – Chú estava colérico – Simplesmente deitar e deixar que a morte o leve? Por que se segura tanto a esta maldita vida?
- Talvez tenha algo aqui pelo que valha a pena viver. – Respondeu Draco, fitando Gina, montada a cavalo – E lutar.




O exército Orc se dividiu, abrindo duas frentes de batalha e preparando suas lanças para receber os atacantes. Os arqueiros, postados atrás, lançavam chuvas de flechas, atingindo vários cavaleiros, que tombavam e eram atropelados pelos demais. Do outro lado, porém, a situação era bem diferente. Os pequenos Hobbits, que também portavam lanças, traziam escudos, e estes protegiam praticamente todo o seu diminuto corpo, de modo que não havia baixas. Os anões, fabricantes dos escudos, também estavam a salvo. Harry, que não corria, acompanhando seus novos amigos, conjurara um escudo prateado, no qual as flechas reverberavam e tombavam, inúteis. Quando o terreno nivelou, ele resolveu se adiantar. Apressou o passo, e quando estava muito próximo da linha de frente inimiga, com dezenas de lanças apontadas para seu peito, gritou.



- “Reducto!”.


Seu escudo foi projetado, explodindo dezenas de lanças e assustando os Orcs, que abriram uma brecha na formação. Com as duas espadas em riste, pulou sobre esta fresta, desferindo golpes em todas as direções, sem defesa para seus alvos. Logo em seguida, ouviu-se o som da trombada das lanças e escudos de seus aliados contra os Orcs, derrubando vários, ao serem atingidos principalmente nas pernas. Logo o som da batalha era ensurdecedor. Lanças eram cravadas, furando e empalando. Machados eram brandidos com experiência e precisão, mutilando, decepando. Do outro lado, os cavalos atropelavam as linhas inimigas, pisoteando o que viam pela frente, enquanto seus cavaleiros desferiam golpes de espada ou lança, de cima para baixo, atingindo cabeças, ombros e pescoços. Gina nunca lutara daquela maneira, mas procurava fazer o melhor. Incitava seu animal contra o inimigo, atingindo qualquer Orc que entrasse na sua frente, procurando Harry sempre que podia, mas não o encontrava em lugar algum.


Harry continuava a lutar, incansavelmente, implacavelmente. Já derrubara dois bruxos. Usava uma das espadas para defender os golpes que recebia, e com a outra liquidava os adversários. A luta, que começou equilibrada, agora começava a virar contra ele e seus defensores. Os Orcs ainda eram em número superior, e a baixa estatura dos anões e dos Hobbits não favorecia a supremacia e força Orc no combate corpo-a-corpo, já estavam sendo empurrados, na tentativa de acuá-los.


Um novo som de trombeta foi ouvido, vindo da entrada do vale, detrás de onde estava Chú e seus homens. Viraram-se e deram de cara com Senar e seu exército, com mais de mil homens, que percebendo o som da batalha, vinha em marcha acelerada.


- A batalha está perdida. Vamos embora. – Anunciou Chú, a contragosto.
- E os Orcs? – perguntou Li.
- Que se danem. Vamos, precisamos nos reagrupar. Não subestimaremos mais Potter e seus amigos, a partir de agora. Vamos atacá-los em Gondor, com força total. – Concluiu Chú, desaparatando.


Li lançou fagulhas vermelhas no céu, dando sinal para os outros de que deveriam se retirar, e também desaparatou. Logo, os Orcs estavam sozinhos, à mercê da própria sorte. Senar chegou, encurralando os Orcs entre as três frentes de batalha. Sem lideres, estes perderam qualquer estratégia e começaram a lutar desordenadamente, na tentativa de escapar, tornando-se alvos fáceis. Durante uma hora ainda, lutaram, mas aos poucos o som de luta foi esmorecendo, até se tornar parco.




- Harry! – Gritou Gina, finalmente encontrando-o, no centro de um imenso grupo de Orcs mortos – Harry, venha.
- Você está bem? - Perguntou ele, pulando na garupa de seu cavalo.
- Estou. E você? – Perguntou ela, incitando o cavalo a sair do campo de batalha.
- Agora estou bem. – Respondeu ele, abraçando-a e beijando-lhe a nuca.



Retornaram para dentro do castelo, onde os cidadãos ovacionavam a todos que retornavam. As baixas haviam sido grandes, principalmente por parte dos cavaleiros, mas haviam vencido. Estavam exaustos, mas Harry tinha que admitir que estava satisfeito. Conseguiram resistir tempo suficiente até a chegada de reforços, e os reforços eram mais do que esperava. Desmontaram do cavalo e, abraçados, entraram no castelo, cruzando com Andy, que ali ficara com Cho e Anaryon, que corria ao encontro do pai. Estavam famintos e necessitando urgentemente de um banho, mas estavam vivos e haviam conseguido retardar os planos de Chú e Malfoy.



*****




Já era final da tarde. Harry estava descansando. Ela tivera que refazer o curativo do braço, além de mais alguns, causados por lâminas Orcs. Só há meia hora, com a ajuda de Cho, ela tirara Rony da banheira e transferira para a cama. Ainda havia algumas cicatrizes pelo corpo, mas nada grave. Nas costas, ainda havia o sinal do ferimento, mas este parecia cicatrizado. Ele ainda não acordara, desde a noite anterior. Gina estava sentada a seu lado, velando seu sono. Ainda não conseguira dormir, com tanta coisa em sua cabeça. Tivera que tratar de Rony e Harry durante a madrugada, novamente de Harry após a batalha, e se recusava a descansar enquanto não tivesse certeza de que o irmão estivesse bem.

Rony mexeu-se na cama, e lentamente começou a abrir os olhos. Gina sentou-se na cama, acariciando seus cabelos, até que ele despertou completamente e a fitou, confuso.


- Oi maninho. Que belo susto, hein? – Disse ela, abrindo seu melhor sorriso.
- Oi maninha. Tudo bem? – Então pareceu se lembrar de algo, e olhou para seus pés, cobertos por um lençol. Tentou mexê-los, o que lhe causou dor, mas conseguiu fazer os dedos se moverem, levemente – Eu sabia que ela ia conseguir!
- Eu também nunca duvidei. – Gina enxugou uma lágrima de felicidade, ao ver que Rony estava realmente sem seqüelas – Mione disse que deve demorar alguns dias até conseguir andar normalmente, que vai precisar uma série de poções para se recuperar, mas está tudo bem. Foi só um susto mesmo.
- E cadê ela? Está descansando? E o Harry? E a luta, como está? – Disparou ele, curioso.
- A luta já terminou, conseguimos vencer. Harry está descansando um pouco, estava exausto. Quanto a Mione... – Titubeou a ruiva.
- Aconteceu alguma coisa com ela? Fala logo Gina, ela está bem? – Insistiu ele, tentando se levantar, mas sendo seguro pela irmã.
- Está... Pelo menos eu acho que está. – E emendou, ao ver a cara de intrigado que Rony fazia – A Mione foi embora, Rony. Logo depois que teve certeza de que você ficaria bem, ela partiu.
- O quê? Ela foi embora? Pra onde? Por quê? – O rapaz estava visivelmente aturdido.



Gina respirou fundo e contou tudo que ocorrera a noite anterior, após ele ser ferido. Rony escutou, sem querer acreditar. Quando ela terminou, disse.


- Ela não podia ter me abandonado num momento desses.
- Rony, presta atenção. A Mione te ama, eu vi isso nos olhos dela. Mas ela perdeu a confiança em si própria e precisa se reencontrar, antes de te ver de novo.
- Você disse que Éolyn cuidou de mim a maior parte do tempo, não foi?
- Foi sim. Uma boa parte da madrugada, e durante a luta desta manhã. Saiu daqui pouco antes de te tirarmos da banheira e trazermos pro quarto.
- Então ela ficou cuidando de mim, enquanto minha noiva me abandonou... É isso? – Gina compreendeu o que viria a seguir e fez uma careta, antes mesmo dele continuar – Você pode pedir para ela vir até aqui, Gina? Preciso conversar com ela.
- Rony! Você não está pensando nenhuma bobagem, está? Eu acabei de te dizer, a própria Mione me disse, antes de sair, que te ama. Você sabe que Éolyn está caidinha por você, não pode fazer isso com a relação de vocês...
- Eu na estou fazendo nada, Gina. Foi a Mione que me abandonou aqui. E eu só quero conversar com a princesa, agradecer-lhe por ter feito algo que não tinha a mínima obrigação.
- Mas Rony...
- Gina, será que pode me fazer este favor, ou vou ter que me arrastar pra fora desta cama e ir eu mesmo? – Gritou Rony, furioso.



Gina percebeu que não adiantaria contestar. Ela sabia que o irmão não compreenderia os motivos de Mione, e que sua reação seria péssima, mas não esperava algo como aquilo. Se Rony fizesse uma besteira agora, a relação deles não teria mais volta. Contrariada, levantou-se e deixou o quarto. Chamaria Éolyn e depois iria tentar dormir um pouco.


N:A: Bom, antes que me azarem, vocês viram que foi só um susto, certo? No próximo cap o Rony volta a andar normalmente e até a lutar.

É muito gostoso escrever um cap como esse, o qual já havia imaginado, a mais de um ano. Espero que tenham gostado, e podem ter certeza que a chuva de comentários contribuiu muito para o desenrolar dele.

Infelizmente não pude atender ao pedido de algumas pessoas, que queriam uma luta igual à que retratei na Guardiões ou na Ressurreição. Se vocês repararam, a única luta corpo-a-corpo que teve, agora no final, foi bem superficial, e isso foi de propósito. O foco, neste cap, era a luta à distância e contra o Balrog. Minha intenção era mostrar a luta de um angulo mais amplo, espero ter conseguido.Mas haverá outras lutas, no molde daquelas, aguardem.

Bom, respondendo algumas questões, vamos lá:

Aline - Seja bem vinda.Pode parecer até que Harry e Gina estejam em segundo plano, mas não. Eu vejo que a relação deles está estável, não merecem mais sofrer depois do que já passaram nas fic anteriores. Então, a confusão sentimental nesta está mais a cargo de Rony e Mione, que andaram meio esquecidos nas anteriores. Na parte de Harry e Gina, acho que só vai aumentar o companheirismo e a sintonia dos dois.


MarciaM e Ana Eulina - Realmente estes nomes são complicados, vocês não fazem idéia do trabalho que dá pra arrumar. Principalmente os élficos. Mas graças à indicação da Fá, consegui um site onde a gente pode traduzir nomes próprios, em português, para a língua criada por Tolkien. Só para constar, Melroch é a tradução de Felipe( nome do meu filho mais novo), Mellon é a tradução de Davi e Mirië, a tradução de Margarida.

Tati – Só posso dizer que até hoje não tive reclamações. Rsrsrsrs


Deby – Como você disse, tudo tem um final. A Fic está mais ou menos na metade, então infelizmente esse dia vai chegar. Mas ainda tem muita água pra rolar debaixo dessa ponte.


Rafael – Muito oportuna a sua pergunta, vamos ver se eu consigo esclarecer esta dúvida.

De acordo com o que pesquisei, Aragorn governou por aproximadamente duzentos anos. Como Numenoriano, tinha uma longa vida. Após sua morte, Arwen vagou sozinha pela Terra Média, morrendo com aproximadamente novecentos anos. Estes fatos estão relatados num livro lançado pelo filho de Tolkien, após sua morte. Eu não li este livro, consegui essas informações com terceiros.
Mas, para criar um vínculo entre a estória que estou escrevendo e a original, criada por Tolkien, eu resolvi descartar esta informação, adaptar o final desta personagem para poder usá-la como elo de ligação.


Bom, é isso. Queria agradecer uma vez mais a todos que comentaram, e olha que foram realmente muitos. Não dá pra responder a todos, mas podem ter certeza de que eu leio todos e guardo aqueles que mandam cópia para mim por e-mail.

Mais uma vez queria saudar aos novos leitores, como a Sô, e o Juliano. Sejam bem vindos e espero que continuem conosco até o final.

E até o próximo capítulo.

Beijos e abraços,

Claudio

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