Nc/17



N/A: Capítulo com uma SUAVE NC/17, portanto, se voce, querido leitor, não gosta... não leia! Aos adoradores de NC´s como eu, uma boa e divertida leitura!





A sala agora estava silenciosa a não ser pelo filme que passava na TV trouxa. Hermione encarava as próprias mãos com curiosidade e Rony observava as janelas da sala. Uma coruja entrou, fazendo o ruivo se levantar e com isso, atraindo a atenção de todos os presentes.

_ parece ser da toca... _ Rony encarou o envelope e aguardou a coruja sossegar. _ posso ler? _ Rony observou Harry voltar sua atenção a TV e Amily acenar fracamente com a cabeça um gesto afirmativo. O ruivo leu o pequeno envelope e seus olhos encontraram os de Hermione.

_ o que houve, Rony ? _ Hermione levantou-se do sofá e novamente todos prestavam atenção o ruivo.

_ mamãe disse que papai ouviu no ministério que os comensais estão próximos de Londres... e perguntou se poderia dormir aqui com vocês essa noite? _ perguntou Rony, corado.

_ Claro Rony... _ Amily levantou-se do sofá e pegou a carta do amigo.

_ Qual é risco de aparatar?... _ perguntou Rony, sentando-se no sofá.

_ Bom, eu sinceramente não sei... mas a casa é grande... _ Amily então encarou Hermione _ também acho que você deveria ficar, Mione... _ Hermione pressionou as sobrancelhas.

_ Amily, não há risco... _ Hermione sorriu ao entender a intenção da amiga.

_ há risco de um ruivo dormir sozinho... _ sussurrou Amily para a morena, que soltou um muxoxo de desaprovação e alegria.

_ eu posso perguntar aos meus pais, mas... não sei... _ Hermione mordeu o lábio inferior e caminhou até o telefone.



Amily observava os pratos se lavarem sozinhos, próximos a pia, juntamente com os copos e as grandes panelas. O silêncio novamente havia retornado de seu breve passeio e agora, sentados a mesa, tornava tudo um pouco constrangedor. Amily sorriu interiormente afinal, tentava entender porque quatro amigos pareciam agora pessoas desconhecidas e fechadas, talvez o fato de Hermione estar com Rony e ela com Harry, tornava as coisas um pouco mais complicadas, sem contar os risinhos dados por Hermione em sua timidez sobre dormir na mesma casa com Rony, sem pessoas mais velhas. Harry também pareceu compreender a situação em que estavam os amigos pois suspirou e sorriu, levantando-se.

_ Rony, pode ficar no meu quarto... _ Harry deu uma piscadela para o ruivo, que corou intensamente por observar os olhos de Hermione lhe penetrarem.

_ e onde eu vou dormir Harry? Vocês não estão supondo que eu e Rony... _ Hermione corou.

_ Claro que não Mione... _ Amily sorriu para a amiga, mas sua frase soou falsa _ oras,você fica no meu quarto... jamais pensaríamos isso... _ Amily também se levantou. _ e vamos... vou te dar um pijama!



_ Como pôde pensar que eu dormiria com Rony? _ Hermione segurava o pijama da amiga e observava Amily escovar os dentes.
_ bom... _ disse ela em uma voz sôfrega pelo espaço ocupado pela escova _ sem Molly Weasley, hormônios a flor da pele... essas coisas...
_ Amy... _ Hermione lhe lançou um olhar de desaprovação mas sorriu por fim. _ não vai acontecer nada, eu não vou mudar de quarto no silêncio da noite...
_ eu não pensaria isso de você... _ Ela ajeitou o short pequeno e observou Hermione corar.


Rony observava o colchão improvisado que Harry havia colocado no chão.
_ Você pensou que eu e Hermione, fossemos... _ Rony apontou para si e sorriu _ claro que não Harry... _ Harry sentou em sua própria cama e encarou o amigo, levantando os braços em um gesto de defesa.
_ não, eu não pensei nada...
_ que bom que não pensou... _ Rony suspirou _ até porque você e Amily também estão sempre sozinhos aqui... _ Harry pressionou as sobrancelhas.
_ sim, estamos... e aí está a diferença... eu e Amily já estamos sozinhos a um bom tempo, já você e Hermione... deve ser a primeira vez que ocorre uma oportunidade tão... _ Harry se calou, Rony já estava sentado em seu próprio colchão, o que demonstrava irritação.
_ Harry... _ Rony bufou levemente, jogando-se para trás.




Amily observou que deveria ser a décima vez, no mínimo, que Hermione se virava no colchão fofo, sinal de que o sono não lhe vinha a mente.
_ o que foi, Hermione... ? _ Amily perguntou automaticamente, pois já havia ouvido alguns “nada” sobre essa mesma pergunta.
_ tive uma idéia... _ Hermione sentou-se no colchão e Amily observou um sorriso maroto esboçar no rosto da amiga.
_ qual idéia? _ Amily se sentou um pouco para encarar Hermione melhor, admitiu-se sem sono.
_ você não teria nada a falar com o Harry? _ Hermione observou Amily pressionar as sobrancelhas e pensar.
_ não... _ concluiu ela, sem hesitação.
_ nada que não possa esperar até amanha de manhã? _ Hermione perdeu o sorriso.
_ não... _ continuou Amily, sem entender. _ porque? Você quer que eu diga alguma coisa a ele...?_ Amily coçou a cabeça.
_ não! _ Hermione bufou pela desatenção da amiga. _ entenda... se você tiver algo importante para dizer a Harry, o Rony terá que ficar aqui, até vocês acabarem de conversar... _ Hermione estava completamente corada ao acabar de falar.
_ porque que você não vai até lá... e diz para o Harry vir pra cá, porque você quer falar a sós com Rony? _ Hermione pensou por alguns segundos.
_ não tenho nada a dizer ao Rony... _ admitiu ela.
_ aham... então a pervertida sexual aqui deve entrar lá e falar com Harry , porque aí o Rony não nota nada vindo da sua parte, sendo que a idéia foi sua!? _ Amily se jogou no travesseiro.
_ Amily... por favor... até parece que você não quer falar com Harry... _ Hermione sorriu marotamente.
_ querer é uma coisa... ir até lá é outra... se fosse esse o seu raciocínio, porque que eles não vieram até aqui... ?
_ porque são muito burros para pensarem em algo mais sutil! _ Hermione sentou na cama da amiga. _ Amily...
_ vai você... _ disse a menina.
_ vai lá... _ Hermione deu tapinhas empolgantes em Amily.
_ você não vai me deixar em paz, não é? _ Amily sentou-se na cama. _ vamos fazer o seguinte... tiramos na moeda!
_ Ah não, Amily... se eu perder, o Rony vai me achar uma depravada!
_ e a idéia foi de quem? _ Hermione sorriu, observando Amily pegar a moeda.
_ cara ou coroa...? _ disse Hermione, segurando a moeda da mão da amiga e a analisando com curiosidade.



Harry brincava com seus óculos entre seus dedos e analisava algo perto do banheiro, ou melhor, analisava o “nada” com imensa curiosidade.
_ será que elas já dormiram? _ perguntou Rony, levantando sua cabeça para observar Harry.
_ vai lá e vê! _ Harry sorriu, deveria ser a quinta pergunta que Rony fazia sobre as meninas.
_ eu acho que vou lá dar um boa noite a Hermione... _ Rony se levantou e Harry gargalhou.
_ elas vão notar... _ Harry sorriu.
_ notar o que? É só um boa noite... _ Rony se aproximou da porta mas, antes de alcançá-la alguém batia suavemente. Harry pressionou as sobrancelhas para Rony. _ Hermione? _ Rony abriu a porta e uma Hermione muito vermelha e tímida estava no corredor, segurando a fina blusa de pijama com uma certa urgência.
_ ah... _ Hermione encarou o corredor escuro, como se esperasse por alguém, então sorriu e analisou os amigos. _ Amily quer falar com você, Harry... _ Hermione apontou para algo no corredor e Harry pressionou ainda mais as sobrancelhas para a amiga.
_ o que? _ Harry se sentou no colchão.
_ não sei, só disse que era a sós... _ Hermione levantou as sobrancelhas e Harry segurou o riso ao observar Rony muito púrpura pela hipótese de permanecer no mesmo local que Hermione por alguns minutos.
_ ok... _ Harry alcançou a porta e antes de fechá-la se virou para os amigos _ mas não demoro! _ e dizendo isso, caminhou até a porta do quarto de Amily, alcançando a maçaneta e a girando. Amily estava sentada na cama e pressionava um travesseiro contra si. Ela sorriu ao avistar Harry e esperou até o garoto se sentar na cama. _ o que quer dizer? _ Harry observou a menina corar e um olhar interrogativo se formou. _ Hermione disse que você tinha algo para me dizer a sós...
_ não acredito! _ Amily sorriu e levou as mãos a boca.
_ no que? _ Harry se jogou na cama, observando Amily corar. Ela permaneceu sorrindo alguns segundos mas parou ao analisar Harry, que estava estranho desde Hermione mencionar ciúmes na conversa sobre Draco.
_ imagino que você tenha notado que tudo isso não passou de uma maneira de Hermione e Rony permanecerem juntos... _ Harry se sentou na cama, também sorria, mas aparentemente ainda estava sentido com a namorada.
_ se não tem nada para me dizer... _ ele fez menção de se levantar mas Amily o segurou.
_ Harry não entende...? Deixe-os alguns minutos... o que tem? _ ele pressionou as sobrancelhas para Amily.
_ estou com sono... _ comentou ele.
_ tem um colchão ali... _ Amily o soltou e voltou sua atenção ao travesseiro. Minutos de silêncio permaneceram no quarto.
_ você pediria a Malfoy para dormir no colchão? _ Harry observou Amily bufar.
_ não, certamente eu e Draco teríamos mais o que fazer do que dormir... _ Harry cruzou os braços. _ Harry, por favor... chega disso?
_ disso?disso? _ Harry voltou sua atenção a menina. _ você e Malfoy estiveram juntos, ano passado, se não me engano...
_ verdade... _ comentou ela mas a raiva aflorava em seu semblante. _ e você com Gina... como se não bastasse... esse ano também você esteve com ela, com Chang, com... _ Harry sorriu.
_ qual é o problema? _ perguntou ele.
_ o mesmo entre eu e Draco...
_ Draco Malfoy é um comensal da morte que quase matou seu avô...
_ Gina teve uma participação muito maior do que ele... e mesmo assim você dormiu com ela!
_ E o que você queria? Que eu esperasse a solitária neta de Dumbledore se resolver? _ Amily hesitou, parecia estar preparada para responder rapidamente qualquer pergunta mas aquela em especial a fez silenciar e encarar as mãos.
_ queria... _ disse, como se confessasse algo para si própria. Harry pareceu notar que a pergunta não havia sido apenas um desafio e também se desarmou, largando os ombros para trás.
_ e eu não esperei,não é? _ ele bufou e esperou os olhos de Amily analisarem seu rosto.
_ fazer o que... _ ela deu os ombros mas parecia imensamente ofendida.
_ Eu sou um grande idiota! _ concluiu ele, alcançando uma das mãos de Amily.
_ é...você é... _ concordou Amily, observando Harry se aproximar.
_ mas isso não quer dizer... _ ele sentou frontalmente para a garota, aproximando o suficiente para sentir sua respiração. _ que eu não queira você... _ e ele a beijou.


E o beijo mais esperado aconteceu. Harry teve a certeza de que mesmo, se passassem horas assim, daquela forma, seria pouco para tudo o que queria, para toda a vontade que lhe percorria. Sentiram o gosto forte e o perfume terno um do outro, da mesma maneira que seus cabelos sentiam o toque delicado do outro, o medo e a eterna hesitação do outro pois, tinham que admitir, por mais comum que aquele beijo poderia ser, o coração acelerava tão arduamente que chegava a doer o peito de vontades infindáveis sobre coisas desconhecidas e conhecidas. Um suspiro e as mãos já apertavam agilmente a cintura, tateando então todo o caminho até a nuca de Harry. As costas pressionadas no encosto da cama e a necessidade era tanta que não se lembraram de deitar.


Sorrisos tímidos e um puxão rápido de Harry para enfim deitarem completamente na cama grande e que agora parecia emanar calor. Não, ele não se atreveu a retirar a alça do pequeno pijama da garota que teimava cair, não agora. Um suspiro que não pôde evitar sair de sua garganta sôfrega, um sorriso de timidez pelo som secreto, novamente aos mãos apertando a cintura e um interesse mútuo pelo pescoço de pele macia e clara. O arrepio percorria os corpos e com isso, como em uma tentativa fracassada de cessá-lo, aproximavam-se ainda mais e ouviam assim mais suspiros entre os beijos que não paravam.


Ela riu quando ele, por fim, dormiu aconchegado em seus braços e uma claridade fraca denunciava o Sol entra as cortinas. Não, ela realmente não havia dormido, ou pensou não conseguir e se manteve atenta, como uma mãe feroz que cuida de sua recente cria, como alguém que receia que um forte vínculo também pode se quebrar. Ela sentia a respiração morna de Harry próxima ao seu pescoço e o abraçava ainda mais, apenas para confirmar que ele estava ali, apenas com ela e nenhuma outra, apenas dormindo e com mais ninguém.


Assustou-se ao sentir a face molhar docemente com um beijo de bom dia e ajeitara suavemente o pijama que não havia sido retirado.
_ olá... _ ele se ergueu com os braços e encarou as cortinas, depois o quarto e por fim, ela.
_ olá... _ comentou ela, com uma movimento fraco nos lábios, parecia não querer falar.
_ foi a melhor noite da minha vida... _ ele se deitou novamente, mas a encarava.
_ não sei se para você, mas para mim, com certeza... _ ela sorriu e ele ajeitou os óculos que se esquecera de tirar.
_ para mim também... eu fiz amor com você... talvez uma maneira não muito convencional... mas não deixa de ser amor... _ ele sorriu e observou ela corar, como sempre fazia ao mencionarem esse assunto.
_ e Rony? _ perguntou ela, passando as mãos nos fios finos de Harry.
_ e Hermione... _ completou Harry, sorrindo e analisando a porta, como em uma fracassada tentativa de vê-los dormir.
_ não me esqueci do que ela fez ontem... _ comentou Amily.
_ eu também não, lembre-me de agradecê-la... _ Amily novamente corou.
_ você sabe me deixar desconfortável... _ comentou ela, sentando-se na cama.
_ mas sei confortá-la também... _ ele também se sentou na cama, depositando nos lábios de Amily, mais um de seus beijos molhados.



Se ontem a noite, durante o jantar, Amily percebeu que o silêncio estava presente, hoje pela manhã, ela observou que ele deveria estar sentado a mesa, servindo-se de torradinhas.
_ e aí, Hermione? _ perguntou Amily, ajeitando-se na cadeira de maneira calma.
_ e aí , o que? _ Hermione levantou seus olhos para a menina em urgência, acompanhada de Rony.
_ e aí...o que vamos fazer hoje? _ continuou Amily e Harry conteve o riso ao analisar os amigos.
_ não sei... _comentou a morena, aliviada.
_ deveríamos pesquisar sobre os comensais, em livros... sei lá... _ Harry observou Rony dizer e ele pressionou as sobrancelhas.
_ desde quando pessoas como eu e você, lemos livros? _ comentou Harry, observando Rony corar.
_ talvez a presença de Hermione tenha feito você perceber a importância dos livros... _ comentou Amily e Rony corou.
_ Acho que não andaram conversando sobre livros não, Amily... _ Harry sorriu mas parou estático ao observar o olhar rígido de Hermione.
_ mas creio que Rony está certo... vamos dar uma pesquisada... _ continuou Amily, observando a timidez com a qual Hermione passava o suco de abóboras a Rony



Passaram a tarde pesquisando sobre comensais e a não ser pela divertida situação entre Rony , Hermione e risinhos, nada foi descoberto. Flagrou Harry sorrindo bobamente mas não soube admitir se era pela maravilhosa noite ou pelos amigos envergonhados que trocavam carícias sem interesse no sofá da sala. Foi o horário avançado que fez com que os amigos acordassem de seus devaneios noturnos e aceitassem o fato de que o Sol não mais estava no céu e que a Lua era um indício de dar adeus. Pela tristonha cara de Rony ao se despedirem um do outro e por fim de todos, pode ser notado que eles não apenas conversaram durante a noite silenciosa da casa amadeirada. Amily fechou a porta sem muito cuidado mas ao observar Harry e agora apenas ele ali na sala, sentiu a face arder e idéia de que novamente poderiam dormir como a noite passada fez com que ela desviasse o olhar de um rapaz tímido e interessado.

_ vou ver o jantar... _ mentiu, apontando fracamente para a cozinha, sem antes não deixar de esbarrar na escada, pelo seu aparente nervosismo e com isso fazer Harry sorrir por seu embaraço.

Picou, cortou, cozinhou e assou tudo o que ela pôde considerar ser demorado. Não sabia explicar a origem da vergonha que sentia ou não queria entender o que fazia dela uma garota boba perto de Harry. Isso nunca havia acontecido. Ela não ousou chamá-lo para o jantar e preferiu acreditar que ele não se aborreceria pela infantil atitude.

_ o cheiro está ótimo... _ Harry encostou-se próximo a porta da cozinha e sorriu ao observá-la sentada na mesa, envergonhada.

_ está... _ concordou apressada, tentando fingir uma aparente naturalidade na voz e no sorriso esboçado.

_ já está pronto? _ Harry se aproximou e sentou suavemente na cadeira a sua frente, deixando-a assim, sem saída para correr os olhos das esmeraldas ágeis.

_ aham... _ Ela se levantou, irritando-se pela naturalidade de Harry ou se perguntando se o rapaz fazia aquilo propositalmente. Caminhou até as panelas grandes e cuidadas, servindo-se da comida farta e desnecessária aquela noite com apenas duas pessoas. Observou que ele se serviu e se sentou novamente na cadeira, agindo de maneira normal e calma. Ela depositou seus olhos nos óculos grossos de Harry, analisando de certa distancia as sobrancelhas grossas, o cabelo fino e o ar pálido que o garoto sempre apresentou e admitiu, envergonhada para si mesma de que no fundo daqueles olhos sofridos e ainda sim, cativantes, existiam alguém muito mais importante do que sempre fora, alguém que não fosse o Harry Potter com a fantástica cicatriz, ele só era alguém que ela sorriu por perceber que o amava, agora mais do que antes e conseqüentemente menos do que o dia de amanhã. Acordou vagarosamente de seus devaneios e o observou encarar-lhe com profunda curiosidade, abrindo rapidamente um sorriso ao se notar observado também. Amily sentiu as bochechas arder fortemente e se perguntou qual era a enorme dificuldade de se jantar aquela noite, era apenas ingerir os alimentos saborosos e não prestar atenção em nada, apenas no tempero fraco e analisar se havia acertado no sal.

_ está tudo bem? _ Harry perguntou de uma maneira curiosa mas não menos alegre e Amily novamente corou, depositando os talheres na mesa.

_ e porque não estaria? _ analisou-o alguns segundos e voltou sua atenção ao prato praticamente intacto.

_ por nada... _ ele pressionou as sobrancelhas para a menina mas não deixou de sorrir, deixando transparecer que entendia intimamente seu embaraço. Ele fez menção em dizer algo mas se calou rapidamente, abrindo novamente os lábios e se levantando da mesa. _ venha, quero lhe mostrar uma coisa... _ ele pegou nas mãos da garota e sem encará-la subiu as escadas rapidamente, denunciando assim urgência. Ele entrou em seu próprio quarto e soltou-lhe as mãos, caminhando até o pequeno armário e o abrindo._ venha ver... _ Amily estreitou as sobrancelhas para Harry mas caminhou até o armário, observando assim um grande espelho. Ela permaneceu alguns segundos sem dizer nada até encarar Harry e demonstrar-lhe seu enorme desentendimento.

_ bonito espelho... _ brincou nervosa, sabia que a intenção do rapaz não deveria ser aquela, apenas demonstrar um espelho grande e limpo.

_ vê o que ele reflete? _ Harry se colocou atrás da garota e observou até que ela voltasse sua atenção ao espelho e analisasse com cuidado. Amily estreitou seus olhos para o reflexo de um Harry muito sério e pensou se aquilo era algum tipo de brincadeira, dizer o nome de alguém três vezes e correr? Estavam grandinhos de mais...

_ Vejo você e eu... _ Admitiu, ainda procurando algum vestígio de um reflexo sobrenatural ou mágico.

_ Exatamente... _ comentou ele e esperou até que a garota se virasse para enfim, esclarecer tudo o que queria com aquele reflexo._ você vê seu reflexo, o mesmo de ontem... a mesma garota... _ ele a virou para o espelho suavemente e Amily sentiu-se corar pela proximidade do rapaz. _ e o meu reflexo, o mesmo de ontem... o mesmo garoto... para quê toda essa timidez? Era o mesmo Harry que te beijava ontem... não sou um desconhecido... _ Amily sorriu mas não pôde deixar de perceber que ainda sim estava nervosa como antes, como o dia em que se beijaram e de fato, aquilo não era algo tão ruim assim.

_ justamente por você ser o mesmo de ontem... _ ela disse baixo e corou.

_ Não precisa ter vergonha de mim... _ ele se aproximou e novamente a sensação de embaraço lhe veio ao semblante. _ eu não vou fazer nada que você não queira... _ confessou em um sussurro e Amily sentiu-se imensamente nervosa.

_ não, Harry...não pense isso... não é por isso... _ ela se engasgou com as próprias palavras e um sorriso de vitória apareceu no rosto do rapaz.

_ então... porque? _ Ele deu um passo a frente e automaticamente a garota se esquivou caminhando para trás. Ele não perdeu o sorriso e novamente caminhou na direção da garota, que se esquivando sentiu a parede gélida em suas costas. _ está com medo de que, leãozinho? _ a pergunta de Harry fez Amily hesitar.

_ medo do que eu vou querer fazer... _ completou ela por fim e como se aquilo já bastasse para Harry , ele a beijou docemente, como sempre costumava fazer.

O toque suave da boca de Harry fez a garota desmanchar-se na parede e ter a certeza de que se não fosse os braços que já lhe envolviam a cintura, cairia. Ele se afastou rapidamente e sentiu um olhar de curiosidade penetrar-lhe mas ele apenas caminhou até a cama próxima, não entendendo a necessidade de continuarem naquela posição incômoda. Ela sorriu fracamente, talvez aliviada por perceber que o rapaz apenas havia se deitado e a levado para próximo de si, continuando com a carícia inocente de um beijo. Ele se virou depois de mais um beijo doce e deitou sobre a garota, atento a alguma reclamação e feliz por não ouvi-la de imediato. Com o movimento de Harry, Amily pôde sentir o perfume dos cabelos do garoto e a vontade de abrir os olhos, só para ter certeza de que ele novamente estava ali com ela,se fez maior. Admirou-se e advertiu-se ao observar que suas próprias mãos pressionavam Harry contra ela e por pura impressão ou não, se deu conta de que ela havia aprofundado o beijo doce, que já não mantinha o mesmo gosto, mas ainda sim não deixava de ser maravilhoso. A necessidade de se aproximar novamente lhe veio a pele e seu corpo já demonstrava indícios de que estavam muito além de beijos e carinhos sem fervor mas ainda sim, não se importou, estava envergonha mas estava bem e teve a certeza de que queria estar ali e apenas naquele quarto com aquele rapaz. A cortina parecia brincar com a Lua pois, hora permitia a claridade sobre a cama, hora mantinha o quarto sobre a escuridão, onde apenas o reflexo de um espelho distante era percebido. Respirações descompassadas e sussurros quase inaudíveis fizeram-na sentir que tateava o corpo de Harry com necessidade e o rapaz parecia abusar da mesma artimanha para descobrir os segredos da garota. Harry sentiu-se pressionado e observou que a garota o empurrava, a fim de sair da cama e o medo lhe veio a cabeça.

_ Amy... me desculpe..._ Ele se sentou e observou a garota se sentar próxima ao encosto da cama,sentiu-se mal afinal, teria ele, passado dos limites para Amily. _ Olha, eu não queria... não queria que... _ tentou se explicar de maneira rápida e nem um pouco inteligente. _ eu não sei o que dizer... _ Admitiu ele, sentindo ainda a respiração irregular e seus olhos permaneceram nos olhos envergonhados da garota por alguns segundos, depois admirou-a abrindo suavemente a própria blusa, botão por botão em uma brincadeira cruel de se revelar, auxiliada pela penumbra que a cortina proporcionava ao quarto. Não, ele não sabia o que dizer, se viu como um garoto diante de uma mulher e não, obviamente, o contrário, já que ele deveria ter mais experiência em assuntos como aquele. Ela abaixou os olhos para sua própria blusa e terminou de desabotoar a peça, encarando novamente Harry e ele sentiu-se extremamente estranho, como se aquela imagem fizera muito mais estrago à sua compostura do que qualquer toque sentido por ele até então.

_ eu quero, Harry... _ Amily respondeu firme a pergunta que ele não precisou fazer, mas estava escrita em seus olhos descrentes. Ele não aguardou ela se aproximar, com uma ajoelhada no colchão macio já estava próximo o suficiente para beijá-la. Ele tentou seguir seus instintos mas não conseguiu, era como se todas as outras vezes não lhe trouxessem a mínima experiência do que iria fazer e o nervosíssimo lhe assombrou vagamente. Retirou sua própria camisa com urgência e voltou a beijá-la, sentindo o contato que sua pele fazia com a dela e um arrepio correu pelo seu corpo, confessando então que nunca havia se sentindo assim. Eles não evitaram o resto do percurso conduzido por mãos que tateavam qualquer parte dos corpos quentes. Mãos depositadas nos cabelos e nas costas, mãos nas mãos e nas cinturas, demonstravam a urgência de um contato muito maior e a euforia para que tudo desse certo proporcionou novamente medo.

_ Não fique com medo... _ concluiu Harry ao observar as feições antes tranqüilas e envergonhadas de Amily, se transformarem em uma mistura de vontade e medo. Lábios mordidos e um suspiro denunciavam o que estava por vir.

_ Você sabe que eu nunca... _ confessou Amily, sentindo-se vibrar quando os dedos de Harry foram enterrados em seus cabelos, revelando assim um ponto em particular, um motivo para a respiração novamente descompassar.

_ Relaxe... _ foi a única coisa que Harry soube dizer e realmente duvidou que a garota seguiria sua sábia instrução, pois ele mesmo estava nervoso.

Um gemido de desaprovação calado por um beijo terno e a pressão feita em seu baixo ventre fez a garota fechar os olhos, em uma mistura de dor e medo. Logo, o ritmo já não era tão calmo e a sensação incômoda já não se fazia presente. Sussurros, o cheiro e o gosto do outro, os beijos ainda intensos e a movimentação da cortina pelo vento. Sensações novas e a certeza de que o que faziam agora era completamente diferente do que imaginavam , a certeza de que ele era só dela agora e ela só dele, a certeza de que ela era ele e ele era ela.

Um último suspiro e uma única sensação de um pedaço do céu. A respiração ainda descompassada e o esgotamento das energias não os fizeram cair, apenas se abraçaram, sentados frontalmente , admirando com mais calma os olhos vivos e ainda sim envergonhados, os olhos sorridentes e ainda sim carentes de mais qualquer atenção. Permaneceram assim até sentirem os corações mais calmos e menos necessitados, deitaram-se na penumbra e sentiram o aroma forte de alguma flor conhecida que invadia o quarto escuro, assim como o vento.

Uma mão encobrindo a outra, um sorriso tolo no rosto, um beijo no ombro da garota. Harry analisava com mais calma as curvas juvenis de Amily e esta, que havia depositado sua cabeça no ombro do rapaz, observava a janela sem interesse.

_ promete que isso não vai acabar? _ ela beijou o pescoço de Harry e ele sorriu pela carícia.

_ uma hora tem que acabar, tenho que te confessar...estou morto... _ brincou ele, levantando o rosto da garota para se analisarem.

_ Sabe que não estou falando disso... _ ela observou Harry hesitar, como em uma forma de apagar tal pensamento da cabeça da garota.

_ Eu prometo, leãozinho... _ e admitiu-se de uma maneira assustadora, com medo de perder aquela garota deitada em seu peito.


Dormiram depois, pressionados um ao outro, de forma que não se descolassem.




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