A Casa de Dumbledore






CAPITULO 2- A CASA DE DUMBLEDORE



Duas pessoas andavam por uma rua silenciosamente, passam por uma placa que informava que o nome dessa rua era Rua dos Alfaneiros, continuaram a andar ate uma delas começar a andar em direção a uma casa, a de numero 4.
-Dumbledore, o que estamos fazendo aqui?- perguntou uma mulher.
-Viemos buscar um aluno meu.- respondeu um homem, se alguém pudesse ver debaixo do capuz que este usava, veria que o homem tinha olhos azuis emoldurados por um óculos de meia- lua, apresentava rugas, e possuía uma barba prateada tão comprida que dava para amarar no cinto, seu nome era Albus Dumbledore, o diretor de Hogwarts, para muitos esse nome não representava nada, mas para outros, como os bruxos, sinalizava respeito.
-Um aluno?- perguntou a mulher.
-Sim- respondeu simplesmente.
-Mas nem começou as ferias direito...
-Sim, mas acho que ele já ficou tempo demais aqui, depois explicarei melhor- disse Dumbledore retirando a varinha do bolço- Alorromora- murmurou.
Com um CLICK baixo a porta abriu, os dois entraram na casa silenciosamente.
-Vamos falar baixo, nao quero acordar os tios dele- disse Dumbledore.
-Você vai seqüestra-lo?- perguntou marota.
Dumbledore sorriu e fez um movimento para que ela o seguisse. Eles subiram as escadas seguindo a energia magica que havia, chegaram em um corredor e pararam, a energia vinha de uma porta mais a frente, a abriram e entraram no aposento.
Era um quarto pequeno, tinha uma cama, um armário pequeno e uma escrivaninha pequena. Olharam a cama, estava arrumada.
Dumbledore dirigiu o olhar para a janela, onde um garoto parecia estar dormindo, estava sentado em uma cadeira que parecia velha, o velho diretor caminhou ate o menino.

Anna percorreu os olhos pelo pequeno quarto, era organizado demais para um adolescente, principalmente sendo um garoto, os livros estavam arrumados e divididos por matérias, havia alguns pergaminhos enrolados, o que informava que ele já havia feito os deveres das ferias. Observou Dumbledore seguir em direção ao garoto e seguiu-o.
-Esta dormindo?- perguntou.
-Totalmente- disse o bruxo.- Harry... Acorde...
-Hm, você não conseguira acorda-lo assim Albus- disse Anna
-Por que?- perguntou o diretor.
A mulher se aproximou e observou o moreno, seus olhos brilharam estranhamente, mas logo voltaram ao normal.
-Acabou de dormir, esta realmente cansado, diria que você teria um grande problema para acorda-lo sem usar magia-disse.
-E melhor nao, o ministério da magia detecta a magia e não quem a fez, isso é, se eu fizer magia aqui, quem sofrera as conseqüência é ele- disse Dumbledore.
-Então deixa que eu o acordo- e ao ver o olhar do diretor completou- mulheres tem mais facilidade em acordar os outros.
Dumbledore sorriu, seria interessante ver o que ela faria.
Anna se aproximou do moreno, quando tentou toca-lo, algo estranho aconteceu, uma barreira poderosa a jogou para longe fazendo-a cair no chão e Harry levantou da cadeira com a varinha em punho tão rápido que ate Dumbledore se assustou.
O moreno parecia não ter visto o diretor e mantinha a varinha apontada para o coração da mulher a sua frente.
-Harry, abaixe a varinha.- disse Dumbledore calmo.
Harry desviou o olhar da mulher para Dumbledore.
Quando o verde se encontrou com o azul, Harry baixou a varinha automaticamente.
-Ahn? Professor, o que o senhor esta fazendo aqui?- perguntou o moreno surpreso.
Dumbledore o encarou por cima dos oclinhos de meia-lua, mas antes de responder foi ate a mulher a a ajudou a ficar em pe.
-Desculpe por isso- disse Harry um pouco envergonhado
-Tudo bem, só foi o susto mesmo- disse a mulher sorrindo.
-Professor, aconteceu alguma coisa?- perguntou o moreno.
-Não Harry, felizmente não.
-Então, me desculpe a grosseria, mas o que o senhor está fazendo aqui?- perguntou o moreno.
-Acho que você já ficou o tempo suficiente aqui, não?- disse o diretor sorrindo.
Demorou para Harry entender o que seu diretor havia falado, apesar de não querer conversar com ninguém já não agüentava ficar ali nos Dursley.
-Que sorte que você e bem organizado, senão ficaríamos aqui arrumando tudo ate o amanhecer- disse a mulher-Ah! Me desculpe, acho que nao me apresentei ainda, meu nome e Anna Cole.
-Harry Potter, prazer- disse Harry.
Anna pareceu surpresa, mas o moreno nem se importou, já havia se acostumado com as pessoas o olhando toda hora, ficarem surpresas quando ele se apresentava ou ficarem apontando para ele.
-Excelente- disse Dumbledore pegando alguns livros e colocando no malão de Harry.
-Pode deixar que eu arrumo o malão professor- disse o garoto.
Dumbledore sorriu para ele e continuou a guardar as coisas. Harry se adiantou em pegar uma roupa e saiu do quarto para se vestir, voltou depois de dois minutos e ajudou a terminar de guardar os livros.
-Pronto- disse Dumbledore- Harry, onde esta a sua coruja?
-Ela saiu pra caçar e...- De repente o moreno parou de falar e se virou para a janela- ela esta vindo.
Uma coruja branca como a neve apareceu no ceu, Dumbledore e Anna se entreolharam surpresos.
-Como voce sabia que ela estava vindo?- perguntou Anna.
-Senti- respondeu o moreno sem tirar os olhos da coruja, esta pousou no ombro dele e lhe bicou carinhosamente a orelha- Fez uma boa caçada Hedwigs?
Hedwigs piou como se dissesse "sim".
-Vamos indo Harry, coloque Hedwigs na gaiola-disse Dumbledore.
Harry obedeceu. Dumbledore retirou a varinha e fez um movimento rápido fazendo a gaiola e o malão desaparecerem.
-Voce não disse que não podiamos fazer magia aqui Dumbledore?- perguntou Anna.
-Certos feitiços são tão simples e fracos que não são contados no ministerio, como o Alorromora, Mandes Corpus, em geral, feitiços que os trouxas não percebam facilmente.
-O senhor acha que nenhum truxa perceberia um malão desaparecendo do nada?- perguntou Harry perplexo.
-Não, mas alguns bruxos acham- disse Dumbledore simplesmente- vamos indo... Harry, tomei a liberdade de escrever uma carta para seus tios dizendo que você esta bem, para não se preocuparem e que vai passar o resto do verão longe daqui.
Harry se limitou a apenas concordar com a cabeça e levantar as sobrancelhas, não iria discutir com Dumbledore sobre seus tios.

Os três saíram da casa dos Dursley e seguiram pela rua ate chegarem ao Lago das Magoais.
-Aqui esta bom- disse Dumbledore- Harry, você já sabe aparatar?
-Pensei que tivesse que ter 17 anos para poder.
-Sim, você esta certo- disse o bruxo- então segure-se um meu braço firmemente.
Harry o fez.
-Quando contar ate três. Um, dois... Três.
Terrível! Essa seria a melhor palavra para denominar a aparatação. Harry se sentiu tonto, achou que iria vomitar, seu corpo era jogado para todos os lados, tentou abrir os olhos, não conseguiu, sentiu como se seu corpo estivesse sendo dividido, uma vontade de vomitar o dominou, e de repente tudo passou, sentiu os joelhos baterem no chão e Dumbledore o segurou.
-Você esta bem?- perguntou Dumbledore
-To...- disse o moreno tonto.
-Depois de um tempo você se acostuma -disse o diretor.
-Professor, onde nos estamos?- perguntou o moreno olhando ao seu redor, estavam em uma floresta, ou melhor, em uma trilha em uma floresta, como era noite ficava um lugar assustador.
Dumbledore parecia não tê-lo escutado.
-Vamos- disse o velho diretos- Anna, você esta bem?
-Ah, sim. Nunca gostei de aparatar...- disse a mulher.
Dumbledore sorriu
-Vamos- disse.
Os três começaram a andar pela trila que começou a se alargar, ouviu-se alguns uivos e Harry se virou para onde eles vinham, sentiu-se um pouco aliviado a constatar que eram apenas lobos, continuou a observa-los, quando seus olhos se encontraram com os de um deles, se sentiu estranho, protegido, forte, VIVO, como a muito tempo não sentia. Não havia notado, mas havia parado de caminhar e continuava a olhar o lobo.
-Harry -alguém o tirou de seus pensamentos, ele se virou para ver quem o chamava, viu Dumbledore e Anna lhe olhando, alguns metros a frente, pareciam curiosos.
Harry correu na direção deles para alcança-los.
-Desculpe- disse o moreno.
-Tudo bem, mas tome cuidado, não e bom você ficar para trás- disse Dumbledore, Harry assentiu.
Continuaram a caminhar por mais alguns minutos, Harry estava perdido em seus pensamentos, nem notou quando eles pararam na frente de um portão enorme com um grande D dourado.
Dumbledore retirou a varinha e murmurou algo, o portão se abriu com um estalo fazendo Harry sair de seus pensamentos.
Eles continuaram a caminhar por uma trilha, quando saíram desta, se depararam com um jardim enorme, havia um lago com água cristalina, muitas arvores, continuaram a caminhar e Harry se deparou com uma casa enorme, branca com alguns detalhes dourados, era linda, tinha uns 4 andares.
-Venham- disse Dumbledore.
Eles entraram na casa, se fora era incrível, dentro era mais ainda.
-Anna, poderia me esperar na sala?-perguntou Dumbledore, a mulher balançou a cabeça confirmando- dobre a direita e siga reto que você dará nela.
Os dois observaram a mulher desaparecer por uma porta a direita.
-Venha Harry.
Eles subiram as escadas, deviam estar no quarto andar quando Dumbledore parou em frente a uma porta e sem cerimonias a abriu.
Era um quarto enorme, uma cama de casal, alguns quadros uma escrivaninha, havia umas prateleiras cheias de livros e uma porta no final do quarto a direita, era bem decorado, as cores estavam em harmonia, era simplesmente maravilhoso.
-O que acha?- perguntou o diretor.
-Incrível- foi a única coisa que conseguiu dizer sobre o quarto.
-Ótimo, então você vai ficar aqui.- disse o diretor.
-Que!?- perguntou o garoto espantado.
Dumbledore riu da cara do moreno.
-Acho que você gostou do quarto, não? Então você ficara nele, se não se importar e claro.
-Não me importo, e claro, mas... Professor, onde estamos?- perguntou estupefato.
-Em minha casa.
Se Dumbledore não tivesse segurado Harry, este estaria no chão, realmente ele fora pego de surpresa, nunca pensara que Dumbledore possuía uma casa, sempre achara que ele ficava sempre em Hogwarts.

Dumbledore sorriu e guiou Harry ate a cama, fez o moreno sentar-se e sentou ao seu lado.
-Harry, como você esta?- perguntou o bruxo.
-Bem...
-Não, como você REALMENTE esta?
O moreno ficou em silencio, sabia que o diretor se referia a morte de Sirius.
-Eu...-começou.
-Não esta bem-concluiu Dumbledore- continua achando que e o culpado pela morte dele?
Harry desviou o rosto para não ter que encarar os olhos azuis penetrantes de seu diretor, mas este, calmamente, virou seu rosto de modo que eles se encarassem.
-Não foi sua culpa o que aconteceu, Harry.- disse o diretor calmamente.
-Não?! Se não tivesse acreditado em um sonho idiota ele ainda estaria vivo!- brandou- se tivesse praticado oclumencia, tivesse acreditado na Hermione...
-Todos cometemos erros, volto a lhe dizer que não foi sua culpa.
Harry bufou, não estava afim de falar sobre Sirius.
-Sei que esta conversa não esta "confortável", mas é preciso, você precisa entender para poder aceitar.
Harry o fuzilou com o olhar.
-Não quero falar sobre isso- disse virando o rosto.
-Infelizmente, terei que obriga-lo a me escutar- disse Dumbledore serio.
-Por isso que o senhor me tirou da casa dos Dursley?- perguntou.
-Sim e não. Harry, você esta entrando em depressão...
-Não- cortou o moreno
-Sim, você esta, já não come, não dorme, não sai do quarto, a não ser para ir ao banheiro, faz o que os seus tios mandam sem protestar...
-Não entre na minha mente!- disse Harry ríspido.
-Não e muito necessário entrar, apenas olha-lo já consigo dizer o que você NAO esta mais fazendo, está com olheiras profundas, o que indica que não dormiu muito, você sempre foi magro, mas agora, diria que se você tirar a camisa vai dar pra ver as costelas, não sai do quarto, a Sra. Figg me informa o que você faz, e o fato de fazer tudo o que seus tios pedem sem protestar, sim, eu entrei na sua mente para "descobrir".
Harry não disse nada, ainda não encarava o velho diretor nos olhos.
-Você se afastou do mundo, criou uma barreira, não escreve ou responde as cartas de seus amigos, as cartas para a ordem tem apenas duas linhas, sendo que a ultima e apenas a sua assinatura, não possuem mais de um simples " estou bem, não se preocupem".
"Harry, você ainda não percebeu que esta definhando?"- perguntou o diretor, e vendo que seu pupilo não iria falar nada, continuou- você esta deixando-se sucumbir pela dor, pela saudade e o desejo de ter Sirius do seu lado! Sirius representava muito para você, eram muito próximos, como pai e filho, mas você não pode se afastar de tudo e todos por causa de sua morte. Sirius não gostaria de vê-lo assim.
Harry fechou sua mão, segurando-se para não berrar com Dumbledore, sentia raiva do bruxo, ele não sabia de nada, não sabia como era perder alguém como um pai, não sabia o que era ter tido a infância sem carinho e afeto e, de repente, finalmente encontrar alguém que o dêem, mas, quando chega ao auge da sua felicidade, tudo desmoronar por SUA causa e você voltar a estar sozinho no mundo. Não, ele não sabia como era sentir essa dor, como se tivesse feito um buraco em seu peito, retalhado sua alma.
Seus olhos marejaram pela dor e raiva que sentia, não sabia qual dos dois sentimentos o dominava mais. Fechou seus olhos, tentando se acalmar, tentando fazer com que a dor diminuísse, mas não adiantou, a dor aumentou mais, o consumindo, a raiva não ficou para traz, tanto por Dumbledore quanto por ele, por sua FRAQUEZA. Sim, ele era fraco, deitou-se, a respiração estava pesada, uma lagrima solitária percorreu seu rosto, sabia que Dumbledore o observava, cada movimento, cada respiração, cada uma das lagrimas que começaram a escorrer pelo seu rosto cansado.
Fez uma careta para tentar impedir as lagrimas de continuarem a escorrer, besteira, não se pode lutar com as lagrimas que teimam em continuar a cair.
Sentiu o peso do olhar de Dumbledore em cima dele.
Soluçou, colocou as mãos em seu rosto para tentar tapar a dor que este aparentava. Seus soluços começaram a ficar mais constantes e fortes.
Encolheu-se, virando seu corpo para o lado contrario ao de Dumbledore. Abraçou o próprio corpo, tentando encontrar proteção e carinho nele, as lagrimas escorriam ferozmente, encolheu-se mais, os soluços ficaram mais fortes, sem controle, cerrou seus olhos com força.
Sentiu alguém o levantar, era Dumbledore, abriu os olhos encharcados, a vista estava embaralhada pelas lagrimas.
Dumbledore o abraçou carinhosamente, embora firme, Harry retribuiu o abraço, sentia, mais que nunca, o peso do mundo em suas costas.
Chorou, como nunca havia feito, chorou por seus pais, por Cediço, por Sirius , por ELE, pelo seu destino, pelo seu MEDO.
Abraçou mais forte, fechou suas mãos segurando a roupa de Dumbledore, este por sua vez acariciou sua cabeça.
-Esta tudo bem, Harry. Vai ficar tudo bem, meu garoto- disse o velho bruxo.
Harry não soube por quanto tempo ficou ali e quem havia abraçado quem, apenas sabia que os dois ficaram ali, juntos, ate os seus soluços pararem e suas lagrimas diminuírem.
- Esta tudo bem agora- disse o professor acariciando o rosto do menino.
Se afastaram levemente, Harry continuou abraçado a Dumbledore com se tivesse modo de perde-lo, deixou sua cabeça se encostar no peito do diretor e ficou mais um tempo ali, encolhido e com seus olhos fechados.
-Obrigado- disse com os olhos fechados tentando recuperar a respiração e os batimentos cardíacos- Obrigado- repetiu.
-Não me agradeça Harry- disse Dumbledore ainda acariciando o rosto do menino.
Eles ficaram ali ate Harry se acalmar totalmente, era bom estar ali, junto com aquele bruxo, ele lhe trazia paz, proteção, amor, lhe passava carinho, um carinho que Harry nunca havia recebido.




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