Mudanças....



O fim da semana das transformações chegou. Todos se sentiam mais adultos. Mais maduros. E, além de tudo, mais unidos. Tinham aquela sensação que iam ficar amigos para sempre. Até ao fim das suas vidas e além da eternidade. Davam por si a rir-se sem motivo, daquele jeito que fazemos com amigos especiais…
Mas entre Thiago e Lilian era diferente. Sim, eles partilhavam essa amizade, mas… havia algo mais… bastava olharem nos olhos um do outro para se perderem. Parecia que o mundo à sua volta ficava desfocado. Nada viam para além um do outro. Só conseguiam acordar quando alguém fazia o favor de os chamar, o que, maior parte das vezes, ou era Sirius ou era Eliza.
- Lily? – perguntou Eliza, quando se encontravam no quarto da primeira, deitadas na cama.
- Hum?
- O que você, realmente, sente pelo Thiago?
Lily olhava o teto.
- Não sei… – murmurou ela.
- Como, não sabe? – exclamou Eliza, se sentando na cama – Claro que você sabe!
- Não… não sei… – disse Lilian, se colocando na mesma posição de Eliza.
- Lilian Anne Evans… pára com isso!
Lilian se levantou da cama e começou a caminhar pra porta.
- Hey! Onde você vai?
Lilian se virou e encarou Eliza.
- Pra fora desse quarto. Hoje você ta impossível. Não dá pra ter uma conversa.
E se preparou para abrir a porta.
- Custa muito dizer a verdade? – perguntou Eliza, num tom desafiador. Lilian tornou a virar-se.
- Não. Não digo nada.
- Porque não?
- Porque não há nada para dizer…
- Mentirosa…
- Não há nada…
- Mentirooosaaa…
- Eli…
- MENTIROOOOSAAAAA!
- TA BOM! EU AMO O THIAGO! SATISFEITA?
Eliza, que se encontrava ajoelhada na cama, dando pulinhos, ficou parada e deu um sorriso enorme.
- O que foi? – perguntou Lilian, irritada, de braços cruzados.
- Custou muito?
- O quê?
- Admitir o que você sempre sentiu! – Eliza saiu da cama e caminhou até Lilian – Que você sempre amou o Thiago!
- Hey! Isso é mentira! – mas, vendo o olhar de Eliza, se corrigiu – Não foi sempre, mas… ah, chega! Eu vou embora!
- Espera! – Eliza puxou o braço dela – E agora?
- Agora o quê?
- Não acha que o Thiago deve saber?
- Não!
- Lily…
- Liz…
- Lily, ele te ama. Você o ama. Qual é a dúvida? – Eliza falava como se explicasse que dois mais dois são quatro – Vocês têm tudo pra dar certo!
- Eu não acho. Eu não quer…
- … não quer sofrer, bla bla bla! – interrompeu Eliza, agitando as mãos no ar – Você ainda pensa nisso?
- Porque não foi com você…

*FLASHBACK*
Uma garotinha ruiva de 11 anos descia as escadas do dormitório feminino, pensando num certo garoto moreno, quando ouviu vozes. Instintivamente, se agachou e ficou a ouvir.
- Ah, não acredito!
- É verdade!
- Não! Não, não e não!
E riam.
- Sério! Ela chegou perto de mim e disse… “Ah, até que pra 12 anos você ta muito desenvolvido “…
E voltaram a rir. Lilian riu baixinho.
- E você?
- Eu o quê?
- Quando você vai fazer com que aquela ruiva largue seu pé?
Lilian arregalou os olhos. “Peraí! Pára tudo!”, pensou.
- Deixa a garota…
- Uuuu… o nosso bebe ta apaixonadinho!
- Cala a boca!
Dessa vez, só uma voz riu.
- Ele ta apaixonado! Ta apaixonado! Ta apaixonado!
- Não! Não tou. Eu não ia me apaixonar por uma garota tão feia como a Evans…
Lilian começou a sentir as faces molhadas.
- Você é um marotão, Thiago Bartolomeu Potter!
- E você é um idiota, Sirius Alexander Black!
Aquilo fez um grande impacto na cabeça de Lilian. Uma coisa é você ouvir um insulto. Pode não gostar, mas logo passa. Agora… ouvi-lo da boca da pessoa que você… acha… que gosta… é ruim demais. Lilian subiu as escadas de novo, não quis ouvir mais nada. Entrou no dormitório, se jogou na cama e chorou toda a noite, abraçada à almofada. Na manhã seguinte, tinha jurado a si própria odiar Thiago Potter até ao fim da sua vida, com todas as suas forças.
*FIM DE FLASHBACK*


- Lily… o Thiago já não tem 12 anos… ele ta mais maduro, responsável, adulto… – Eliza viu a expressão de Lilian – pronto… maduro não… – Lilian cruzou os braços – responsável também não… mas ele ta mais adulto… isso ta…
Lilian deu de ombros e abriu a porta.
- Hey! Onde você vai?
Lilian não respondeu. Apenas sorriu e fechou a porta, deixando Eliza da parte de dentro do quarto.




Lilian caminhava pelo corredor em silêncio. Curiosamente, os quadros estavam quase todos vazios. Chegando ao seu destino, ela abriu as portas, fechando-as atrás de si. Inspirou fundo. Aquele sitio tinha o cheiro que ela tanto amava… o cheiro de Thia… ops… o cheiro dos livros… sacudiu levemente a cabeça, como que tentando espantar pensamentos que não devia.
Se dirigiu pra perto da janela e se sentou no banquinho do parapeito, olhando o exterior. O pôr-do-sol era tão bonito, visto dali. Mas aquele não era tão bonito como o que tinha presenciado há alguns dias atrás.
Eliza tinha razão. Thiago não era mais aquele garotinho de 12 anos que vivia azarando todos os que se cruzassem no seu caminho… ou que se metia em confusões… ele nem agarrava mais tantas garotas… mas Lilian também tinha seus motivos… sempre tinha brigado com Thiago e apregoado aos sete ventos que o odiava com todas as forças que tinha… não iria agora, do nada, afirmar que o amava mais que tudo na vida e viveram felizes para sempre … sim, custava admitir que amava Thiago Potter…
Uma vontade vinda do nada se apoderou dela e, olhando a lua, que aparecia já no céu, começou a cantar, com a voz mais doce que já conseguira…

Let me sleep for when I sleep I dream that you are here
(Deixe-me dormir porque quando eu durmo eu sonho que você está aqui)
You’re mine, and all my fears are left behind
(Você é meu, e todos os meus medos são deixados pra trás)
I float on air, and nightengales sing gentle lullabyes
(Eu flutuo no ar, e rouxinóis cantam gentis canções de embalar)
So let me close my eyes
(Então deixe-me fechar os meus olhos)


No cima das escadas, uma pessoa apareceu. Thiago tinha ido para ali pra ficar sozinho. Pra pensar. Pensar em coisas banais. Pensar em coisas importantes. Pensar em Lilian. Lilian… ela estava ali. Tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe… sentada, abraçando os joelhos, tão indefesa… queria tomá-la em seus braços, afagar seus cabelos, sussurrar eu te amo em seus ouvidos, sentir o corpo pequeno e quente dela contra o seu… e ela cantava… cantava graciosamente, como tudo o que fazia…

And sleep, a chance to dream
(E dormir, uma chance para sonhar)
So I can see the face I long to touch, to kiss
(Para eu poder ver a face que eu anseio tocar, beijar)
But only dreams can bring me this
(Mas apenas os sonhos podem me trazer isto)
So let the moon shine softly on the boy I long to see
(Então deixe a lua brilhar suavemente no garoto que eu espero ver)
And maybe when he dreams, he’ll dream of me
(E talvez quando ele sonhar, ele sonhe comigo)


Lilian sentia algo muito forte, enquanto cantava. E sentia algo mais. Sentia a presença de alguém ali. Mas não. Não podia ser. Ela estava sozinha. Não estava?

I hide beneath the clouds and whisper to the evening stars
(Eu me escondo por detrás das nuvens e sussurro às estrelas da tarde)
They tell me love is just a dream away
(Elas me dizem que o amor é um sonho passageiro)
I’ll dream away
(Eu vou apenas sonhar)


Como ela era perfeita! Aqueles cabelos ruivos, que estavam agora um pouco ondulados… aqueles olhos verdes, como duas esmeraldas, que o faziam esquecer até de quem era, quando o olhavam bem fundo… aquele jeitinho dela, de morder o lábio inferior, quando ficava nervosa… a maneira como ela enrolava o cabelo na ponta do dedo, quando se distraía… até mesmo quando colocava as mãos na cintura e gritava DETENÇÃO!...

So let the moon shine softly on the boy I long to see
(Então deixe a lua brilhar suavemente no garoto que eu espero ver)
And maybe when he dreams, he’ll dream of me
(E talvez quando ele sonhar, ele sonhe comigo)
Ooh ooh oooh oh
(Ooh ooh oooh oh)
Dream of me
(Sonhe comigo)


Uma pequena lágrima rolou pela face de Lilian. Ela encostou sua cabeça no vidro da janela.
- Eu te amo, Thiago…
Sentiu um par de olhos cravados nas suas costas. Olhou pra trás mas não viu ninguém. Claro que não viu ninguém! Estava sozinha, não era verdade? Então porque desejava tanto que fosse Thiago quem estivesse ali? Voltou a encostar a cabeça na janela e, olhando a noite estrelada, adormeceu.




Thiago estava na beira da varanda, apoiando as mãos no beiral. Tinha deixado a biblioteca muito antes de Lilian ter acabado de cantar. Como fazê-la entender que vivia em função dela… respirava o ar que ela respirava… beijava o chão por onde ela passava… morreria por ela sem pensar duas vezes… se isso não era amor, o que seria? É amor, sim , disse a vozinha parecida com a de Remo, na sua cabeça… “Oi de novo”, respondeu ele, mentalmente, “mas se é amor, porque ela não entende?”… Você já tentou perceber quais as razões dela? … “Mas eu já dei a ela razões mais que óbvias que mudei… por ela!… por mais que eu pense, não consigo perceber quais as razões dela me odiar tanto…” … então você precisa pensar melhor…

*FLASHBACK*
- Não! Não tou. Eu não ia me apaixonar por uma garota tão feia como a Evans…
Quando falou isso, Thiago sentiu um barulho na sua cabeça, como uma sirene, e uma luz vermelha, apontando para um letreiro que dizia ERRADO .
- Você é um marotão, Thiago Bartolomeu Potter!
- E você é um idiota, Sirius Alexander Black!
Os dois riram. Mas Thiago ria forçadamente. Ele nunca iria admitir na frente de Sirius que aquela ruiva baixinha, estressadinha, esquentadinha, fazia ele balançar… fazia sua cabeça dar voltas… fazia ele sentir borboletas no estômago… não, ele era um Maroto… e Marotos nunca se apaixonam… não é?...
Ele sentiu passos nas escadas que davam para o dormitório feminino e mandou Sirius parar de rir. Foi espreitar, mas não viu ninguém. Olhou pra Sirius, deu de ombros, e eles voltaram a rir.
Quando subiram pro dormitório masculino, se jogaram imediatamente na cama. Passado pouco tempo, Thiago ouvia Sirius e os outros ressonar audivelmente e sorriu. Com as mãos por detrás da cabeça, ele tentava pensar numa maneira de fazer com que seus amigos nunca descobrissem que ele gostava do
foguinho … nem que, pra isso, ele tivesse que a fazer odiá-lo até ao fim dos seus dias…
*FIM DO FLASHBACK*


Thiago começou a juntar as peças do puzzle… ele nunca percebera porque Lilian tinha passado a ter um ódio mortal e terrível dele, da noite para o dia. Agora batia certo!... Ela tinha ouvido toda a conversa entre ele e Sirius. Ele sorriu. Então tinha que fazê-la perceber que aquela conversa não significava nada. Sim, tinha que lhe mostrar que… que tinha sido apenas conversa de criança…
Desceu as escadas e encontrou Lilian no mesmo sítio. Se aproximou dela e reparou que dormia. A sua respiração calma e despreocupada, bem como o leve sorriso em seus lábios, indicavam que dormia serenamente. Agora sim, o apelido anjo ruivo assentava nela que nem uma luva… sua calça branca, com sua blusa da mesma cor, e seus cabelos levemente ondulados, davam-lhe um ar mais angelical que nunca… ele sorriu francamente e a pegou no colo. Lilian colocou seus braços em volta do pescoço dele, suspirando. Um sorriso iluminou a cara de Thiago. Eles se completavam, não importava o que dissessem em contrario. E a prova estava ali, bem na sua frente: Lilian tinha colocado os braços em volta do seu pescoço…
Entrou no quarto dela e, cuidadosamente, a deitou na cama, tapando-a com a coberta e depositando um beijo em sua testa. Mas, quando ia a retirar sua boca da testa dela, algo muito forte tomou conta de si e ele não aguentou. Suavemente, colou os seus lábios nos dela, no beijo mais doce que já dera até hoje. Lilian abriu repentinamente os olhos, mas não o afastou. Ficou a olhar pra ele. Aquele beijo doce deu lugar a um mais intenso, profundo e apaixonado. Lilian colocou seus braços em volta do pescoço dele, novamente, mas desta vez acariciava-lhe os cabelos e o puxava pra si.
Separaram-se para recuperar fôlego. Lilian estava agora da cor dos seus cabelos e Thiago sorria estranhamente. Ele levantou-se, deu outro beijo na testa dela e começou a sair.
- Boa noite, ruivinha … – ele disse, no tom mais carinhoso que já se tinha ouvido falar, enquanto fechava a porta do quarto, deixando Lilian do outro lado, passando os dedos nos lábios repetidamente, com uma cara abobalhada…




No café da manhã seguinte, todos conversavam animadamente. Quer dizer, todos menos Lilian, que tinha umas olheiras até aos joelhos, fruto de uma noite muito mal dormida (N/A: vá-se lá saber porque, não é? Há há há).
Com a cabeça apoiada numa das mãos e com a outra brincando com a comida, seu corpo estava ali, mas sua mente viajava… porque ele a tinha beijado?... E que beijo, meu Merlin … porque ele fazia essas coisas com ela?... a boca dele é tão… mmm… … porque tinha de acontecer justo com ela?... tomara que ele dê um beijo assim brevemente … PÁRA DE PENSAR NESSE BEIJO, LILIAN EVANS!
- LILIAN EVANS!
Lilian despertou do transe que se encontrava e via Eliza olhando pra ela, irritada. O resto também olhava pra ela, intrigados, menos Thiago, que a olhava divertido.
- Sim, Liz?
- Faz um tempão que eu tou te chamando, e nada! Você sabe como eu odeio isso! – e cruzou os braços.
Lilian ia começar a responder, quando Thiago a interrompeu.
- Liz… você não ta vendo que a Lily ta quase dormindo em pé? – ele disse calmamente, com um sorriso nos lábios, enquanto barrava geleia num pãozinho, sem olhar pra ninguém – Dá um desconto, vai…
Um rubor percorreu o corpo de Lilian. Uma profunda irritação tomou conta dela. Que garoto abusado! Quem era ele pra saber ou deixar de saber o que era melhor pra ela?
- Hey, eu não preciso de guarda-costas não!
- É, ela não precisa! – falou Eliza, no mesmo tom.
- Calma! Eu só tava tentando ajudar! – disse Thiago, levantando as mãos, em gesto de rendição.
- Eu não preciso de ajuda, garoto … – Lilian se levantou bruscamente e saiu, seguida de Eliza, deixando todos, inclusive Thiago, com expressões espantadas.
- Pô… o que foi que eu fiz agora? – perguntou Thiago, muito espantado com a atitude de Lilian.
- Muito fácil, Pontas… pra ela, você, simplesmente, existe … – respondeu Sirius, dando tapinhas nas costas de Thiago e olhando compreensivamente.
- Eu… não entendo… eu a defendo… eu não agarro mais nenhuma garota… eu falo pra ela que eu a amo… e pra quê? Pra ela me odiar de morte? – Thiago falava com a cabeça entre as mãos, dedos enterrados no cabelo… uma tristeza imensa povoava sua mente e seu coração… a voz não o demonstrava, mas o seu olhar sim – E pensar que eu pedi a ela uma chance… – esta frase saiu-lhe num sussurro.
- Thiago… – começou Remo a falar, mas foi interrompido por este, que se levantou e enxugou bruscamente os olhos, após ter tirado os óculos.
- Tou bem. Eu… vou dar uma volta por aí…
Calmamente, de mãos nos bolsos, saiu da cozinha e entrou pelo jardim, desaparecendo por detrás de um par de árvores.
Anna levantou-se, murmurando um já volto , deu um selinho em Remo e saiu pelo mesmo caminho que Lilian e Eliza tinham tomado, deixando Remo e Sirius com o olhar cravado na direção tomada por Thiago.




- Sua ruiva cabeça-dura!
Eliza falava rispidamente com Lilian, que se encontrava de cabeça baixa e de mãos no rosto.
- Liz, eu…
- Você nada! Você merece uns bons safanões nessa sua cabeça, isso sim!
Lilian virou as costas a Eliza e fitou o pequeno jardim que dava pra frente da casa.
- Entenda os meus motivos, Liz…
- Motivos? Que motivos? Você não tem argumentos, Lilian, quanto mais motivos!
A coisa era séria… Eliza raramente a tratava pelo primeiro nome… a não ser em brincadeira… e não era isso que parecia nesse momento… só o tinha feito duas vezes, naquele tom, e tinham brigado feio, chegando a ficar sem se falar.
- Eliza… eu tenho meus motivos, sim… eu não quer…
- Ah! Pára com isso!
Elas se olhavam seriamente.
- Não me venha com o “eu não quero sofrer”, “eu não quero ser mais uma na listinha dele”… – Eliza gesticulava muito e falava pro alto – Sabe o que mais? Você tem medo, sim… mas você tem medo de amar! Melhor! Você tem medo de ser amada!
Lilian estreitou os olhos e crispou os lábios. Quem era Eliza para falar com ela assim? Sua melhor amiga , dizia a vozinha na sua cabeça.
- Eu vou emb…
- Embora? Sim, vá. Isso você sabe fazer muito bem, não é verdade? – Eliza falou com sarcasmo. Lilian olhou-a com raiva – Pois saiba, senhorita não-quero-sofrer-vou-ficar-pra-titia, que se o Thiago desistir de você eu acho muito bem feito…
- Ora, sua…
E levantaram as varinha uma a outra. De repente, Anna entrou no quarto, deparando-se com as duas, se olhando enraivecidas, prontas a azararem-se mutuamente.
- O que é que ta acontecendo aqui?
- Nada Anna. Pode fechar a porta, por favor? – falou Eliza, simpaticamente , sem tirar os olhos de Lilian, que retribuiu o olhar.
- Meninas… por favor…
- Anna… saia do quarto e feche a porta, por favor… – pediu Lilian, gentilmente .
- Lily…
- Agora … por favor… – disse Eliza.
Anna fechou a porta vagarosamente. “Oh não… vai acontecer de novo…”, pensava, desesperada.
- Ora, o que você ia dizer, querida Lily? – falou Eliza, no seu tão característico tom trocista.
- Nada mais que a verdade, caríssima Liz. – respondeu Lilian, no mesmo tom.
- E essa seria…
- Que você é uma estúpida…
Eliza semi-cerrou os olhos. Quem era Lilian pra falar com ela assim? Sua melhor amiga , dizia a vozinha na sua cabeça.
Elas começaram a aproximar-se. Quando deram por si, Lilian apontava a varinha ao pescoço de Eliza e esta ao coração dela.
- Eu podia acabar com você agora… – sussurraram as duas ao mesmo tempo, com raiva na voz. Abaixaram as varinhas. Encararam-se. Lilian virou as costas.
- Por vezes a vida não é complicada. Nós é que colocamos barreiras à nossa volta, impedindo que os sentimentos venham até nós…
Lilian ouviu as palavras de Eliza de costas viradas. E, do mesmo jeito, andou até à porta e saiu. Eliza desabou no chão do quarto, chorando silenciosamente.




Lilian andava pelo jardim, sem olhar para o que a rodeava. Estava muito interessada nas pedras do caminho. Chegou até ao sítio que Thiago lhe mostrara uma vez. Aquela imensidão de cores… o cheiro característico… entre os lírios, abriu os braços e se deixou cair para trás, aterrando no meio deles.
De repente, ouviu vozes.
- Você não pode tar falando sério!
- Estou sim.
- Por favor… você ta… brincando… só pode, ne?
- Eu nunca falei tão sério.
As vozes iam-se tornando cada vez mais próximas. Passaram e seguiram. Lilian se levantou a as seguiu, de maneira a não a verem.
- Mas…
- Mas nada. Ela me odeia. Então eu vou deixar de andar atrás dela. Cansei.
Thiago, Remo e Sirius se encontravam perto do lago. O primeiro olhando o horizonte, de mãos nos bolsos, e os outros dois atrás dele, olhando suas costas.
- Mas Thiago, você não… a ama? – perguntou Sirius.
- O pior é isso. Eu… eu pensava que sim. Agora não sei…
Lilian ouviu aquilo e sentiu um aperto no peito. Não podia ser… Que idiota! Tinha tido na sua frente o garoto mais perfeito de sempre, aquele que a completava em todos os sentidos e agora… o tinha perdido… talvez para sempre… chorando, saiu dali… queria um sitio para se esconder, desaparecer… não sentir o que sentia… um sentimento de dor, perda, solidão, desespero… e ainda pra mais, tinha brigado com sua melhor amiga… por Merlin! Há dias que nem deveríamos sair da cama e pra Lilian esse era um desses dias…
- Thiago, deixa de dizer besteiras… Você a ama, sim. E não vai deixar ela fugir… eu te conheço… – falava Remo, calmamente – E eu tenho certeza que ela te ama.
Thiago soltou uma gargalhada sarcástica.
- É, quem sabe…
Se virou e encarou os amigos.
- Eu tentarei mais uma vez. Mas se ela me afastar de novo… acabou…
Sirius e Remo sorriram pra ele, que retribuiu o sorriso e voltou as costas.
- Agora, saiam daqui, seus chatos. Preciso pensar num plano para conquistar minha ruivinha de vez… – falou, divertido.
Os seus amigos foram pra casa. Passado um tempo de ter estado olhando as aguas, tirou as mãos dos bolsos, pegou um punhado de pedras e começou a atirá-las no lago, sentado na margem.




- Então? Como ele está?
Anna abraçara o namorado pela cintura, depois de o ter visto entrar em casa, acompanhado de Sirius.
- Triste… cansado… apaixonado… – Remo disse, finalizando com um suspiro.
- Anna, você viu a Liz?
- No quarto dela, Sirius…
Ele agradeceu com um aceno de cabeça e subiu. Anna e Remo se sentaram no sofá.
- O que te preocupa, amor? – Remo sussurrou, afagando os cabelos da namorada, que encostara a cabeça no ombro dele.
- Nada… – ela disse, no mesmo tom.
- Vamos… você acha que consegue esconder algo do seu lobinho? Basta olhar nos seus olhos pra saber que alguma coisa ta mal…
Ela sorriu timidamente. Era verdade. Não conseguia esconder nada do namorado.
- A Lily e a Liz… discutiram de novo…
- De novo?
Ela assentiu. Ambos sabiam o que isso significava. Mais cedo ou mais tarde, isso ia acontecer… novamente… e talvez fosse ainda pior do que das outras vezes…




TOC TOC
- Vai embora!
- Liz, sou eu, o Sirius… – silêncio – Abre a porta, Eliza… – nada – Abre a porta, pelo amor de Merlin!...
Um pequeno clic deu a perceber que a porta fora aberta. Ele entrou no quarto. As cortinas da janela estavam fechadas, deixando o quarto com um aspecto obscuro. Sirius passou os olhos pelo conjunto e deteve-os na cama. Em cima dela, um vulto encontrava-se encostado na cabeceira.
- Liz… – ele sussurrou. Aproximou-se da cama, sentando-se ao lado dela – O que foi que aconteceu?
Ela só conseguiu soluçar. Abraçando-se a ele fortemente, e encostando a cabeça no seu peito, falou com uma voz abafada e chorosa:
- Me abraça… só me abraça…
Ele obrigou-a a deitar-se e a abraçou fortemente, pelas costas. Sussurrou no seu ouvido, com a voz muito calma e doce.
- Ta tudo bem, agora… não precisa chorar… eu tou aqui… nada de mal vai te acontecer…
Eliza apertou as mãos dele com força. Sentindo o corpo dele encostado ao seu, sussurrando aquelas palavras daquele jeito no seu ouvido, parecia que tudo ia embora. E, embalada pelo som doce da voz dele, adormeceu.




Lilian acordou com gotas de água a caírem sobre seu rosto. Abriu os olhos lentamente. “Onde eu estou?”, pensou. Mas depois lembrou-se. Andara à toa, encontrando uma abertura entre algumas pedras e, entrando, encostou-se na parede e, se deitando no chão, chorando, adormeceu.
Agora que os seus olhos estavam habituados à escuridão, podia reparar melhor. Era uma gruta. Pelo menos, assim parecia. Num canto havia uma abertura com uns pequenos degraus, que levavam a um nível inferior. Sem pensar, desceu. Em baixo, não estava tão escuro, por isso não lhe foi difícil ver. Era uma caverna subterrânea enorme, com um teto altíssimo. No meio, uma quantidade considerável de água, num pequeno laguinho. A água era cristalina, muito transparente, refletindo luz para o teto.
Lilian acabou de descer as escadas. Estava tão maravilhada com o que tinha descoberto que acabou por esquecer o que tinha acontecido.
Impulsivamente, descalçou as sandálias e entrou na água. Estava fresca ao toque, mas dava uma sensação de calor no corpo inteiro. Chegou até meio do lago e notou que lhe chegava ao peito. Sem pensar mais, mergulhou. Uma incrível sensação tomou conta dela. Queria voltar à superfície, mas não conseguiu. O cabelo dela serpenteava. Abriu os olhos e espantou-se de novo. No meio da água haviam umas pequenas criaturas… que pareciam fadinhas… mas que, em vez de voarem, nadavam… o fôlego dela parecia interminável… algumas das criaturas começaram a rodeá-la e ela pode observa-las melhor: eram como pequenas bolas de luz, com um corpo fino, cabelos ondulantes, olhos que eram pontos negros brilhantes…
Subitamente, todas as criaturas encostaram suas minúsculas mãos no corpo de Lilian… a vista dela ficou turva, sentia choques elétricos, começou a deixar de ver, e perdeu os sentidos.
Quando voltou a si, estava de novo na margem, deitada, com as suas vestes secas. Levantou-se e ficou a olhar para o meio do lago. Teria sido somente um sonho? Ou não…? Pegou as sandálias e subiu as escadas, saindo da gruta e reparando que começara a anoitecer e não tinha comido nada durante o dia todo. Sua barriga começara a dar horas no mesmo instante. Caminhou em direção a casa, desejando não encontrar ninguém.




Embora estivesse brigada com Lilian, Eliza sentia-se preocupada com ela. Tinha desaparecido depois do conflito e ainda não tinha voltado. Saberia lá o que poderia ter acontecido?
Sirius encontrava-se do mesmo jeito. Thiago também não voltara. “Aquele idiota, retardado, não pode ter se jogado no lago, não é mesmo?”, ele pensava, quando ouviu passos.
Thiago voltava como saíra. De mãos nos bolsos, expressão triste, cansada, mas tinha algo mais. Um sorriso.
- Pontas, você ta bom? – exclamaram Sirius e Remo, ao mesmo tempo.
- Eu sou bom… – ele respondeu, sorrindo e passando a mão no cabelo.
“Ele ta de volta…”, pensaram Remo e Sirius, sorrindo marotamente, ao que Thiago retribuiu.
Eliza e Anna permaneciam preocupadas. E Lilian? O que seria feito dela?
- Thiago?
- Sim, Anna?
- Você viu a Lily?
- Ela não ta em casa?
- Não, ela saiu depois que… ela brigou com a Liz… e…
- Ainda não voltou? – perguntou ele, começando a ficar preocupado também.
- Não… – sussurrou Anna.
Thiago preparava-se para sair novamente, mas desta vez para procurar Lilian, quando ouviram passos novamente.
- Boa noite… – murmurou Lilian, sem os encarar.
Todos a olharam espantados. Os seus olhos se arregalaram muito e as suas bocas se abriram ainda mais.
- Boa noite – repetiu ela. Mas eles permaneceram imóveis e silenciosos – Parece que viram o bicho-papão… – ela continuou, rolando os olhos.
Saiu da cozinha e ia começar a subir as escadas, passando pelo espelho que se encontrava no fundo da mesma e deu uma olhadela pelo canto do olho. Continuou a subir mas estacou a meio e voltou para trás. O que viu a fez soltar um grito surdo.
No espelho ela via-se a si própria, claro, mas… não era a Lilian Anne Evans que tinha saído de casa de cabeça quente… esta era… uau … sua pele apresentava um matiz perfeito… até as sardas pareciam mais perfeitas, como se desenhadas com um lápis… seu cabelo estava perfeitamente cacheado, e tinha uma cor entre o fogo e o sangue… seus olhos estavam imensamente verdes, muito mais do que o que eram e pareciam… libertar luz própria… ela era bonita, mas agora a sua beleza fazia uma veela parecer um trasgo.
Lilian passava as mãos no rosto, tocando, apalpando. Mexia nos cabelos, alisando os cachos, que voltavam a ficar perfeitos quando largava o cabelo. Com as pontas dos dedos, puxava a pele em volta dos olhos para os ver melhor.
Voltou calmamente para a cozinha. Todos ainda estavam chocados. Lilian fechou os olhos e inspirou fundo. E, de repente, ouviu vozes.
O que aconteceu com ela?
Nossa, como a Lily ta… diferente…
Se o Pontas não gostasse dela e eu não namorasse minha gatinha…

Ela colocou os dedos na cabeça e massajou as têmporas.
- Dá pra parar de falar como se eu não estivesse aqui, se não for muito incomodo?
E abriu os olhos. Eles estavam choradíssimos.
- Mas ninguém aqui falou desde que você apareceu, Lily... – disse Remo, calmamente.
- Mas eu ouvi vocês falarem!
- Lily… ninguém falou… eu juro… – murmurava Anna.
- Eu ouvi… – continuou Lilian, mas agora de braços cruzados e batendo o pé.
- Lilian… ninguém falou… – disse Thiago, serenamente, de mãos estendidas, como se pedisse calma.
Lilian descruzou os braços e dirigiu-se para a sala, se jogando no sofá. Todos a seguiram.
- Como isso aconteceu?
Ela suspirou e respondeu calmamente.
- Não sei. Não faço a menor ideia…
- Você ta falando com quem, Lily?
Ela sentou-se.
- Com vocês.
- Mas a gente ainda não disse nada, Lily… – murmurou Anna, o que fez Lilian bufar.
Remo sorriu. Sentou-se ao lado dela, e pegou no seu braço, apontando o pequeno botão da manga da sua blusa.
- Posso? – ela assentiu com a cabeça. Ele desabotoou o botão e puxou a manga para cima, mostrando o braço dela.
- Vejam…
Pelo braço fora, pequenas pintas vermelhas, em forma de pequenas mãos apareciam.
- Onde você esteve, Lily? – perguntou Remo.
- Er… eu estive… – ia a dizer no campo de lírios, mas achou melhor não – andando por aí e depois entrei numa… gruta… acho eu… que tinha um lago subterrâneo…
- Você nadou nele? – tornou Remo a perguntar.
- Sim…
- Viu alguma coisa? Umas criaturinhas parecidas com bolas de luz, cabelo onduleante, olhos pretos brilhantes…
Lilian abanou a cabeça afirmativamente.
- Sim, e elas me tocaram.
Remo sorriu novamente.
- Então, eu acho que sei o que aconteceu.
- Sabe? – perguntaram todos ao mesmo tempo.
- Tenho uma ideia. Mas não posso dizer concretamente. Preciso ter certeza. – virou-se para Thiago – Pontas, você se importa que eu utilize sua biblioteca?
- Não, claro que não. Nem precisa perguntar.
Remo virou-se novamente para Lilian.
- E você, Lily, descanse. Procure não pensar em nada que te preocupe e, principalmente, procure não se irritar, entendeu?
- Entendi.
- E não a deixem sozinha. Em momento algum, ouviram? – ele falou para o resto, que concordou.
Remo subiu as escadas, deixando o grupo de amigos, espantados, para trás.




Lilian jantou essa noite no sofá. Apenas Anna lhe fez companhia, já que Remo ainda estava na biblioteca, Eliza e ela estavam brigadas e Sirius não deixaria a namorada e Thiago não a queria encarar.
Anna voltou para a cozinha, deixando Lilian na sala sozinha por uns instantes. Ela ficou olhando o teto até que se levantou e começou a observar melhor a sala. Era uma típica sala trouxa, com quadros na parede e mobília… normal … apenas as fotografias em cima da lareira denunciavam aquela família… hey… as fotografias não estavam mais em cima do piano… o piano… lembrou-se do outro dia… sacudiu a cabeça, espantando os pensamentos…
Lilian foi até a lareira e pegou uma fotografia, sem escolher nenhuma em especial. Nela, um garoto de aproximadamente 8 anos, franzino, moreno, de cabelos pretos arrepiados, óculos que escondiam seus olhos castanho-esverdeados, com traços acinzentados, brincava na praia, escrevendo coisas na areia… olhou para cima e sorriu, voltando seguidamente a escrever. Lilian sorriu também, vendo a imagem vezes e vezes sem conta. Pousou-a e tirou outra.
Nela, três garotos de 13 anos estava abraçados por um segundo, acabando por cair uns em cima dos outros, gargalhando. Lilian abafou o riso e pousou-a também. Deixou as fotografias para trás e caminhou mais um pouco pela sala. E parou. Em frente ao quadro. Àquele quadro que tinha visto no primeiro dia em que entrara naquela casa. E descobriu com quem se parecia aquela mulher. Nada mais, nada menos, do que com ela…


















oi gente.... desculpem a demora, tah?
mas eh que a perola, minha beta, nunca mais apareceu.... eu to ate preocupada com ela....
bem, n vou chatear vcs com os meus problemas....
e n vou responder aos comentarios hoje...
o que vcs acham se eu responder com ajuda dos marotos? eu acho uma boa ideia, mas n queria copiar ninguem.... sabem?.... e gostava de saber vossa opiniao....
beijos pra vcs todos!!!!

ah!! no capitulo anterior, a musica era This I promise you - 'NSync e a desse é Dream of me - Kirsten Dunst
sao lindas neh????
eu sei.... *sorriso-eu-tenho-32-dentes*
beijos pra vcs

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