(sem titulo)



Vários dias tinham decorrido desde o aniversário de Eliza. Ela e Sirius continuavam com o mesmo tratamento elegante e carinhoso de sempre: minha gatinha pra cá, cachorro pulguento pra lá… uma doçura que fazia todos rir. Se bem que, por vezes, ficavam se olhando e sorrindo, durante muito tempo.
Thiago e Lilian continuaram a se tratar como verdadeiros camaradas , sendo uma verdadeira dupla Marota: Lilian pensava nas marotices e Thiago as executava. Era um tema do muito agrado dos dois. Sim, só dos dois, porque o resto, sendo o alvo das partidas, não achava graça nenhuma.
Anna e Remo… bem, Anna e Remo continuavam apaixonados… trocavam juras de amor sempre que conversavam…
- Remo, eu te amo…
- Eu também te amo…
- Quero passar o resto da minha vida com você…
Remo abraçava Anna fortemente e não dizia nada. Não podia. Como dizer algo? “Não, Anna, não podemos. Eu sou um lobisomem e se passasse minha vida toda com você poderia te machucar… e muito…”… Seria um grande choque pra ela.




Num desses dias, em que o tempo tinha voltado a ser quente e solarengo, a turminha se encontrava perto da piscina: os garotos tentando aperfeiçoar suas táticas de volei e as meninas tomando banhos de sol e, por vezes, ajudando os garotos, exemplificando.
Num momento em que todos estavam sentados, conversando e tomando sumo de laranja, varias corujas chegaram. Elas traziam uma carta para cada um deles.
Thiago foi o primeiro a receber sua carta.

Thi,
faz tempo que vocês não dizem nada pra gente! O que se passa? Tão chateados?
Tenho pensado muito em você… tenho imaginado você todas as noites, me abraçando, me beijando… não me interprete mal, mas acho que estou me apaixonando por você…
Minha amiga Maribel, que vocês podem tratar por Mari, está me azucrinando todos os dias, querendo conhecer o Sirius… eu acho que eles se vão entender muito bem…
Os meus primos mandam abraços pra vocês e beijos pras meninas.
Espero ansiosamente uma resposta… e, quem sabe, um convite… especial
Beijos grandes e doces,
Jo


“Ah, não… era só o que me faltava… mais uma fã… logo agora que eu tava me entendendo com a Lily…”, pensava ele, enquanto passava a mão pelos cabelos e olhava, pelo rabicho do olho, para Lilian, que lia sua carta atentamente.




Lilian lia sua carta, sem tomar atenção ao que a rodeava. Era de Joel.

Lily,
como vai? Linda, como sempre, aposto?
Neste dias que têm passado cinzentos e monótonos, tenho pensado muito em você…
Penso em seus olhos, duas esmeraldas que eu adoraria ter em minha coleção de tesouros mais íntimos… penso em seus cabelos cor de fogo, em que eu adoraria queimar minhas mãos, cada vez que os acariciasse, e minha boca, cada vez que os beijasse…
Penso em você, em quem eu adoraria perder minha cabeça… não posso dizer o meu coração, pois esse você já roubou…
Gostaria de convidar você para um passeio, só nós dois… aliás, não vou convidar. Você tem que vir. Esse é o seu desafio, esqueceu? E, fazendo minhas as suas palavras, desafio é desafio! Portanto, não falte!
Espero ansiosamente uma resposta.
Beijos nessa boca linda,
Joel


“Ah, não… logo agora que eu tava me entendendo com o Thiago…”, pensava ela, enquanto brincava com o cabelo, o enrolando na ponta do dedo, e olhava para Eliza, pelo rabicho do olho…




Eliza tinha recebido uma carta também daquele trio. E já devem imaginar de quem… (N/A: sapinhos de chocolate pra quem falou Bruno)

Liz,
como vai a minha princesa? Linda… acertei?
Meu pensamento tem voado pra longe do meu corpo e tem permanecido na memoria daquele dia da piscina… essa imagem passa na minha cabeça vez, após vez, após vez…
Sei que você não tem namorado… não leve a mal as minhas palavras, elas apenas significam que vou tentar conquistar sua afeição…
Lembre-se: uma garota como você, eu nunca farei sofrer…
Espero uma resposta em breve… talvez combinando algo, um piquenique, um passeio…
Beijos nesse pescocinho lindo,
Bruno


“Puxa… e agora, o que é que eu faço? Será que aceito o pedido dele ou devo esperar pelo Sirius?... eu amo ele, mas… e se ele não me provar que mudou?...”, pensava Eliza, apoiando o queixo na palma da mão e olhando para Sirius, de frente.




Sirius lia uma carta que vinha da última pessoa que esperava.

Si,
como vai, priminho? Bem, aposto, agora que mora com os Potter, né?
Sei que nunca mais falei nada pra você, mas as coisas também não têm sido fáceis pra mim. Após a saída de casa, o meu casamento com o Ted e o nascimento de Nymphadora têm tomado meu tempo. Sei também que não serve de desculpa, mas tratar de uma criança pequena dá o seu trabalho!
Enfim, não quero tomar mais seu tempo. Apenas gostaria de convidar você e seus amigos para o meu aniversário. Seria uma maneira de matarmos as saudades e de você conhecer sua nova priminha! Aposto que vocês vão adorar se conhecer!
Diga que aceita! Temos tanto pra conversar… o tema da festa é “Black & White”…
Muitos beijos pro meu primo preferido,
Andromeda


“Meu Merlin… só espero que a Bella e a Cissa não tenham, sequer, a ideia de aparecer…”, pensava ele, enquanto passava as mãos pelos cabelos e olhava para Remo, pelo rabicho do olho.




Remo recebera uma carta de seus pais. Era uma carta de saudades, conselhos e avisos.

Querido e amado filho,
espero que suas férias estejam correndo bem. Aposto que sim.
Esta carta é para dizer a você que a Lua Cheia se aproxima. Bem sei que você detesta que lhe digamos isto, mas não o fazemos por mal. Apenas temos medo por você.
Não temos medo por causa dos seus amigos Thiago e Sirius. Eles têm sido uns verdadeiros amigos. E nunca aconteceu nada de mais sério nas férias que você passa aí.
Mas você nos disse que algumas meninas iam também prai, entre elas a sua namorada, e que ela não sabia.
Não seria melhor contar a ela? De certeza que ela iria entender. E se não o fizer, é porque ela não te merecer. E, pelo que você nos contou, ela parece ser uma garota maravilhosa. Portanto, não tema. Conte a ela.
Sua mãe e eu temos saudades do nosso lobinho
Muito beijos dos seus pais, que te adoram


“Será que meus pais têm razão? E se ela não entender? E se ela me achar um monstro? E se… “. Várias perguntas passavam pela cabeça de Remo ao mesmo tempo, enquanto olhava para Anna, que lia sua carta com uma cara bastante preocupada…




Anna também tinha recebido uma carta de seus pais. Pra ser exata, de sua mãe…

Anna,
peço desculpa interromper suas férias, mas era mesmo necessário.
Seu pai ainda não recuperou totalmente, ainda se sente muito fraco e não consegue se levantar da cama. Esse ataque foi ainda pior que o último. Acho que eles vêm piorando cada vez mais.
Você me contou que seu namorado também está aí com vocês. Tome cuidado. Ele não pode saber de nada. E não deixe ele avançar, será pior pra você…
Tenho muitas saudades suas. Responda brevemente.
Beijos da sua mãe


Anna não conseguiu pensar em nada. Um aperto no peito apareceu. E as lágrimas começaram a querer saltar dos olhos. E foi assim que olhou para Thiago, que observava Lilian pelo rabicho do olho…




Depois da vinda do correio, os ânimos já não eram os mesmos. Os garotos já não tinham paciência pra jogar e as meninas já não queriam tomar sol. E, por incrível que pareça, o sol se escondeu por detrás de uma nuvem.
- Que tal assistirmos um filmezinho? – disse Thiago, enquanto tirava filmes trouxas das prateleiras.
- Thiago Potter, o que é isso? Um bruxo puro-sangue como você com objectos trouxas? Tsc tsc… censurável, meu caro… censurável… – falou Sirius, tentando adotar um sotaque aristocrático e fazendo todos rir.
- Almofadinhas, pára de ser idiota! Você sabe que meu pai adora isso!... E eu também! Er… que tal… “As bruxas de Salém” ou “Casei com uma feiticeira”? – perguntou ele, com um filme em cada mão.
- Ah, não! Nada disso! Deixa eu ver… que tal… “Dirty Dancing” ou “A cidade dos anjos”? – disse Lilian, também ela com um filme em cada mão.
- Nada a ver! Saiam dai! Bem, as hipóteses são: “O Segredo da bala de prata” ou “Entrevista com o vampiro”! – falou Sirius, também com um filme em cada mão, recebendo olhares de censura de Remo e Thiago.
- Nananinanão! Eu escolho! O primeiro que sair é o que a gente vê! – falou Anna, se levantando e começando a escolher – Ora! Aí está! Vamos ver “Moulin Rouge” e ta feito!
Os garotos cruzaram os braços e murmuraram algo como “Mulheres!”, “Quem entende essas garotas!” e “Droga! Quem foi o idiota que inventou filme romântico?” e as garotas davam pulinhos de alegria.
Durante o filme, se sentaram no sofá, que era grande o suficiente para todos. Ficaram por essa ordem: Thiago, Lilian, Eliza, Sirius, Remo e Anna. Claro que as meninas estavam adorando o filme. Qual a garota que não adora?
Chegou na parte em que o rapaz do filme canta aquela música tão bonita e conhecida, Come what may , e as meninas soltaram um suspiro profundo ao mesmo tempo. Remo colocou o braço por cima do ombro de Anna e ela se aninhou no seu peito. Sirius deu a mão a Eliza, que aceitou e sorriu para ele. Thiago apenas pode sorrir, pois Lilian encostou sua cabeça no ombro dele. E assim ficaram até ao fim do filme. E durante os outros que viram…




Jantaram animadamente, como sempre, entre os relatos animados dos pais de Thiago sobre como o filho era engraçado quando pequenininho. Mostraram até as fotos dele, daquelas que nossos pais insistem em mostrar pra todo o mundo, mesmo nós estando nas piores figuras, sabem? Só que, nas dele, havia um pequeno pormenor: as fotos se mexiam…
- Mãe!
- O que foi, meu bem?
- Essas fotos não! – falava Thiago, colocando a mão sobre os olhos, tentando que a mãe reparasse na enorme vergonha que tava fazendo ele passar.
- Ah, Thiaguito! Você ta uma gracinha! – zoava Lilian.
- Até você, Lily? Meu Merlin… depois disso, minha reputação como Maroto se foi! – falou ele, pondo a mão sobre a testa, em jeito dramático, e se jogando no sofá, em cima de Sirius, que falou um “Sai pra lá, veado!”, ao que ele respondeu “Sim, senão você me pega suas pulgas, cachorrão!”, fazendo todos rir. Mas apenas Remo compreendeu.




Subiram pros quartos. Anna e Remo se despediram, como toda a noite, com um beijo doce e apaixonado. Sirius beijou a mão de Eliza e murmurou um “Durma bem, minha princesa…”, que apenas ela ouviu. Thiago e Lilian desejaram boa noite um pro outro e fecharam a porta. Mas nem todos dormiram…
Os garotos estavam todos no quarto de Thiago, pois Remo tinha algo para lhes contar.
- E aí, Aluado, o que é que você quer falar pra gente? – disse Sirius, se sentando na poltrona do quarto e cruzando os braços.
- Er… bem… eu… – o garoto andava de um lado pro outro, apertando os dedos de uma mão com a outra, coçando a cabeça…
- Hey… hey! Quer parar? Ta me deixando confuso… – disse Thiago, sacudindo a cabeça.
- É o que dá ser veado… os chifres fazem você se perder nos assuntos… você fica admirando eles… como se, para além de ser veado, fosse bom ter chifre… – respondeu Sirius, tentando parecer o mais sério possível.
- Antes ser cervo… e note bem, C-E-R-V-O – falou Thiago, dando destaque a cada letra, como se explicasse o bê-a-bá a uma criança de 2 anos – do que ser um cachorro preto, ainda por cima, horrível, vira-lata, pulguento – contava os dedos – desprezível…
- Acabou? – perguntou Sirius, levantando a sobracelha, depois de Thiago ter ficado algum tempo sem responder.
- Não, espera… tou pensando em mais… – respondeu Thiago, pensativo.
- Eu não digo? – falou Sirius, apontando para Thiago.
- Por Merlin… que fiz eu para merecer uns amigos assim? – falou Remo, levantando as mãos pro alto.
- Fala aí, Aluado, qual é o negócio?
- Bem… euestoupensandocontartudopraanna…
Sirius e Thiago olharam um pro outro, sem perceber.
- Como é? – perguntou Thiago.
- Sim… você é capaz de traduzir isso pra língua de gente? Se não for muito incomodo, claro! – disse Sirius, ironicamente.
- Ta, ta… eu tou pensando contar tudo pra Anna… tudo sobre mim…
Os olhos dos seus amigos se arregalaram, espantados.
- Já tava mais que na hora!
- É isso aí!
- Mas há um pequeno detalhe – disse Remo, calmamente – eu… não sei como dizer pra ela sem ela…
- Te escorraçar?
- Te xingar?
- Te deixar falando sozinho?
- Começar a correr pra fora dali?
- Obrigado, rapazes… muito encorajador… – falava Remo, de braços cruzados, meio emburrado.
- Ah, Remo, você sabe que a gente ta brincando! – falou Sirius, dando tapinhas nas costas do amigo – É claro que ela não vai fazer nada disso! Você conhece a Anna. Ela seria incapaz de uma coisa dessas!
- É, Aluado! – falou Thiago, fazendo o mesmo gesto que Sirius – Ela te ama! E vai entender. Mas se você ficar mais descansado, a gente fala com as meninas.
- Vão contar pra elas que eu sou lobisomem?
- Aluado… elas são suas amigas… mas a gente não é bobo não… a gente vai pesquisar primeiro! – disse Sirius, sorrindo marotamente.
- Obrigado. Vocês são os melhores amigos do mundo! – disse Remo, sorrindo.
- Também te amo, Lobinho! – disse Sirius, num jeito efeminado, tentando beijar Remo na bochecha, mas este conseguia mantê-lo afastado.
- Depois eu que sou o veado, né? – falou Thiago, rindo.
- Tem aqui Sirius que chegue pra você também, Thiaguito! – falou Sirius no mesmo tom, largando Remo e saltando pra cima de Thiago, que dizia “Sai pra lá, que eu não jogo nesse time!”, acabando os três por rir gostosamente.
Depois de muita risada, resolveram ir dormir.




No dia seguinte, depois do café, Anna e Remo saíram para passear. Lógico que tava tudo combinado entre os garotos, de maneira a poderem saber certas opiniões sobre um problema peludo
- Lily, Liz…
- Sim?
- Ahm… a gente gostaria de saber qual a vossa opinião sobre… – começou Thiago a dizer, passando a mão pelos cabelos, nervosamente.
- Sim? – perguntou Eliza, folheando uma revista trouxa (N/A: muito essa garota lê revista…) e bebendo sumo de morango.
- É que… é sobre… er… – continuou Thiago, ainda mais nervoso.
- Ah, desembucha logo, Thiago! – tornou Eliza a falar, mas sem olhar pra ele.
- Cala a boca, Pontas! Eu explico: a gente quer saber qual a vossa opinião sobre o tema lobisomens , sacou? – disse Sirius, na maior descontração possível.
- Porquê? – perguntou Eliza, barrando geleia de abóbora numa torrada, continuando a ler.
- É que…
- É por causa do Remo ser um? – perguntou Lilian, como se fosse a pergunta mais normal do mundo, fazendo o mesmo que Eliza, barrando geleia de abóbora numa torrada e lendo um livro, sem olhar pra eles.
Os dois garotos se olharam, muito espantados.
- Vocês… vocês sabem? – perguntou Sirius, atónito.
Nesse momento, como se estivessem combinadas, as duas olharam pra ele.
- Meu querido cachorrinho… você acha que a gente é burra? – disse Eliza, antes de trincar a torrada e sorrir maliciosamente.
- Não, eu…
- A gente sabe que 1 mais 1 dá 2, ta bom? Basta juntar o factor lua cheia mais ausência nesse período mais palidez e aspecto doentio posterior igual a metamorfose lobisômica … – disse Lilian, contando pelos dedos, como se realmente fizesse essa conta. (N/A: gente, eu não sei se a expressão metamorfose lobisômica existe, mas façam de conta que sim, ok?)
- Você sempre foi boa a matemática, Lily?
- Fui sim, Liz!
Os garotos olhavam pra elas como se fossem dois bichos-papões.
- E, pra concluir nossa conversa, vocês querem saber se a Anna pensa como nós, verdade? – tornou Lilian a falar, se levantando e indo buscar mais sumo.
- Er… primeiro nós… – tentou falar Sirius, ainda se refazendo do choque da noticia.
- Não, nós não temos medo, nem nojo, nem horror. O Remo não tem culpa daquilo que é, portanto, não tem que ser marginalizado por uma coisa que não fez. Ele é uma pessoa maravilhosa e não vai ser um probleminha lunar que vai mudar isso. E quando digo isto, falo pelas duas, certo, Liz?
- Certo, Lily.
As duas estavam agora de pé, uma ao lado da outra. Os dois garotos tinham se sentado, pois estavam completamente espantados. Eliza e Lilian piscaram uma pra outra e passaram por Sirius e Thiago, respetivamente, lhes fechando a boca, que continuava aberta depois de muito tempo. Sorrindo marotamente, começaram a sair.
- Ah! E não se preocupem. A gente fala com a Anna, tentando saber o que ela acha. Depois o Remo que decida se conta ou não…
Saíram, abafando o riso depois de verem que os garotos nem tinham se mexido.
- Caraca… você…
- Nem fala nada. Por Merlin, por quem a gente foi se apaixonar…
Falavam um pro outro, mas mais para si mesmos, ficando depois de boca aberta e olhos arregalados. Percebendo que estavam sozinhos, se levantaram e, correndo, seguiram as meninas.




O dia passou normal. Nada de relevante aconteceu. Jantaram e foram dormir.
Os três garotos se encontravam no quarto de Sirius, conversando.
- Então? Vai ser hoje?
- Sim… tomei coragem e vou falar com ela…
- Não seria melhor esperar as meninas dizerem alguma coisa pra gente? – perguntou Thiago, apreensivo.
- Elas disseram que iam falar com a Anna e… – começou Sirius a falar, sendo interrompido por Remo.
- E o quê? Elas o quê?
E eles contaram a Remo a conversa da manhã.
- Elas falaram isso? – perguntou ele, muito espantado pelas coisas que lhe disseram mas, ao mesmo tempo, muito contente – Não, não vou esperar. Ou falo agora, ou a minha coragem momentânea se vai! – disse ele, saindo disparado do quarto e fazendo Thiago e Sirius gargalhar.
Enquanto se aproximava da porta do quarto de Anna, criava, mentalmente, uma maneira de começar uma explicação coerente. “Hum… então Anna, tudo bem?... sabe, temos que conversar… não, não, assim não… Anna, meu amor, tenho uma coisa pra te dizer… não, também não… ah, que se dane!”, pensava. Ao chegar no quarto dela, viu que a porta se encontrava encostada e que vozes saiam do quarto.
- Anna, temos que falar com você… – dizia uma voz parecida com a de Eliza.
- Sim. E é sério. – falava agora a que parecia ser de Lilian – Er… o que você pensa sobre… lobisomens?
Remo se encostou melhor na porta. Sabia que era errado, mas não aguentou. Uma voz, que deveria pertencer a Anna, se pronunciou.
- Odeio lobisomens. Se pudesse, mataria todos com as minhas próprias mãos.
Aquela voz soou fria, cruel, sem sentimento, furiosa. Não podia ser Anna. Não era ela. Aquela garota maravilhosa, que dizia que o amava, que queria passar o resto da vida com ele, dizia agora, que, se pudesse, eliminaria qualquer vestígio de lobisomens da face da terra. Que o eliminaria da face da terra. Ainda lhe pareceu ouvir uma das meninas perguntar algo, mas não quis ouvir mais nada. Já tinha ouvido o suficiente.
Desceu as escadas, abriu a porta e saiu pro jardim. Caminhava, furioso, cerrando os punhos ao lado do corpo e pensando “Como ela pôde? Como?”. Andou durante bastante tempo, não soube dizer quanto. Destruiu ramos, atirou pedras nas águas do lago, berrou furiosamente, e se emaranhou entre as árvores. Não reparou a direção que tomava. Nem o perigo que se avizinhava. Deu um passo e caiu num buraco, batendo com a cabeça numa pedra e fazendo um corte profundo, perdendo os sentidos. Um trovão ecoou no céu.




As meninas tinham decidido falar com Anna.
- Anna, podemos entrar? – perguntou Lilian, abrindo a porta, com Eliza atrás de si.
- Já entraram… – disse ela, rindo.
Elas acabaram de entrar e se sentaram na cama, ao seu lado. Anna acabava de fazer uma trança e olhava pra elas.
- Anna, temos que falar com você… – disse Eliza, com uma expressão séria.
- Sim. E é sério. – quem falava agora era Lilian, com a mesma expressão. Anna parou de fazer a trança e as olhou, surpresa – Er… o que você pensa sobre… lobisomens?
Ao ouvir aquela palavra, uma profunda fúria a invadiu. E, sem saber como, falou num tom que nunca antes falara:
- Odeio lobisomens. Se pudesse, mataria todos com as minhas próprias mãos.
Eliza e Lilian estavam pasmadas. Anna se levantara e olhava pela janela, vendo nuvens povoando o céu, lhe dando um aspeto pavoroso.
- Você fala sério? – perguntou Eliza, após algum tempo de silêncio. Anna não respondeu. Apenas baixou a cabeça.
- Anna… você precisa saber uma coisa. – começou Lilian a falar – O Remo é…
- Um lobisomem… – a interrompeu Anna, se voltando para elas e sorrindo – eu sei…
- Você sabe?
Lilian e Eliza já não entendiam nada. Momentos antes, Anna queria se armar em caçadora de lobisomens e agora falava isso? Contraditório, não?
- Eu… eu falei essas coisas num momento de fúria… eu…
Não foi capaz de continuar. Só conseguiu colocar as mãos no rosto, para esconder suas lágrimas. Eliza e Lilian a abraçaram prontamente.
- O que foi? O que você tem?
Anna começou a falar e desabafou tudo aquilo que a consumia fazia anos. O único segredo que mantera escondido de suas melhores amigas.
(…)
- E foi por isso que eu falei o que falei…
Anna continuava chorando. E, agora, também Lilian e Eliza choravam.
Quando conseguiram parar, Lilian foi a primeira a falar:
- Quero que você saiba que, aconteça o que acontecer, eu continuo sendo sua amiga. Vou te apoiar, te consolar, te cuidar. Hoje e para sempre.
- Faço minhas as palavras da Lily… – concluiu Eliza.
Anna só pode sorrir. De repente, sentiu um arrepio. Um mau pressentimento se apoderou dela.
- Ficou frio, de repente, não? – perguntou Lilian, esfregando os braços.
- Aconteceu alguma coisa. Eu sei… eu sinto…
Um trovão ecoou nos céus.
- Remo…




Sirius e Thiago ainda conversavam quando um trovão ecoou nos céus. E, segundos depois, Anna entrava no quarto de Sirius, muito agitada, sendo seguida por Eliza e Lilian.
- O Remo? Onde ele está? – perguntou ela.
- A gente pensava que ele tava com você. – respondeu Thiago.
- Comigo? Porquê?
- Ora, ele foi ter com você pra te contar sobre o problema peludo dele… – respondeu Sirius.
- Almofadinhas, você é mesmo um boca de trapo! – exclamou Thiago, batendo na cabeça de Sirius.
- Não se preocupem. Eu já sei de tudo. – respondeu Anna, agitadamente.
- Então, se ele foi falar com ela… ele deve ter ouvido tudo… – falou Eliza, com um murmúrio.
- Por Merlin… ele ouviu aquilo que você disse, Anna… – falou Lilian, colocando a mão no ombro da amiga, que tapava a boca com as duas mãos – ele pensa que você…
- Ele ouviu o quê? O que é que ela falou? – perguntou Thiago.
- A gente conta depois. Vocês sabem onde ele está? – perguntou Lilian, abraçando Anna, que chorava.
- Não. A gente já falou que pensava que ele tava com a Anna. – respondeu Thiago, começando a ficar preocupado.
- Eu sei onde ele está. E, se não me engano, temos que ir depressa. Ou então, adeus Aluado! – disse Sirius, passando o polegar pelo pescoço.
Saíram de casa, seguindo Sirius. A chuva caia em grossas gotas. Uma tempestade se formava. O jardim, que dias atrás parecia de sonho, mostrava agora o seu lado mais escuro e tenebroso.
Após andarem bastante, o encontraram. Remo estava dentro de um buraco, que, com a chuva que caia sem parar, tinha acumulado água suficiente para o corpo dele ficar mergulhado, com um rasgão na cabeça e a cara coberta de sangue. Anna soltou um grito abafado.
- Algum de vocês trouxe a varinha? – gritou Sirius, já que o vento uivava furiosamente.
- Eu! – gritou também Eliza.
- Então leva ele pra dentro.
Eliza proferiu um Vingardium Leviosa e levou Remo, que continuava inconsciente pelo ar até casa, onde Lilibeth e Daniel os esperavam. Deitaram Remo na cama, o trataram, pois ele tinha arranhões e cortes, mas o rasgão na cabeça preferiram cuidar manualmente.
- Nós não sabemos qual a gravidade. Preferimos esperar e cuidar dele sem magia.
Anna pensava que a culpa era sua. Fora ela quem tinha dito aquelas palavras odiosas. Durante toda a noite, ela não pregou olho. Ficou sempre acordada, ajudando Lilibeth. Os outros foram adormecendo, um após outro, mas Anna não dormiu. Nem dormiria enquanto não soubesse que Remo estava livre de perigo.




Alguns dias passaram e Remo continuava inconsciente, com febre e delirando, chamando pela mãe. Anna permanecia ao seu lado, todo o dia, todos os dias. Até que a temperatura baixou e ele parou de delirar. Talvez agora ele acordasse, pensou Anna. Sem querer, os seus olhos se tornaram pesados e ela adormeceu.
- Água…
Não soube quanto tempo dormiu. Mas bastou ouvir aquela voz para despertar instantaneamente.
- Água…
Se levantou rapidamente, encheu um copo com água, colocou uma mão na nuca de Remo, lhe levantando a cabeça e com a outra colocou o copo na boca dele.
- Beba… devagar…
Remo bebia vagarosamente. Estava tão indefeso, pensava ela.
- O… obrigado… – falou ele, antes de adormecer de novo.
“Graças a Merlin que ele está melhorando…”, pensava Anna, enquanto se sentava de novo na poltrona e olhava para Remo, esperando ele acordar outra vez. Mas o cansaço era muito e, quando menos esperava, adormeceu novamente.




O resto da turma passava todos os dias pelo quarto de Remo, para ver como ele estava. Era uma dor de coração vê-lo deitado naquela cama, quase sem falar, sem reagir. Sentiam falta do seu riso, da sua conversa, da sua alegria. E lhes doía ver Anna ali, com umas olheiras até o umbigo, cabelos desgrenhados, ar cansado, mas nunca saindo dali.
- Anna, venha. Você precisa descansar. – dizia Eliza, agarrando na mão dela.
- Não. – respondia ela – Eu quero estar aqui quando ele acordar.
Um dia, quando eles tentavam, pela enésima vez, convencer Anna a ir descansar, ouviram algo.
- Onde… onde eu estou?
Remo acordara. Parecia um pouco perdido. Era normal, esclarecia Lilibeth, por vezes pancadas muito fortes poderiam provocar isso.
- Aluado! Puxa, cara, a gente tava preocupado com você! – falava Sirius, com alegria.
- Quem é o Aluado? Quem é você? – perguntou Remo, com uma cara muito séria.
Todos se olharam. Ele tava amnésico? Só faltava mais essa… mas, de repente, ouviram uma gargalhada sua conhecida.
- Almofadinhas, você devia ter visto sua cara! Parecia que tinha visto o bicho-papão!
- Engraçadinho… – resmungou Sirius, cruzando os braços e levantando a sobrancelha, enquanto os outros riam.
De repente, Remo parou de rir.
- Anna? O que é que você está fazendo aqui?
Todos pararam de rir também.
- Eu… eu… a gente precisa conversar…
Lilian começou a puxar os outros, para deixar Anna e Remo conversarem a sós, e todos saíram.
- A gente não tem nada para conversar.
A voz de Remo parecia gelo.
- Eu preciso explicar a você o que aconteceu…
- Eu sei muito bem o que aconteceu. Não precisa explicar. Agora saia.
- Remo… eu…
- Saia, por favor. Eu quero descansar. Em paz.
Ele nunca tinha falado assim com ela. Mas tinha seus motivos. Anna caminhou para a porta.
- Ah, só mais uma coisa, Anna - a voz com que ele disse o nome dela a assustou – acabou tudo entre nós. Tudo.
Anna não podia acreditar. Era um pesadelo tornado realidade. Fechou a porta e caminhou para o seu quarto. Entrou e trancou a porta. Se jogou no chão e começou a chorar. Queria chorar até as lágrimas a afogarem. O que ela não sabia é que, no quarto em frente, um garoto de olhos castanhos fazia o mesmo.




Lilian e Eliza não sabiam o que fazer. Anna não queria se alimentar, nem sair do quarto. Apenas chorava.
- Anna… você não pode ficar assim… – dizia Eliza, afagando os cabelos da sua amiga.
- Como você se sentiria se o Sirius não quisesse mais nada com você só porque você fez besteira e nem pode se explicar? – perguntava Anna, sempre com uma voz calma, apesar das lágrimas.
- Mas Anna… ele vai ter que te ouvir… mais cedo ou mais tarde, ele vai cair na real e vai ficar tudo bem…
- Tomara, Lily… tomara…
No quarto de Remo, também falavam.
- Aluado, cara, o que há com você? A menina tentou se explicar e você… – dizia Sirius, gesticulando.
- Cala a boca, Sirius. Como você se sentiria se a Eliza não quisesse mais nada com você porque você é um Black? – perguntava Remo, furioso.
- Me sentiria mal. Aliás, ela já disse isso pra mim. Não gostei, mas deixei ela se explicar… – respondeu ele, tentando fazer o amigo mudar de ideias.
- Se liga, Remo. Você ama ela e ela te ama. Se você não remediar as coisas, vai acabar sozinho… – disse Thiago, depois de Remo ter pedido a eles para saírem, pois precisava descansar.




Tinha passado quase uma semana desde que Anna e Remo tinham falado pela última vez. Ela ainda se sentia triste. Pensava que, sendo ele a pessoa maravilhosa que ele mostrava ser e tendo aquele probleminha , pudesse ser mais compreensivo. É, ele poderia ter compreendido a sua posição e poderia tê-la escutado. Ficou furiosa e decidiu que iria falar com ele nessa noite. E não deixaria passar mais tempo. Vestiu uns jeans e uma camisa e foi até ao quarto de Remo.




Entrou no quarto de Remo. Ele dormia, com sua perna envolvida em ligaduras, repousada em cima de almofadas, e sua cabeça do mesmo jeito.
Anna acrescentou uns troncos à lareira do quarto e olhou para as faíscas que saltavam. Nessa noite, que estava muito fria, a única coisa que poderia fazer para ajudar Remo era manter o quarto quente. Lilibeth tinha passado quase uma hora a limpar as feridas de Remo, e, ao terminar, lhe dera uma boa dose de poções para aliviar as dores. Pelo menos, fora o que Lilian lhe tinha dito.
A força psicológica dele tinha lhe permitido superar a dor dos tratamentos consciente. Agora dormia, recuperando.
Ou era isso que ela pensava.
- Mãe!
Anna correu para perto da cama. Remo não tinha gritado, porém, tinha falado suficientemente alto para que ela tivesse ouvido. Se tornara muito apreensiva, tudo lhe parecia possível.
O encontrou muito agitado. Recordou os primeiros dias, quando a febre o fazia delirar, e se assustou. Aumentou a chama da vela que se encontrava no criado-mudo, com as mãos tremendo, antes de se inclinar sobre ele e lhe colocar uma mão no ombro.
- Remo. – chamou em voz baixa – Remo, acorda.
A mão dele agarrou a dela e antes que Anna se apercebesse, a tinha puxado para a cama, para o seu lado. Abriu os olhos e se colocou em cima dela, a imobilizando com o seu peso. Olhava pra ela mas não a via.
- Sou eu. Está tudo bem. Era um pesadelo.
A pouco e pouco, parecia que ele ia compreendendo. O coração de Anna batia depressa. Finalmente, Remo recuou e voltou a se deitar de costas, olhando o teto. Levou uma mão aos olhos, para os proteger da luz, mas, na verdade, queria se proteger da realidade.
- Você veio saber a verdade, não foi?
- Eu já sei. – Anna se colocou de lado para olhar pra ele – Já sei o que você é faz muito tempo. E não me importo.
Ele ficou calado por um momento, no entanto, quando falou ficou claro o que ocupava sua mente.
- Eu devia ter uns três anos quando aconteceu. Meu pai não estava em casa, era só eu e minha mãe. Nossa casa ficava perto do bosque. Eu sempre tive curiosidade de ir lá, principalmente de noite. Mas minha mãe me avisara que não poderia ir. Havia muitos perigos, entre eles, a história de Greyback, o famoso lobisomem que só gostava de criancinhas…
- Remo…
- Uma noite eu olhava a lua pela janela quando vi um cachorro preto perto do bosque. Era um filhote, parecia perdido e eu quis agarrá-lo. E saltei a janela, correndo. Ele entrou no bosque e eu o segui. Antes não o fizesse. Quando percebi, estava perdido. Não encontrava o cachorro nem o caminho de casa. Mas ele me encontrou. Eu nunca vi coisa tão assustadora em toda a minha vida. Seus olhos pareciam duas pedras em chamas. Corri com quantas forças tinha, com ele atrás de mim. Tropecei numa raiz e cai. A ultima coisa que senti foram suas garras nas minhas costas e seus dentes no meu ombro.
- Deve ter sido horrível… – disse Anna, colocando a sua mão no ombro dele.
- Daí em diante, todo o mês, quando é lua cheia, na mesma hora que ele me atacou, eu viro lobisomem. Meus pais me acorrentam no porão de nossa casa e eu ouço minha mãe, e por vezes meu pai, chorarem enquanto me transformo. Na manhã seguinte, acordo e não me lembro de nada. Por vezes, queria morrer. Ou então, matar aquele desgraçado.
- Remo, você não pode… – se calou. Queria encontrar uma palavra menos dura do que vingança – não pode ir em busca do Greyback. Nesse momento, a sua única prioridade deve ser viver sua vida o mais longe dele possível. Não pode deixar seus pais. Você deve ficar a salvo. Pro seu bem e pro bem deles.
- Não estarei a salvo enquanto não me encarregar do Greyback.
- O que você quer dizer com encarregar ?
Remo não respondeu.
- É tarde. Será melhor ir dormir um pouco.
- Olha pra mim! – Anna lhe rodeou a cara com as mãos – Isto tem que acabar. Você não pode viver sua vida tentando encontrar esse desgraçado. Você não pode ficar vivendo pensando que é um monstro. Seus pais te amam. Seus amigos te amam. Eu te amo… – murmurou – Pense neles. Pense no desgosto que todos teriam se você morresse…
Remo colocou as suas mãos sobre as de Anna e as levou ao peito. Seus olhos tinham a cor do fumo.
- Isso não lhe diz respeito.
- Não? – devagar, Anna aproximou sua boca da dele e lhe demonstrou que sim.
- Vá para a cama, Anna.
- Você me preocupa. – esfregou seus lábios contra os dele – Foi uma noite assustadora, não sabia o que poderia ter te acontecido. Sei que você ouviu aquilo que eu disse, mas eu falei aquilo num momento de fúria. Eu não seria capaz de fazer nada contra você. Não quero me angustiar, porém, não consigo evitar.
- Se continuar assim – respondeu Remo, com aspereza – acabará tão implicada neste assunto que não poderá voltar atrás. Não quero que se preocupe. Não quero que se machuque por causa disso.
- Já cheguei a esse ponto… – dessa vez, os seus lábios tremeram.
As mãos de Remo soltaram as de Anna e a agarrou pelos ombros para a afastar. No entanto, não tinha forças.
- Não quero estar preocupada, nem assustada… nem apaixonada demais por você – disse ela – mas já estou.
- Não, isso não é verdade.
- Não? – lhe afastou o cabelo da testa. À luz da vela, a cara de Remo era um caleidoscópio de emoções. Os matizes combinantes da sua expressão dificultavam a leitura dos seus sentimentos – Não quero me entregar a você, nem a ninguém, porque não acredito que sairia ilesa disso, porém, não tenho escolha.
- Você pode levantar e ir embora. Amanhã, quando tiver ido, dirá que não importa. – enredou os dedos nos cabelos dela – É verdade, porque não tenho nada para lhe oferecer. Além de ser um monstro, sou um homem morto.
- Mas você continua vivo!
O cabelo de Anna escorria entre os dedos de Remo. Era fino e sedoso, brilhante como o sol, enquadrando a palidez do seu rosto cansado e preocupado. Remo pensou em tudo o que tinham passado e no que ainda poderiam passar. E, em seguida, em tudo o que ele nunca poderia lhe dar.
Quando falou, as suas palavras negaram os seus sentimentos.
- Se continuo vivo, é porque tenho sorte, e porque não tinha que me preocupar se machucava as pessoas que amo.
- Pois então tem que começar a pensar em mais alguém… – respondeu ela, ferozmente – Você tem que pensar em seus pais, seus amigos e em todos aqueles que te amam. Você não é nem está sozinho. Se for em busca do Greyback e ele te matar, será como se me matasse a mim também!
Remo lhe agarrou na cabeça e a obrigou a olhar para ele.
- Você está se comportando como uma idiota! Não sou nada para você, nada. E quando me for embora, continuarei a não ser nada para você.
- Repete que isto não significa nada… – os dedos de Remo estavam enredados no seu cabelo e a seguravam. No entanto, Anna conseguiu pousar os seus lábios sobre os dele.
Remo afastou a cara.
- Pare! – dessa vez, reuniu forças para a afastar – Você não me ama! Você é como uma menina pequena! Tem fantasias, é só isso. Eu sou como o cavaleiro andante que apareceu para alegrar sua vida, só isso. Talvez goste de mim fisicamente, me deseje, não sei. Contudo, o desejo não tem nada a ver com o amor.
- Você não é nenhum cavaleiro. Não julgue que te quero porque passou a vida fugindo ao calor da carícia humana e a se culpar por algo que não fez. – se sentou. O cabelos lhe caiu sobre a face, contudo, não o retirou – E não sou uma menina pequena, embora talvez seja uma idiota…
Remo reparou que ela estava magoada.
- Você é linda e muito desejável, mas essa paixão deve ser para o homem que possa lhe oferecer tudo o que eu não posso.
- Nesse caso, talvez seja mais criança do que pensava. Não sabia que pedir a você que tentasse salvar sua vida fosse o mesmo que pedir para você casar comigo.
- Você está pedindo para eu ficar com você pra sempre, sem me importar do que sou…
- Eu pediria a você o céu e as estrelas, se acreditasse que isso poderia salvar sua vida.
- Vá embora… – a voz de Remo não soava tão indiferente como ele tinha desejado.
Anna se levantou e se virou para olhar pra ele. Sabia o que era ser rejeitada, melhor do que a maioria das pessoas, e também sabia que não servia de nada negar a recusa e tentar fugir. Examinou Remo tão desapaixonadamente como pôde e se perguntou se a dor iria aumentar, se ele a rejeitasse novamente… ou se isso era impossível.
Levantou as mãos até ao primeiro botão da sua camisa.
- Você me falou dos meus sentimentos. Contudo, não me disse nada sobre os seus… – empurrou o botão pra fora da casinha e as suas mãos desceram para o seguinte – Terei imaginado que me deseja?
Remo deixou escapar uma gargalhada áspera.
- Sou um homem.
Anna acabava de desabotoar o terceiro botão, em seguida o quarto.
- E suponho que tenho de acreditar que todos os homens me desejam?
Remo se sentou e lhe segurou uma mão.
- Já chega.
Ela não sorriu.
- Será que estou lhe pedindo algo outra vez? Algo que não me pode dar?
- Talvez seja uma criança, mas eu não.
- Você é um homem feito que enlouquece por ver uma criança? – com a mão que tinha livre, Anna desabotoou outro botão.
Remo a arrastou novamente para o seu lado.
- Você está me pedindo sexo? Mais nada?
- Estou lhe pedindo que me dê o que você me pode dar, é só isso. – olhou para ele fixamente.
- Isso não é muito…
- Talvez não pareça. Mas é a primeira vez que peço algo a um homem.
Não havia dúvida do que isso significava. Remo ficou sem respiração e, por um instante, não soube o que responder.
- Procure alguém que possa apreciar o que está oferecendo. Comigo iria desperdiçá-lo.
- Acho que tenho o direito de escolher… – Anna retirou a mão que Remo lhe tinha agarrado e desabotoou o último botão. À luz da vela, o sutiã era apenas um pouco mais branco do que a sua pele.
Remo deixou escapar um gemido. Do corpo de Anna, as únicas partes nuas que tinha visto eram as costas e as pernas. Sem contar com o dia da chuva, em que a tinha visto quase nua por inteiro.
Era uma pessoa forte, mas não era suficientemente forte para resistir a Anna. Não podia nomear os seus sentimentos. Sabia que não estavam relacionados com a ausência de mulheres na sua vida, nem com a maldição que carregava.
Sabia que o que deveria fazer era esticar um braço para voltar a colocar a camisa em cima dos ombros de Anna mas, em vez disso, observou em silêncio como caia ao chão.
Anna levou as mãos às costas para desapertar o sutiã. Os seus dedos tremiam, mas conseguiu e sacudiu ligeiramente os ombros para se desfazer das alças.
Tinha os seios bem feitos e os mamilos rosáceos. Eles endureceram, como se suplicassem.
- Me aquece… – disse Anna, suavemente.
Remo tentou mais uma vez.
- Você não sabe o que está fazendo.
- Não? Então me mostre. – se aproximou – Me ensine. – agarrou a mão dele e a guiou até ao seu peito. Tremia, mas esperava que ele não percebesse.
Remo nunca tinha tocado em nada tão suave. Quando tocava em Anna parecia para sempre, e era para sempre. Não a queria atrair para si, mas foi o que fez. Não a queria abraçar, enquanto ela lhe desabotoava a camisa, mas o fez do mesmo jeito.
Anna desabotoou todos os botões. As mãos de Remo lhe acariciavam as costas devagar. Ele colou a cara ao cabelo dela. Ela reparou que ele estremecia. Não soube se era de paixão ou arrependimento.
Anna acariciava o peito de Remo, duro, um pouco musculado. Já o tinha visto sem camisa, portanto, não era nenhum mistério para ela. Mas o que sentia, enquanto o tocava, era misterioso. Deslizou suas mãos desde a cintura até ao seu pescoço, desfrutando das diferentes texturas da sua pele, do calor que libertava. Tirou a camisa dele para trás dos ombros e a empurrou para baixo. Em seguida, se apertou contra ele.
Ele a deteve ali, apesar de saber que deveria obrigá-la a se ir embora. Sentiu os seus mamilos duros e compreendeu que estava perdido.
- Não quero machucar você… – disse, se esfregando contra ela, involuntariamente.
- Então não o faça… – Anna arqueou as costas para se colar ainda mais a ele – Não o faça. Faz amor comigo, agora, esta noite.
Ele quis avisá-la novamente, lhe fazer entender que mesmo isso os exporia a um perigo que ela não podia sequer imaginar. Mas seus lábios não soltaram qualquer palavra, apenas acariciaram o cabelo de Anna, a pele aveludada da sua testa, as faces… e deslizaram para baixo…
Acariciou os seios dela, enquanto a beijava. Ela se ergueu para as suas mãos, o convidando a fazê-lo. Entreabriu os lábios e a língua de Remo penetrou a sua boca. Anna suspirou de prazer e relaxou contra ele.
Sob as suas mãos, o corpo de Anna parecia delicado, quase frágil. Mas ele sabia bem que não era assim. Era resistente como o aço. Talvez a sua partida não a destroçasse. Nunca conhecera ninguém com mais coragem do que ela.
- Quero te proteger – murmurou junto aos lábios dela – no entanto, te desejo desde a primeira vez que te vi…
Ela afundou as mãos nos músculos das costas dele e fechou os olhos quando ele a beijou novamente. Uma sensação de calor líquido atravessava o seu corpo. As mãos de Remo desceram pelas suas costas até apanhar as nádegas. A guiou para ele e, apesar do algodão rígido das suas jeans, reparou como estava excitado. Anna o rodeou com uma perna, enquanto ele se encostava sobre a cabeceira da cama.
Remo tinha os olhos meio fechados e os lábios apertados, como se lutasse para se conter. Era paciente, capaz de manter a distância suficiente, se preciso. Agora se perguntava se nessa noite poderia haver alguma distância entre os dois. Sentia que o seu corpo se movia, procurando o clímax, e nem sequer se tinham despido completamente.
Ela era tão leve que mal sentia o seu peso, mas sentia cada centímetro da sua pele quente, colada a ele, o seu cabelo sedoso que lhe acariciava a cara. Talvez nunca tivesse tido um amante, mas não era uma virgem tremula. Estava partilhando o seu corpo, o seu calor, a sua emoção, com uma generosidade que ele nunca vira antes.
Ele a virou para se deitar de lado com ela, e ela não afastou a perna da anca dele, temerosa que se retirasse. Anna estava se afogando na corrente que percorria o seu corpo. Quando sentiu a mão de Remo na cintura das jeans, levantou as ancas para o ajudar a baixá-las.
- Isto está acontecendo muito depressa… – a mão de Remo lhe desabotoou os botões das jeans mas não as desceu. Contudo, os seus lábios começaram uma lenta travessia. Encontrou a pulsação no pescoço de Anna e saboreou o ritmo desenfreado. Seguidamente, sua língua se afundou no buraco da base do pescoço e ouviu ela gemendo.
A pele de Anna era tão pálida que poderia riscar o percurso das veias sobre ela. A sua pele sabia a mel, o envolvia nos aromas do Outono, do ar do bosque, misturado com o aroma de pinheiro e da madeira de macieira que arde nas lareiras.
Ela voltou a gemer, quando a boca de Remo lhe sugou um mamilo. Ele enterrou a cara na sua pele e, por um instante, o prazer foi quase insuportável. Ela se esfregou contras as mãos dele, pedindo mais, em silêncio.
Ele foi procurar o outro mamilo com os seus lábios. Enquanto as sensações percorriam Anna, ela se perguntava se não morreria de êxtase. Havia minutos, não sabia o que queria dele, só ansiava algo que não conseguia explicar…
Remo levantou a cabeça e olhou para ela. As pestanas de Anna eram sombras escuras sobre as suas faces rosadas. O seu cabelo estava despenteado sobre a almofada branca. O inundava uma emoção que dava asas à sua paixão. Ela não era uma mulher normal, e ele não era simplesmente um homem que queria reter uma vida que lhe escapava das mãos. Anna era a sua mulher, porque ela mesma confessara que o amava mais que a vida e porque ele também a amava. E seria sempre sua, mesmo que ele morresse no dia seguinte.
Ela gemeu o seu nome e levantou as ancas ao encontro das dele, que não lhe poderia oferecer quase nada… mas podia lhe oferecer essa noite, pelo menos.
Desceu as jeans dela e lhe acariciou o abdómen, as ancas. Ela tentou ajudá-lo, mas ele pegou suas mãos só com uma e a beijou.
- Me deixe fazer isso. – disse ele.
- E a sua perna?
- Me doía muito e, agora, nem sequer a sinto…
Foi descendo ainda mais as jeans, muito devagar, lhe tocando as pernas, longas e bem delineadas, enquanto o fazia. Passou a mão livre pelo triangulo de pêlos loiros que agora estava ao seu alcance e começou a acariciá-la naquela zona.
Da garganta de Anna surgiu algo parecido a um leve pranto. Cada movimento da mão de Remo fazia arder novas partes do seu corpo. Anna libertou as mãos e as afundou no cabelo de Remo, enquanto os lábios dele exploravam a parte que acabava de tocar com a mão. Anna sentia o corpo se desfazer, flutuando, empurrado por uma onde de sensações após outra. Antes que desse conta, Remo a tinha despido. Ela, por sua vez, acabou de o despir também.
Nada a tinha preparado para a perfeição arrebatadora do encontro entre os seus corpos. Ela sentia os batimentos do coração de Remo, o calor da sua pele, o toque do seu cabelo, como parte de si mesma. Sentia o peito de Remo, duro, firme, contra a suave pressão dos seus seios. Também sentia os braços rígidos, musculados. As mãos de Anna continuaram descendo. E se detiveram.
A gargalhada de Remo foi um gemido rouco.
- Onde está a sua coragem agora? – cobriu as mãos de Anna com as suas e as guiou até ao ponto que ainda não tinham tocado.
Anna abriu os olhos e o olhou fixamente, enquanto as suas mãos exploravam aquela parte de Remo. Viu como a expressão dele ia mudando. De repente, se sentiu poderosamente feminina. Não era apenas a recetora das carícias e dos beijos de Remo, mas uma companheira disponível e entusiasta. E o que ainda não soubesse, iria aprender em breve.
Quando Remo lhe capturou novamente as mãos e as imobilizou por cima da cabeça, ela arqueou as costas, procurando o seu corpo, e levantou as ancas para o receber…




Quando acordou, estavam ambos nus, abraçados. Uma sensação esquisita percorreu Anna. Ela sabia que isto iria acontecer.
Vestiu algo e saiu do quarto, deixando Remo dormindo. Nem olhou para trás. Saiu de casa e correu para o jardim, para perto do lago. Se despiu e mergulhou na água. Quando se levantou do mergulho, seu corpo ardia, parecia que ia se desfazer. E deu um grito.




Remo acordou. Estava sozinho. Teria sido um sonho? Não… de certeza que não…
De repente, ouviu um grito que o fez gelar da cabeça aos pés.
- Anna…
Se vestiu, saiu de casa e foi procurá-la.




Lilian acordou com batidas fortes na porta do quarto. Se levantou e foi abrir. O que viu a fez se assustar. Anna estava na sua frente, toda molhada e coberta de sangue e arranhões.
- Lily… me ajuda… – foram só as palavras que pode dizer antes de cair no chão, inconsciente.








Pronto… ta ai mais um capitulo… pra variar, acho que não ta la grande coisa…
Quer dizer… acho que ta muito pesado… vcs não axam?
Dessa vez o capitulo n tem titulo… peço a vossa ajuda… me dêem uma ideiazinha… pleaze… he he…
Agora, as respostas aos comentários:

Lissa Evans - ah, obrigada… espero mesmo que comente, senão… ai ai… huahuahuahua… brincadeirinha… volte sempre!!! Beijos
Heidinha - ah, obrigada (mais uma vez) eu já passei la e acho que comentei… também ta muito linda, sua fic!!!! Volte sempre!!! Beijos
Danielle - escritora, eu? Nah… n escrevo tão bem assim… já passei na sua fic e comentei!!! Adorei!!! Vc também tem muito talento!!! Continue escrevendo!!! Volte sempre!!! Beijos
Cicy Padfoot - eita… obrigada… fico feliz que gostou!!!! Pois, eles são quentes sim… quem haveria de dizer que os mais calminhos eram os mais safadinhos, hein? Huahuahuahua… claro que da pa passar na sua fic!!! Não passei antes porque não deu, mas prometo que passo e comento, ta? Volte sempre!!!! Beijos
Pérola Black - ai, nem fala mais nada… vc me deixou sem graça… corada e quase chorando… minha fã? Que nada, se há alguma fã aqui sou eu e é sua!!!! Eu tentei escrever mais ou menos como eu faria nessa situação… e olhe… saiu assim… he he… quero que saiba que também pode contar comigo pro que der e vier!!! Se precisar de alguma coisa, e só chamar, viu? Volte sempre que quiser!!!! Beijos enormes da SUA fã!!!!
Ana Lívia - acha mesmo que foi o melhor?... ai… essas leitoras tão me deixando mal acostumada… ;) quem não queria um sirius? Ai ai… huahuahuahua volte sempre!!!! Beijos
meduzica - vania, vania… e so dependência…. Tou a ficar mal habituada… he he… beijos
*_Kaka_* - perfeita? Nah… perfeita não… normalzinha… he he… vc também escreve muito muito bem!!!!! Volte sempre!!! Beijos
Pazinha - obrigada… quando quiser, pode ler (e comentar… huahuahuahua)… obrigada por ter passado por aqui… volte sempre!!! Beijos
Moonny Catty - você achou? Ah, obrigada!!! Talvez agora não pense que foi isso… ela sabia que ele era… mas… não vou dizer mais nada… você terá que descobrir… e isso, só lendo!!!! Huahuahuahua!!!! Obrigada pelo comentário!!! Volte sempre!!! Beijos
mandinha potter - ah, que nada!!! Eu gosto de ajudar!!!! Quando quiser, peça!!!! He he…não demorei muito, demorei? ; mil? Me sinto lisonjeada… obrigada pelo comentário… volte sempre!!! Beijos
Mah Lupin - e, eles tem que se aproximar, ne? Senão o nosso querido harryzinho não nasce… huahuahua… obrigada pelo comentário!!! Volte sempre!!! Beijos
Bobo Zip - obrigada… ora, claro que eles tão românticos… não pode ser so marotices e azarações, ne? Huahuahuahua! Obrigada pelo comentário!! Volte sempre!!! Beijos!!!! Tou adorando sua fic!!!!! He he…
Samy Potter - tomara que mude mesmo… mas isso não posso revelar… huahuahua… tenho que fazer vocês lerem a fic, ne? Se eu disser, perde a piada… he he… eu passo la na sua fic, mas agora tenho andado sem tempo… so Merlin e eu que sabemos… huahuahua… obrigada pelo comentário!!!! Volte sempre!!!! Beijos
Marília Evans Potter - vale sim… huahuahua… perfeita nada… vocês me deixam mal habituada mesmo… qualquer dia fico pior que o sirius e o thiago juntos… he he…ah, obrigada… assim eu coro…vingança? Que vingança? Hey… loooool obrigada pelo comentário!!!!! Volte sempre!!!! Beijos
Violeta Potter - obrigada… já ta postado!!!!! Volte sempre!!!! Beijos

prontos…. Ta postado…
espero que gostem…. *leitora olhando pra trás e pros lados vendo se vem alguém atacar ela*….
Comentem, ne? Já é a frase do costume…
Agora, não se esqueçam, me ajudem com o nome do capitulo…
E, claro, criticas construtivas!!!!!
Tou ficando muito chata… depois a gente se fala!!!!!
Muitos beijuxxxxx

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