Reencontro





O céu amanheceu nublado mas ela não se importou. Observou que Molly estava extremamente nervosa e sorridente aquela manhã. Respirou profundamente antes de se levantar da cama e acompanhar a mulher gordinha até a cozinha para o café. Havia chegado o grande dia. Ela sorriu ao observar uma rosa de Malfoy em seu travesseiro e a certeza de que deveria realmente levar aquilo até o fim se fez maior.

_ pode me dar um minuto, Molly? _ pediu Amily, observando a mulher estranhar o pedido mas concedê-lo ainda sim, fechando a porta do quarto.

E ela sorriu.

_ Será um bom pai, Lily... _ Comunicou ela a sua barriga. Já havia escolhido o nome, não recordando vivamente onde havia o escutado. Descobriu, pelos métodos médibruxos que seria uma menina e a imagem de uma bebê com os olhos verdes vivos a fez fechar os olhos e pronunciar palavras sem sentido pelo quarto.

Levantou.

Caminhou até a cozinha e as feições animada de Molly e Gina a fizeram bem.

_ A costureira de Malfoy já estava chegando... _ comunicou Molly , observando Amily comer e a apressando para o banho.

_ E o vestido com o laço...? _ perguntou Amily a Gina.

_ E a noiva feliz? _ perguntou Gina e Amily sorriu.

_ estou feliz... o mais alegre possível... _ comentou.

_ Os novos aurores já estão fazendo a guarda pela mansão Malfoy... _ Comentou Molly e Amily fez uma careta.

_ Tudo por mais dez minutos de cama! _ pediu, observando Molly negar.




Ela coçou a cabeça, nervosa. Já era a quinta vez que o maquiador conferia todas as cores do rosto de Amily e a costureira conseguia observar mais uma linha para ser arrancada do tecido branco.
Era um vestido comum, simples. A moda, exigida por Molly , era a frente única, além de uma grande saia, além da presilha branca e dourada nos cabelos perfeitamente enrolados, além da forte maquiagem. Algumas linhas finas douradas passavam por todo o comprimento do vestido e alguns tecidos soltos dançavam pelo chão enquanto ela andava. Sorriu, ainda estava de pantufas e estava tão aconchegante que não queria tirá-las.

_ Ninguém verá meus sapatos! _ Argumentou, quando Molly ordenou que tirasse as pantufas.

_ Ficará muito feio! _ Disse a costureira.

_ Você nem é da família... _ Amily disse a mulher, fechando o semblante.

_ Amy...

_ Molly e Gina! As pantufas ficam... _ disse ela por fim, observando todo o vestido em um grande espelho.

_ Eu deveria imaginar... você estava persuasiva de mais.... _ comentou Gina, sorrindo.



Ela estava ouvindo o ruído de pessoas conversando, animadas, além de ouvir Narcisa gargalhar algo em um cômodo próximo e o barulho pesado da chuva. Sorriu por saber Draco havia colocado, nos jardins onde seria a celebração e a festa, feitiços para o teto. “Tudo pode mudar”. Lembrou-se.

Amily não soube dizer se era o vestido que parecia apertado especialmente aquele dia ou a demora para tudo começar que a fez se despedir de seu pai e pedir-lhe para esperar em outro lugar. O senhor estava muito mais nervoso do que a noiva e isso não estava ajudando em nada aguardar, além da acompanhante que a menina suspeitara que ele convidasse, Madame Laura.

_ O que houve, Gina? _ Amily olhou pela grande janela da mansão e não havia nada de errado, além da chuva que batia na janela, o local era distante do jardim,não havia proteção ali.

_ Os aurores pediram para esperar... deve ser uma última checagem... _ Comentou a ruiva, trajando um vestido tão vermelho quanto seus cabelos.

_ É isto até no dia do meu casamento... _ sussurrou Amily e Gina lhe deu os ombros.

_ Quero algo para beber, aceita? _ perguntou ela, observando o sinal negativo de Amily e caminhando para longe.

Amily fez um feitiço para conseguir que ventasse em seu rosto. Estava realmente quente aquele aposento. Após alguns minutos, Gina havia voltado com um copo de água e Amily pode perceber que seu pai também estava no cômodo.

_ Resolveu se acalmar e pegar a mão de sua filha? _ Amily sorriu e observou o semblante do pai pelo espelho que estava em sua frente. Não era o semblante de seu pai.Era Harry. A varinha caiu ensurdecedoramente no chão. Ela virou-se rapidamente e a imagem de Harry, trajando um terno de classe e um olhar penetrante não desapareceram como as visões que sempre tivera. Era ele? Era Harry? Ela abriu a boca de uma maneira a respirar melhor pois o ar de seus pulmões haviam sumido. O rosto não era mais o mesmo. Apesar do pouco tempo de distancia, sua aparência estava vivamente mais velha, mais sofrida. A barba por fazer e os cabelos desalinhados a fizeram crer que era mais uma visão. Ele deu um passo a frente, ela deu um passo a trás, em um gesto de defesa e espanto. Era Harry. Finalmente Harry. Ela pensou em sorrir, mas seus olhos já estavam marejados e carregavam o que estava guardado em seu coração. Carregavam o amargo abandono.

_ Amy... _ Ele disse, em um fio de voz. Vê-la vestida daquela maneira o fez despencar interiormente e ela sabia disso. Nunca desejou vingança como agora. Ela pressionou os olhos, de uma maneira a não chorar mas sentiu uma lágrima cair em seu rosto e se virou rapidamente para o espelho.

“ _ vê o que ele reflete? _ Harry se colocou atrás da garota e observou até que ela voltasse sua atenção ao espelho e analisasse com cuidado. Amily estreitou seus olhos para o reflexo de um Harry muito sério e pensou se aquilo era algum tipo de brincadeira, dizer o nome de alguém três vezes e correr? Estavam grandinhos de mais...

_ Vejo você e eu... _ Admitiu, ainda procurando algum vestígio de um reflexo sobrenatural ou mágico.

_ Exatamente... _ comentou ele e esperou até que a garota se virasse para enfim, esclarecer tudo o que queria com aquele reflexo._ você vê seu reflexo, o mesmo de ontem... a mesma garota... _ ele a virou para o espelho suavemente e Amily sentiu-se corar pela proximidade do rapaz. _ e o meu reflexo, o mesmo de ontem... o mesmo garoto... para quê toda essa timidez? Era o mesmo Harry que te beijava ontem... não sou um desconhecido... _ Amily sorriu mas não pôde deixar de perceber que ainda sim estava nervosa como antes, como o dia em que se beijaram e de fato, aquilo não era algo tão ruim assim.”


Ela engoliu todo o choro e segurou o vestido com as mãos. Estava tão nervosa que sentiu um nó próximo a garganta.

_ Escute-me, Amy... _ Amy? Amily pressionou ainda mais as sobrancelhas e fez um gesto negativo com a cabeça, repetindo o gesto consecutivamente, rápido.

_ Não. Eu Não! _ Ela pressionou as mãos no vestido e não se importou das conseqüências de um amassado. O espelho no fundo da sala se partiu fortemente e Gina soltou um grito. Ela correu o mais distante possível de Harry e parou frontalmente a Gina, que estava na porta do grande aposento. _ o que? _ Amily largou o vestido e tentou entender o semblante interrogativo da ruiva.

_ Só acho que deveria ler isso... _ Pediu Gina, entregando a ela um grande pergaminho e a observando sair.

Ela correu toda a mansão, não se importando com os poucos convidados que estavam na casa, ainda não haviam se dirigido a celebração que logo começaria e subiu algumas escadas, entrando em um grande cômodo e trancando a porta grossa, sentando-se , apoiada na porta e chorando ferozmente. Como ele pode? Ele jamais havia escrito um único bilhete e no dia de seu casamento ele aparece, pedindo para que ela o escutasse? Ele a escutou? Ele se importou? Ele se privou como ela? Ele perdeu meses em prantos? Havia sofrido? Havia lembrado? E agora ele aparece? Agora? E Draco? Como ele pode permitir que tudo acontecesse dessa forma? Como ele pode permitir que ela encontrasse outra pessoa? Ele não tinha medo? Ele leu alguma carta que ela havia escrito? Ele a observou algum dia? Amily novamente chorou, respirando fundo para que conseguisse continuar ali, estava pensando vivamente em desaparatar e aparecer em qualquer país distante mas, ela sabia, intimamente que fugir não era a melhor solução. “Mostre sua força, Dumbledore...” pensou ainda rancorosa e novamente a vingança lhe bateu o rosto. Ela tentou se levantar mas não tinha força para tanto, sabia. Firmar-se agora em duas pernas era difícil, firmar-se agora que não havia mais chão.

Pressionou os joelhos contra seu rosto e sentiu algo incomodá-la. Observou o pergaminho que Gina havia lhe dado e sua curiosidade se fez maior. Era um pergaminho velho, com um forte cheiro de poeira e uma letra imperfeita lhe chamou atenção.

Amily Dumbledore,
Escrevo-lhe esta carta, porque não sei se estarei vivo para contar-lhe o que tenho a dizer. Acomode-se, pois é muito e assim creio, com imensurável valor. Espero que você não saiba o que escrevo apressadamente pois isso significaria que alguém, a mim não foi leal. Imagino que devo-lhe explicações. Porque parti e porque deveria partir sem você? Encontramos com Malfoy domingo e aquele dia em especial me era estranho. Ele nos deu uma rude explicação sobre a localização dos comensais e eu sabia o que deveria fazer a partir de então. Estavam em Hogwarts, assim como Malfoy havia nos dito mas só depois de muitas semanas de cautela e observação que acreditamos que aquilo não era uma armadilha. Sobre não te levar, eu havia lhe prometido que faria de tudo para proteger-lhe e assim o fiz. Imagine todas as pessoas importantes em minha vida que perdi e o meu sofrimento, jamais me perdoaria se algo acontecesse a você. Você é uma das pessoas a pessoa mais importante para mim e eu não sei mais viver sem você. Se assim fosse, preferia então, morrer no seu lugar. Fiquei preocupado quando você desmaiou naquele dia mas eu não podia lhe esperar, seria só você acordar e todo o medo invadir-me novamente. Eu mal pude descobrir se você estava bem. Sabia que qualquer carta, além de todo o risco de ser interceptada por comensais, haveria o risco de você me responder e eu, novamente fraco, colocar sua vida em risco para nos vermos. Eu não poderia ser tão egoísta. Não houve há um dia que eu não pense em você, em nossos sonhos roubados pelo meu destino. Errei, fracassei em permitir que nos apaixonássemos, mas foi é maior do que eu. Nos escondemos na casa de Sirius nos primeiros dias e toda a pouca distancia que nos privava de vermos um ao outro me fez invejar bravamente Rony e Hermione. Não existiu um único dia que eu não pensei em você. Quando se passou um mês, começamos a seguir os comensais, anotávamos todas as saídas, todos os horários, as senhas e as reverencias a Lucio Malfoy. Devorei a maior quantidade de jornais e livros que consegui nesse período e toda a minha vontade era de vê-la. Doeu mandar todas as suas corujas embora, sem se quer lê-las, com o medo de que seu conteúdo fosse uma tentação para que eu voltasse a ordem e esquecesse de que o meu destino é diferente do seu. Você ainda está viva, a mim, já não sei mais. Com uma poderosa poção polissuco de Hermione, conseguimos entrar no novo círculo de reuniões dos seguidores de Voldemort e um deles, assim como pude confirmar mais tarde, havia lhe atacado. Quase fracassamos pois a minha única vontade era de matá-lo, a simples idéia de não tê-la, mesmo distante, me fez gritar de raiva. O Horror já nos consumia com a proximidade dos dementadores e a única razão que permitia eu realizar meu patrono, minha única memória feliz era você. Deveríamos pensar em uma maneira de atacá-los de surpresa, rapidamente. Descobrimos então nossa arma. Você , conhecendo-a como conheço, tenho a certeza que sabe como Sirius morreu. Os comensais estavam em Hogwarts mas eu pude notar que jamais entravam na sala precisa, concluindo assim que não sabiam de sua presença. Estranhei o fato pois Malfoy havia libertado os comensais para matarem seu avô na sala precisa, ou me engano? Observei então, dia após dia, todos os passos, todas as voltas para a segurança. Tudo. Hermione descobriu, em um de seus livros, a maneira mais fácil e comum de roubar artefatos mágicos, como o arco de Sirius. Conseguimos, depois de muita luta e uma capa de invisibilidade quase rasgada, roubar o artefato do ministério. Lembro-me bem que um fazendeiro me viu, logo após o roubo, pois eu não conseguia me esconder com o arco por debaixo da pequena capa. Planejamos uma maneira para encurralar os comensais da morte. Entraríamos na sala precisa, depositaríamos o arco lá e chamaríamos alguns aurores, pois haviam espiões no ministério, para que todos os comensais se refugiassem no sétimo andar. Assim, eu, Hermione e Rony, abriríamos a passagem da sala precisa para os comensais entrarem, colocando o arco na entrada. Eles entrariam mas, não na sala precisa. Este é o plano. Eu espero profundamente lhe entregar essa carta e se assim, não se fizer, perdoe-me por fazer você acreditar que eu me esqueci de você. Este também era o plano. Entreguei, a pouco, o mapa do maroto para que todos da ordem entendessem seu significado, estarei na entrada de Hogwarts com a capa, a espera de alguém que venha conferir o sinal e pedirei para que digam em sua presença, que se trata de uma pista falsa. Não a deixarei arriscar sua vida. Não de novo.”


Amily acabou de ler a carta de Harry e sua respiração estava ofegante. Ela não soube dizer se fora pela correria até o andar em que se encontrava ou o grande susto pela carta. Faltou-lhe ar nos pulmões e a preocupação de que algo pudesse acontecer a Lily a fez tentar se acalmar. Lembranças de um casamento animado e a idéia de abandonar Draco no altar, depois de tudo que o rapaz havia feito a fez balançar a cabeça em um gesto negativo. E o que dizer a Harry? Todas as justificativas que ela aguardava a meses, estavam ali, bem o alcance de sua mão trêmula.

_ Amily ! _ Gina gritara do lado de fora da porta onde a garota estava encostada e a voz da menina a fez despertar de toda a sua incansável imaginação. _ Amily... _ repetiu Gina e a garota fez um gesto com as mãos, alcançando a porta e a abrindo, ainda sentada no chão. _ Amily o que.. _ Gina caminhou pelo quarto até observar Amily sentada no chão, com grossas lágrimas da maquiagem borrada em seu rosto. _ Amily... _ Gina caminhou até a menina,se agachando.

_ não permita que ele entre... _ Amily disse em um fio de voz que ainda lhe restava em sua garganta apertada.

_ não permitirei... _ Gina trancou a porta que havia sido aberta e se sentou do lado da menina. _ eu li... perdoe-me... _ comentou Gina , apontando para a carta amassada no colo de Amily.

_ Como ele pôde, Gina? _ Amily sentiu-se novamente desabar e os braços finos da ruiva a envolveram.

_ Nós podemos desistir de tudo... eu mesma aviso a todos que... _ Gina passou as mãos pelos cabelos de Amily.

_ Não! _ Amily se desvencilhou do abraço da menina e se levantou, firme. _ Chame o maquiador... _ respondeu Amily e Gina tentou fracassadamente argumentar.

_ mas..._ Gina tentou mas Amily, que estava de costas para a ruiva a calou com um gesto fraco das mãos.

_ Gina... _ Ela disse por fim e a ruiva a obedeceu, tentando aceitar a decisão da moça.



O maquiador analisava o rosto de Amily com um olhar rígido e Gina observava Amily.

_ Está novamente pronto! _ Disse o homem com arrogância e aguardou o elfo lhe trazer uma xícara de chá.

_ Meninas! _ A senhora Weasley entrou pelo aposento e estranhou o clima em que estavam. _ aconteceu alguma coisa? _ perguntou a mulher, sem entender.

_ Não! _ Disse Amily, estranhando o fato de Hermione e Rony não terem a procurado, ou procurado a toca. A preocupação com os amigos lhe veio a mente. Onde estariam?

_ Querida, o nervosismo é comum... _ comentou a mulher, sorrindo docemente. _ Escute... não sei o que aconteceu... mas os aurores e a ordem chegaram agora! Foi bom vocês demorarem... mas vamos? Temos um noivo aflito!

_ Isso é uma surpresa, Molly... um noivo aflito! _ brincou Amily, observando a chuva que caía no dia claro e estranhando a reação dos aurores.

Desceram as longas escadas e encontraram-se com o pai da noiva, ainda nervoso. Caminharam lentamente até a entrada da cerimônia e o olhar da garota percorreu toda a extensão do campo e os jardins. Onde ele estaria? Ela observou seu pai, aguardando qualquer reação sobre o teto invisível mas nada lhe ocorreu, além de um comentário sobre as novas tecnologias do mundo moderno. Ela pressionou as mãos do pai quando observou o altar e aguardou que todas as damas e seus respectivos pares entrassem cuidadosamente na celebração, com uma música conhecida em seus ouvidos e a necessidade de observá-lo mais uma vez se fez maior. Ela estava com raiva de Harry, ódio. Como ele poderia voltar? Como ele poderia lhe entregar aquela carta? Onde estavam Rony e Hermione? Onde estavam os aurores antes do casamento? A idéia de uma batalha a fez imaginar várias perguntas que jamais seriam respondidas. Ela jamais o veria novamente, ou no mínimo, faria de tudo para que isso não ocorresse.

A música novamente mudou e Amily observou todos os olhares em sua direção. Todos já haviam entrado e agora era sua vez. O que fazer? Queria correr mas não haviam saídas para o seu destino. Ela não acreditava em destino a pouco tempo atrás. Analisou Draco no altar. Estava radiante. Ela não soube dizer se era o modo como havia penteado os finos cabelos aquela manhã, se a cor negra do terno lhe caiam bem, se era a rosa que ele sempre a presenteava adormecida em um bolso perto do peito. Ele era um bom amigo. Não se percebeu andar até observar que estava quase no meio do caminho. No meio do fim. Ela olhou entre os vãos das cadeiras minimamente acertadas no campo e analisou seus convidados. Bruxos ricos e sem nenhuma necessidade de se fazerem presentes, seus amigos eram poucos e seus familiares não se somavam cinco ali. Ela continuou procurando qualquer sinal de Harry e o seus olhares por fim se encontraram. Ele não estava em uma cadeira como todos, estava distante de onde ela caminhava, bem no fundo de um corredor extenso de cadeiras lotadas e ela mal conseguia o visualizar pois todos estavam de pé, sorridentes por educação. Sentiu seu pai pressionar sua mão e o encarou. O homem sorrira, aparentemente feliz e sem nenhuma consciência do que estava prestes a fazer. Ela voltou sua atenção ao corredor extenso mas não havia mais ninguém, além de todos. Observou os contornos de Harry no final das cadeiras, dirigindo-se a entrada da celebração.

A idéia de que ela jamais seria novamente dele, a idéia de que ele jamais saberia de sua filha, a idéia de levar a vida como uma rica, fútil, presa em seus poucos afazeres domésticos a fez pressionar os olhos. Draco era um amigo. Jamais seria de outra forma. Draco a tocaria como Harry a tocou e ainda sim ela não sentiria jamais o que havia sentido. E seu perfume? E sua doce certeza de que no final tudo daria certo? Malfoy era pessimista, realista. Como seria a educação de sua filha? O que aprenderia em seu convívio com o pai? Odiar grifinórios? Odiar Potter? Não, ele era o pai dela, como poderia? Como poderia? Como ela poderia se casar agora? Como?

O pai de Amily entregou a mão da moça para que Draco a alcançasse e esse gesto a fez acordar, encarando-o. Ela ainda amava Harry, aquilo não era uma descoberta, era só uma certeza que sempre existiu e ela tentou esconder.

_ Malfoy eu... _ Amily ergueu sua mão e a retirou de Malfoy. _ eu não... _ Ela não sabia o que dizer. Não havia o que ser dito.

_ O que esta fazendo, Dumbledore? _ Draco perguntou, com o tom de voz baixo e ruídos de curiosos se fizeram presentes. O padre e o juiz a observavam.

_ é que eu... _ Ela sentiu-se mal, analisando suas mãos com cuidado. _ é que eu não posso... _ concluiu ela e Draco deu um passo para trás, ainda preservando o olhar firme de um Malfoy. _ perdoe-me Draco... _ Ela tentou se explicar mas o rapaz estava pálido.

_ Eu... _ ele retirou a rosa do terno e a observou. Os ruídos foram crescentes nos jardins. _ Vá atrás dele, Dumbledore. _ concluiu o rapaz, largando a rosa no altar. Amily observou Draco, teve vontade de lhe dar um abraço, teve vontade de lhe pedir imensas desculpas mas a necessidade de correr a fez disparar no corredor com o tapete vermelho estendido e todos observarem a cena, incrédulos.


Ela correu o mais rápido que pode e agradeceu as pantufas imensamente. Sentiu os pingos fortes de chuva caírem em seu corpo e se lembrou de que chovia forte aquela manha. Ela não sabia para onde estava correndo, tampouco se encontraria Harry ali mas não conseguia parar, não poderia parar. Colocou as mãos em seus próprios joelhos e tentou avistar qualquer coisa no grande campo que se parecia com um contorno de um rapaz. Sorrira.

Harry observou sua própria varinha com interesse. Caminhava sobre a chuva forte e não se incomodava com isso. Ele havia a abandonado. Não deveria culpá-la.

“ Harry corria com Hermione em um canto da sala de transfiguração e observava qualquer sinal de Lucio Malfoy. Esconderam-se em uma carteira distante e observavam a porta com interesse. Seu joelho estava machucado, resultado do duelo com um dos comensais da morte e a ferida o fazia gemer, dependendo da posição em que o pressionava.

_ Acha que ainda há uma maneira? _ perguntou Hermione e Harry encarou a amiga.

_ Eles não têm para onde fugir... _ concluiu Harry, depois de chamar todos os aurores possíveis para cercar os terrenos de Hogwarts, além de colocar o arco de Sirius na porta da única saída existente, a sala precisa. Alguns comensais, por não perceber a armadilha, haviam entrado na sala e assim, haviam sumido na escuridão de vácuo e silêncio.

_ Não estou falando dos comensais... Estou falando do casamento... você sabe! _ Hermione pressionou os olhos para a porta da sala e temeu a resposta do amigo. Ele fora rude todos aqueles meses em que ela ou Rony, faziam perguntas sobre Amily, sobre como Harry estava, sobre a vida concentrada na guerra e apenas ali, sem se preocupar com mais nada. Ela o escutava chorar baixinho, ás vezes, enquanto tentava dormir e insistia para que o amigo fosse atrás da causa de sua profunda desilusão mas a hostilidade a fazia acreditar que o medo de que algo pudesse acontecer a Amily acabaria ainda mais com seu estado de espírito.

_ Não sei... _ respondeu Harry, de forma rápida, porém sincera. O ódio de Snape o fez gritar de raiva quando o ex-professor contou sobre os planos de Amily e Malfoy, sobre detalhes do casamento que aconteceria naquela manhã tempestuosa. Ele pediu, quando deixou o mapa na casa de Malfoy e assim Snape e os outros aurores foram em seu encontro na entrada do castelo milenar , para que sua presença ficasse em silencio na ordem, para que sua presença ficasse em silencio para Amily, fingissem um alarme falso para os membros que realmente não fossem importantes naquele momento. Acordou de suas lembranças quando Hermione ergueu sua varinha e se levantou. _ o que foi? _ perguntou Harry a menina.

_ Acho que vi alguma coisa... _ comentou ela, exasperada por não saber notícias de Rony desde muito cedo.

_ Vamos verificar... _ ele caminhou a frente da morena e seu joelho novamente o incomodou. Ergueram as varinhas para um alvo grande, que corria por toda a extensão do corredor. Harry fez um gesto afirmativo a Hermione e fez sinalizou para que ela o petrificasse.

_ HERMIONE! _ gritou uma voz conhecida e a menina parou, aguardando o alvo se virar.

_ Rony? _ perguntou Harry a morena e o amigo se virou, ainda procurando algum sinal da menina. Ele sorriu ao vê-los e correu em seu encontro.

_ Remo conseguiu prender dois comensais na sala precisa! _ ele comentou, abraçando Hermione e passando a mão suada pela testa manchada de sangue.

_ Ainda são muitos? _ perguntou Harry, sentindo o desespero consumir-lhe. Sua última chance de observar Amily novamente estava tão longe como o sol aquele dia.

_ Não são muitos... mas são bons... Snape está no quarto andar e Minerva está próxima a sala de Dumbledore, com mais alguns aurores do ministério... _ Comentou ele e Harry observou o jardim. Como sentia saudades daquele lugar tão aconchegante e que agora era cenário de uma guerra terrível.

_ Temos que continuar... _ disse Harry e caminhou para outra sala, não sendo acompanhado por Hermione e Rony, encarando-os a alguns passos de distância. _ o que foi? _ Harry ergueu a varinha e analisou o corredor e o barulho forte da chuva no jardim próximo.

_ Nós temos que continuar... _ Disse Hermione e Harry ergueu as sobrancelhas. _ Harry, está a sua ultima tentativa...

_ Tenho que terminar o que comecei... _ ele disse, tentando afastar a idéia de que Amily se casaria.

_ Nós começamos, cara! Você não confia na gente? _ Rony perguntou e Hermione gesticulou um sim com a cabeça apoiando o ruivo.

_ Não é essa a questão! _ Harry exclamou, aborrecido pela insistência dos amigos. Estava nervoso, exausto pela madrugada em combate e desanimado para fazer qualquer outra coisa.

_ Você pode salvar o mundo... mas não sozinho... _ Disse Hermione, procurando algo em seu bolso. _ por favor Harry, ainda há tempo... Não perca a sua única chance de ser feliz... _ comentou ela, analisando um relógio pequeno em seu bolso e aguardando a resposta de Harry. Ele negou com a cabeça e definitivamente não iria sair dali, não poderia deixar seus amigos e toda a guerra para correr atrás de seus interesses. Ele pressionou as sobrancelhas, tentando desvencilhar seus pensamentos felizes sobre seu antigo namoro mas havia fracassado. O perfume que ele jamais esquecera lhe invadiu as narinas e ele pressionou sua própria barriga, arrepiando-se. Ela seria de Draco. Ele poderia explicar depois sobre o que realmente havia acontecido mas ela já estaria casada e feliz. Feliz? Harry não teve certeza quanto a garota estar feliz.

_ Porque está sorrindo? _ ele perguntou, também sorrindo mas, ainda sim, preservando uma mistura de alegria e seriedade no olhar e Amily gostava de reparar que quando Harry a olhava daquela maneira, era diferente, era estranho, era um outro rapaz que ela não conhecia tão bem que dominava a sua cabeça.

_ Porque assim me sinto realmente feliz... _ confessou, permitindo que Harry beijasse seu pescoço com urgência e cuidados, ainda sim, soltando um leve suspiro de aprovação.


_ Eu não deveria dizer isso mas, Harry, por favor, seja menos racional... siga, uma única vez o seu coração! _ Hermione gritou para Harry e toda a mistura de medo e conformidade que estava presente em seu interior se transformou em excitação.

_ Vocês darão conta? Não estou duvidando de vocês mas... _ começou Harry sem graça, aceitando a possibilidade de partir até Hogsmead.

_ Vai logo! _ Gritou Rony, sorrindo quando o amigo fez um aceno com a cabeça e correu o mais longe possível até se aproximar de Hogsmead, parando apenas para invocar roupas de classe e limpas, não poderia entrar na igreja daquela forma e queria, pensando de forma positiva, que não fosse necessário entrar na igreja, que não fosse necessário arrancá-la do altar. Lembrou-se da carta que havia escrito e estava enviando quando Snape contara sobre o casamento, fazendo ele recolhe-la da coruja e guardá-la em um bolso profundo de suas vestes. Pressionou as mãos no bolso da veste suja, antes de retirá-la e sorriu por saber que ela ainda estava ali, apenas amassada. Sabia que seria necessário levá-la, sabia que Amily não era alguém de muita compreensão. Aparatou o mais rápido que pôde na mansão Malfoy e entrou na cozinha grande, limpando o rosto rapidamente e sorrindo para um convidado, fingindo estar tranqüilo como todos os presentes próximos a casa.

Ele havia corrido os olhos por toda a extensão do jardim e não encontrando a noiva no altar, sorrira. Um mão grossa pousou em seu ombro e o fez se assustar.

_ Como vai, Potter? _ o pai de Amily sorrira, demonstrando nervosismo.

_ Onde está Amily...? _ perguntou, tentando esconder seu desespero.

_ Harry? _ Harry virou-se rapidamente na cozinha lotada de empregados e observou Gina analisá-lo como um fantasma.

_ Gina! _ Ele a gritou e a ruiva perdera o tom de pele, permanecendo estática.

_ Você está bem, menina? _ perguntou o pai de Amily, não entendendo a surpresa da garota.

_ Harry! _ Gina acordou de seu espanto e o sorriso quase presente em seu semblante se tornou algo triste. _ Como você pôde fazer isso? _ Gina pressionou as sobrancelhas para o garoto que correu ao seu encontro.

_ Eu lhe explico uma outra hora, agora me diga onde está Amily... _ Harry desesperou-se sem se importar com o olhar curioso do senhor que os acompanhava.

_ Não! Não vou permitir que você faça isso... então é assim que funciona? Você some, aparece agora e vai vê-la... _ Gina cruzou os braços, nervosa, mas sua palidez ainda era presente.

_ Não faça isso Gina! _ Harry pressionou as mãos no bolso das vestes, nervoso demais para explicar o que estava acontecendo. Sentiu um pergaminho lhe incomodar e arregalou os olhos em desespero. _ Leia! _ ele disse, entregando o pergaminho a Gina e aguardando que a ruiva fosse compreensível. Os minutos de silêncio de Gina e o olhar do pai de Amily, além da grande euforia dos empregados na cozinha fez Harry respirar rapidamente, não conseguindo se acalmar.

_ Então é isso? _ perguntou ela, depois de analisar o papel com cuidado.

_ isso! _ ele disse, pressionando os cabelos para trás e sentindo o incomodo no joelho. Gina analisou o olhar de Harry com cuidado.

_ Rony está bem...? _ perguntou a ruiva, ainda o analisando.

_ Espero que sim... _ ele comentou, sincero. _ Eu os deixei... _ ele não completou a frase pois o pai de Amily os observava.

_ Venha! _ Ela disse, segurando um copo de água e alegando entregá-lo a Amily assim que ela soubesse o que estava acontecendo. Quando entrou no grande cômodo, a imagem de Amily vestida de branco o fez fraquejar em seus passos firmes e uma dor incomum lhe apertou o peito. Era ela.”

E agora ele estava ali, depois de toda a sua incansável pressa, parado na chuva, aguardando notícias de seus amigos e desejando intimamente que estivesse tudo bem.
O ruído de passos pesados o fez virar assustado para o campo grande em suas costas. Ele sentiu seu olho direito arder em brasa e caiu, devido ao soco que havia levado no rosto. Os óculos quebraram em um lado e ele tentou se levantar para observar quem era o responsável por tanta violência, a varinha já estava em punho e ele imaginava vivamente qual azaração pronunciar até entrar em seu foco...

_ Amily? _ o susto lhe foi tão grande que ele abriu os lábios, assustado. A menina estava totalmente molhada e segurava o vestido, demonstrando assim, pantufas de sapo.

_ Nunca mais faça isso, seu imbecil! _ Ela disse, mas não parecia nervosa. Harry levantou e com as sobrancelhas pressionadas a encarou. Ela havia ido até ele para reclamar, antes mesmo de se casar?

_ o que... _ antes que ele pudesse dizer algo, ela enlaçou sua nuca com os braços.

_ Cale a boca,Harry! _ Ela disse e ele sorriu. Ela o beijou tão imensamente que seu olho, por alguns eternos segundos havia parado com a dor e o gosto tão conhecido, uma mistura de doce e menta o consumiu e o fez suspirar. Tudo havia valido a pena. Tudo estava agora como realmente deveria estar. Ela estava ali com ele. Ela era dele.






Desculpem-me novamente a demora, este mês foi ainda pior que outro... De qualquer forma... Capítulo bem grande!!! Beijos a todos!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.