A tão esperada noite de Lua Ch



A chegada na mansão Potter fora rápida, claro. Como estavam muito cansados, resolveram ir dormir. Quer dizer, as meninas foram. Os garotos ficaram conversando na sala.
- É, gostei de conhecer sua prima, Almofadinhas. A Andromeda e o Ted são super gente fina. E a Nymphadora é uma figura! – dizia Thiago, descalçando os sapatos com os próprios pés.
Sirius riu.
- É… ela é bem parecida comigo, ne? – disse ele – Eu digo parecida porque eu sou único, obviamente.
- Modéstia mandou lembranças, seu cachorro! – exclamou Thiago.
- Eu sou modesto. Você é que é muito retardado para perceber isso… seu veado… – disse Sirius, marotamente.
- É cervo, Sirius, CERVO! Até sua priminha sabe a diferença! Vê se deixa de ser burro e se cultiva, cara! – respondeu Thiago, aparentando uma falsa indignação, acabando por rir os dois.
Remo permanecia calado, olhando o jardim, pela janela.
- Aluado! Ô Aluado!
- Hum? – ele olhou para os dois, um pouco “aluado” (N/A: jura? Não diga…).
- O que foi? Ta pensando na morte do testrálio, é? – perguntou Thiago. Remo sorriu.
- Não. Tava pensando que amanhã é noite de Lua Cheia…
- Pô cara… e a gente não sabe? Desencana… vai ser fácil, como toda a vez… – falou Sirius.
- Ô Almofadinhas, você é burro, mesmo! Ô santa ignorância! – Thiago falava com as mãos e a cara levantadas pro alto – Vê se fala com tato, seu pulguento… – se aproximou de Remo e colocou seu braço por cima do ombro do amigo – O que aquele trasgo quis dizer é que você pode contar connosco pra tratar do seu probleminha peludo
- Ô quanta cultura, meu Merlin! – exclamou Sirius, rolando os olhos.
- Eu sei que sim… mas o problema não é esse… vocês sempre me ajudaram e eu ficarei grato a vocês pelo resto da vida. – disse Remo.
- Então qual é o drama? – perguntou Thiago.
- O drama – ironizou Remo – dá pelos nomes de Lilian Evans, Eliza White e, principalmente, Anna Buthenford…
- Qual é, Remo? Você já sabe que a Lily e a Liz tão super à vontade com isso… e a Anna também… – disse Sirius, na maior descontração.
- Será? – perguntou Remo, mais para si mesmo.
- Claro! A gente vai te ajudar sempre que puder! Ou seja, até sermos um bando de bruxos velhos, caquéticos, de bengala, cabelos brancos, sem dente… – falou Thiago.
- Hey! Fala por você! Eu serei um velho gostosão, saradão, todo pra frentex! Resumindo, não mudarei muito do que sou agora… – disse Sirius, passando as mãos pelo corpo, o que fez os outros dois rolarem os olhos.
- Fala sério… que mal eu fiz pra Merlin pra ter que aturar um cara como você, me diz? – perguntou Thiago.
- Também te amo muito, Thiaguito! – respondeu Sirius, com voz fina, fazendo biquinho.
- Será que as donzelas poderão fazer o favor de falar lá no vosso quarto? Ou melhor, não falar sequer?
Eliza estava na porta da sala, com a camisola por debaixo do robe, de chinelinho, o cabelo preso numa trança, já um pouco desfeita, com os olhos um pouco fechados.
- Liz, meu anjo! – exclamou Sirius – Você…
- Sshh! – disse ela, pondo o dedo indicador sobre os lábios – Nem um pio! Tudo calado! Vamos! Subindo a escada e entrando nos quartos!
Ela falava num tom de voz autoritário. Eles sorriram marotamente.
- Hum… certo… entrando nos quartos… – disse Sirius, já no corredor – pronto!
- Sirius… quando eu disse entrando nos quartos, era pra você entrar no seu e não no MEU!
- Ah, Liz… vai deixar seu cachorrinho preferido sozinho essa noite?
- Porquê? Há alguma razão especial pra não deixar?
- Vejamos… – Sirius colocou o queixo sobre a mão, numa expressão pensativa.
- Ih… boa coisa dai não vai sair… – murmurou Thiago, fazendo Remo abafar o riso.
- E então? Estou esperando… – disse Eliza, de braços cruzados, fazendo uma cara muito séria, mas estando muito divertida.
- Primeiro – começou Sirius – somos namorados. Segundo, você me ama. Terceiro, eu preciso de alguém que me aqueça os pés. Quarto… quarto… eu sou eu, ne?
- Amorzinho – disse Eliza, ironicamente, fazendo Thiago e Remo rir – primeiro, sermos namorados não implica que você faça exigências. Aliás, EU mando. Segundo, sim, eu te amo, mas preciso usar trela curta com você. Terceiro, é Verão, ta calor, mas mesmo que tenha frio nos pés, bota um saco de água quente. Quarto, pare de se achar, não lhe fica bem. – se aproximou dele e lhe deu um selinho – Agora, quero ir dormir e não quero ouvir barulho. Até depois, garotos. Tchauzinho, amor !
Entrou no quarto e fechou a porta. Thiago e Remo não aguentaram e começaram a gargalhar. Sirius fez uma cara emburrada e cruzou os braços.
- E diz ela que me ama! Humpf! Vá de entender…
- Almofadinhas… você se ferrou… – disse Remo, ainda rindo.
- Ora, calem a boca, vocês dois! – exclamou ele, entrando no quarto e fechando a porta violentamente, fazendo os dois garotos gargalharem ainda mais, acabando por entrar nos respectivos quartos.




Remo fechara a porta e se despia, calmamente, pensativo. Estranhamente, não estava estressado, nem irritado, nem nada que tivesse a ver com T.P.L. (Tensão Pré-Lunar, como Thiago e Sirius diziam). Talvez fosse de estar perto dos seus amigos e da garota que amava. É, devia ser isso…
Abriu as cortinas da cama e se jogou nela, pondo as mãos na nuca e fechando os olhos. O silêncio envolveu a calma do quarto.
- Oi amor! – disse uma voz feminina no seu ouvido.
- Oi Anna… ANNA?! – disse Remo, primeiro calmamente, mas depois exclamando, enquanto dava um salto e se sentava na cama, olhando para a namorada.
- É, sou eu mesma, há aproximadamente 17 anos… porquê essa cara?
- O que você ta fazendo aqui? – disse ele, já levantado.
- Remo… é óbvio, ne? – disse ela, num tom debochado – Deixa de drama e vem deitar, vem lobinho…
Ele se deitou e ela se aninhou no peito dele.
- Tava cheia de saudades suas… – disse ela, desenhando no peito dele.
- Eu também… – disse ele, alisando o cabelo dela.
- Então – ela se levantou e se sentou em cima dele – vamos aproveitar…
- Aproveitar? Aproveitar o quê? – perguntou ele, estranho.
- Depois eu que sou a loira, ne? – disse ela, rindo – Remo… eu sou a Anna, sua namorada, sabe?...
- Sei… – disse ele, rindo.
- E você é o meu namorado, certo?
- Certo…
- E a gente já teve junto na outra noite, não foi?
- Hã hã…
- E, estando os dois com saudades um do outro e, sendo amanhã noite de Lua Cheia… tcharã!
Remo gargalhou.
- Entendi… – disse ele, sorrindo marotamente.
Levantou o tronco, ficando Anna na mesma posição. Começaram a beijar-se apaixonadamente. Anna começou a desabotoar a parte de cima do pijama dele. Mas eis que…
- Anna… preciso de falar com você sobre amanhã à noite…
Ela fez uma careta.
- Você adora estragar o clima ou é defeito seu falar demais? – falou ela, com irritação e frustração na voz.
- É sério.
- Fala, então.
- Amanhã à noite, eu quero que você me prometa que não vai sair dessa casa. Aconteça o que acontecer, não importa o barulho que você ouça, não saia de casa.
Remo falava seriamente.
- Remo, eu…
- Me prometa.
- Mas…
- Promete!
Anna inspirou bem fundo.
- Prometo.
Remo a beijou.
- Agora podemos acabar a nossa conversinha, cordeirinha … – disse Remo, marotamente, fazendo Anna rir.
O que ele não viu foi que, enquanto prometia, ela cruzava os dedos por detrás das costas.




Na manhã seguinte, todos tinham descido pro café, menos Anna e Remo. Eliza e Sirius discutiam pacificamente (N/A: pois, claro…).
- Sirius, vê se come direito! Da maneira que come, parece que não vai haver amanhã!
- Feu tfou com pfome… – falou ele, de boca cheia, soltando migalha por tudo quanto é canto.
- Olha só o que você fez? Cachorro desgraçado… – murmurava Eliza, enquanto sacudia as migalhas da roupa.
- Ah, Liz… você reclama, reclama… mas não vive sem mim! – disse Sirius, já com a boca vazia.
- Thiago?
- Sim, Lily?
- Será que a gente pode conversar? A sós? – perguntou Lilian, deixando Sirius e Thiago muito espantados.
- Sim, claro. Vem comigo.
E foram até ao escritório do pai de Thiago, que estava vazio.
- Entra. – disse Thiago, abrindo a porta e entrando depois dela – O que você queria falar?
- Esse assunto é sério. Muito sério mesmo.
Thiago começou a sentir o coração acelerado.
- Sim?...
Lilian olhou para ele, bem fundo nos seus olhos. Thiago sentia as pernas bambas. Ela começou a se aproximar cada vez mais. Ele fechou os olhos.
- É verdade que vocês são Animagos?
Thiago abriu os olhos. “Droga!”, pensou, “Todo esse clima para perguntar se somos Animagos…”.
- Sim, somos. Fazemos isso para ajudar o Remo nas noites de Lua Cheia. – respondeu Thiago, irritado, de braços cruzados.
- É um gesto muito bonito da parte de vocês! – disse Lilian, sorrindo. Thiago estranhou ela não começar com os seu sermões de perigo, ilegalidade, e assim, mas não disse nada – Mas não é isso que me traz aqui.
- Não?
- Não. A Liz me contou que seu pai era, e ainda é, ótimo a poções, verdade?
- Sim, ele é.
- Então o negócio é o seguinte. Eu e a Liz queremos uma poção que faça a gente virar animais.
- Como é que é??
Thiago estava surpreso. Não, não era possível.
- Quem é você e o que fez com a Lily? – falou ele, agarrando-a pelos ombros e a sacudindo.
- Thiago! Pára! – disse ela, rindo – Você escutou direito. Eu e a Liz precisamos…
- … de uma poção que bla bla bla… entendi, eu não sou burro. Mas para quê?
- Hum… eu não posso dizer… – disse Lilian, muito baixo.
- Pelo teor da conversa, deduzo que seja por causa do Remo. Acertei?
- Hum… mais ou menos… – disse ela, virando as costas e indo até à janela.
- Então não dou. – respondeu Thiago, seriamente.
- Thiago!
- Não dou. Você vai ter que me contar para quê vocês querem essa poção… – disse ele, cruzando os braços.
- Thiago Potter! Isso é chantagem!
- Entenda como quiser. Ou você me conta tudinho ou não tem poçãozinha.
Lilian reparou que ele falava sério.
- Você fala sério?
- Nunca falei tão sério na minha vida.
Ela percebeu que não sairia dali tão facilmente. Se queria ajudar, teria que lhe contar. Quando queremos algo, por vezes temos que ceder também.
- Então eu conto. Mas se essa conversa sair daqui, os Marotos passarão a ser três! E não se faça de desentendido! Você percebeu muito bem o que eu quis dizer!
Ele sorriu marotamente.




- Será que a Lily vai, finalmente, cair nas boas graças do meu amigo Thiago Pontas?
Eliza, que bebia um suco de morango, deu de ombros.
- Ninguém resiste a um Maroto… até você! – exclamou Sirius.
- Peraí… eu não cai nas graças de ninguém, não… se houve aqui alguém que caiu, foi você… ficou caidinho por mim… – disse Eliza, num tom trocista.
- Modéstia mandou lembranças, hein, Liz! – disse Sirius, cruzando os braços, fazendo Eliza rir e dar um selinho nele, passando os dedos pelo nariz dele, sorrindo depois os dois.
- Bom dia! – disseram Anna e Remo ao mesmo tempo. Ela vinha às cavalitas dele.
- Bom dia! – responderam Eliza e Sirius, também ao mesmo tempo. Acabaram todos por gargalhar.
- Então e a Lily e o Thiago? Vocês sabem onde eles estão? – perguntou Anna, comendo avidamente.
- Eles foram conversar. A sós . – Sirius destacou bem o “a sós”.
Anna começou a gargalhar. Sem saber muito bem porquê, os outros riram também, já que o riso dela era contagiante.
- Com que então a dona Lilian, hein, conversando a sós com o nosso Thiaguito? “Nem morta, enterrada ou sobre o efeito de uma maldição…”. – disse Anna, imitando Lilian, fazendo todos rirem mais, agora sabendo o motivo.
- Ao menos eu digo onde fui, não sou como certas e outras que desaparecem do quarto e não dizem onde estão… – disse uma voz nas suas costas. Lilian – Onde você estava?
- Onde eu estava? – Anna sorriu marotamente – Estava conversando com o meu lobinho, ora!
- Conversando , é? – perguntou Sirius, marotamente, levando um tapa no braço de Liz – Ai! Isso dói, sabia?
- Você merece muito pior… – disse ela, fazendo um falso olhar ameaçador, que fez todos rirem.
Thiago olhava para Anna. Ela estava diferente.
- Pontas, você reparou que a nossa cordeirinha está diferente? – perguntou Sirius.
- É, reparei…
- Você sabe porquê?
- Não… não tenho a menor ideia…
Ele sabia porquê, alias, era disso que ele e Lilian tinham conversado há pouco, mas não podia dizer. Era injusto não poder desabafar com Sirius… mas o quê nessa vida é justo? … disse uma voz na sua cabeça. “Hey, porque você tem justo a voz do Remo?”, pensou ele… Imagine só
- … não é, Thiago? Thiago?? Thiago! POTTER!! – acabou Lilian por gritar.
- Hum? Oi? O que foi? – disse Thiago, meio despistado.
- Nada não. Deixa pra lá… – falou Lilian, agitando a mão no ar.
- Eh, Pontas… o único Aluado aqui é o Remo… ta querendo tirar o lugar dele, é? – perguntou Sirius.
- Sirius! Pare de atacar o meu lobinho, ta? – disse Anna, passando a mão no rosto do namorado.
- Obrigado, amor. – disse Remo, dando um selinho nela, que continuou a comer.
- Porque você não me defende assim? – perguntou Sirius a Eliza, numa falsa indignação.
- Por dois motivos: um, ninguém te atacou. Dois, eu não posso defender uma coisa tão perfeita quanto você, ne? – respondeu ela.
- Ainda bem que você sabe, amor! – disse ele, estufando o peito.
- Será que não deu pra perceber a ironia da minha frase? – disse Eliza, de braços cruzados, num tom e expressão trocistas, que fez todos rirem, inclusive Sirius.




- Liz, vem cá!
Lilian chamou Eliza para o seu quarto. As meninas estavam se trocando para depois irem ter com os garotos na piscina.
- E então? Conseguiu? – perguntou Eliza, ansiosa.
- Ainda não. Mas o Thiago me prometeu que vai me dar isso antes do jantar…
- Ótimo!
- Mas houve um problema…
Eliza ficou séria.
- Problema? Que problema?
Lilian coçou o nariz.
- Eutivequecontartudopraele…
- Ah, Lily! Língua de gente, por favor, ta?
- Eu tive que contar tudo pra ele…
Eliza riu.
- Esse que é o problema? Eles iam ficar a saber, de uma maneira ou de outra… desencana, Lily! O Thiago é super compreensivo e ótimo a guardar segredos…
- É… ele é mesmo… – respondeu Lilian, sorrindo.
- Hey… tou sentindo amor no ar? – disse Eliza, trocista.
- Liz…
- Pronto, pronto… já parei! – falou ela, levantando as mãos em gesto de rendição, saindo de novo pro seu quarto.
- Hey, Lily! – Lilian se virou – Sabia que quando você fala o nome dele, fica com a carinha in love ?
Lilian atirou uma almofada, mas Eliza fechou a porta, rindo.
- Há há, dona Eliza! Muito engraçadinha!
Mas se levantou e se mirou no espelho. “Será que se nota tanto assim?”, pensou, antes de sair do quarto.




O dia na piscina foi bastante engraçado. Dessa vez, os garotos jogaram volei relativamente bem… quer dizer… pelo menos acertaram algumas, ne? Imaginem…
Depois, tentaram fazer uma guerrinha … Eliza sentada nos ombros de Sirius e Anna nos de Remo, tentavam com que a outra caísse dentro de água. Thiago e Lilian estavam sentados, na beira da piscina, com os pés dentro de água.
- E aí, já conseguiu arranjar? – perguntou ela.
- Não, ainda não. Mas não se preocupe, não. Eu prometi que daria antes do jantar e vou dar! – respondeu ele.
Ficaram calados, os dois. Um silêncio cortante se criou entre eles, apenas quebrado pelo riso dos amigos.
- Lilian…
- Sim?
- Você…
- Eu o quê?
- Você vai mesmo passar o dia com aquele cara?
Lilian olhava pra ele.
- Vou… quer dizer… acho que sim… pra falar a verdade… eu não sei… – e desviou a cara.
- Sempre pode dispensá-lo e ficar aqui comi… connosco…
- Eu… não sei… Thiago…
Lilian olhava agora o horizonte. Anna lia um livro, Eliza dormia estendida numa espreguiçadeira e Remo e Sirius conversavam.
Uma brisa soprou e Lilian fechou os olhos. O vento fez com que os seus cabelos ondulassem suavemente. “Como eu te amo…”, pensou Thiago, olhando pra Lilian. “Eu também…”, ouviu ele na sua cabeça. Eles se olharam, repentinamente.
- Você… você ouviu? – perguntou Thiago, surpreso.
- Ouvi o quê? – respondeu ela, puxando o cabelo para detrás da orelha.
- Nada, nada… eu… vou buscar… a poção… – disse Thiago, enquanto se levantava e se dirigia para dentro de casa. “Ouvi sim… e você também ouviu…”, pensou Lilian, depois de ter mergulhado e ter se mantido debaixo de água por alguns segundos.
- Mas antes não tivesse…




Thiago tinha entrado no escritório do pai novamente.
- Ora bem… onde estará o livrinho dele?...
Começou a procurar nas gavetas da secretária. Abriu a primeira, a segunda, a terceira… apenas fotos, papéis, apontamentos, esquemas, táticas… nada. Foi até às estantes. Variados livros estavam ordenados alfabeticamente. “Coisas da mamãe…”, pensou ele.
- Ora… esse não… esse também não… Quadribol: tudo o que você sempre quis saber e nunca conseguiu perguntar … interessante… mas não… ahá!
Tirou um livrinho pequeno, de capa vermelha, parecia muito antigo. Abriu e começou a folheá-lo.
- Hum… Veritaserum Felix Felicis mortos-vivos Amortensia … achei! Animalia !
Começou a ler.
- Dispensa de poções…
Se dirigiu para uma portinha existente no cómodo e entrou.
- Quarto armário…
Com o indicador direito começou a procurar. E achou. Abriu. Milhares de frascos diferentes se encontravam lá.
- Terceira prateleira… segundo a contar da direita… sim!
Tirou o frasquinho, que parecia água, não fosse a cor verde que apresentava.
- Hum… – disse Thiago, mirando o conteúdo do frasco, um pouco acima da cabeça – vamos ver o que diz papai Potter sobre essa poção…
Tornou a olhar para o livrinho, que estava aberto ainda na mesma página.

Poção Animalia: usada quando alguém se quer tornar num animal, sem recorrer a Animagia. Quando preparada, torna-se bastante concentrada. Por cada colher de sopa tem-se efeito durante duas horas. Em casos especiais, pode provocar efeitos secundários.

- Esperemos que não seja o caso! – exclamou Thiago.

Nota mental: eu, Daniel Alexander Potter, o grande mestre de poções de sempre de Hogwarts, quero deixar claro que nunca mais usarei essa poção em Lilibeth Annelise Bradley

- Hum… nota mental – imitou Thiago – pedir pro papai me explicar essa história direitinho…




O jantar até foi animado, tendo em conta os acontecimentos próximos. No final, uma coruja grande e preta entrou pela janela, deixando cair um bilhete na frente de Daniel Potter, que leu e passou a Lilibeth que, ao ler, fez uma careta.
- Mãe? Algum problema? – perguntou Thiago.
- Não, querido. Procedimentos rotineiros… – respondeu Lilibeth, despenteando o filho – Voltaremos tarde. Vocês se aguentarão sem nós?
- Mamãe Potter… ta falando com os Marotos, ne? – disse Sirius, convencido.
- Hey, a mãe é minha! – exclamou Thiago, abraçando a mãe, fazendo todos rir.
Passado um bom tempo de os pais de Thiago terem saído, Remo começou a ficar agitado.
- Amor… você ta bem? – perguntou Anna, preocupada.
- Claro! Não dá pra notar? – respondeu ele, ironicamente.
- Não precisa falar assim… vai correr tudo bem…
Anna passava a mão pelas costas do namorado, que estava olhando a lua pela janela.
- Claro… aliás, uma pessoa se transformar em lobisomem é uma coisa que corre sempre bem…
O sarcasmo sobressaía na sua voz. Anna sabia que era normal ele ficar assim, mas esse pensamento não evitou que se sentisse triste. Remo deu conta que tinha sido áspero demais e se virou para ela, que tinha seus olhos marejados.
- Anna, amor… eu… desculpa… eu sou um bruto, mesmo…
Ele falava enquanto pegava nas mãos dela e as beijava.
- Não… não tem problema…
Thiago e Sirius apareceram na porta, enquanto Anna e Remo estavam abraçados. Tinham caras muito sérias.
- Remo… ta na hora…
Remo se separou de Anna. Olhou bem fundo nos seus olhos turquesa e apenas disse:
- Te amo.
Saiu com os amigos, sem olhar pra trás.




- Liz… ta aqui…
Eliza e Lilian usavam dois mantos com capuz, de cor preta.
- Ele explicou o que acontece? – perguntou Eliza, sussurrando.
- Sim. Tomamos um gole cada uma, e nada mais. Esperamos um instante e depois… – respondeu Lilian, no mesmo tom.
Saíram de casa, encapuzadas. Os garotos tinham combinado um sítio. Estariam as esperando, pois Remo não gostava que o vissem se transformando. As duas caminhavam em silêncio. Podiam parecer confiantes, mas morriam de medo, naquele instante. “Onde está sua coragem grifinória?”, pensavam as duas.
- Lily… Liz…
Os dois garotos saíram detrás de uma árvore, carregando uma pequena sacola. Elas retiraram o capuz.
- Eu contei pro Sirius. – disse Thiago.
- Eu ia ficar sabendo, mesmo… – disse Sirius – Liz, eu acho que você…
- Sirius, por favor! – exclamou Eliza – Eu sei que você ta preocupado, mas se você consegue lidar com o Remo, eu também consigo…
- Liz, mas eu sou um garoto! – disse ele.
- Não me venha com esse papo de machista pra cima de mim!
Eliza estava nervosa e aquela conversa ainda a deixava pior.
- Não é questão de machismo! – Sirius estava agora indignado – É que eu não quero que aconteça nada com você!
- Sirius… deixa ela…
Thiago falou calmamente.
- Mas Thiago…
- Sirius… a Liz e a Lily são bem crescidinhas… elas sabem o que tão fazendo…
Sirius gargalhou roucamente.
- Ah, sabem? Claro que sabem! Se soubessem, estariam em casa! A gente tomava conta do assunto! – exclamou Sirius, com uma mistura de raiva e sarcasmo – Pelo visto, você não se preocupa com o que possa acontecer com a Lily!
Thiago cerrou os punhos e fechou os olhos, mas logo os abriu novamente.
- Claro que me preocupo. – disse ele, calmamente – Mas também sei que não vai acontecer nada demais com ela ou com a Liz.
- Ah, claro! E porque não?
- Porque a gente ta junto, seu idiota!
Thiago não aguentou e gritou. As duas garotas estavam quietas, em silêncio, espantadas por os dois estarem brigando.
- Hey, hey! Calma, gente! Nós sabemos que vocês tão preocupados, mas não adianta brigar. – disse Eliza, se colocando entre os dois garotos, que se encaravam furiosamente – Agora, vão os dois pedir desculpas um ao outro e apertar as mãos, como gente civilizada! – olhava de um para outro – Vamos! O que estão esperando?
Thiago passou a mão pelos cabelos. Sirius coçou a cabeça. Mas estenderam as mãos.
- Foi mal, cara.
- É, desculpa.
Se puxaram para um abraço. Realmente, tinham uma amizade muito forte e muito bonita.
As garotas se viraram uma para a outra. Tava na hora.
- Quer ser a primeira? – perguntou Eliza.
- Porque não?
Lilian destapou o frasco. Inspirou bem fundo e levou-o à boca. Deu um gole. Uma sensação de ardor e frescura passou pela garganta. Sabia a uma mistura de terra e água salgada. Passou a Eliza, que também bebeu. Esperaram uns segundos. Mas nada aconteceu.
- Será que a gente deveria ter tomado mais? – perguntou Eliza.
- Não. Vamos esperar. Venham. Vamos ter com o Remo. – disse Thiago.
Começaram a caminhar novamente, os dois garotos na frente e elas atrás.
- Pessoal… eu… AI!
Era Lilian. Ela tava ajoelhada no chão, agarrada ao estômago. Thiago correu pra ela.
- Lily. Você ta bem?
Quando levantou a cabeça, a cara estava coberta de uma penugem vermelha, que ia aumentando em quantidade e em textura.
- AI!
Agora era a vez de Eliza cair no chão. Sirius também correu pra ela. Ela apresentava pêlos pretos a nascer pelo corpo inteiro.
Thiago e Sirius estavam temerosos. O que será que poderia acontecer?
Lilian estendeu os braços. Aquilo que antes era uma mão dava lugar a uma asa, cheia de penas. Ela levantou a cabeça pro alto e um bico fino e pontiagudo começou a crescer. O pescoço alongou e ficou cheio de penas vermelhas também. As suas pernas encolheram e deram lugar a duas patas com pequenas garras. Tinha se transformado numa belíssima fénix. Abriu os olhos. Eram de um verde espetacular. Voou até Thiago e pousou no ombro dele.
- Uau… – foi só o que ele conseguiu dizer.
Eliza estava agora de pé. As mãos e os pés engrossaram e deram lugar a patas fofas. As orelhas afilaram nas pontas e ficaram pontiagudas. O nariz diminuiu. Os dentes caninos cresceram. Bigodes despontaram. Um rabo fofo e peludo cresceu. Tinha se tranformado numa gata persa preta, que se foi entrelaçar nas pernas de Sirius, ronronando.
- Eu sabia! Por alguma razão eu a chamava de gatinha ! – exclamou Sirius, num jeito de “eu-sou-demais”. A gata bufou – Pronto, calma! Vem cá!
Pegou nela ao colo.
- Vamos, Almofadinhas – disse Thiago, que alisava as penas da fénix pousada em seu ombro – daqui a nada o Remo vai soltar a fera que vive dentro de si!
Os dois garotos gargalharam e seguiram.




Remo andava de um lado pro outro, bastante agitado e nervoso, esfregando as mãos uma na outra. De repente, ficou estático. Começou a farejar algo. Incrível como os seus sentidos ficavam apurados.
- O que você ta fazendo aqui?
Um vulto saiu por detrás das árvores. Caminhou calmamente até ele e o beijou.
- Anna… não…
Ele tentou afastá-la, mas não conseguiu. Os seus instintos selvagens faziam-no agarrá-la fortemente contra si. Deu conta que estava cheirando o pescoço dela, rosnando baixinho, e caiu em si.
- Anna! – conseguiu afastá-la – Você prometeu que ia ficar em casa!
Ela não disse nada. Apenas colocou as mãos na sua cara e o puxou para um beijo, mas ele esquivou-se.
- Você ta ouvindo o que eu tou lhe dizendo?
Ela se desprendeu dele. Soltou o cabelo, que vinha preso num rabo, sacudindo a cabeça. Tirou o manto que trazia. Remo sentiu o sangue a pulsar nas veias. O coração a bater descompassadamente. A respiração ofegante. Sacudiu a cabeça.
- O que você ta fazendo? Você não faz ideia do perigo que ta correndo…
A voz saia-lhe num sussurro. Os olhos de Anna brilhavam como nunca. O cabelo ondulava suavemente, ao sabor do ventinho que soprava. Chegou perto dele e o beijou como nunca tinha feito. Com fome, ânsia, desespero, posse, saudade, ciúme, amor… tudo num momento só. Quando se afastaram, Anna apenas disse uma frase. Uma frase que significava tudo.
- Eu queria que você tivesse sabido de outra maneira…
Ela deu alguns passos atrás. Como se tivesse sido atingida por uma Cruciatus , Anna levou as mãos à cabeça e se contorceu de dor. Caiu no chão, agachada. Remo tentou acudi-la, mas ela levantou a cabeça e ele tomou um susto que o fez cair no chão. Anna não tinha mais feições humanas, mas sim as de um lobo… ou loba… no entanto, os seus olhos turquesa ainda lá estavam.
Remo não conseguiu sentir, ver ou pensar mais nada. A pouco e pouco, foi perdendo a consciência humana e o lado animal tomou conta dele. A carne começou a rasgar, dando lugar a uma pelagem espessa e acastanhada. A sua boca e o seu nariz começaram a crescer, se transformando num focinho e a dentes afiados. As mãos transformaram-se em garras. Adquiriu um tamanho considerável. Já não era Remo. Era um lobisomem. Quem olhasse para ele, veria um monstro, à primeira vista. Mas quem olhasse bem, pra lá das primeiras aparências, veria uma réstia de humanidade naquele olhar.
Ali estava ele. E, na sua frente, outro lobisomem… uma fêmea. Olhos castanhos e turquesa se encararam. O macho uivou intensamente. De entre as árvores surgiu um cervo imponente, de pêlo castanho, brilhante, com suas belas “pontas”, seguido por um cachorro grande e preto e uma gata persa preta, ambos de olhos azuis e pêlo sedoso e brilhante, e, nos céus, rodeando a pequena clareira, voava uma fénix, de intensos olhos verdes, que parecia deixar um rasto de fogo atrás de si.
Os dois lobisomens andavam em círculos, se cheirando mutuamente. Por vezes, rosnavam, mas nada demais. Mordiscavam as orelhas um ao outro. A fêmea era mais agressiva, e dava-lhe patadas no focinho, fazendo-lhe arranhões profundos. Ao macho, apenas bastava dar um encontrão com um pouco mais de força para poder afastá-la.
Até que ela deixou de tomar atenção a ele e se virou para os animais que os observavam. Foi se aproximando cada vez mais, grunhindo e rosnando.
Começou por cheirar a gata, que ficou impávida e serena, apenas eriçando alguns pêlos do dorso. Ela notou e se preparava para abalroar a pequena gata quando o cachorro a mordeu na pata traseira. Ela virou-se e uivou, sendo acompanhada pelo macho, e começaram os dois a querer atacar o cachorro, quando o cervo os travou, marando contra eles. Mas eram dois e atacaram o cervo. A fénix fez um voo rasante e distraiu a fêmea, que tentava apanhá-la.
Foi o inicio de uma longa noite, que acabou com os dois lobisomens a dormir, enroscados um no outro, num canto da clareira, e uma gata aninhada nas patas de um cachorro, que lhe lambia o pêlo, e um cervo deitado com uma fénix pousada num ramo logo acima da sua cabeça, no outro canto.




Quando a lua desapareceu do céu, o efeito da poção começava a passar. Eliza estava quase na sua forma humana, apenas ainda com a pata direita de gata e os bigodes, acontecendo o mesmo com Lilian, que ainda tinha uma cauda pronunciada e algumas penas na testa.
Ao atingirem a forma humana completa, já Remo e Anna tinham perdido a sua forma animal há muito tempo. Thiago, já humano, foi buscar a sacola e tirou de lá dois casacos compridos, entregando-lhes. Remo e Anna voltaram pra casa, ajudados, e não trocaram palavra. Ela sangrava da perna, onde Sirius a mordera. Ele apresentava arranhões pronunciados na cara, que Anna tinha feito. Quando entraram nos seus respectivos quartos, trocaram olhares. Anna foi a primeira a quebrar o contato visual, sendo seguida por Lilian e Eliza, que fecharam a porta.
Remo baixou a cabeça e entrou no seu quarto, seguido por Sirius e Thiago. Se deitou, a muito custo, em cima da cama, gemendo a cada mais pequeno movimento. Sirius e Thiago permaneciam em silêncio, um silêncio cortante, que nada interrompia.
- Remo…
- Eu tou bem. – forçou um sorriso – O meu chocolate?
Sirius e Thiago sorriram francamente e esperaram que o amigo acabasse de comer o doce para falarem, pois sabiam que o seu amigo deveria desabafar com eles… podiam não saber como ajudá-lo, mas um bom par de ouvidos e um ombro amigo valem ouro…




No quarto em frente, Anna também tinha se deitado a muito custo, pois sentia todos os ossinhos do corpo quebrados. Não gemia, mas fazia caretas cada vez que se mexia. Se deitou e virou as costas a Lilian e Eliza, que estavam perto da janela.
- Anna…
- Eu tou bem. Só quero ficar sozinha…
- Mas fala connosco! – exclamou Lilian.
- Por favor… entendam… eu quero ficar sozinha… quero descansar…
As duas garotas olharam de uma para a outra.
- Se você precisar, chama a gente, ta? – disse Eliza, enquanto saiam.
Quando se achou sozinha, Anna chorou.




Eliza e Lilian estavam sentadas na sala.
- Eu não acredito que me transformei numa fénix! – disse Lilian – Brutal! E você, numa gata, hein?
- Nem fala nada… agora vou ter o Sirius pra todo o sempre falando isso no meu ouvido… – falou Eliza, rolando os olhos.
- Você fala, mas bem que gosta, ne?
Eliza corou.
- É… eu gosto, sim… mas ai de mim que ele me ouça dizer isso!
As duas riram. Sirius e Thiago apareceram na porta.
- Tavam falando de você, Sirius! – exclamou Thiago.
- Porquê?
- Tavam rindo, só podia ser por causa da sua cara de palhaço!
Todos riram, menos Sirius. Lilian sorriu francamente. Até nas situações mais difíceis, ele não perdia o bom-humor. Quando reparou, Thiago lhe sorria docemente. Ela corou e virou a cara.
- Ô sua besta! – exclamou Sirius.
- Cervo, se faz favor! – falou Thiago, enquanto as garotas riam da conversa dos dois.
- Veado, quer você dizer…
- Correção, caro Sirius… cervo… – disse Lilian, ainda rindo.
- Obrigado, meu anjo ruivo… – disse Thiago, se sentando ao lado dela e deitando a sua cabeça no seu colo.
- Menos, Thiago… menos… – disse Lilian, com um falso aborrecimento, fazendo todos rirem. Mas não fez com que Thiago tirasse a cabeça do seu colo.
- Liz, minha gatinha! – exclamou Sirius.
- Ah, não! Você ta vendo? – disse Eliza, olhando pra Lilian, mas apontando pra Sirius – Eu disse…
Ele se sentou no chão a apoiou a cabeça no colo dela, que sorriu e ficou afagando os cabelos dele.
Coitados dos garotos! Estavam cheios de nódoas negras, arranhões, hematomas… agora elas percebiam porque eles apareciam nas aulas assim… não era por causa de brigas com os sonserinos ou treinos de Quadribol mais acidentados … eles apareciam assim porque tinham o gesto nobre e corajoso, tão caraterístico dum grifinório, de ajudar Remo.
Mas elas não estavam melhores. Algumas nódoas negras, misturadas com arranhões, eram agora parte de seus corpos. Mas não se importavam com isso. Anna merecia isso e muito mais.
- Agora eu entendo os apelidos! – exclamou Lilian – O Thiago é Pontas por causa dos chifres, – Sirius riu e Thiago levantou a sobrancelha – o Sirius é Almofadinhas porque tem as patas fofas, o Remo é Aluado por causa disso… agora o Pedro…
- Ele é Rabicho porque se transforma em rato… – explicou Thiago.
- Ah!
Ela e Eliza trocaram olhares e começaram a gargalhar.
- Do que vocês tão rindo? – perguntou Sirius, curioso.
- Nada, não… – disse Eliza, rindo muito.
- Ah! Falem!
Elas gargalharam ainda mais.
- Nós tínhamos umas certas… suposições … quanto aos vossos apelidos… – disse Eliza.
- O Thiago seria Pontas devido ao seu cabelo espetado… – explicou Lilian. Thiago, inconscientemente, passou a mão pelos mesmos e Lilian rolou os olhos.
- O Sirius, Almofadinhas por vir da mui nobre família Black… – disse Eliza. Sirius levantou a sobrancelha.
- O Remo, Aluado por andar sempre distraído, e com a cabeça enfiada nos livros, ne? – tornou Lilian a explicar.
E começaram a rir de novo.
- E o Pedro era Rabicho porque…? – perguntou Thiago.
- Porque ele anda sempre cheirando a bunda de vocês, se é que me faço entender… – falou Lilian, trocista.
Elas começaram a gargalhar, sendo acompanhadas pelos garotos.




Anna dormia agora, calmamente. Remo abriu a porta silenciosamente e silenciosamente se sentou na poltrona, esperando que ela acordasse.
- Eu sei que você ta aí. Devia estar descansando.
Remo espantou-se. Então mas… ela não estava dormindo?...
Como se lesse seus pensamentos, ela respondeu:
- Os meus sentidos estão muito apurados…
Ela virou-se. Os seus olhos estavam ainda mais turquesa e o cabelo brilhava, parecia que era o próprio sol, se isso fosse possível.
- Porque você não me disse antes? – perguntou ele, calmamente.
- Sei que vai parecer tolice, mas… tive medo que você não quisesse mais nada comigo…
Remo se levantou e se deitou na cama, ao seu lado, de frente pra ela.
- Você acha que eu faria isso? E perderia a mulher que amo? – disse ele, docemente, passando a mão no rosto dela e sorrindo. Ela sorriu também e ficaram olhando um pro outro.
- Lembra aquele dia que você ouviu eu dizer que odiava lobisomens? – perguntou ela, receosa.
- Lembro.
- Você não ouviu toda a conversa…

* FLASHBACK *
- Odeio lobisomens. Se pudesse, mataria todos com as minhas próprias mãos.
Eliza e Lilian estavam pasmadas. Anna se levantara e olhava pela janela, vendo nuvens povoando o céu, lhe dando um aspecto pavoroso.
- Você fala sério? – perguntou Eliza, após algum tempo de silêncio. Anna não respondeu. Apenas baixou a cabeça.
- Anna… você precisa saber uma coisa – começou Lilian a falar – o Remo é…
- Um lobisomem… – a interrompeu Anna, se voltando para elas e sorrindo – eu sei…
- Você sabe?
Lilian e Eliza já não entendiam nada. Momentos antes, Anna queria se armar em caçadora de lobisomens e agora falava isso? Contraditório, não?
- Eu… eu falei essas coisas num momento de fúria… eu…
Não foi capaz de continuar. Só conseguiu colocar as mãos no rosto, para esconder suas lágrimas. Eliza e Lilian a abraçaram prontamente.
- O que foi? O que você tem?
Anna começou a falar e desabafou tudo aquilo que a consumia fazia anos. O único segredo que mantivera escondido de suas melhores amigas.
- Vocês duas conhecem todos os meus segredos. Sabem minha vida toda. Meus gostos. Meus ódios. Meus temores. São minhas melhores amigas. Mas… há algo que vocês não sabem…
Enxugou as lágrimas com as costas da mão.
- Minha mãe e meu pai são bruxos, como sabem. Ele vem de uma família bruxa nobre, poderosa e rica, os Buthenford. Ela vem de uma família nobre, mas não tão rica assim. O casamento entre os dois foi combinado pelos meus avós, se bem que meu pai amasse minha mãe…
Anna falava calmamente, por vezes derramando uma ou outra lágrima.
- Ele pensava que o amor que tinha chegava para os dois. Mas não era bem assim… por muito que minha mãe tentasse, não sentia mais do que amizade. Até que eu cheguei. A consumação de um amor. O amor do meu pai. Minha mãe nunca me ninou, nunca enxugou minhas lágrimas, nunca me acalmou em noites de tempestade ou quando tinha pesadelos… nada… meu pai era pai e mãe ao mesmo tempo… ela só sabia me educar para ser uma pequena dama da sociedade… – inspirou bem fundo – meu pai não concordava com isso, até brigava com ela, mas não dava pra contrariá-la… ela ameaçava que o abandonaria, e ele não queria perdê-la…
Ela caminhava agora pelo quarto. Eliza e Lilian estavam sentadas na cama, ouvindo atentamente.
- Subitamente, meu pai começou a adoecer. Caia na cama e tinha ataques… enlouquecia, gritava, batia… parecia que vivíamos dentro do filme “O médico e o monstro”… ficava assim, aproximadamente, quatro, cinco dias… depois entrava num sono profundo e acordava, muito fraco… era horrível… eu me sentia muito sozinha… e cada vez foi sendo pior…
Ela se sentou no parapeito da janela e abraçou os joelhos.
- Um dia, numas férias de Natal, meu pai me chamou. Tinha acabado de acordar. Parecia um velho. Ele disse que havia colocado toda a fortuna dos Buthenford em meu nome. E assim, me tornei uma das herdeiras mais ricas de Inglaterra.
- Mas a gente sabe disso, Anna… – disse Lilian, após um silêncio demorado.
- Eu não contei tudo. Ele chamou minha mãe e obrigou ela a me contar uma coisa. Um segredo que assombrava minha família. Um segredo que ela carregava desde que eu nasci. Ela não quis, gritou, ameaçou ir embora de novo, mas dessa vez ele afirmou que, se ela não contasse, ele próprio a poria na rua, sem nada, e nunca mais me veria. Então, ela me puxou pra fora do quarto e me contou tudo. – uma lágrima enorme desceu pela sua cara – Minha mãe, após ter casado com o meu pai, se envolveu com um sujeito qualquer. Eles se amaram como nunca ninguém se amou, pelas palavras dela. E desse amor, nasci eu… eu, Anna Catherina Buthenford, sou o resultado de um adultério…
E escondeu a cara por detrás das mãos…
- Mas, Anna… o que é que isso… – começou Eliza a dizer.
- Vocês não entenderam? Eu, Anna, sou o resultado de um caso da minha mãe com um cara! Um cara que ela arranjou fora do casamento!
- Mas você continua a ser amada pelo seu pai…
- O CARA ERA UM LOBISOMEM! ENTENDEM AGORA?
Anna falava de pé, gritando. As suas amigas abriram a boca, espantadas. Lilian colocou as mãos na boca.
- Mas você nunca… quer dizer… a Lua Cheia, e isso…
- A maldição passa diretamente de pais para filhos homens. As filhas só passam a se transformar depois de deixarem de ser virgens…
E começou a soluçar, depois de ter abraçado os joelhos de novo e ter escondido a cara entre eles.
- Mas o que é que isso implica? – disse Lilian – Você não tem porque estar assim…
- Implica que eu nem sei quem é o meu pai. Pensei que conhecia a minha mãe, mas nem isso. Aquele que eu considerava meu pai apenas me acarinhava por pena. A minha vida era perfeita, na medida do possível… agora…
As duas amigas a olhavam.
- Eu vou me transformar num monstro… – murmurou Anna, com a cara encostada à janela.
Houve de novo um silêncio demorado.
- E foi por isso que eu falei o que falei…
Anna continuava chorando. E, agora, também Lilian e Eliza choravam.
- Quero que você saiba que, aconteça o que acontecer, eu continuo sendo sua amiga. Vou te apoiar, te consolar, te cuidar. Hoje e para sempre.
- Faço minhas as palavras da Lily… – concluiu Eliza.
Anna só pode sorrir.

* FIM DO FLASHBACK *


Anna se encontrava agora de costas para Remo, com a cara escondida na almofada, soluçando. Ele colocou seu braço por cima dela e a puxou para si.

When the visions around you, bring tears to your eyes
(Quando as visões ao seu redor, trouxerem lágrimas aos seus olhos)
And all that surround you, are secrets and lies
(E tudo o que cercar você, forem segredos e mentiras)

- Nunca mais diga que é um monstro. – disse ele, sussurrando no ouvido dela – Você é a pessoa mais linda por dentro e por fora que eu conheço. E eu já decidi. Quero passar o resto da minha vida com você…
- Mas eu nunca poderei lhe dar filhos… – disse ela, entre soluços.

I’ll be your strength, I’ll give you hope
(Eu serei sua força, eu darei a você esperança)
Keeping your faith when it’s gone
(Mantendo sua fé quando ela tiver acabado)
The one you should call, was standing here all along…
(Aquele que você deveria chamar, esteve parado aqui todo o sempre…)

- Você já ouviu falar em adoção? – disse ele, cheirando os cabelos dela. Como era bom cheirar aquele perfume de maçã! – Teremos muitos lobinhos para amar e cuidar…
Ela sorriu e se voltou para ele.
- Não chore, meu amor… – disse Remo, abraçando forte e pondo a cabeça dela contra o seu peito.

And I will take you in my arms
(E eu tomarei você em meus braços)
And hold you right where you belong
(E te guardarei exatamente no lugar onde você pertence)
Till the day my life is through
(Até o dia que minha vida tenha terminado)
This I promise you, this I promise you
(Isto eu prometo a você, isto eu prometo a você)

- Remo?
- Sim?
- Eu só fui verdadeiramente feliz em poucos momentos. Um deles é em seus braços…
Remo enxugou as lágrimas dela com o seu polegar, sorrindo, e a beijou suave e apaixonadamente.
- Eu farei com que você tenha muitos momentos felizes. Eu te prometo.

I loved you forever, in lifetimes before
(Eu tenho amado você o tempo todo, em vidas anteriores)
And I promise you never… will you hurt anymore
(E eu te prometo que você nunca mais será magoada)
I give you my word, I give you my heart
(Eu te dei minha palavra, eu te dei meu coração)
This is a battle we’ve won
(Esta é uma batalha que vencemos)
And with this vow, forever has now begun
(E com este juramento, a eternidade agora começou)

Anna fechou os olhos. Sentia-se segura. Feliz. Completa. Ali, nos braços dele, toas as preocupações, todos os medos, todas as tristezas, todos os sentimentos desapareciam. Todos menos um. O amor.

Just close your eyes each loving day
(Apenas feche seus olhos a cada dia afetuoso)
I know this feeling won’t go away
(Eu sei que este sentimento não irá embora)
Till the day my life is through
(Até o dia que minha vida tenha terminado)
This I promise you, this I promise you
(Isto eu prometo a você, isto eu prometo a você)

Remo abraçava Anna com uma força enorme, mas sem a machucar. Lembrava agora uma frase dela… se ele te matar, será como se me matasse a mim também … agora ele sentia essas palavras muito mais intensamente… aquela não era só a mulher que amava. Era a sua alma gêmea. Sem ela, não fazia sentido continuar a viver.

Over and over I fall when I hear you call
(Várias e várias vezes eu caio quando ouço você chamar)
Without you in my life baby, I just wouldn’t be living at all
(Sem você em minha vida baby, eu simplesmente não estaria vivo de modo algum)
And I will take you in my arms
(E eu tomarei você em meus braços)
And hold you right where you belong
(E te guardarei exatamente no lugar onde você pertence)
Till the day my life is through, this I promise you
(Até o dia que minha vida tenha terminado, isto eu prometo a você)
Just close your eyes each loving day
(Apenas feche seus olhos a cada dia afetuoso)
I know this feeling won’t go away
(Eu sei que este sentimento não irá embora)
Every word I say is true, this I promise you
(Cada palavra que eu digo é sincera, isto eu prometo a você)
Every word I say is true, this I promise you
(Cada palavra que eu digo é sincera, isto eu prometo a você)
Ooh, I promise you…
(Ooh, eu prometo a você…)




Essa semana, enquanto durou a Lua Cheia, os garotos e as meninas se transformavam em animais. E Remo e Anna em lobisomens. Mas faziam-no sem medo ou tristeza, pois sabiam que tinham seus amigos, que os ajudavam, e tinham-se um ao outro, se amando.












Obaaaaaa!!!!!! Terminei mais 1 capitulo…. Eu sei, eu sei que demorei demais… mas a imaginação, a criatividade e o tempo são coisas que eu não tenho, maior parte das vezes…
Hum… eu tentei escrever T/L, mas como sabem, esse capitulo está focando Anna e Remo… pró próximo, eu prometo mais emoções com o nosso casalzinho preferido… ;
E agora, respondendo aos comentários…

Danielle - ainda bem que você gostou!!!!! E, ela parece mesmo com o Sirius… demorei, sim… me perdoa, danielle??? Lol muitos beijos… e você não demore pra atualizar, ok?
Sol Black - obrigada… esses vizinhos sao muito mauzinhos, mesmo… mas fazer o quê? Sem eles, a historia não poderia rolar… essa Liz e que nem eu, cabeça dura… teimosa… orgulhosa… e fala sem pensar… dai as vezes se arrepender tarde demais… ah, sabe como é… presentes vindos do Sirius… *suspiro* você gostou? Ainda bem!!! Eu pensei que ia ficar super pesado, esse capitulo… ele é CDF mas ta sempre em cima do acontecimento!!!! Acho que esse capitulo vem responder a sua pergunta, ne?... ai ai… T/L e sempre assim… amor, amor, amor… se bem que já poderia ser esse ‘amor’ todo faz tempo, ne? Fala sério… e verdade… quem não quer namorar o Sirius?.... *vou te falar um segredo… a Liz é a minha outra personalidade… mas não fala nada pra ninguém, ta? Eu não quero as garotas pegando no meu pe…* rum rum… ah, sim…. Menos o Pedro *blarghh* morreria você e morreria toda a população feminina!!!!! Eu não cometi erro, não… tem calma… bem, isso significa que você fica atenta aos pormenores… mas não se preocupe… eu explico… ai, o amor… bem, eu tinha que colocar a Bella… ela é uma vilã exemplar… se bem que o titio Voldie bate ela aos pontos… mas enfim… obrigada pelo seu comentário… volte sempre!!! Muitos beijos!
Pérola Black - minha fada-madrinha!!!!!!! Claro!!! Propaganda é essencial!!! E logo pra você!!!!! Repetitiva nada… vocês vão é me habituar mal… beijos pra você também!!!!! Obrigada por tudo!!! Te adoro!!!
Ana Lívia - obrigada… *tão vendo?* ela e uma menininha esperta… ela e prima dele, não e? então… graças a Merlin que se acertaram ne?.... pelo Thiago eles tinham se acertado faz tempo… agora pela ruiva cabeça dura… hum… eles vão ter que aparecer… *autora se escondendo* afinal, são peças fundamentais para essa historia… não falou demais nada… eu adoro comentários grandes!!! Obrigada… *cora* espero que goste!!! Muitos beijos
Dani Evans Potter - oi prima!!! Posso te chamar de prima??? Já que temos o sobrenome igual… e, sabe como e, ne?... criança precoce… os vestidos… ah, momentos de inspiração… ela é demais!!!! Ta bom, eu paro… pronto… parei… huahuahuahua… muitos beijos!!!
Lissa Evans - Oi parente!!!! *nossa… como eu gosto de ‘fazer’ família, hein?* obrigada… pois, so mesmo o corpinho… precoce… prima do Sirius, o que você esperava?.... *coro se levanta e canta ALELUIIIAAAAAAA* tava mais que na hora, ne?.... obrigada de novo… obrigada pelo comentário… volte sempre!!! Muitos beijos!!!
Alex Black - não tem problema nenhum… alias, agradeço o seu comentário… preciso de criticas construtivas, de maneira a que a minha fic fique *bom trocadilho…* o melhor possível… quanto a isso e porque eu sou portuguesa, mas adoro o sotaque brasileiro… dai as vezes não sair tão bem… por isso eu tenho a minha querida Pérola, a minha fada-madrinha…. Mas valeu!!! Volte sempre!!! E comente, claro! Beijos pra você
Luh - obrigada… *vocês querem mesmo que eu fique pior que o Sirius e o Thiago juntos, ne?* eles são um casalzinho lindo, n são?... ganhou… mas isso e fic… ne?... rsrsrsrsrsrsrs…. QUEM OUSA ESNOBAR SIRIUS BLACK NA MINHA FRENTE??? Perdão… meu ‘lado Liz’ vindo ao de cima… huahuahuahuahua…demorou um pouco, sim… mas valeu a pena, não valeu???? Rsrsrsrsrsrs…. Muitos beijos!!!!!
Just - obrigada pelo teu apoio… volta quando quiseres, estará sempre ‘aberta’ para ti… obrigada pelo apoio!!!!! Nota 1000000000000!!!! Muitos beijos!!!
*CamilaPotter* - Oba! Mais uma parente!!!! Obrigada!!!! Não sei quando vai terminar, mas te garanto que muita tinta vai rolar!!!! Valeu pelo comentário! Volte sempre!!! Muitos beijos
Luciana Abreu - obrigada!!!! Ok, pode voltar quando quiser!!!! Valeu! Muitos beijos
Babi Black - obrigada… a bella TINHA que aparecer… eu também tenho uma paixãozinha pelos vilões… não me pergunte pk também… criança precoce… looool graças a Merlin mesmo!!!! Veremos… rsrsrsrsrs… valeu!!!! Muito obrigada pelo comentário… muitos beijos!!!
Bobo Zip - é mesmo!!!! Obrigada!!! BEIJOS pra você… huahuahuahua…
Marília Evans Potter - primaaaaa!!!!!! Gostou? Ah, que bom… devaneios de mentes perigosas como a minha… sim, parecidíssima!!!! Eles são primos!!!! Huahuahuahuahua… sim, ta faltando… mas…. EU DIGO E REPITO: QUEM SE ATREVE A ESNOBAR O ‘MEU’ SIRIUS NA MINHA FRENTE???? Perdão… meu ‘lado Liz’ volta a aacar… eu percebi, mas não tem problema… alias, comente quantas vezes quiser!!!! Loool bem, volte sempre!!! Família é sempre bem vinda… lol… muitos beijos!!!
Emerson Luiz Tolotti - oi mano… *cora* obrigada pelo seu comentário… espero que comente mais vezes, hein? *olhar ameaçador* tou adorando falar com vc no msn… muitos beijos…
Fê Black - ah, sim, agradeço!!!!! Agradeço e muito!!!! Se você quiser, me adiciona no msn… [email protected]... E a gente fala!!!! Muitos beijosss!!!


ta ai… mais um capitulo… espero que gostem…
leiam e divirtam-se… e comentem… e votem… e tudo, e tudo e tudo…
huahuahuahuahuahuahuahua
muitos beijuxxxxxx

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