Sofrimento




N/A: Não recomendo esse capítulo pra quem está deprimido! Boa Leitura!


~*~*~*




-Cadê a mamãe?- Foi a primeira coisa que Hellenna perguntou, assim que viu o pai entrar no apartamento.


Harry levantou os olhos e viu a filha. A cópia exata de Emily. Suspirou. Mesmo tendo estado quatro dias internado, por causa de seu estado emocional, não conseguira acreditar que a esposa fora assassinada. Olhou para os olhos inocentes e curiosos da filha. Seria justo contar para filha? Mesmo que fosse, ele não tinha coragem de falar para a filha o que realmente acontecera. Não tinha idéia de como explicar para uma criança de 6 anos que a mãe morrera.


-Mamãe teve que viajar a negócios!- mentiu.


-Por isso que está triste, papai?- a pequena perguntou. Harry confirmou com a cabeça. A babá veio correndo da cozinha, ao ouvir a voz da criança.


-Ah, Sr.Potter!- a jovem exclamou -Bom, vou arrumar minhas coisas e...


-Não!- Harry a interrompeu -Preciso que fique! Pago o dobro!- informou e foi para o quarto.


Assim que trancou a porta, Harry chutou a primeira coisa que viu na frente. Permitiu que as lágrimas que estavam entaladas caíssem. Sentia uma raiva de tudo e de todos, mas acima de tudo, sentia raiva de si mesmo. Se fosse bom como diziam que era, teria conseguido salvar a esposa. Se jogou na cama e esmurrou um travesseiro. Soluçou.
Na sua vida toda, só amara duas mulheres, uma delas fora Ginny, que o dispensará e a segunda fora Emily, que fora assassinada brutalmente, na sua frente. Enterrou o rosto no travesseiro e sentiu o perfume de jasmim que Emily costumava usar. Isso só lhe causou mais vontade de chorar.


Perdido. Essa era a palavra para descrever como estava se sentindo. Não queria saber de nada, nem de ninguém. Só queria se livrar da dor que sentia. Sabia que a filha precisava dele, mas se não estava em condições de cuidar de si mesmo, imagina de uma criança?


Se levantou. Secou o rosto e respirou fundo. Foi até a sala, onde a babá estava sentada com Hellenna no colo.


Assim que viu o pai a menina correu até e abraçou sua perna. Harry se abaixou e olhou o rostinho assustado da filha. Provavelmente a pequena ouvira o pai chutando os móveis. Os olhos verdes de Harry se encheram de lágrimas, mas as conteve. Sorriu para a filha.


-Srta. Watson, gostaria de pedir que a senhorita leva-se Lenna para a casa do padrinho!- falou se dirigindo á jovem que ainda estava no sofá-e depois volte aqui! Preciso conversar com você!- A jovem concordou com a cabeça e foi arrumar as coisas da herdeira Potter.


-Por que está me mandando pra casa do padrinho?- Hellenna perguntou.


-Por que papai está confuso e precisa ficar sozinho para organizar as idéias!- Explicou, não era uma mentira. Realmente estava confuso, mas com certeza não conseguiria organizar as idéias se permanecesse por muito tempo na França. Sorriu para a filha e depositou um beijou na testa da menina. Voltou para o quarto.


Olhou para a estante que havia perto da porta. Repleto de fotos dele com Emily. Uma em particular lhe chamou a atenção.Era uma foto do dia do casamento. Suspirou. Viu que tinha um copo ao lado da foto. O pegou e o atirou na parede do outro lado do quarto.


-Droga!- Sussurrou-Por quê? Por que aqueles malditos tinham que te matar Emy? Por que não ME mataram?- Caiu de joelhos e chorou. Recaída. Seria assim que os médicos diriam se o vissem. Sabia que estavam em uma depressão profunda, mas não conseguia evitar. Sabia, também, que se não se controlasse, correria o sério risco de ficar louco, mas nada disso lhe importava naquele momento. Só queria tentar se livrar da dor, chorando, só queria tentar. Tentar nunca lhe custou muito, por que agora custaria?


Pensando bem, lhe custara muito a última vez que tentara. Tentara salvar a esposa, e isso lhe custou a vida da pessoa que mais amava.


Culpado, era também como se sentia. Perdido e culpado. Perdido por que não sabia o que fazer e o que pensar. Culpado por que vira a esposa morrer e não fizera praticamente nada para impedir.


Suspirou. Fechou os olhos para tentar organizar as idéias, mas isso só piorou sua situação. Viu a figura de Emily sorrindo daquela maneira doce e inocente que só ela sabia sorrir. Abriu os olhos. Ótimo, era tudo o que precisava, além de sofrer pela perda acordado, sofreria até dormindo. Sentia isso. Sabia disso.


Olhou ao redor mais uma vez. Se levantou e seguiu até o banheiro. Abriu o chuveiro na água fria e entrou de roupa e tudo. Sentia as lágrimas quentes correrem por seu rosto. Era nessas horas que sentia falta de seus melhores amigos Rony e Hermione.


Tivera uma idéia, a única no meio da escuridão. Iria visitar seus amigos, após anos. Desligou o chuveiro, se despiu e se secou, foi para o quarto enrolado em uma toalha e se vestiu.


-Espero que eles não estejam zangados comigo!- sussurrou. Aparatou.




Estavam todos na Toca, comemorando o aniversário de 6 anos do filho de Rony e Hermione, Roger.


Todos pararam quando ouviram o barulho de alguém desaparatando, pensando que era Ginny. Olharam para o centro da sala. Viram um homem, alto, cabelos negro, desgrenhados, olhos verdes, com o rosto machucado, vestido de forma desleixada. Seria um homem bonito se não estivesse machucado, e com os olhos inchados.


-Quem é você?- Sirius perguntou.


-Obrigado por reconhecer seu afilhado!- Harry falou desgostoso. Sirius arregalou os olhos.- Preciso conversar!- Sussurrou triste, antes que alguém falasse ou fizesse algo.


-Quer dizer que depois de sete anos decidiu voltar? Seu grande tonto!- Rony exclamou alegre, mas Harry permaneceu parado, com uma expressão impassível.


-Rony!- Hermione repreendeu.- O que foi, Harry?- A morena perguntou abraçando o amigo, que desabou como uma criança. Todos ficaram espantados.- Harry, calma!- pediu carinhosa.


-Calma?- Harry sussurrou, entre um soluço e outro- Você ficaria calma se visse a pessoa que você mais ama na sua vida ser morta?- jogou.


-Como?- Hermione perguntou se afastando do amigo, para olha-lo nos olhos.


-Não me faça repetir!- Pediu. Olhou para os lados.- Desculpem a cena!- Abaixou a cabeça- Mas...É que...- Respirou fundo e soltou o ar pela boca- Eu...tenho que ir...


-Espera!- Hermione pediu segurando sua mão- Eu não vou deixar você ir nesse estado!- Harry a olhou com carinho.


-Eu tenho que ir dispensar a babá!- Explicou.


-BABÁ?- todos perguntaram ao mesmo tempo.


-Quê?- Harry perguntou confuso- Vocês realmente acharam que eu não ia ter filhos?- perguntou com frieza.- No dia que eu não aquentar mais ficar na França eu volto!- sussurrou, não se importando mais em esconder onde estava. Desaparatou.


-Por favor, Mione, diga que você entendeu alguma coisa.- Rony pediu, Hermione olhou confusa para o marido.


-Pelo que entendi...- A morena começou- Ele perdeu alguém, como uma esposa, e está sofrendo muito, mas não tem onde procurar conforto! Por isso, veio até aqui!- Sirius abaixou a cabeça, se sentindo impotente, sabia que não podia ajudar o afilhado.


-Acertou em cheio!- uma voz fraca veio da lareira, todos olharam pra lá assustados.-Não se assustem, sou o chefe de Potter!- Willian explicou, saindo da lareira. Acomodou-se assim que a Sra. Weasley permitiu, e começou a explicar o que acontecera.




Desnaturado. Talvez fosse outra palavra que descrevesse como Harry estava se sentindo. Tratara os amigos com frieza, eles não tinham por obrigação saber o que se passava com ele. E também, mentira para a filha.
Permitiu que as lágrimas voltassem a cair. Sentia que se não falasse para alguém o que estava sentindo, iria enlouquecer. Mas não sabia com quem falar, pensou novamente em seus amigos, mas teria que explicar o que acontecera e não estava pronto para reviver o assassinato da esposa.


Sabia que Emily jamais sairia de sua cabeça. E sabia também, que não conseguiria se casar novamente, a não ser que Ginny decidisse voltar para ele. Mas naquele momento sentia que não era mais capaz de entregar seu coração a outra mulher, talvez nunca mais conseguisse. Emily conseguira entrar no seu coração de uma maneira que ele não teria como tira-la, por mais que tentasse.


Sentia que tanto seu coração quanto sua mente entravam, lentamente, nas trevas. Não achava nada que diminuísse sua dor, nada nem ninguém.
Teria que se enganar, assim como enganara sua filha. Teria que fingir que Emily só fora viajar, mas como se sentia uma dor, jamais imaginada por seu ser, despedaçar seu coração?


Tinha certeza que Emily não gostaria de vê-lo nesse estado, mas era inevitável.


Ouviu o barulho de alguém desaparatando. A babá voltara. Respirou fundo e enxugou as lágrimas. Foi para a sala. Hellenna estava junto da moça. Harry olhou confuso de uma para a outra.


-O padrinho não podia ficar comigo!- Hellenna explicou vendo o olhar intrigado do homem.


-Ah...- Harry disse com um fio de voz- Srta. Watson, será que poderíamos conversar no escritório?


-Claro!- A moça concordou intrigada. Harry foi até o escritório, com a moça logo atrás.


-Bom...- O moreno começou, após ambos estarem, devidamente acomodados -Receio que a senhorita não possa mais trabalhar aqui!- falou, indo direto ao ponto.


-Por quê?- A moça perguntou surpresa- Achou que não sou boa no que faço?


-Não é isso!- Harry falou, gesticulando um pouco.- Você trabalha muito bem! O problema, Margo, é que eu pretendo me mudar para a Inglaterra, e suponho, que você não possa me acompanhar!


-Ah!- A moça pareceu desapontada- E a senhora concordou com isso?- perguntou, Harry abaixou os olhos.


-Infelizmente, Emily não vai voltar!- Disse olhando significativamente para a empregada, que arregalou os olhos.


-Eu sinto muito!- Margo se levantou e o abraçou, gesto, pelo qual, Harry foi muito grato- Mas o senhor disse para a Lenna, que a senhora viajou!- Margo, comentou, voltando para o seu lugar.


-É uma longa história!- Harry desconversou. Abriu a gaveta e pegou um saquinho com dinheiro -Bom, aqui têm o que você receberia em dois meses, suponho que seja suficiente até você achar outro emprego.


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